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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA AMÉRICA ZOMBIE (BB163)

Fevereiro 07, 2025

Tarcísio Pacheco

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BAGAS DE BELADONA (163)

HELIODORO TARCÍSIO          

 BAGA AMÉRICA ZOMBIE–. Recentemente, assisti a um programa na TV protagonizado por cientistas e especialistas do comportamento animal. Foi um documentário extenso, com análises profundas e sustentadas de muitos casos de claro comportamento homossexual entre animais do mesmo género, com destaque para primatas e cães, por exemplo. Uma das conclusões finais foi de que o comportamento animal homossexual foi observado em cerca de 1.500 espécies animais, um vasto número. Foram analisados diversos casos específicos. Um deles consistia num caso absolutamente revoltante. Num canil, estava um belíssimo cão jovem, de raça, que havia sido ali deixado pelo seu dono, com a finalidade de ser abatido. Estava irremediavelmente doente ou tinha atacado alguém? Nada disso, a justificação do dono era a seguinte: o meu cão é gay, “apanhei-o” a montar outro cão macho. Esta triste história tem um final feliz, o pobre cão foi salvo duma condenação à morte digna do Irão por uma moça inteligente e compassiva, que o levou para casa. Onde aconteceu isto? Claro que podia ter acontecido em qualquer lugar, afinal, energúmenos estúpidos, há-os em todo o mundo. Mas, como se está mesmo a adivinhar, este caso sucedeu nos Estados Unidos da América.

E esta história traz-me ao tema principal. Fiquei chocado, mas não exatamente surpreendido com a emergência de um vilão tão óbvio como o Donaldo. Afinal, a escalada dele pela pirâmide do poder acima não foi assim tão rápida e as evidências foram-se acumulando ao longo dos anos. A minha falta de surpresa não foi pelo vilão em si, afinal eles estão um pouco por todo o lado neste pobre planeta e apareceram regularmente ao longo da história humana. O facto é que sempre fui extremamente crítico em relação aos EUA e não, não sou comunista. Visitei os EUA e visitaria de novo sobretudo pela diversidade da paisagem e pela riqueza da sua natureza. Mas jamais viveria nesse país. Sempre me senti açoriano, primeiro que tudo e depois português e europeu até à medula. E isto é, sim, um autoelogio.

Com efeito, sempre senti que há algo de extremamente doentio e profundamente errado com a sociedade norte-americana. Num país com cerca de 331 milhões e 500 mil habitantes, só atrás da China e da Índia, que se define como uma democracia plena com eleições regulares, na verdade autodenominando-se “a maior e melhor democracia do mundo”,  não há espírito crítico, não há confronto de ideias, não há dissidência nem dissonância, não há combate político e ideológico, não existe a maravilhosa diferença entre as pessoas e até os americanos de origem africana, asiática, latina ou árabe, rápida e pressurosamente se inscrevem na matriz norte-americana, muitas vezes ainda na primeira geração. Que haja não brancos a votar no Donaldo e aos pulos nos comícios dele, com o ridículo bonezinho vermelho, é algo que ultrapassa a minha compreensão. Sabemos que há pessoas muito inteligentes na sociedade americana, na ciência, na cultura, nas artes, na tecnologia, mas, até mesmo os insuspeitos cientistas sacrificam a sua inteligência no altar da conveniência política e da sobrevivência pessoal. Basta ver como a comunidade científica americana começou a fechar-se quanto às alterações climáticas e a tentar afinar pelo diapasão dominante. Está toda a gente com medo de ser despedida, de perder o cargo ou o subsídio.  Em breve estarão os EUA a afirmar como um todo que não há alterações climáticas e que as vacinas provocam autismo. “God save America but, meanwhile, Drill Baby Drill”. O Donaldo já mostrou claramente que pretende dominar todo o país, começando pelos aparelhos político e judicial, passando pelo Pentágono, por todo o funcionalismo público e pelas agências governamentais, incluindo a CIA, o FBI e a NSA; há mesmo sinais de que pretende dominar a igreja, o que não surpreende, dada a sua intimidade com as altas esferas celestes; durante a campanha eleitoral vi uma publicação em que um Donaldo em pleno sermão aos seus fiéis era retratado com um belíssimo anjo com o braço por cima dos seus ombros; e outra em que o Donaldo se passeava por um jardim em amena cavaqueira e de braço dado com Jesus, provavelmente a debater a próxima manobra da “paz pela força”. Em breve pouco restará do indómito espírito pioneiro norte-americano que, mesmo tendo levado ao massacre dos primitivos donos da terra, não deixou de ser indómito e de se constituir em epopeia. Em breve, como mudou o nome do Golfo do México (claro que para mim jamais mudará) o novo marajá vai mudar o nome do país para Estados Unidos do Donaldo. E até vai conseguir inscrever isso na constituição. A menos que algum americano com a mistura suficiente de engenho, loucura, coragem e boa pontaria tome uma atitude histórica para os EUA e para o mundo.  OS EUA estão no caminho certo para, a breve trecho, se assumirem plenamente como algo que na verdade sempre foram em certa medida, o paraíso da banalidade, do convencionalismo, da hipocrisia moral e política e do dogma religioso, tendo como ferramentas principais, a força bruta, o poder absoluto, a intimidação, a chantagem, a mentira, a manipulação e o medo, regados a Coca-cola light.

Portanto, o que é realmente incrível não é que os EUA tenham produzido o Donaldo. O sistema deles favorece o aparecimento de patifes deste quilate. Do meu humilde ponto de vista, o Donaldo é um perfeito crápula, um demente perigoso, com ideias próximas da ideologia fascista, que jamais deveria estar à frente de nada, exceto das suas próprias empresas privadas, bastante mal geridas e, aliás, sobre as quais recaem suspeitas (a acusação não é minha, vem de fontes pouco políticas e assenta em fortes indícios) de terem sido salvas da bancarrota a certa altura, por abundantes injeções de dinheiro russo. Daí toda a condescendência do Donaldo com o Vladimiro, para além da admiração pessoal entre pares. Eu não o queria nem para presidente do clube de xadrez da minha freguesia. O Donaldo deveria estar na prisão ou pior.  Além disso, ao contrário do que alguns comentam por aí, o Donaldo não me parece muito inteligente. Basta estar com um pouco de atenção, ver como ele funciona e percebemos que ele é perfeitamente previsível. As aspirações que expressa são verdadeiras e mostram bem a sua baixeza de caráter. Como ele tem a esperteza suficiente para perceber que a sua pior retórica suscitaria forte oposição, dos mais variados quadrantes, opta por a anunciar ao mundo mesmo assim, sem qualquer enfeite. Mesmo antes de tomar posse já teve ataques de flatulência intestinal pela boca. Imediatamente após tomar posse, anunciou ao mundo o que realmente gostaria de fazer, mas sabe ser impossível. Será das raras vezes que diz a verdade. Fazem parte desse filme, por exemplo, o canal do Panamá, a Gronelândia, o Canadá, a faixa de Gaza e o plano de mudar a constituição para conseguir um terceiro mandato e, quem sabe, um quarto. O Donaldo queria mesmo ficar com isto tudo, se o deixassem. As pessoas normais assustam-se e reagem. Quando esbarra com forte oposição, recua um pouco, finge saber refletir ou manda os seus esbirros recuarem por ele. E talvez consiga assim concessões que jamais conseguiria de outro modo. É assim que funciona o Donaldo, com arrogância, agressividade, intimidação e abuso. Ele tem um ego extremamente inflacionado e julga-se uma das criaturas mais inteligentes que já pisaram a Terra. Deve achar-se um grande jogador de golfe e de poker. Por isso, usa e abusa do bluff. Qualquer pessoa minimamente inteligente percebe que qualquer ato expansionista agressivo do Donaldo significaria quase de imediato o fim de Taiwan. E mesmo que o Donaldo pouco se importe com Taiwan, teria aberto a caixa de Pandora, que jamais conseguiria voltar a fechar. Donaldo é fundamentalmente estúpido e destituído do mais elementar bom senso. Mas não é tão estúpido que não entenda o óbvio. O que nunca é estúpido é a História, que analisa, avalia, julga e explica o passado, à distância. E não tenho a menor dúvida de que, se o mundo sobreviver a psicopatas como Donaldo, Vladimiro e outros do mesmo clube, a História considerará Donaldo, de muito longe, o pior presidente de sempre dos EUA e quiçá do mundo.

Portanto, e para concluir, Donaldo não é surpresa. Surpresa será talvez ter escravizado o partido republicano e ter seduzido tantos milhões de americanos. Mas não fez Hitler o mesmo na década de 30 do séc. XX com uma nação se calhar muito mais civilizada que os atuais EUA e onde havia muito mais inteligência per capita? Será a estupidez viral e contagiosa? Se calhar é isso que é o Donaldo é, um daqueles fungos recém-descobertos que se apoderam das mentes de alguns insetos e os transformam em zombies. É isso que me parecem os EUA de hoje. Uma nação gravemente doente, infestada por um fungo parasita, grande, gordo, nefasto, malévolo, vagamente alaranjado e com uma coroa vermelho tóxico por cima. Uma grande nação zombie.popeye9700@yahoo.com

 

BAGA I LOVE YOU SO MUCH DEAR MR. TRUMP (Take 3 e último ) BAGAS DE BELADONA (162)

Janeiro 15, 2025

Tarcísio Pacheco

 

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imagem em: Luis Ordóñez, o argentino que conseguiu levar a caricatura ao Museu do Louvre – Diario de Cultura

BAGAS DE BELADONA (162)

HELIODORO TARCÍSIO          

 

BAGA I LOVE YOU SO MUCH DEAR MR. TRUMP (Take 3 e último) – Esta saga da crítica aos escritos do Dr. Bettencourt vai terminar por aqui, para não aborrecer os leitores e também porque rapidamente se desatualiza, dada a velocidade com que eventos relacionados vão ocorrendo. A verdade é que Trump ainda nem foi empossado no dia em que escrevo e, para além de toda a mediocridade maldosa que já lhe conhecíamos, começa a revelar-se uma espécie de ditador imperialista, apenas muito levemente contido pela cada vez mais frágil democracia norte-americana. Ignoramos se o Dr. Bettencourt continua a adorá-lo, mas, como o próprio caridoso doutor nos diz, “toda a gente tem defeitos” e se ele gosta de neofascistas, bom, de um ponto de vista tolerante, isso pode ser, eventualmente, considerado mais que uma crença cega, um enorme defeito de caráter ou então, simples falta de inteligência. Restará saber se o que ainda resta de espírito democrático, senso de justiça e elementar bom senso na América, será suficiente para travar minimamente um ditador neofascista, apenas um pouco menos mau que Vladimir Putin.

Quanto ao bom Dr. Bettencourt, uma leitura apressada ou mais parcial do seu testamento trumpista, até pode dar a falsa impressão de que ele sabe do que fala. Lá diz o velho ditado, muito português, “um tolo que não fala [ou não escreve] passa por discreto”. No entanto, basta ler o texto dele com atenção para perceber as suas manobras maliciosas e mal-intencionadas ou então a sua ingénua ignorância, o chapéu que melhor lhe servir.

Grande parte da verborreia do Dr. Bettencourt assenta nas teses publicadas por um tal Marc A. Thiessen, em “8 Escolhas dos Democratas que ajudaram Trump a ser eleito”, num jornal “esquerdista”, o Mercury News, de San Jose, na Califórnia. Já sabemos que a extrema-direita americana classifica a maior parte dos media como sendo “de esquerda”, preferindo disseminar o seu veneno pelas redes sociais, sobretudo pela X, propriedade do neofascista, Elon Musk, cada vez mais o “dono daquilo tudo”. E percebemos que no caso pessoal do Dr. Bettencourt, a sua bitola pessoal é se o órgão dos media gosta ou não de Trump. É desta forma que ele classifica os media, o que me parece ser de um atroz primarismo intelectual. É verdade que a maioria dos media americanos não gosta de Trump. Mas não gosta por não ser de extrema-direita e não por ser “de esquerda”.  O espectro político partidário nos EUA é extremamente pobre e, para efeitos práticos, conta apenas com dois partidos, o Democrata e o Republicano. O Republicano assenta em valores claramente considerados “de direita” e o Democrata também é de direita ou de centro-direita, se quisermos, estando mais próximo das sociais-democracias europeias. É um partido mais preocupado com questões sociais e de cidadania, mais tolerante, progressista e mais universalista. Contudo, de esquerda política, tal como a entendemos no resto do mundo, tem pouco ou nada. Por exemplo, comparando com Portugal, estão muito longe do Partido Socialista e anos-luz do Bloco de Esquerda. Por isso, classificar media dos EUA como sendo “de esquerda” é coisa de néscio ignorante ou de extremista de direita. Mesmo assim, se formos analisar o Mercury News, percebemos facilmente que é um jornal comum, não tem nada de especial, informa com aparente isenção, que é como deve ser e publica artigos de tendências diversas dos seus editores e colaboradores. Vou dar um exemplo concreto e bem presente nos media de todo o mundo nos últimos dias, o drama em curso no momento, dos incêndios na Califórnia. O Mercury News, obviamente, tem publicado imenso sobre o assunto, basicamente numa dinâmica de informação. Onde é que o Dr. Bettencourt deve estar a ver “esquerdismo” neste caso? Provavelmente no facto de uma das notícias publicadas se referir às declarações de Trump, insultando o governador da Califórnia e apelidando-o de incompetente. Ora, o governador da Califórnia é Gavin Newsome, do Partido Democrata e conta com uma brilhante carreira política. Tenho acompanhado a tragédia e Newsome não me parece nada incompetente, pelo contrário, talvez algo impotente perante a fúria da Natureza, aliada à construção civil selvagem e descontrolada, que é culpa do capitalismo desenfreado e da ganância que lhe está associada. E Trump insulta o governador por ser democrata, acima de tudo e porque, como hiena que é, não pode deixar de aproveitar qualquer oportunidade, seja qual for para mostrar os dentes e morder os seus adversários. Além disso, ele odeia a Califórnia, um estado onde tem poucos apoiantes e que fica fora da faixa do milho, do cinturão bíblico e do Sul, ignorante, pobre, conservador, fanático e racista. O Mercury News também noticia o que tem transpirado de Washington DC, que há sinais de que Trump, depois de eleito, não disponibilizará fundos federais de auxílio às vítimas da Califórnia ou dificultará o acesso aos mesmos. Ora, sabemos todos que Trump é mau, vingativo e não tem qualquer ética nem senso de estado. Portanto, não é nada difícil acreditar nisto. O que é o Dr. Bettencourt acharia que o Mercury News deveria fazer para não ser “de esquerda”? Provavelmente, deveria omitir qualquer referência às más intenções de Trump e realçar o mais possível as acusações de “incompetência” do governador, em vez de informar a população sobre a tragédia que está a desenrolar-se. É essa a pobre bitola do Dr. Bettencourt.

Portanto, a jogada “inteligente” do Dr. Bettencourt, neste caso, é a tese de que até um jornal de “esquerda” publica artigos que mostram os muitos erros dos Democratas. Acontece que a melhor prova de que o Mercury News não é um jornal “de esquerda” é terem publicado um extenso artigo de Marc A. Thiessen. Ora, vejamos quem é este sujeito: Thiessen é um autor norte-americano conservador, politicamente envolvido e membro do Partido Republicano, que andou pela Casa Branca e escrevia os discursos de George W. Bush. Posteriormente, por exemplo, elogiava a tenebrosa CIA e atacava Barack Obama, enquanto defendia a tortura pela água, muito comum, em suspeitos de terrorismo islâmico em Guantánamo. Um tipo isento e um verdadeiro escuteiro, certo? A publicação de um artigo deste tipo, a criticar o Partido Democrata, vem provar que o Mercury News não é um jornal “de esquerda” ou que, no mínimo, dá espaço a todas as tendências ideológicas. E é assim que o Dr. Bettencourt achou que ia enganar o pessoal cá pelos Açores. Todos os dados estatísticos ou percentuais apresentados pelo Dr. Bettencourt são contestáveis ou discutíveis. Por exemplo, é absolutamente parcial referir que a inflação nos EUA subiu durante o mandato Biden-Harris, sem escalpelizar os motivos para isso. Seria fastidioso estar a fazer isso caso a caso, teria de escrever artigos tão longos e sonoríferos quanto o artigo dele e, provavelmente, ninguém me iria ler.

Para terminar, alguns comentários do Dr. Bettencourt que achei dos mais aparvalhados foram os que afirmavam ser o Partido Democrata o “Partido dos Pobres”, que “os democratas radicais gostam mais de gastar o dinheiro dos outros” e que “os republicanos contribuem mais e têm mais compaixão pelos pobres”. É incrível, mas o Dr. Bettencourt parece não saber nada de História. Os regimes que assentavam no enriquecimento de uma pequena fação elitista que depois partilharia teoricamente a sua prosperidade com os menos afortunados através da “caridade cristã” acabou no séc. XVIII, com a Revolução Francesa. E aí foram plantadas as sementes dos atuais regimes socialistas e sociais-democratas em que os regimes se preocupam em distribuir equitativamente os recursos, dar as mesmas oportunidades a toda a gente e garantir que todos tenham uma vida digna e as suas necessidades básicas satisfeitas. É o dinheiro de todos para todos, não é o “dinheiro dos outros”. Solidariedade social não tem nada a ver com compaixão e menos ainda com caridade. Vá-se cultivar Dr. Bettencourt. E de caminho, esclareça-nos se concorda com a anexação militar e violenta da Gronelândia, com a hipotética anexação militar e violenta dos Açores, como valiosa posição geoestratégica, se concorda com as ameaças ao vizinho e aliado Canadá e ao Panamá, países soberanos, se concorda com o uso do exército para expulsar imigrantes, se concorda com o fim do direito internacional e com o regresso ao barbarismo do direito do mais forte, se alinha na negação das alterações climáticas induzidas pelos seres humanos e na negação das vacinas e finalmente se concorda com “a paz”na Ucrânia, com grande prejuízo do invadido e à custa do benefício de um invasor selvagem e criminoso de guerra. Diga-nos se também admira ditadores que são “líderes fortes”. É que tudo isto e muito mais é Trump e o senhor adora-o. Mais uma vez, só para sabermos com quem lidamos…para percebermos se é néscio, ingénuo, ignorante, extremista de direita ou neofascista. Porque um destes carapuços vai assentar-lhe na perfeição. popeye9700@yahoo.com

 

BAGA I LOVE YOU SO MUCH DEAR MR. TRUMP (Take 2) BAGAS DE BELADONA (161)

Janeiro 13, 2025

Tarcísio Pacheco

 

 

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imagem em: Luis Ordóñez, o argentino que conseguiu levar a caricatura ao Museu do Louvre – Diario de Cultura

 

BAGAS DE BELADONA (161)

HELIODORO TARCÍSIO          

 

BAGA I LOVE YOU SO MUCH DEAR MR. TRUMP (Take 2)  - Ora, prosseguimos então com o contraditório ao Dr. Bettencourt, emigrante graciosense, ilustre dentista na Califórnia e admirador incondicional de Donald Trump. Esclareça-se que se o Dr. Bettencourt se tivesse limitado a dar a sua opinião sobre Trump, nada teria a dizer, pelo menos publicamente. Ele há gostos para tudo. A Betty Grafstein gostava do José Castelo-Branco. O que realmente me desencadeou um prurido no sistema nervoso central foi o facto do Dr. Bettencourt nos atirar com uma carga brutal das mentiras e falsidades inventadas por Trump, pelos seus apoiantes e pelos hackers russos ou pró-russos, seus parceiros. Aparentemente, o Dr. Bettencourt acha que os açorianos ainda vivem no ambiente de ignorância, incultura e simplicidade de espírito da Graciosa da sua infância. O tempo também passou por aqui e não apenas pela soalheira Califórnia. O Dr. Bettencourt parece achar que somos todos burros nos Açores. Mas lembro-lhe que a ilha Graciosa, sobretudo a do seu tempo, era o grande centro açoriano de produção e exportação de burros. Agora, há menos burrinhos, é certo, mas espalham-se pelas ilhas todas.

Ah, e há também o facto de eu considerar Trump uma criatura absolutamente detestável e um dispensável malefício, para os EUA e para o mundo. Como numa conhecida anedota, Trump é seguramente mais de 100 kg de gordura perniciosa e mórbida, formada à base de cheeseburgers e coca-cola light, que produzem flatulência pestífera, inflamação intelectual e incontinência verbal.

Prosseguindo, como não há esquerda política nos EUA, só há direita, mais liberal ou mais conservadora, não faz sentido dizer que a maior parte dos media americanos é “de esquerda”. E o Dr. Bettencourt diz isto como se ser “de esquerda”, da verdadeira e não da que fica ligeiramente à esquerda da direita, fosse uma espécie de anátema, o que é, no mínimo, anacrónico, no mundo de hoje. Ser de esquerda, nas democracias evoluídas é simplesmente pensar de maneira diferente e preferir um determinado tipo de organização social, alternativo, que não é o habitualmente o da direita. Mas o Dr. Bettencourt e o seu ídolo, Dr. Trump, usam o esquerdismo político como insulto. Todos vimos, durante a campanha eleitoral, em direto na TV, o futuro líder máximo dos EUA apelidar Kamala Harris de preta, burra, ignorante e...”comunista”. Diga-nos, Dr. Bettencourt, já que admira tanto o seu ídolo, se é tão mal-educado, arrogante, racista e bruto quanto ele? Só para sabermos com quem lidamos e se calhar, evitarmos a sua cadeira de dentista, não vá anestesiar-nos a boca com um “fake shot”. O Dr. Bettencourt diz que nos EUA os media são quase todos de esquerda. Isso não faz qualquer sentido. Eu sou de esquerda, mas sou democrata primeiro que tudo e defendo uma comunicação social livre, isenta e plural. Essa é a única que importa, a verdadeiramente livre que, tendo em conta o livre direito de expressão, constitucionalmente consagrado, pode adotar as tendências que quiser e escrever ou transmitir notícias e programas de informação e atualidade com o formato que preferir. O confronto de ideias é sempre salutar. O que é que não pode? Não pode escrever ou transmitir mentiras ou falsidades. Porque aí deixa de ser comunicação social, para ser entidade política e panfletária, com um determinado alinhamento e protagonista de um determinado processo político, com objetivos maliciosos definidos. Um órgão de comunicação social que publique mentiras (propositadamente ou por não se ter assegurado da verdade, primeiro, como seria sua obrigação) deixa de ser comunicação social, passa a ser outra coisa qualquer, provavelmente obscura. Todos os ditadores temem a comunicação social livre. No Irão, na China e na Coreia do Norte, ela, pura e simplesmente, não existe. Não há liberdade de expressão nestas ferozes ditaduras. Na Rússia, apenas existe teoricamente, uma vez que a Rússia atual é na verdade uma ditadura centrada no antigo KGB e uma das primeiras coisas de que o seu ditador, Putin, tratou, quando chegou ao poder, foi de esmagar a comunicação social livre. E nos EUA, o regime atual, que é o de uma democracia que sempre foi altamente criticável, mas que se mostra cada vez mais pobre, com total concentração de poder, demoniza a maior parte da comunicação social, rotulando-a “de esquerda”, o que é um insulto pesado no paupérrimo espectro político-partidário dos EUA. E transfere-se a comunicação para as redes sociais, onde a desregulação e a desresponsabilização são totais. Agora, tudo é possível e as portas do Inferno mal se abriram; Zuckenberg, colocando-se obedientemente na fila da gamela para comer, veio dizer que já não é preciso verificar factos no Facebook, para não agredir a “liberdade de expressão”. Devia querer dizer “liberdade de mentir”. Putin deve estar a esfregar as mãos de contente, uma vez que agora vale mesmo tudo nas redes sociais.

A verdade é que, como é natural, nos media americanos e um pouco por toda a parte, há muita inteligência e espírito crítico. É na cultura, nas artes, no cinema, na literatura e no mundo da informação, que encontramos as pessoas mais inteligentes das sociedades.  É por isso que Trump, um pseudolíder que se promove através da estupidez, da incultura e da ignorância, odeia Hollywood, por exemplo.  Por norma, por vocação, por formação e pela natural filtragem sócio académica, os jornalistas são inteligentes, críticos e excelentes analistas da realidade social e da sua evolução. Algumas das pessoas que considero mais inteligentes em Portugal, ou são jornalistas ou têm presença assídua nos media, em programas de grande informação. Posso até nem gostar de algumas das pessoas que vou nomear, mas considero-as muito inteligentes: Miguel Sousa Tavares, Ricardo Araújo Pereira, José Rodrigues dos Santos, Pacheco Pereira (dos poucos inteletuais de direita cuja inteligência admiro), Daniel Oliveira, Clara Ferreira Alves, Raquel Varela, Rogério Alves ou Osvaldo Cabral, nos Açores, para referir apenas alguns e dentre os viventes. Grande parte dos media americanos não gosta de Trump e é fundamentalmente por isso que o Dr. Bettencourt diz que eles são “de esquerda”. Na verdade, as razões para os media americanos não gostarem de Trump tem menos a ver com posições políticas, muito menos de uma esquerda inexistente na América e prendem-se sobretudo com o perfil de Trump, um indivíduo execrável, estúpido, ignorante, um falso líder e sobretudo, um dos maiores mentirosos da História.  O que nos leva às “Fake News”.

A expressão “Fake News” surgiu precisamente na 1.ª presidência de Trump e, de alguma forma, foi cunhada por ele e usada exaustivamente. O que não deixa de ser paradoxal e profundamente cómico, na medida em que Trump é uma espécie de campeão mundial das “Fake News”. Que o Dr. Bettencourt use esta expressão referindo-se aos media “de esquerda” é da gente se urinar todos pelas pernas abaixo de tanto rir.  Trump é um mentiroso patológico e usa a desinformação como arma política de eleição. Esta é uma tática bem conhecida e usada por muitos governantes e ditadores há muito tempo, ao longo da História. Sucede que no passado, era quase impossível desmentir as inverdades. Mas, na atualidade, as mentiras são denunciadas quase em simultâneo, por exemplo, pela comunicação social livre e isenta, que, obviamente, não deve deixar passar mentiras para o público. Exemplo: sistematicamente, qualquer referência a uma das muitas acusações de conduta ilegal e criminosa de Trump era e é rotulada de “fake news”. Mas, quando Trump proferiu em direto na TV uma das suas mais recentes grandes mentiras, que imigrantes haitianos nos EUA andavam a matar e a comer animais de estimação, essa afirmação, apesar de quase imediatamente desmentida por insuspeitas autoridades locais, continuou a ser usada pelos MAGA na persecução dos seus objetivos. Foi uma mentira que causou dano e sofrimento a pessoas inocentes e alimentou muitas injustiças e nunca foi reconhecida ou negada por Trump. Esse tipo de mentiras é de uma virulência feroz. E não é preciso fazer nada de especial, apenas atirar a mentira para o ar e depois, já é tarde mais, sabemos como é, o megafone MAGA pega naquilo, os imigrantes haitianos são uns “selvagens canibais” e os imigrantes ilegais em geral, são os responsáveis pela maioria dos problemas da América, rua com eles, usem o Exército se for preciso.  A impunidade de Trump é total atualmente. A própria criatura disse algo como, “eu posso apalpar qualquer mulher ou matar alguém na rua, vão sempre gostar de mim”. Diga-nos, Dr. Bettencourt, Trump é conhecido por gostar de apalpar mulheres e gabar-se disso; que faria se Trump apalpasse alguma mulher da sua família? O seu amor pela criatura é mesmo incondicional? E antes de responder, lembre-se que qualquer mulher pertence a uma família e é filha de alguém. Qualquer afirmação ou notícia incómoda para Trump é rotulada de “fake news” com origem nos media “de esquerda” enquanto para a legião “trumpista”, qualquer mentira da criatura, das muitos a concurso, é imediatamente branqueada, sem contraditório ou então rapidamente esquecida, se insustentável. E é esta a bolha em que vivem o Dr. Trump e o Dr. Bettencourt.

Talvez fique hoje por aqui. Tenho a sensação de que vou passar o ano de 2025 a escrever para o Dr. Bettencourt. É que o testamento dele a favor de Trump é tão absurdo e tão falso que a ando a relê-lo para o criticar, desde 27 de dezembro e a toliçada é tanta e tão motivadora que, num total de quatro páginas e dezasseis colunas, ainda vou a criticar a primeira coluna. Temos serão. Pode ser que me farte. Mas não é hoje ainda.  POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

I LOVE YOU SO MUCH DEAR MR. TRUMP (Take 1) (BB 160)

Janeiro 02, 2025

Tarcísio Pacheco

 

BAGAS DE BELADONA (160)

HELIODORO TARCÍSIO          

 BAGA I LOVE YOU SO MUCH DEAR MR. TRUMP (Take 1)  - Recentemente, aproveitando o muito generoso e aparentemente ilimitado palco disponibilizado pelo Diário Insular, o Dr. Manuel Bettencourt, ilustre médico dentista da Califórnia e emigrante açoriano da ilha Graciosa, usou quatro páginas completas deste jornal, para publicar um fervoroso auto de amor pelo seu herói, Donald Trump. De quem, ingenuamente, diz que “(…) Ninguém é perfeito neste mundo. O Trump tem os seus defeitos como todos nós”. Claro que qualquer um poderia usar as mesmíssimas palavras para se referir a Joe Biden ou a Kamala Harris (sem o deselegante artigo definido…), que o Dr. Bettencourt demoniza, responsabilizando-os por todos os males de que sofre a América atual. É uma expressão vaga e tonta, que é habitualmente utilizada para desculpar quem queremos inocentar de culpas, incluindo nós próprios. Em última análise é aplicável a qualquer um, incluindo Vladimir Putin.

Sinceramente, nem sei por que ponta pegar no artigo de opinião do Dr. Bettencourt porque todo ele é altamente criticável e repleto de informação deturpada, exagerada ou simplesmente falsa. Precisaria das mesmas quatro páginas que ocupou no DI para um comentário completo e a preceito. E acho que não devo fazer isso, nem o DI, provavelmente, me daria o mesmo palco.

O Dr. Bettencourt não precisava de ter invadido e ocupado o jornal da ilha para nos dizer que é um apoiante indefetível de Trump. Mas invadir e ocupar é o estilo desta gente do MAGA. Sabemos todos que a maioria dos emigrantes açorianos nos EUA, especialmente os de primeira geração, vota em Trump. E também conhecemos as razões para isso. Que não são nada lisonjeiras para a comunidade.  Do Dr. Bettencourt, que andou na faculdade a estudar medicina, esperar-se-ia bastante mais e melhor. No mínimo, que não se limitasse a papaguear as atrocidades néscias e sofismas maliciosos com que Trump, os seus aliados e os hackers russos inundaram as redes sociais. Mas é sobretudo isso que o Dr. Bettencourt fez, espalhando pelo meio, uma caterva de números selecionados criteriosamente para reforçar os seus pobres pontos de vista.

Afirma o Dr. Bettencourt que foi “20 anos do Partido Democrata”, mas que este se radicalizou nos últimos anos, numa deriva para a esquerda. Só a discussão disto já dava uma tese académica. Para se perceber porque é que naquela que costuma ser considerada “a maior democracia do mundo”, o debate político e ideológico é tão pobre que os eleitores se reveem apenas em dois partidos. Não é um regime de partido único, mas é um regime de dois partidos únicos. Como é único o sistema eleitoral norte-americano, que satisfaz os eleitores dos EUA, mas parece ser cada vez mais suspeito e pobre para o resto do mundo livre. Outra coisa que o Dr. Bettencourt não parece compreender é que o que nos EUA passa por ser “mais de esquerda”, para as democracias evoluídas do mundo, é apenas “um pouco menos de direita”, já que sempre imperou no país um absoluto primarismo político-ideológico e um claro alinhamento à direita. Não há esquerda política nos EUA.  Incrivelmente, o que o Dr. Bettencourt mais abomina nos democratas é que se tenham afastado mais ainda do tradicional discurso republicano. O Dr. Bettencourt não parece gostar da diferença e da diversidade de opiniões, ele é todo pelas ovelhinhas brancas. Até porque as ovelhinhas pretas devem ser imigrantes mexicanos, ilegais, claro.

Outra coisa que o Dr. Bettencourt nos diz é que os democratas “(…) são capazes de tudo e mais alguma coisa para se manterem no PODER” (sic). Não me diga, é mesmo assim? Tipo quê, tipo não aceitar resultados de eleições e decisões judiciais legítimas e promover e incentivar a invasão, com destruição, feridos e mortos, da sede de algum órgão de soberania, tipo, o Capitólio? Xiii, realmente, o caso é grave e até já lhe dou alguma razão, que patifes criminosos!

E o Dr. Bettencourt segue por ali abaixo, num ritmo frenético e nauseante, parecendo entender pouco para além das técnicas dentárias. Não entende, por exemplo, que está em curso um ataque feroz e sem precedentes aos regimes democráticos do mundo livre, à união e cooperação entre eles e à sua expressão militar, que é a aliança defensiva da NATO. Este tema é muito bem tratado pelo escritor e jornalista, José Rodrigues dos Santos, no seu livro mais recente, Protocolo Caos. Claro que para a mentalidade básica do Dr. Bettencourt, este insuspeito escritor deve ser “comunista”. Esse ataque é perpetrado sobretudo pela Rússia, mas também pela China, Irão e Coreia do Norte, ou seja, pelas principais ditaduras da atualidade. Alguma vez o Dr. Bettencourt parou para pensar porque é que Trump é o favorito de Putin nos EUA? Nada disto é simples, mas uma das razões é o ataque sistemático de Trump à comunicação social livre e independente, preciosa em democracia, de que o Dr. Bettencourt faz uma obediente e acéfala crítica.   Papagueando Trump, o Dr. Bettencourt acha que a maior parte dos media americanos é mais ou menos “de esquerda”, com a CNN à cabeça e com poucas exceções, entre as quais, se destaca, obviamente, a Fox News, controlada pelos conservadores, de quem Trump disse ser a única estação que diz a verdade. Na Rússia, Putin deu cabo de todos os media independentes, através dos seus métodos usais, assassinato simples à cabeça, mas também encarceramento, encerramentos compulsivos, processos criminais e outros métodos agressivos, restando apenas os órgãos formais, subservientes ou totalmente alinhados. Assim, Putin, evita qualquer crítica ou oposição. Nos EUA, Trump declara a maioria dos media “de esquerda” e mentirosos, ou seja, todos os que ele acha que o prejudicam e estipula que apenas alguns, como a Fox News dizem a verdade. E, para além disso e sobretudo, privilegia as redes sociais como meio principal de comunicação. Toda a gente sabe que o Twitter era o seu principal canal de comunicação com o país e com a sua rede de apoiantes. E depois, como o Twitter, apesar da sua enorme elasticidade, também tinha os seus limites, acaba por formar a sua própria rede social, de onde ninguém o pode expulsar e que ele controla totalmente. E porque é que Putin e Trump fazem ambos a mesma coisa? Porque sabem muito bem que as redes sociais são selvas de onde estão totalmente ausentes quaisquer critérios de ética, verdade, justiça ou deontologia profissional. Nas redes sociais, qualquer um pode vomitar o seu próprio veneno, sem que nada lhe aconteça, pelo menos nos EUA (em Portugal e na CE já não é bem assim por estar criminalizado o incitamento ao ódio e à violência). Por outro lado, nas redes sociais, impera o anonimato cobarde. Além disso, é muito fácil, com as tecnologias atuais e as enormes e bem preparadas redes de hackers, com propósitos muito sombrios, criar perfis falsos e espalhar mentiras e boatos à fartazana. Um método relativamente simples e bem conhecido é, por exemplo, a respeito de uma qualquer das muitas tolices e mentiras que Trump escreve nas redes sociais, colocar uma série de comentários favoráveis com origem em perfis falsos. Isso gera um movimento de bola de neve e a partir de certa altura, começam a aparecer em catadupa os comentários favoráveis de verdadeiros americanos, encorajados pelo que vão lendo. Parece haver um enorme apoio popular a Trump e, às tantas, já há mesmo, o processo nunca mais para, já teve a sua ignição artificial. Obviamente, isso vai ampliando o campo de recrutamento e criando a “aura de Trump” como um grande “patriota”, the man for the job. O propósito de toda esta verdadeira sabotagem é simples e medonho ao mesmo tempo, é semear o caos e a discórdia no Ocidente, é levar a América ao descalabro, é criar fossos e divisões entre a América e a Europa, é desmembrar a aliança atlântica. E assim, Trump, que se julga muito inteligente, vai fazendo, ingenuamente, o jogo de Putin. O movimento do “America First” só aparentemente beneficia os EUA e prejudica muitos outros países, nomeadamente os da CE e o Canadá. Na verdade, qualquer processo isolacionista prejudica toda a gente. Não há ação sem reação, uma das regras mais simples de entender do Universo. Mas Trump não tem faculdades intelectuais, bom senso básico ou perfil de estadista para entender isso.

Para terminar esta parte, vou dar um exemplo de como o arrazoado do Dr. Bettencourt está cheio de patranhas. Diz ele que os media de esquerda “encobriram o problema cognitivo do presidente Joe Biden”. Ora, isso é absolutamente falso. Biden tinha realmente um problema de desempenho mental, causado, muito provavelmente, pela sua avançada idade. Mas, quando esse problema se tornou patente, nomeadamente a respeito do desempenho de Biden no seu último debate com Trump, o facto foi amplamente noticiado, inclusive pela CNN e por muitos outros órgãos, nos EUA e por todo o mundo. Leio notícias todos os dias, na comunicação social, procurando fontes diversificadas e evitando as redes sociais, que uso para outras coisas, nomeadamente para uma socialização saudável. Todos os media falaram nisso, mostrando imagens. Foi mesmo a grande notícia por algum tempo.  Porque era inegável, porque era notícia, porque era informação relevante e porque não havia qualquer motivo para o esconder, pelo contrário.

Para não ocupar demasiado espaço no jornal, ficarei por aqui agora, mas voltarei ao tema. O Dr. Bettencourt merece. Apesar de tudo, desejo-lhe um Feliz Ano Novo, por ser um açoriano. Já a Trump, desejo-lhe um Péssimo Ano Novo. Se bem que ele não precisa dos meus desejos nefastos, ele é bem capaz de tratar disso sozinho, como já se viu, ao criar problemas ainda antes do início do mandato, com vizinhos e amigos como o Canadá, a Dinamarca, o Panamá, toda a Comunidade Europeia e com a NATO.  POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

 

BAGAS DE BELADONA (BB145)

Abril 12, 2023

Tarcísio Pacheco

 

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imagem em: Beladona é tóxica, mas muito útil para a farmacologia (coisasdaroca.com)

BAGAS DE BELADONA (145)

HELIODORO TARCÍSIO          

 

BAGA CANSADA – As pessoas têm-me perguntado porque não tenho escrito. Não há uma resposta simples para isso. Quando não tenho nada de inteligente, interessante, crítico ou humorístico para falar, prefiro ficar calado. Mas, fazendo uma reflexão autocrítica sobre o assunto, no fundo, creio que sei a resposta. Aqui, no nosso cantinho açoriano, sentimo-nos protegidos dos males maiores do mundo. Compreendo isso e até partilho desse sentimento ou não tivesse escolhido permanecer nestas ilhas pela maior parte da minha vida. Mas a verdade é que, olhando à nossa volta, o mundo está tão feio, porco, mau, selvagem, cruel e decadente, que o meu impulso mais forte é para me concentrar naquilo que aprendi que é realmente importante na vida: as pessoas que amamos, acima de tudo e, depois,   as coisas que dão prazer e sentido à nossa vida, no meu caso, o mar, o meu veleiro, a natureza, as viagens, a música, a leitura, o cinema e o desporto, o saudável, não competitivo e que não dá dinheiro, as aulas de Zumba que ministro, os passeios de bicicleta, os trilhos e as caminhadas A verdade é que estou cansado. Mais do que nunca, sinto que é urgente que vivamos o melhor possível o tempo que restar a cada um de nós, sem tomar nada como garantido. Nem sequer a luz e o calor do sol ou um simples amanhã. Nem sequer isso.

BAGA TRÂNSITO EM ANGRA – Há algum tempo, esteve entre nós um senhor, cujo nome não retive, que veio apresentar um estudo sobre algumas cidades europeias com problemas de trânsito e sobre as diferentes soluções adotadas. Inevitavelmente, colocaram-lhe a questão do trânsito automóvel em Angra. O cerne da sua resposta foi que Angra não foi feita para os carros e que as pessoas e os comerciantes em particular, precisam de entender que os carros não compram, as pessoas é que o fazem. Os carros só ocupam espaço, fazem barulho, atropelam e poluem, pelo menos os que ainda têm motores de combustão, que é ainda a maioria. Creio que este senhor deve ter sido ouvido com respeito, mas também ceticismo e alguma displicência. É preciso vir alguém de fora dizer aquilo que, mesmo sem ter mestrado em urbanismo e ambiente, ando a dizer há anos. Percebemos que tem sido feito um esforço em Angra, nomeadamente pela Câmara Municipal, para melhorar, ordenar e disciplinar o trânsito automóvel e o estacionamento na cidade. Creio que todos entendem e louvam isso, menos a oposição, claro, que jamais estará satisfeita. Mas isso é o ADN de que qualquer oposição. Contudo, estamos ainda muito longe da solução ideal, que sei já não ser para o meu tempo. E isso, seria fechar por completo o centro histórico de Angra ao trânsito particular e apostar numa rede de transportes públicos não poluentes, de preferência gratuitos, já que pagamos elevadíssimos impostos ou, no mínimo, muito baratos. Já não estarei aqui para ver, mas, o futuro dar-me-á razão. Se houver, um futuro, evidentemente (remeto para a primeira baga).

BAGA TRANSPORTE MARÍTIMO DE PASSAGEIROS – Este é outro assunto que já referi diversas vezes. Jamais perdoarei ao atual governo regional ter acabado com o transporte marítimo de passageiros entre todas as ilhas dos Açores e obrigar-nos a viajar todos nos aviõezinhos da SATA. Por isso (mas também pela coligação com a extrema-direita, entre outras coisas), jamais terão o meu precioso voto. Como se não fossemos ilhas no meio do mar e como se não tivéssemos gastado milhões nos últimos anos a construir e melhorar os portos das ilhas. Que afinal, não são ilhas, são aeroportos rodeados por água. Mais uma vez, sem ter mestrado em transportes, ou em qualquer outra área, sou apenas mestre do meu veleiro, sugeri por diversas vezes nestas páginas que o governo se informasse sobre as soluções de transporte misto de carga e passageiros que adotaram outros países, regiões e ilhas onde há gente mais inteligente. Isso caiu em saco roto, como é evidente. Mas, há algum tempo, foi publicado algo no DI sobre o assunto, no âmbito de um programa de intenções do governo regional. Pela primeira vez, desde há muito, falou-se em “estudos” sobre o transporte misto de carga e passageiros, que é perfeitamente viável, como é óbvio e tem muitas vantagens.  Tratando-se de “estudos” é provável que o assunto se arraste durante uns quantos anos, de “estudos”. A menos que o governo mude…as notícias muito recentes sobre a aquisição pela Atlânticoline de dois ferries elétricos não mudam em nada o panorama, embora envolvam dois fatores positivos: a aposta em embarcações menos poluentes e mais modernas e a abertura de uma rota entre S. Miguel e Santa Maria, que já deveria existir há muito.

BAGA TRAMPALHICES – O início do processo de acusação de Donald Trump nos EUA decorreu exatamente como se esperava. A criatura declarou-se inocente dos 32 crimes de que é acusada. Trump fez extensas declarações, na comunicação social, na sua rede social própria e perante os seus apoiantes. Uma das que retive foi “nunca pensei que isto acontecesse na América”. Estava a referir-se à criminosa invasão do Capitólio, que ele próprio orquestrou e apoiou? Era bom, era, mas, claro que não. Referia-se às acusações que sobre ele pendem. Como se esperava, a defesa de Trump assenta quase exclusivamente na politização do caso, tentando fazer-se passar por vítima e mártir. Um Martin Luther King da extrema-direita. Inteligentemente, Biden e o partido democrata em geral não caem nessa esparrela e mantêm silêncio sobre o assunto. Deixam o poder judicial cumprir a sua obrigação e fazer o seu trabalho. Veremos o que acontece. Mas tremo só de pensar que esta criatura possa voltar a ganhar as eleições do próximo ano nos EUA. A Humanidade está à beira do abismo (e não é só com a guerra da Ucrânia) e ter um tosco, bronco, ignorante, de extrema-direita à frente dos EUA numa altura destas é arrepiante e pode muito bem ser o passo que nos vai precipitar. Declarações recentes da criatura (“se for eleito, no dia seguinte acabo com a guerra na Ucrânia; dava-me bem com Putin; comigo no poder, jamais teria acontecido a invasão da Ucrânia e acredito que a Rússia vai tomar toda a Ucrânia”), levam-me a crer que a receita da criatura para acabar com a guerra é simplesmente deixar de apoiar a Ucrânia. O que, evidentemente, acabaria com a guerra, mas também com a Ucrânia e entregaria a vitória a Putin e à sua sangrenta ditadura neoimperialista.

Sou bastante pessimista quanto ao futuro próximo. Mas, no mínimo, o mundo precisa de inteligência, ética, coragem e bom-senso. Tudo o que Trump não tem. Trump é só dinheiro, mentiras, incompetência, ignorância, fanfarronice e bazófia.

Se acreditam nalgum deus, então rezem, rezem muito. Ou então, gozem férias, viagem, vão à praia. Aproveitem ao máximo. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA A RESPEITO DE ERAS (BB 119)

Fevereiro 15, 2021

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://democrats.org/news/new-dnc-ad-trumps-america/

 

  • BAGAS DE BELADONA (119)
     
    HELIODORO TARCÍSIO
     
    BAGA A RESPEITO DE ERAS – Não é que me tenha, propriamente,
    surpreendido, o artigo recentemente publicado no DI, com o título “A Era
    de Biden”. E, se o seu autor publicou antes algum texto intitulado “A Era
    de Trump”, não dei conta dele, mas, se for esse o caso, apresento as minhas
    desculpas. É que, assim, dependendo do que lá se dissesse, pelo menos,
    haveria um fator de equilíbrio.
    Por outro lado, não é que eu morra de amores por Biden e me vá armar em
    seu cavaleiro andante. Com Biden, os EUA vão voltar ao que eram antes,
    ao que sempre foram, com Obama, com Clinton, com o clã Bush, o que, do
    meu ponto de vista, não é grande coisa. Um imenso e riquíssimo país, com
    traços e características bem marcados, nalguns pontos a um nível quase
    repulsivo: território, população e recursos naturais imensos; uma tendência
    imperialista evidente, quer através do poder militar, quer através da
    constante ingerência na política interna de outros países, da espionagem
    permanente e da exportação maciça de produtos, tecnologia e hábitos de
    consumo de matriz capitalista; partindo daqui, um evidente complexo de
    donos do mundo, de modelo e exemplo; um sistema eleitoral arcaico e cada
    vez mais duvidoso, que permite legalmente eleger líderes que são apoiados
    por uma minoria da população; um sistema capitalista em que tudo,
    absolutamente tudo, seja o que for, se define pelo seu valor em dólares; um
    sistema social pobríssimo, absolutamente injusto, nada solidário, que deixa
    na miséria e traz grandes dificuldades à população mais desfavorecida; um
    sistema de saúde atroz, assente no princípio “quem pode paga, quem não
  • pode, o problema é dele”; uma classe política pavorosa, absolutamente
    inflexível, bipolar, limitadíssima em termos de horizontes mentais, que
    refinou ao máximo a ligação entre política e dinheiro, ao ponto de todo e
    qualquer político norte-americano, considerar natural, comprar a carreira e
    os votos de que necessita; um sistema cultural/ético/religioso que causa
    asco, assente numa matriz judaico-cristã, muito conservador, extremamente
    hipócrita e de um convencionalismo que roça a boçalidade, com números
    expressivos ao nível do fundamentalismo cristão, da literalidade bíblica e
    de praga tenebrosa do evangelismo cristão; uma profunda desconfiança
    pela diferença e um “anti esquerdismo” primário mas ainda assim pleno de
    malícia; um nível intelectual que se carateriza por franjas extremamente
    cultas e inteligentes (cientistas, escritores, investigadores, académicos,
    gente da música, das artes, do show business) a par de uma massa popular
    incrivelmente inculta e ignorante, o que, como sabemos, está na base da
    maioria das desgraças de um povo; um racismo latente, explosivo e sempre
    presente, sendo que a multiculturalidade da nação se manifesta cada vez
    mais contra si própria (dantes era brancos contra negros, isso não mudou
    assim tanto mas agora é mais todos contra todos). Ver negros e latinos a
    apoiar Trump (um claríssimo racista) só pode significar ignorância.
    Podia continuar a escrever mais duas horas sobre isto, mas trata-se apenas
    de umas ligeiras pinceladas sobre a América de Biden, tal como eu a vejo,
    enfim “A América”.
    Disto isto, até parece que eu concordo com o autor de “A Era de Biden”.
    Não é isso, não concordo nada! Acontece apenas que acho intolerável
    escrever-se contra Biden quando nada se disse contra Trump ou a sua era.
    É que Trump é um bom norte-americano, com todos os tiques implícitos
    (materialismo, ambição, competição, supremacia, arrogância,
    agressividade, ignorância, hipocrisia, convencionalismo, banalidade,
    egocentrismo e amoralidade), por isso, tem todos estes defeitos que referi,
    mas tem ainda muitos outros, que, enquanto simples magnata, me
    causavam apenas enfado, troça e escárnio, mas mo tornaram odioso,
    enquanto “projeto de político” e POTUS. Basicamente, Trump, tal como eu
    o vejo, é um idiota endinheirado, primário e grosseiro (conheço aqui na ilha
  • Terceira, para não ir mais longe, gente que não tem dinheiro, mas que é
    muito mais inteligente do que ele) mas é um idiota perigoso. Então, só
    porque Biden não é um fundamentalista cristão que condena mulheres que
    abortam à prisão, escreve-se sobre “a sua Era” e sobre “A Era de Trump”,
    talvez o período mais confuso, caótico, perigoso, radical, estúpido e
    abananado de toda a história política norte-americana, nem uma palavra?
    Tudo porque Trump há de ser contra o aborto, como era contra ou a favor
    do que quer que fosse que lhe trouxesse votos?
    Já escrevi muito sobre o aborto. Não sou favorável. Isso não quer dizer que
    concorde com a condenação das mulheres que o praticam. E há outra coisa,
    não temos como o prever, mas aqui e ali, o aborto pode ser uma coisa
    ótima. Se a mãe de Trump o tivesse abortado, os EUA teriam evitado estes
    vergonhosos últimos 4 anos. E a Melânia tinha casado na mesma com um
    ricaço, claro, mas podia ter sido alguém menos asqueroso, coitada.
    POPEYE9700@YAHOO.COM

BAGA DO DESCONFINAMENTO (BB 109)

Maio 21, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://www.correiodamadeira.com/2020/04/covid-19-plano-de-desconfinamento.html

BAGAS DE BELADONA (109)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA DO DESCONFINAMENTO - Respondendo a uma dúvida que tem surgido no seio do povo de Deus, o confinamento católico é obrigatório porque provém da autoridade, que nos ama a todos paternalmente, mas, do ponto de vista teológico, não é sagrado, indissolúvel e, muito menos, eterno. Por isso, ide e desconfinai. Porém, tomai cautela e procedei com os devidos cuidados ou sentireis na carne o custo da prevaricação. Bom, isto foi apenas um recado, que o senhor Bispo me pediu para passar na minha crónica porque o povo não se pode ajuntar nas igrejas nem fazer procissões. Está feito.

Tenho-me deliciado a percorrer a ilha, assistindo ao espetáculo do povo a desconfinar. Especialmente, hoje, domingo, um dia bonito, em que a pessoa acorda, olha para a janela e pensa que o que está mesmo a apetecer é sair de casa e desconfinar por aí. A Primavera é mesmo a estação ideal para atividades desconfinatórias. Pessoalmente, eu, que nunca havia sido confinado antes, sinto que estou a viver uma experiência única num período histórico. É que ficamos sem saber exatamente como desconfinar. É certo que há regras, mas não há propriamente um manual de desconfinamento e somos assaltados por muitas dúvidas. Afinal, desconfinar é um processo complexo que envolve estratégia, planeamento e uma fita métrica. Que será, muito provavelmente, chinesa. O que faz algum sentido, completa o círculo e prenuncia os próximos anos da Humanidade. Prosseguindo, em termos de desconfinamento, por vezes é preciso improvisar. E depois, cada um tem o seu jeito de desconfinar. E, como sempre, há uns que têm mais jeito que outros. Por outro lado, fazem-se descobertas sociologicamente interessantíssimas. Por exemplo, apercebi-me que os grupos de bêbados já desconfinavam antes. Eles é que não sabiam. Tenho-os vistos sentados em frente aos cafés favoritos deles, enfim reabertos, em pequenos grupos, cumprindo civicamente as normas de distanciamento social (é mais ou menos uma caixa de cerveja entre conversantes e duas entre grupos) com uma cerveja aberta a amornar na mão; vi um grupo desses em S. Mateus, todos a desconfinar ativamente, em frente ao café, sentados junto de um recipiente para lixo e a enviar garrafas vazias de cerveja para baixo, para o relvado do lindo passeio marítimo da freguesia. Ora, isso era o que eles já faziam dantes. Chamava-se ajavardar, mas agora sei que afinal já era desconfinar. A conclusão é que cada um desconfina de acordo com a sua índole. No entanto, verdade se diga, os bêbados têm bebido sempre de máscara. Podem usá-la ao pescoço, como se fosse um adereço de moda, em estado de prontidão operacional. Ou apenas sobre a boca porque o nariz faz muita falta na respiração. Mas está lá. E, espelhando a criatividade que o desconfinamento suscita, começam a aparecer máscaras de todas as cores, com bonecos Disney para os putos, cinzentas para usar com fato de político, vermelhas para adeptos do Benfica e comunistas, rosinhas para o Manel Goucha. Pequenos negócios florescem no Facebook e as costureirinhas da ilha, à míngua de encomendas para as marchas de S. João, dedicam-se por inteiro à produção de máscaras. Já apareceram também tutoriais de “faça você mesmo a sua máscara”. Muito provavelmente, neste Verão, a Coca-Cola oferecerá uma máscara com cada latinha.

No Continente, com as zonas balneares ainda fechadas oficialmente, o tempo quente a apelar ao desconfinamento e os cavalos da GNR a patrulharem as praias, os Portugueses recorreram a estratégias muito próprias do espertismo nacional. É só aparecer por lá, com ar de quem vai fazer outra coisa qualquer que não seja fazer praia. Porque, pelo que vi, aparentemente, é possível fazer imensas coisas nas praias, exceto fazer praia. Por isso, o povo vai ficando por ali, com um ar falsamente distraído e quando a bófia está a olhar para o outro lado, pimba, o povo faz praia. Por cá, vi um amigo voltar de uma caçada submarina com uma bela abrótea que, para azar dela e por andar provavelmente mal-informada, estava ainda confinada à sua toca.

Entretanto, a Oeste, contrariando Erich Maria Remarque, há sempre algo de novo, no mau sentido da ideia, claro. Agora, o sapo cor de laranja, enquanto vagueia no seu ambiente natural, o pântano da economia eleiçoeira,  para apanhar os bichinhos rastejantes de que se alimenta, salpica o mundo com a sua baba tóxica; antes era a China, como se alguém tivesse culpado a Espanha pela Gripe Espanhola, muito mais mortífera; agora, como o argumento enfraqueceu e os Chineses até já aprenderam a fazer humor, inventou o Obama Crime; segundo o sapo, o crime político mais grave da história dos EUA; inquirido publicamente sobre tão grande crime, respondeu que um crime é um crime, toda a gente sabe o que é. O meu conselho ao povo americano é que confinem Trump na penthouse da Torre Trump, com uma televisão gigante com dois canais apenas, a Fox News e o Playboy e uma provisão para vários anos de hot-dogs e Coca-cola light. Vão ver que as coisas melhoram. O desconfinamento não é adequado para toda a gente. Mais a sul, o aprendiz de ditador que não sabe sambar, embora não seja coveiro, enterra-se mais e mais, dia a dia. Para esse e para o povo brasileiro, o mais adequado seria o confinamento em estrutura especial, de forma trapezoidal, em madeira exótica, com uns 2 metros de comprimento por 80 cm de largura. Não, não é essa coisa macabra em que estão a pensar. Trata-se apenas de uma “unidade especial de confinamento não reversível”. Para casos difíceis.

Se pareço demasiado radical, saibam que não é comunismo nem nenhuma patologia psiquiátrica. É apenas esta atmosfera geral de desconfinamento, esta energia que anda no ar e nos torna mais ativos, criativos, dinâmicos e sensíveis. É uma espécie de febre dos fenos, quase como um vírus, embora, provavelmente, eu devesse usar outro termo de comparação. popeye9700@yahoo.com

 

BAGA O ESQUERDINHA, JOGADOR DO FCP (BB107)

Maio 05, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://racismoambiental.net.br/2017/12/25/parabens-baderneiro-comunista-defensor-de-bandido-e-prostituta-por-gregorio-duvivier/

BAGAS DE BELADONA (107)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA O ESQUERDINHA, JOGADOR DO FCP - Acredito que para combater o Covid-19 onde ele está a ser mais mortífero, nos EUA e no Brasil, o primeiro e decisivo passo é destituir os respetivos chefes de estado. Digo destituir porque sou uma pessoa pacífica. Se não o fosse, ocorrer-me-ia uma série prolífica de verbos transitivos práticos e apropriados. Há verbos transitivos lindíssimos e carregados de potencial, só precisam de um complemento direto apropriado para serem felizes:  empurrar, cortar, esquartejar, suspender, fritar, encolher, triturar, queimar, obliterar, atomizar, para dar apenas alguns exemplos.  Mas, fosse qual fosse o verbo, a partir daí, as coisas haviam de entrar nos eixos. Entretanto, lá no velho Oeste, o bucha cor de cenoura patina freneticamente sobre um escorregadio pavimento, malevolamente polido pelos Chineses, segundo ele. Adivinha-se um trambolhão memorável. Mais a sul, um falso Messias, julga-se um Fulgêncio Batista qualquer só porque o Brasil produz muita banana e ameaça a República Federativa, piscando o olho aos seus amigos coronéis para virem bater no Moro que é um mauzão ingrato e traiçoeiro e pôr o país na ordem.

Mas não devo ingerir-me na política interna de países soberanos, por isso, mudando de assunto, a nossa Santa Madre Igreja fica com os azeites sempre que lhe cheira a esquerdismo, venha ele de onde vier, da geringonça, do sindicalismo, do meio artístico, dos media ou de eventos simbólicos e carregados de significado como as comemorações do 1.º de maio, o Dia do Trabalhador. Para disfarçar, dizem que é ciúme, porque não podem receber a populaça crente em Fátima. Logo agora que o tempo está melhor e que a Virgem só aguarda uma procissãozinha de velas de desagravo ao Filho para abençoar uma vacina na Cova da Iria. E que se vê o fundo aos cofres católicos. A Igreja é de direita, profundamente e com pouquíssimas exceções. A Igreja gosta de discursos autoritários, de doutrinas inquestionáveis, de líderes infalíveis, de rituais que nunca mudam, de poderes paternalistas, mas firmes, de livros sagrados das coisas que se fazem assim porque sempre se fizeram. Na verdade, a razão principal para estas atitudes da Igreja é o seu ódio cego ao comunismo e, por associação primária, à esquerda. Nunca valeu a pena tentar sequer explicar à Igreja, as profundas diferenças entre comunismo como doutrina, regimes comunistas históricos e as diversas formas de socialismo democrático. Para a Igreja, sempre foi uma clara e intransigente dicotomia: a gente de bem e piedosa de um lado, o direito, o resto, do outro lado, à esquerda. Politicamente, no nosso país, a Igreja foi sempre CDS-PP e não faltará agora quem ache piada aos discursos do Ventura. Ora, isto sempre me fez espécie porque, para lá das complicações teológicas inabordáveis da Santíssima Trindade, a Igreja Católica assenta toda na figura, vida e mensagem de Jesus de Nazaré. Que sempre me pareceu um grandessíssimo comuna, com muitos dos tiques clássicos: nasceu no seio de uma família do povo; embora pouco se saiba sobre a sua vida antes dos 30 anos, crê-se que era carpinteiro como o marido da mãe ou seja, um trabalhador; tinha um lado claramente anárquico e não se dava bem com o poder instituído que neste caso era o Romano; não era propriamente tolerante e ecuménico, tentava converter toda a gente à “religião certa” que parecia ser a do Pai dele; era avesso à autoridade e discutia com os rabis à porta das sinagogas; não tinha grande respeito pela propriedade privada, era mais de entrar onde lhe apetecesse; era claramente anti capitalista, não gostava dos ricos, a menos que estivessem dispostos a tornar-se pobres e até inventou qualquer coisa a esse respeito que envolvia camelos; não apreciava o livre comércio, centrado no lucro; era um bocado vagabundo, andava de lado para lado e ia recrutando adeptos por onde passava, com especial preferência por pescadores; se tivesse nascido português, seria claramente alentejano; tinha o hábito desagradável de entrar pela casa dentro das pessoas e exigir cama, comida e lava-pés, para ele e para os amigos, arruinando assim o negócio do Alojamento Local na Galileia. Jesus de Nazaré, revoltado, rebelde, agitador de massas, crítico, amigo dos pobres, idealista. Enfim, comunista. Pedro e os da organização dele perceberam tudo ao contrário. popeye9700@yahoo.com

 

BAGA O COVEIRO E O DR. HOUSE (BB 106)

Abril 28, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://www.cartoonstock.com/newscartoons/directory/p/president_bolsonaro.asp

 

BAGAS DE BELADONA (106)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA O COVEIRO E O DR. HOUSE - A passada semana registou importantes comunicações ao mundo no contexto da crise pandémica; uma delas, no Brasil, no decurso da corriqueira demissão semanal de ministros e a propósito de número de mortos nas 24 horas anteriores, foi a informação, prestada pelo próprio, de que Jair Bolsonaro não é coveiro. Afirmação surpreendente já que, nitidamente, anda a cavar a sua própria sepultura. Todavia, poderia ser importante para ele aprender os rudimentos de uma profissão que está em alta no mercado brasileiro do trabalho, com uma elevada procura. Afinal, a economia não pode parar (Pô!). Digo isto por estar convicto de que em pouco tempo Bolsonaro irá para o desemprego. No exército, não atingiu mais que a modesta patente de capitão. Não sabendo fazer mais nada para além da intriga política, não seria de abraçar uma honesta profissão com futuro, segura e estável e chegar rapidamente a coveiro de primeira? Além de que, na prática, Bolsonaro já é o coveiro de centenas de brasileiros. Só falta mesmo formalizar a função.

A outra comunicação relevante foi a do senhor Trump, eminente cientista, guru da comunidade científica, especialista em praticamente quase tudo e com um QI tão alto que é impossível de avistar cá de baixo, que teve a generosidade de partilhar com o mundo atónito e embevecido alguns conselhos sobre técnicas de extermínio do vírus. Ficámos assim a saber que é possível matar o vírus pelo calor, submetendo-o a elevadas doses de radiação ultravioleta. Na verdade, também graças ao senhor Trump, já conhecíamos as incríveis possibilidades deste tipo de radiação que, entre muitos outros benefícios, proporciona uma lindíssima cor de cenoura às pessoas. E, bem na senda de Einstein, provando que as ideias geniais são as mais simples, Trump percebeu que se o vírus é morto nas mãos por desinfetante, é só uma questão de borrifar os pulmões. O resto são detalhes. Genial. E disse-o, segundo ele próprio, com o tipo de sarcasmo mais inteligente, aquele de que ninguém se apercebe. Admirável. A intervenção de Trump já tinha sido preciosa há algumas semanas quando publicou no Twitter uns comentários sobre a importância da hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus. Reforçando a convicção já generalizada de que os apoiantes de Trump são pessoas atentas e inteligentes, um casal do Arizona, esse grande estado onde correm rios de inteligência por canhões pedregosos, embora não estivesse doente, resolveu tomar o remédio de Trump a título preventivo, porque lhe parecia ter algo semelhante em casa e porque o senhor presidente foi muito convincente, segundo afirmaram. Ao que parece, o casal era demasiado parecido com Trump, avesso a leituras, por isso não leram as instruções de uso e tomaram fosfato de cloroquina, um produto geralmente usado na limpeza de aquários. Ou então pensaram, bem na linha intelectual do seu presidente, se não faz mal aos peixinhos pagãos, porque é que há de fazer mal a nós, que somos cristãos e tudo? A verdade é que o homem se livrou de boa, escapou de uma morte lenta e cruel, ligado a ventiladores e morreu comodamente dali a pouco, sem ter sentido muito mais que calor e umas tonturas, conforme descrito pela mulher. Já esta não teve tanta sorte e continua viva e à mercê do vírus. Mas não vale a pena entrar em desespero, basta continuar atenta aos conselhos e sugestões do seu líder. E pensar que eu, há uns anos, admirava o Dr. House. Afinal não passava de um curioso. Quem percebe disto mesmo a sério é o Dr. Trump. E quem disser o contrário, só pode ser comunista. God save the USA. popeye9700@yahoo.com

 

 

BAGA CONFINADA (BB105)

Abril 21, 2020

Tarcísio Pacheco

c19.jpg

imagem em: https://www.hospitaldaluz.pt/funchal/en/the-hospital/media/news/15067/covid-19-new-orientations-recommendations

 

BAGAS DE BELADONA (105)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA CONFINADA - Gostava de escrever sobre outra coisa que não fosse o estupor do vírus. Mas está difícil. Pois se o bicho virou as nossas vidas de avesso…

Bom, por estes dias, a Internet e os media pululam de especialistas em medicina, em epidemias e em gestão de crises. Vou, por isso, abster-me de grandes tiradas. Farei apenas alguns comentários avulsos. Ao jeito dos oitavos de marmelada embrulhados em papel vegetal que a minha mãe me mandava comprar, ali na mercearia da esquina e do Sr. António, na rua dos Canos Verdes. Isto não tem nada a ver, mas pareceu-me que ficava bem, está bastante na moda rebuscar no baú das nossas memórias. E eu começo a ter uma bela coleção.

Uma coisa que se tornou chocantemente óbvia nesta pandemia, foi a nossa vulnerabilidade. Quer dizer, neste nosso modelo civilizacional antropocêntrico, em que o desenvolvimento económico contínuo e o primado da tecnologia pareciam ser a resposta para todas as necessidades, anseios e limitações do ser humano, eis que um simples vírus, que nem sequer é dos piores ou mais mortíferos, paralisa a economia mundial, confina em casa mais de metade da população do globo e mata quantidades inacreditáveis de cidadãos séniores, deixando uma série de interrogações pungentes quanto ao futuro. Conclusão, temos de deixar de nos armarmos aos cucos. Valemos pouco na ordem geral do universo. Temos aspirações a criaturas superiores, mas um bando de criaturas microscópicas hostis que nem sequer conseguem fazer sexo entre elas, põe-nos em sentido.

Outra coisa que me tem parecido evidente é a fragilidade do aparente controle social. Quer dizer, tenho-nos sentido próximos da barbárie. Não tenhamos ilusões. Parece-nos que vivemos num ambiente muito organizado, mas se as coisas se descontrolarem, um exército imenso de baratas e ratazanas que aparentam pertencer à espécie humana, sairá dos esgotos onde se acoitam para semear o caos. Senti um leve vislumbre disso quando soube que camiões portugueses carregados de equipamentos sanitários para a luta contra o Covid-19, estavam a ser atacados por grupos criminosos nas autoestradas, com o intuito de roubar o material para revenda no mercado negro. E não foi no México ou na África do Sul. Foi no coração da Europa comunitária, em estradas belgas e francesas. Olha-se para a situação e consegue-se perceber que não é preciso muito para as autoridades perderem o controle: um vírus mais pernicioso, mais mortal e mais generalista, mais mortes entre os líderes e as forças de segurança, mais problemas financeiros, miséria, carências essenciais, fome, falta de medicamentos básicos, por exemplo, bastariam para trazer às ruas gente normal desvairada e encorajar as bestas que vivem entre nós.

Todas as catástrofes, quer queiramos, quer não, têm aspetos positivos. Isso, por si só, tem conteúdo para encher uma futura crónica. Por hoje, vou apenas sublinhar o evidente, que a presente crise traz protagonismo aos líderes. Pelos bons e maus motivos. Pelo lado dos maus, Trump e Bolsonaro são os mais sérios candidatos aos Óscares. Ambos são péssimos líderes, manifestamente impreparados e sem qualquer perfil para liderança de topo. Criaturas patéticas, caricaturais, quase cómicas, não fosse a perigosidade da sua gritante incompetência, guindadas ao poder por interesses privados, manobras políticas, corrupção material e pela ignorância das massas. Como já era previsível, ambos têm estado em foco. Com perfis algo diferentes, partilham, no entanto, uma profunda e perigosa ignorância. Que Trump tenta disfarçar com a habitual arrogância truculenta e o estafadíssimo número do bode expiatório. Já com Bolsonaro, a sua imbecilidade pacóvia está para além de qualquer disfarce (e de qualquer redenção). Basta atentar nas suas recentes afirmações: “Para quê fechar escolas se o perigo de morte é para pessoas acima dos 60 anos?!”. Então, uma consequência muito positiva da crise pode ser a provável perda de popularidade e fim de carreira política, para ambos. Pode ser por impeachment, perda de eleições ou morte em atentado. É-me rigorosamente indiferente. Da forma que for mais rápida e prática. Se bem que ao impeachment, que pode ser demorado, confuso e incerto, confesso que prefiro o clássico pichamento, com alcatrão e penas, tão popular precisamente no velho Oeste. popeye9700@yahoo.com

 

 

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