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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA UEI TOIRO (BB 150)

Outubro 26, 2023

Tarcísio Pacheco

 

Touradas_a_Corda_a_melhor_foto_Toiro_31_RB_Biscoitos_museu_do_Vinho.jpg

 

BAGAS DE BELADONA (150)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA “UEI TOIRO!!!”  – Tese: gostar de animais e defender os seus direitos é bom e é nobre. Contem comigo. Nesse sentido, não há nada de errado em ser “anti-taurino”, goste-se ou não. É o direito de opinião, uma das bases do sistema democrático que, por isso mesmo, não existe nas autocracias da Rússia, do Irão ou da Coreia do Norte. Só se exige que não se se minta nem se manipule informação, como faz a autora do blog de extrema-direita, “Arco de Almedina”, que apelidava todos os terceirenses de “doentes mentais e bêbados” e com quem tercei armas publicamente, aqui há uns anos. E como faz o PAN quando diz que “há cada vez mais pessoas contra as touradas”. Porque, se isso não é exatamente mentira, a verdade é que se trata de poucas pessoas e se reduz a um número insignificante no caso da ilha Terceira, especialmente no que respeita à nossa tourada à corda. A manipulação da informação e a forma como a apresentamos, podem deturpar a verdade. E a verdade é que, por enquanto, uma larga maioria de terceirenses ama os touros bravos e as touradas.

As manobras traiçoeiras, da parte do lobby anti-taurino têm-se sucedido, com a conivência de alguns políticos que, como qualquer bom político, vestem a camisola que lhes dá mais jeito na hora. É disso exemplo, a alteração legislativa no sentido de impedir as crianças de assistir a touradas de praça. É a cartilha do atual ministro da Saúde, que quer fazer-nos deixar de fumar, à força, no período de uma legislatura política. E para isso, vale tudo, mesmo inventar ou ocultar informação. Antes essa criatura se ocupasse da salvação do nosso Serviço Nacional de Saúde, área em que se tem mostrado profundamente incompetente.

Sempre fui amigo dos animais e pugnei pelos seus direitos, admitindo que isso se inscreve num quadro de evolução da espécie humana, necessariamente lenta, visto que somos uma espécie primitiva, brutal e agressiva, ainda que com capacidade de evolução. Por outro lado, todos nascemos num lugar onde a vida se alimenta da vida, onde todas as criaturas se consomem umas às outras. Essa é a realidade do nosso planeta, aquela com que todos deparamos quando nascemos e que não é da nossa responsabilidade.

O meu problema não é com os chamados anti-taurinos, desde que eles não mintam nem manipulem informação. Compreendo-os perfeitamente e até partilho algumas perspetivas com eles. Porém, não tenho qualquer respeito por anti-taurinos que não sejam estritamente vegetarianos; parece-me o cúmulo da hipocrisia reivindicar o fim das touradas e a extinção do touro bravo da Terceira (porque é disso que se trata, no fundo) e logo em seguida sentar-se ali no restaurante da Vinha Brava, a comer um belo bife de touro. Para correr nas ruas ou na arena, um touro de 3 ou 4 anos não serve, mas está tudo bem se, ainda novilho, for abatido no matadouro (por métodos “humanos”, claro…), esquartejado no talho e servido às partes no prato. Isto é repugnante, para além de imbecil.

Na verdade, o que mexe comigo é mais atitudes como a do PAN. O encarniçamento específico desta gente contra as touradas nos Açores é patético, absurdo e fundamentalmente estúpido. Se o PAN quer defender os direitos dos animais, não lhe faltarão causas, nos Açores, em Portugal e pelo mundo fora: todas as inúmeras unidades industriais de criação de animais para abate e aproveitamento de algo do seu corpo, a carne, sobretudo, mas também os ovos, o leite, o pelo, o couro, os ossos, os chifres, as escamas, os órgãos internos, as ovas ou o fígado gordo; a realidade medonha dos estábulos, viteleiros e aviários de produção intensiva; todos esses animais vivem brutais, cruéis e curtos simulacros de vida; todas as situações, comuns nos Açores, de cães que vivem todo a vida acorrentados ou enclausurados em pequenos canis; as inúmeras aves, concebidas para voar livremente nos céus, que vivem encerradas em gaiolas; os animais que ainda vivem em jaulas nos zoológicos; os animais que são torturados e mortos diariamente nas empresas de pesquisa médica e bioquímica, especialmente macacos e cães, mas também diversas espécies de roedores. Isto para não referir sequer os gravíssimos efeitos no ambiente a nível mundial, causados pelas grandes explorações agropecuárias. Quer dizer, é um oceano de causas a defender, se o PAN e todos os amigos de animais deste mundo quiserem entreter-se.

E se o PAN ou outra organização qualquer, defenderem a total e imediata cessação da exploração dos animais no mundo e exigirem o fim de toda e qualquer forma de crueldade contra os animais, sobretudo a criação industrial de animais para abate e consumo, seja do que for, incluindo-se aqui qualquer tipo de touradas, então, sim senhor, estarei de acordo, mesmo sendo apreciador de touradas e frango de churrasco. Porque não precisamos de consumir carne alguma para viver e aqui estaríamos perante atitudes de ética, grandeza de espírito, superioridade, bondade, compaixão, tolerância, justiça e, sobretudo, inteligência. Aí, estaríamos, de facto e finalmente, a evoluir como espécie.

Se não é este o caso, se o PAN ou outros quaisquer, se encarniçam de forma absurdamente específica contra as touradas nos Açores e especialmente na ilha Terceira, então só posso ser contra porque não consigo abordar esta questão de outra forma que não seja a inteligente e válida para a nossa realidade atual: se as touradas forem proibidas, em poucos anos, as raças de touros bravos extinguir-se-ão por completo, ou, paradoxo do absurdo, serão criadas apenas como bovinos de carne, como outros quaisquer; mesmo o touro criado para a tourada de praça, para a arena, será, sem dúvida, objeto de um determinado nível de tortura e crueldade mas até ao dia da sua entrada na arena, terá uma vida relativamente curta mas muito mais natural e feliz do que um bovino de carne; os touros bravos da Terceira, do ponto de vista da sanidade animal, sofrem efetivamente momentos de stress e lesões  físicas nas touradas à corda mas, na sua maior parte, vivem vidas tranquilas e relativamente longas, nos seus pastos do mato, onde nós passamos a admirá-los, no Inverno.

Já não será para o meu tempo de vida, mas consigo imaginar no futuro, o fim das touradas na Terceira. Dentro do quadro geral de evolução da espécie humana, isto se não nos aniquilarmos mutuamente num futuro próximo, o que me parece cada vez menos improvável. Se sobrevivermos ao holocausto, o fim das touradas na Terceira irá ocorrer um dia, por diversas razões, mas sobretudo porque as mentalidades mudaram substancialmente e as pessoas serão muito mais educadas, cultas, pacíficas, sensíveis e inteligentes, mais espirituais e menos materialistas. Seremos, então, outros, que não estes, de agora.

Entretanto, na realidade atual do mundo, que é terrível, e até ao final da minha vida, irei defender a tourada à corda da Terceira, sobretudo, sem deixar jamais de exigir o melhor tratamento possível para os nossos touros e criticar qualquer ato de crueldade ou violência desnecessários. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA PAN PAN PAN (BB136)

Julho 11, 2022

Tarcísio Pacheco

Olho-Nu-20ago14.jpg

imagem em: Touradas à corda representam 2,47% do PIB dos Açores - NATURALES (naturales-tauromaquia.blogspot.com)

BAGAS DE BELADONA (136)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA PAN PAN PAN – O título da baga de hoje é uma onomatopeia, mas não tem nada a ver com o nome do partido, é o som de um toiro do Humberto Filipe (esse é único partido a que pertenço), daqueles bem grandes, às marradas no deputado do PAN que o quer condenar à não existência. Arreia-lhe pra baixo, meu bicho lindo, não te acanhes.

Creio ter-me cruzado recentemente, nestas páginas com uma notícia sobre uma proposta legislativa do PAN no sentido de acabar com as touradas em todas as ilhas onde elas ocorrem. Dei-lhe a pouca atenção que me merece. No entanto, é uma oportunidade para, mais uma vez, me referir a este assunto.

Para que não haja dúvidas, sou um acérrimo defensor da tourada á corda da Terceira, deixando de lado, por enquanto, a tourada de praça, por sempre ter achado que são bastantes diferentes, nos seus pressupostos e implicações.

Defendo a tourada à corda com paixão, mas não a invoco no meu argumentário porque as paixões de uns são os ódios de outros, o que é perfeitamente compreensível e aceitável. Tento defender a tourada à corda com argumentos racionais e que fazem sentido, pelo menos para mim. Por isso, sinto-me à vontade para dizer que defender de forma isolada o fim das touradas à corda nos Açores, é uma patetice sem nexo. Tivesse o PAN incluído esta questão num rol imenso de problemas que afetam o bem-estar animal e já seriam coerentes. O PAN exige que se acabem todas as touradas nos Açores. Se, por exemplo, ao mesmo tempo, exigisse que se acabasse definitivamente com a criação de animais para abate e consumo humano, se almejassem acabar com o bife à portuguesa, a costeleta de novilho, a alcatra, a morcela, as linguiças e a bifana, essa instituição regional e quisessem pôr toda a gente a comer couves e cenouras com arroz, eu rir-me-ia de tal candura, mas aplaudiria a coerência. Assim, resta a singela patetice.

O meu primeiro argumento, não o é, na verdade, é apenas um facto que, como tal, não é escamoteável. O toiro de lide terceirense, só existe porque, com o tempo e muito trabalho, se apurou a raça e as suas características de bravura, através do cruzamento, da melhoria genética, do maneio no mato e da própria lide regular que mantém o animal num estado de apuro e vigília, que permanece nos seus genes e é transmitido à descendência. É por isso que o fim das touradas seria o fim do touro, mesmo que se conservassem alguns exemplares, para as fotos turísticas. É isso que o PAN na verdade propõe, o fim do touro bravo terceirense. Não me parece que os principais interessados, os animais, podendo, votassem pelo fim da sua própria existência. Adiante, que isto não pode ser apresentado como argumento, numa dinâmica de dialética inteligente.

Por outro lado, não me faltam argumentos. Deixando de lado a não existência, que é simplesmente estúpida e mata a discussão à nascença, ao toiro terceirense, restaria apenas a opção de servir para bifes, o que já acontece, aliás, nalguma medida, uma vez que a carne de toiro tem mercado. E se um toiro só tiver estas duas opções, o matadouro ou a corda, se o animal pudesse escolher, não tenho dúvidas sobre essa escolha. O bovino de carne tem uma vida curta e inglória, apenas um cruel simulacro do que poderia ser a sua vida de ruminante livre num mundo sem predadores. Mais tarde ou mais cedo é arrancado aos pastos verdes ou à prisão do estábulo para ser trucidado por métodos “humanos” nos matadouros. Quanto ao toiro terceirense, tem uma rica vida, a que eu queria para mim, se tivesse nascido com um par de chifres. Passa a maior parte da sua vida feliz e despreocupado no mato, no seu ambiente natural, não lhe falta erva tenra, ração quando é preciso e muita água fresca. Para outras necessidades, abundam as vacas lindas, pestanudas e submissas. Por outro lado, como os neoliberais adoram lembrar, “não há almoços grátis”. Em contrapartida da bela vida, aos toiros é exigido que, de maio a outubro, de dez em dez dias, na pior hipótese, corram pelos arraiais da ilha, sofrendo umas arrelias da populaça, uns puxões da corda e umas quedas no asfalto, contribuindo com a sua parte para a vida em sociedade. É isto um destino cruel? Não me parece…se revelarem qualidade, terão uma longa e protegida vida, uma vez que serão ativos valiosos para o ganadeiro. Se tiverem um comportamento medíocre, poderão realmente acabar no matadouro, mas ainda assim, terão tido uma vida mais longa e infinitamente melhor do que um bovino de carne. Estão, como todos nós, sujeitos à pressão da competitividade, o que até costuma ser encarado como um fator positivo. Há aqui o que Rousseau teria chamado de “contrato social”, com direitos e deveres.

Quanto ao PAN, prefere que os toiros não existam ou que passem a ser projetos de alcatra. Por isso, o que é que os do PAN merecem? Marradas, muitas marradas.

E agora, foguetes pró ar que hoje há tourada rija na Casa da Ribeira, com quatro puros e eu estarei lá com certeza, com a minha Maria, de calções e ténis, a correr na rua e a prestigiar esses belíssimos animais, que muito admiro e prezo. Viva o toiro bravo terceirense! POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA TAUROMÁQUICA 3

Dezembro 11, 2018

Tarcísio Pacheco

2004-Tourada6.jpg

imagem em: http://philangra.blogspot.com/2016/01/touradas-corda-na-terceira.html

 

BAGAS DE BELADONA (62)

 

HELIODORO TARCÍSIO

                  

BAGA TAUROMÁQUICA 3 – Para fechar com chave de ouro esta trilogia de bagas tauromáquicas, só podia ser mesmo com a tourada à corda terceirense. Está no nosso ADN e é um dos cromossomas mais relevantes da nossa identidade enquanto povo e comunidade. Isto, só por si, não quer dizer grande coisa sobre a sua bondade. Iríamos cair de novo naquele problema da “tradição”, um conceito muito maleável, com tendência para atribuir rótulos vitalícios e inatacáveis. Em texto anterior, vaticinei o fim da tourada de praça, num futuro mais ou menos longínquo. Quanto à tourada de corda, a minha previsão é bastante mais otimista. E a razão fundamental para isso é o equilíbrio intrinsecamente benevolente desta fortíssima tradição popular. Para já, não gera os anticorpos da tourada de praça, muito menos a nível local. São, por enquanto, bastante raras as vozes críticas. São mais comuns as opiniões indiferentes, daquele tipo de pessoa a quem tudo passa ao lado, aqueles a quem nas Sanjoaninas se pergunta “Home, foste à festa?” e eles respondem com ar enfastiado “Home, cá nada, fui uma pisca no dia das marchas porque a mulher e as pequenas queriam ir por força, foi um penar pra estacionar” …Dizem algo de semelhante relativamente às touradas à corda. Usam os dedos de uma mão e os neurónios disponíveis para contar aquelas a que vão e gabam-se de fazer sempre as mesmas coisas, da mesma maneira, como se isso fosse alguma qualidade. Depois há os intelectuais, que são superiores a estas coisas e a gente fina que não se “rebaixa” a comparecer nas diversões do povo, excetuando a tourada de S. Carlos. Mas, em geral, a maioria dos terceirenses gosta, de todas as idades e faixas sociais. Não é algo que seja “mais para os velhos”, estão lá todos. O futuro parece garantido. É sobretudo FESTA, um conceito caro para a maioria dos terceirenses, um dos povos mais felizes do mundo, apesar dos Americanos e do governo de S. Miguel. Quem não conhece alguém aqui na ilha que está sempre a dizer “eu cá quero-me é rir” … Tourada à corda tem tudo o que é bom lá dentro, a beleza e o poder do touro, a amizade, o convívio, a animação, os comes e bebes, a emoção, o riso e a coragem. Também tem perigo e adrenalina, faz parte e dá o contraponto, diferencia-a de outras festas, concede-lhe os seus atributos únicos. Afinal, estar vivo é bastante perigoso, está provado que os vivos morrem com frequência. E é bom para a economia da ilha e toda a gente sabe que uma coisa que dá dinheiro (sem ser ilegal) é boa e está na moda. Por isso mesmo é que o Governo, cheirando-lhe a dinheiro já andava a abusar nas taxas e impostos.

Acima de tudo, a tourada à corda é boa (e quero terminar assim) porque é um excelente negócio para um touro. Se, para castigo dos meus inúmeros pecados, tivesse de renascer bovino, ia pedir para, ao menos, ser um touro de corda na Terceira. São os touros mais felizes do mundo. Há muitos anos, o meu filho Rodrigo, agora com quase 27 anos, tendo-lhe sido perguntado qual dos 3 Porquinhos queria ser (o da casa de palha, de madeira ou de pedra) com óbvias e pedagógicas intenções, o miúdo respondeu “Eu não quero ser porco!”. Por isso, se algum leitor pensar “eu não quero ser touro” eu entendo e não levo a mal. No fundo, eu também preferia ser uma preguiça ou uma arara. Mesmo assim, aqui fica o repto, se tivessem de ser bovinos (porque sim, paciência), o que preferiam? A: ser um bovino de carne, separado imediatamente da mãe, condenado à prisão desde a nascença, alimentado a ração no cubículo de um viteleiro, sem nunca ver o sol e abatido “humanamente”  como novilho entre os 9 e os 14 meses; B: um touro continental, destinado à corrida de praça, criado em relativa liberdade nas lezírias ribatejanas, levado à arena ao cabo de 4 ou 5 anos e dali conduzido ao matadouro depois de um sessão de tortura sangrenta que é o clímax da sua vida; C: um toiro terceirense de corda, criado em liberdade no mato, com muita erva e água fresca, rei e senhor de um harém de belas vacas de desfrute, que trabalha de Maio a meados de Outubro, um dia a cada 10, no máximo, se estiver de saúde e se sentir bem (porque tem “médico de família”) e que morre no seu tempo,  de morte natural, se não tiver acidentes, como qualquer humano?

Eu não teria dúvidas em escolher e você, leitor?POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

BAGAS DE BELADONA (42)

Janeiro 18, 2018

Tarcísio Pacheco

toiro 2.jpeg

 imagem em: https://www.playgroundmag.net/food/Vuelve-estrenarse-pelicula-antitaurina-Disney_0_1949805013.html

 

BAGAS DE BELADONA (42)

 

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA EXTREMA – Sempre me incomodaram conceitos como “bloco central” e “arco de governação”. Bloco central, por pretender incluir toda a gente numa massa amorfa e cinzenta, sem alma, onde estão todos de acordo, onde o que conta é o que é “melhor para o país”, seja lá o que isso for e onde não há discordância nem diversidade; a imagem de um pântano estagnado onde proliferam mosquitos oportunistas; um buraco negro que suga toda a luz e toda a energia. Arco de governação, por pretender excluir a diferença, a originalidade e, frequentemente, o talento e a inteligência; invenção de nativos do Cavaquistão para afastarem quem desequilibra os seus estreitos universos mentais. Posto isto, adorava que certos políticos, sempre os mesmos, deixassem de se referir à esquerda política portuguesa como extrema-esquerda. Não me incomodaria tanto se referissem o CDS-PP como “extrema-direita”, o que nunca acontece. O PC e o BE são partidos democráticos de esquerda. O CDS-PP é um partido democrático de direita. É difícil falar de partidos extremistas em democracia, pela simples razão de que aqueles são, em geral e por natureza, antidemocráticos. Um exemplo de partido extremista, travestido de democrata, por não ter outro remédio, é a Frente Nacional, da Le Pen. Não temos nada disso em Portugal. O mais radical é que temos é coisas como certas claques do FCP. Tinha ideia de que Rui Rio é bem mais inteligente do que Passos Coelho, embora isso não seja nada difícil. Mas o homem, além de vir com lirismos do tipo “ganhar eleições com maioria absoluta”, já veio também com o discurso estafado da “extrema-esquerda” e do “arco de governação”… Nisso, pouco diferia de Santana Lopes. Aliás, no que é que diferia mesmo? Ah, já sei, não tem um passado de dandy vagamente simpático, geralmente inofensivo e bastante cómico quando tenta fazer de estadista sério e profundo.

 

BAGA UEI TOIRO – Na aviação, é de fulcral importância fazer a check-list (que é o universalismo para lista de verificação) antes da decolagem. A propósito da notícia recente sobre a histeria agressiva do Movimento pela Abolição da Tauromaquia de Portugal relativamente à tourada à corda terceirense e à proposta para a sua inclusão na lista do Património Cultural Imaterial, lembrei-me de fazer uma check-list para a tourada à corda: toiros: check; ganaderos: check; pastores: check; afición: check; capinhas: check; veterinário: check; PSP (gratificada): check; papelada, há-de aparecer: check; pastagens verdinhas: check; água: check; festas de Verão: check; mordomos: check; gaiolas: check; cordas: check; foguetes: check; tascas: check; bifanas e cerveja: check; fita chinesa para os riscos: check; gajas giras nos muros: check; turistas, depende da Ryanair, da Delta e, infelizmente da SATA mas ok, check; sol, hummm, ok, quem sabe, vamos arriscar: check. E pronto, está feita a check-list da nossa tourada à corda. Está tudo, pelo menos o que é importante. O que não está nem é importante é a integração na lista do Património Cultural Imaterial e ainda menos a  opinião dos abolicionistas. A tourada à corda é nossa e havemos de a fazer enquanto a maioria de nós quiser. É Património Cultural Imaterial, classificado ou não. Porque no dia em que deixarmos de mandar nas nossas tradições, no dia em que gente como Santos Silva, o Trampa e abolicionistas radicais é que mandarem nisto, então é melhor irmos todos embora e o último a sair fecha a porta da Câmara Municipal e deixa a chave debaixo do tapete da entrada (à direita do palco, quem está de frente). POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

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