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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

ARRE, QUE É DEMAIS!

Outubro 21, 2015

Tarcísio Pacheco

política 1.jpg

 

 

IMAGEM EM: https://educar.wordpress.com/page/5191/?iframe=true&width=900&height=450

 

ARRE, QUE É DEMAIS!

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

É sabido que não costumo escrever sobre política. Porém, neste momento conturbado para a nação, sinto que é meu dever dar um contributo e retribuir um pouco do que o país tem feito por mim.

Claro que o parágrafo anterior é falso! O que sou ou tenho provém da minha família ou saiu-me do pêlo. E é mais ou menos assim com toda a gente. No entanto, os Marcelo Rebelo de Sousa deste país dizem-no com toda a prosápia. E o povo gosta e acredita. Como se fosse um nobre sentido de dever patriótico a inspirar os políticos e não a vaidade e ambição pessoais. Há muito que Marcelo sonha ser o Number One. Acha-se predestinado para isso e melhor que qualquer outro. O resto é produto comercial embalado para Português boçal ou crédulo. Diga-se de passagem que qualquer um, tirando o Mole Pastoso, é melhor que Cavaco mas isso são outras histórias.

Na realidade, o que me inspirou a emitir uma raríssima opinião que, com certeza, estará mais que desatualizada quando o DI me fizer a mercê de publicar este artigo, foram alguns conteúdos políticos publicados neste jornal, na edição de sábado, dia 17 de Outubro. Já me custa ter a inteligência insultada sempre que leio o jornal. Os políticos açorianos, sobretudo do Pafistão, mas não só, já me habituaram a todo o tipo de convencionalismos ocos, ecos espúrios, mentiras, meias verdades e malícias. Por isso e muito mais, não lhes dou crédito algum. Mas, que diabo, há limites.

Vi, com desgosto mas sem surpresa que o PS-A, mais cavaquista que Cavaco, numa cada vez mais comum manobra à direita, defende que o PR deve convidar Passos Coelho a formar governo por ser o líder da coligação mais votada nas eleições legislativas. E o seu secretário-geral diz mesmo que assim o determinam “as regras políticas” em vigor desde o 25 de Abril. Não sei a que ele se refere. Que “regras políticas”? Que eu saiba, são as regras constitucionais que regem a nação. E estas, no caso português não mandam fazer nada daquilo. Na mesma edição, um político do PSD-A vem dar outro nome a tais regras. Chama-lhes “tradição”. Piorou. Não há nada de errado em mudar tradições. Há-as boas e más. Na Guiné-Bissau é tradição mutilar a genitália das meninas. Em Portugal, é tradição uma praxe académica estúpida e brutal, que tem ceifado vidas humanas, incluindo à meia dúzia de cada vez. E por aí fora. Mudar tradições tem até um nome, chama-se “evolução”. Além disso, a Constituição Portuguesa não ignora tradições mas, obviamente, não se baseia nelas. Havia de ser bonito…

O mais cómico é que todos os quadrantes políticos concordam que os eleitores elegem deputados e não governos. Todavia, a afirmação seguinte é sempre uma frase adversativa que começa por um “mas”. É a esperteza saloia a tentar levar água ao seu moinho. Então, uma maioria parlamentar de esquerda (que já existe, de facto) não é admissível porque os eleitores do PS, PCP e BE não votaram em nenhum outro desses partidos,  visto não estarem coligados? Que é isto? Até a minha filha de 4 anos era capaz de argumentar melhor. Se se puserem todos de acordo, estão proibidos de formar uma maioria porquê? É algo que vem na Bíblia? Questão de fé? E toda aquela gente não terá, por acaso, votado CONTRA a PAF e um governo de direita?

Mas a cereja no topo do bolo é quando, mais uma vez, um chico-esperto tenta confundir ainda mais o nosso pobre, ignorante, inculto e desinformado eleitorado, afirmando que PCP e BE são partidos da “esquerda radical”. Ora, isto é uma grosseira mentira. Estes partidos são, na essência e na prática, da esquerda democrática. Serem contra a CE ou o Euro, em nada muda essa acepção básica. Seria a mesma coisa que dizer que o PP é um  partido da direita radical. Não é. É um partido conservador, populista, hipócrita e oportunista, a imagem perfeita do seu dono mas é da direita democrática.

A maior parte do eleitorado nem sequer suspeita que o programa político da PAF é uma espécie de imitação do republicanismo norte-americano, até mesmo porque não faz a mais pálida ideia do que isso significa em termos de princípios e práticas políticas e sociais. Embora os últimos 4 anos lhes pudessem ter dado uma boa ideia, se fossem mais espertos e atentos. Mas estes politiquentos, medíocres e menores, devem lembrar-se que das poucas pessoas que ainda lêem jornais, algumas são inteligentes. Portanto, menos um bocadinho, menos. Já que a inteligência não foi vossa amiga, ao menos tenham juízo.POPEYE9700@YAHOO.COM

POLÍTICA

Agosto 07, 2013

Tarcísio Pacheco

 

imagem: http://skreened.com/myshirtsucks/politics-suck

 

Quase nunca escrevo sobre política, por uma questão de preservação do meu bem-estar e da minha saúde mental.  Estou tão cansado, tão enojado com a história política do meu país, cuja situação atual é uma espécie de previsível clímax, que tenho resistido a escrever sobre política porque esta me parece asquerosa. E não tenho medo de adjetivar, faço-o com plena consciência. O medo que tenho é de me deixar dominar pela raiva, pela revolta, pela emoção e isso perturbar a minha capacidade de analisar com rigor e objetividade.

Além disso, quando olho para o espectro político atual, não sei sequer para onde me virar. Desde o 25 de Abril que vivemos sob o domínio dos partidos políticos, nomeadamente do chamado Bloco Central  (PS e PSD). Foram os seus líderes, todos eles, com os seus parceiros e cúmplices, uns com mais responsabilidades  que outros, que nos conduziram ao fosso em que estamos mergulhados. Além disso, adormecidas que estão as velhas ideologias, não vejo grandes diferenças entre PS e PSD. É exatamente por isso que se criou a expressão Bloco Central. Na situação atual, este Governo do PSD/PP representa claramente o neo-liberalismo de origem norte- americana, os interesses dos grandes grupos económicos e o poder do grande capital; o PS, na oposição, passa por defensor do povo e do Estado Social. Mas isso pode mudar rapidamente se o PS se apanhar de novo no poleiro, uma vez que o seu atual líder não é exatamente um vanguardista, um revolucionário ou um visionário. Na verdade, é da mesma cepa, da mesma escola de Passos Coelho.  Mais para a direita, tenho a certeza que não quero ir, os Deuses nos livrem de conservadores, reacionários , beijocadores de velhinhas, tementes a Deus, de mentalidade convencional e hipócrita.  Mais para esquerda, não sei como seria mas confesso que gostava de experimentar um verdadeiro socialismo democrático, que pouco tem a ver com o cinzento PS. Do que tenho a certeza absoluta é que não quero viver sob nenhuma espécie de ditadura porque todas elas têm um fundo idêntico, quer sejam militares, de direita, de esquerda, do proletariado, religiosas ou de qualquer elite iluminada. Não sei bem o que sou, uma vez que não me revejo em nenhum partido político, na sua dinâmica própria, mesquinha, pequena, comprometida, egoísta e, quantas vezes, corrupta.

Nesta altura, os desafortunados que possam estar a ler-me, talvez perguntem, o que é este gaijo afinal? A resposta é simples, não sei,  talvez nunca venha a saber, se soubesse, já estaria algures,  a fazer outra coisa qualquer.  Se calhar do que gosto mesmo é de estar aqui,a falar do que poderia ser. Do que não gosto é de rótulos mas talvez possa definir-me como algo que não existe, uma espécie de socialista utópico, que não gosta de partidos políticos, democrata, pacífico, ecologista, amante do mar, de barcos à vela, da natureza, de crianças, dos animais, do respeito incondicional entre as pessoas, da música, de cinema, de livros, da boa e verdadeira amizade, do amor, que é uma espécie de amizade diferente,  de sexo com amor e sem amor, em determinados momentos e fases da vida.  Talvez possam dizer-me , afinal és igual a mim, também gosto disso tudo, apenas enjoo em barcos. Pode ser mas a diferença é que eu vivo, tanto quanto consigo, de acordo com aquilo em que acredito. E não é o que vejo à minha volta. E sim, como já devem ter percebido, considero-me uma pessoa de esquerda, na medida em que aceitaria perfeitamente viver numa sociedade muito solidária, justa e equilibrada, em que parte da minha liberdade individual e prazer pessoal fossem sacrificados em prol do bem comum.  Desde que esteja muito bem definido o que isso significa. O que quer dizer ter objetivos, um rumo, uma crença, uma ideia de progresso, não apenas material (odiaria ir ao dentista no século XIX) mas sobretudo cultural, espiritual e ético. 

 

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