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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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BAGA DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS (BB98)

Fevereiro 18, 2020

Tarcísio Pacheco

Cardinals-close-eyes-300x218.jpg

imagem em: https://leozagami.com/2018/01/30/the-plague-of-pedophilia-and-the-bankruptcy-of-the-catholic-church/

 

BAGAS DE BELADONA (98)

HELIODORO TARCÍSIO

 BAGA DEIXEM VIR A MIM AS CRIANCINHAS – E eles deixam. Deixaram sempre. Continuam a deixar. E a calar-se, os nojentos.

Emiliano Fittipaldi é um jornalista italiano, nascido em Nápoles, em 1974. Entre outros livros, publicou Avareza – os documentos que expõem a riqueza, os escândalos e os segredos da igreja do Papa Francisco. A publicação desta corajosa obra levou-o a ser acusado em processo judicial, em que acabou ilibado das acusações. Fittipaldi mantém-se ativo e a sua obra mais recente intitula-se Luxúria, exibindo o seguinte texto na capa: “Esta é uma história de luxúria, um pecado mortal cometido por padres, bispos e cardeais rendidos ao poder”.

Na verdade, a maior parte do que Fittipaldi nos revela não é segredo. A verdade está disponível para quem está atento às realidades da vida, consulta fontes diversificadas e cruza informação. A questão é que o autor nos apresenta alguns documentos (os próprios fac-símiles), assinados por figuras gradas da Igreja Católica Romana (ICR) que comprovam as suas acusações. Hoje em dia é cada vez mais difícil esconder segredos.

Fiffipaldi não nos vem revelar o que todos já sabemos, que a ICR está repleta de homossexuais e pedófilos, sendo que refiro a homossexualidade sem qualquer sentido pejorativo. O que ele sublinha e isso, não sendo exatamente novidade, é uma perceção em crescendo, é que abundam também os encobridores que, obviamente, se tornam assim cúmplices dos crimes. E estes situam-se, frequentemente, muito alto nas cúpulas do poder eclesiástico, acabando, de alguma forma, mas sem exagero, por envolver o próprio Papa.

Francisco I teve um início de papado auspicioso e muito festejado, em 2013, como um novo papa oriundo da América Latina que parecia trazer novidade e renovação a uma igreja em crise, depois de 3 papados pouco positivos, o curto papado de João Paulo II, terminado abruptamente em condições muito duvidosas, o longo papado de João Paulo II, um papa popular, mas ortodoxo e extremamente conservador e o papado do frio e cerebral teólogo profissional Bento XVI. Porém, volvidos 7 anos é forçoso aplicar a Francisco I aforismos populares como “a montanha pariu um rato” ou “muita parra e pouca uva”. Com efeito, quer quisesse quer não, o Papa não podia ficar indiferente ao escândalo do cardeal norte-americano Bernard Law, revelado como grande encobridor de inúmeros crimes de pedofilia na igreja americana pela investigação do jornal “Boston Globe”, história que nos foi contada pelo belíssimo filme “Spotlight”, de 2015 (ver a minha BB (12) de março de 2016). Daí que, aparentemente, Francisco I tenha eleito “a tolerância zero à pedofilia” como uma das diretrizes do seu papado, talvez a mais importante. Não cabe aqui entrar em detalhes (leiam o livro) mas é perfeitamente aceitável falar em desilusão. Em caso de dúvida, basta consultar as conclusões da Comissão da ONU que em 2014 examinou as políticas do Vaticano (sempre tão pródigo em belas palavras ocas) sobre os direitos da infância. Concluiu-se por “alguma abertura” e “alguma inovação institucional”, mas tudo muito lento, muito pobre e claramente insuficiente. O trabalho desta Comissão provou que a prática da ICR continua a ser proteger os padres pedófilos, sobretudo mudando-os sucessivamente de paróquia (sempre em contato com crianças), mantendo os seus benefícios e proventos materiais, não denunciar e sonegar informação às autoridades civis, comprar o silêncio das vítimas (mas sem abrir muito os cordões à bolsa) e pior que tudo, procurar, a todo o custo, manter o segredo sobre os crimes, para proteger “a Igreja”. E então na Itália, onde se alberga o estado do Vaticano, a impunidade é quase total, uma vez que a legislação italiana é extremamente permissiva neste domínio, protegendo a instituição e favorecendo os criminosos.

A verdade se diga, se Francisco I expulsasse da ICR todos os pedófilos, mentirosos, hipócritas, corruptos, gulosos, ladrões, luxuriosos e gananciosos, quem lhe restaria?

A ICR é patética. É como uma grande besta ferida, que escoiceia para todos os lados nos estertores da morte, cega a tudo. Apesar de, na minha perspetiva, à falta de explicações racionais, todas as religiões, na sua essência, serem sistemas místicos e efabulatórios, vejo a mensagem cristã primitiva como positiva, baseada no amor incondicional, tolerância, perdão, partilha e dádiva. É incrível que a ICR a tenha conseguido transformar na grandessíssima porcaria que é hoje, um lodaçal tóxico e perigoso que mistura pura e estéril ortodoxia, preconceito, fanatismo, castração psicológica, misoginia estúpida, raivosa, teimosa, estagnação intelectual e espiritual, doutrinação absurda, violência, convencionalismo retrógrado, criminalidade bestial e cumplicidade nojenta.popeye9700@yahoo.com

 

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