BAGA O ESQUERDINHA, JOGADOR DO FCP (BB107)
Maio 05, 2020
Tarcísio Pacheco
BAGAS DE BELADONA (107)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA O ESQUERDINHA, JOGADOR DO FCP - Acredito que para combater o Covid-19 onde ele está a ser mais mortífero, nos EUA e no Brasil, o primeiro e decisivo passo é destituir os respetivos chefes de estado. Digo destituir porque sou uma pessoa pacífica. Se não o fosse, ocorrer-me-ia uma série prolífica de verbos transitivos práticos e apropriados. Há verbos transitivos lindíssimos e carregados de potencial, só precisam de um complemento direto apropriado para serem felizes: empurrar, cortar, esquartejar, suspender, fritar, encolher, triturar, queimar, obliterar, atomizar, para dar apenas alguns exemplos. Mas, fosse qual fosse o verbo, a partir daí, as coisas haviam de entrar nos eixos. Entretanto, lá no velho Oeste, o bucha cor de cenoura patina freneticamente sobre um escorregadio pavimento, malevolamente polido pelos Chineses, segundo ele. Adivinha-se um trambolhão memorável. Mais a sul, um falso Messias, julga-se um Fulgêncio Batista qualquer só porque o Brasil produz muita banana e ameaça a República Federativa, piscando o olho aos seus amigos coronéis para virem bater no Moro que é um mauzão ingrato e traiçoeiro e pôr o país na ordem.
Mas não devo ingerir-me na política interna de países soberanos, por isso, mudando de assunto, a nossa Santa Madre Igreja fica com os azeites sempre que lhe cheira a esquerdismo, venha ele de onde vier, da geringonça, do sindicalismo, do meio artístico, dos media ou de eventos simbólicos e carregados de significado como as comemorações do 1.º de maio, o Dia do Trabalhador. Para disfarçar, dizem que é ciúme, porque não podem receber a populaça crente em Fátima. Logo agora que o tempo está melhor e que a Virgem só aguarda uma procissãozinha de velas de desagravo ao Filho para abençoar uma vacina na Cova da Iria. E que se vê o fundo aos cofres católicos. A Igreja é de direita, profundamente e com pouquíssimas exceções. A Igreja gosta de discursos autoritários, de doutrinas inquestionáveis, de líderes infalíveis, de rituais que nunca mudam, de poderes paternalistas, mas firmes, de livros sagrados das coisas que se fazem assim porque sempre se fizeram. Na verdade, a razão principal para estas atitudes da Igreja é o seu ódio cego ao comunismo e, por associação primária, à esquerda. Nunca valeu a pena tentar sequer explicar à Igreja, as profundas diferenças entre comunismo como doutrina, regimes comunistas históricos e as diversas formas de socialismo democrático. Para a Igreja, sempre foi uma clara e intransigente dicotomia: a gente de bem e piedosa de um lado, o direito, o resto, do outro lado, à esquerda. Politicamente, no nosso país, a Igreja foi sempre CDS-PP e não faltará agora quem ache piada aos discursos do Ventura. Ora, isto sempre me fez espécie porque, para lá das complicações teológicas inabordáveis da Santíssima Trindade, a Igreja Católica assenta toda na figura, vida e mensagem de Jesus de Nazaré. Que sempre me pareceu um grandessíssimo comuna, com muitos dos tiques clássicos: nasceu no seio de uma família do povo; embora pouco se saiba sobre a sua vida antes dos 30 anos, crê-se que era carpinteiro como o marido da mãe ou seja, um trabalhador; tinha um lado claramente anárquico e não se dava bem com o poder instituído que neste caso era o Romano; não era propriamente tolerante e ecuménico, tentava converter toda a gente à “religião certa” que parecia ser a do Pai dele; era avesso à autoridade e discutia com os rabis à porta das sinagogas; não tinha grande respeito pela propriedade privada, era mais de entrar onde lhe apetecesse; era claramente anti capitalista, não gostava dos ricos, a menos que estivessem dispostos a tornar-se pobres e até inventou qualquer coisa a esse respeito que envolvia camelos; não apreciava o livre comércio, centrado no lucro; era um bocado vagabundo, andava de lado para lado e ia recrutando adeptos por onde passava, com especial preferência por pescadores; se tivesse nascido português, seria claramente alentejano; tinha o hábito desagradável de entrar pela casa dentro das pessoas e exigir cama, comida e lava-pés, para ele e para os amigos, arruinando assim o negócio do Alojamento Local na Galileia. Jesus de Nazaré, revoltado, rebelde, agitador de massas, crítico, amigo dos pobres, idealista. Enfim, comunista. Pedro e os da organização dele perceberam tudo ao contrário. popeye9700@yahoo.com