BAGAS DE BELADONA (139)
Outubro 07, 2022
Tarcísio Pacheco
BAGAS DE BELADONA (139)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA PORTUGAL/ESPANHA – Assisti ontem, com pesar, ao jogo de eliminação da seleção portuguesa da Liga das Nações, depois de uma prometedora vitória em casa da Chéquia. Já não é de agora, confesso que nunca apreciei Fernando Santos, enquanto treinador e selecionador. Respeito-o e reverencio o seu palmarés e as alegrias que já nos deu. Merece o nosso reconhecimento. Porém, o seu perfil, ultraconservador, ultra- prudente e mais que teimoso, casmurro mesmo, sempre me desagradou. Ontem, foi mais do mesmo. Claro que era um jogo difícil, contra uma seleção bastante inferior à fantástica Espanha de anos recentes, mas ainda assim, uma seleção forte. Os tiques costumeiros de Santos estiveram bem patentes. A sua relutância em substituir Cristiano Ronaldo, em nítido declínio e cada vez mais um jogador a menos dentro do campo; a dificuldade de fazer substituições a tempo e horas; ontem, milhões de pessoas viram que as substituições deviam ter acontecido logo após o intervalo, quando a equipa começou a claudicar e não a 15 minutos do final e os grandes planos do treinador, no banco, mostraram bem as suas caretas de indecisão; e, finalmente, escolhas discutíveis e embirrações inexplicáveis com jogadores em grande forma, como o melhor marcador do campeonato nacional de 2020/21, Pedro Gonçalves.
Penso que Santos merece ir ao mundial do Qatar, mas vejo esse evento como o final da sua carreira, como selecionador nacional. Após o Qatar, deve reformar-se, ir embora ou ser despedido. Qualquer que seja o nosso desempenho.
BAGA O ÊXODO – Temos assistido nos últimos dias a um verdadeiro êxodo de russos que fogem da mobilização parcial decretada por Putin. Só não veem isso o papagaio do Kremlin e o Paulo Santos, aqui na Terceira. Um país ex-colonialista e ex-fascista, como Portugal, que enviava carne fresca de canhão para África até abril de 1974, tem obrigação de compreender e até apoiar os russos. Afinal, antes do 25 de Abril, muitos jovens portugueses fugiam da mobilização para a guerra. Até eu, que já sou um filho de democracia, após a faculdade, perante a perspetiva de ser forçado a cumprir o serviço militar obrigatório, tentei escapar-me para o Canadá, onde tinha família e para os PALOP’s, como cooperante, em ambos os casos sem sucesso, historieta que já contei nestas páginas.
Tenho-me inteirado das opiniões dos comentadores. As opiniões dividem-se entre acolher os russos em debandada (EUA) ou forçá-los a ficar na Rússia, para fazerem oposição a Putin (Finlândia). Ora, Putin é um psicopata e um assassino. E um psicopata acossado, uma espécie particularmente perigosa. As alternativas, para os mobilizáveis que ficarem na Rússia é ir para a guerra ou para a prisão ou pior ainda. Por motivos humanitários, penso que o mundo livre os deve acolher. Constituirão sempre um grupo anti-Putin e entre eles há intelectuais e quadros que farão falta na Rússia ditatorial e distópica. Nomeadamente a EU devia estabelecer uma política comum a esse nível. Mesmo sabendo que acolher refugiados na EU será cada vez mais difícil, agora que o Chega italiano, de extrema-direita, neo-fascista e amigo de Putin, chegou ao poder.
BAGA “LUXOS DE VERÃO” – Jamais me conformarei com a decisão do Governo Regional de acabar com os ferries entre todas as ilhas dos Açores, com a justificação de que não precisamos deles, porque temos aviões. Depois da palhaçada do ferry Atlântida, da responsabilidade do anterior governo socialista, o atual governo coligado não quis ficar atrás e chamou aos ferries que fretávamos todos os anos, um “luxo de Verão”.
As motivações são claras. Como sempre, trata-se de proteger a SATA e de caminho dar o jeito aos amigos das empresas de rent-A-car, nomeadamente as poderosas, como a Ilha Verde. Mas a argumentação do governo não podia ser mais falaciosa. O custo real da tarifa de residente é muito mais elevado que 60 euros. Quem paga a diferença? Pagamo-la nós todos, com os nossos impostos. Isso é que é um verdadeiro luxo, sustentar uma companhia aérea regional que dá prejuízos de luxo há um ror de anos e continua a dar. E coitado de quem anda atrás de um carro para alugar em S. Miguel, por exemplo ou noutra ilha qualquer, em época alta. Alugar carros do grupo A por 100 e 200 euros ao dia, quando os há, isso é que é um verdadeiro luxo. Este ano, em Santa Maria, em agosto, paguei 300 euros por um aluguer de 3 dias, viatura do grupo A. E, mesmo assim, foi porque tínhamos um conhecido na Ilha Verde, porque, com os Açores na moda e o retorno em massa do fluxo turístico, simplesmente não há viaturas suficientes e o mercado está completamente desregulado. Uma consequência óbvia é um enorme aumento do aluguer privado, ilegal, por debaixo da mesa.
Sustentar a SATA e os donos das rent-A-car, isso é que é um grande luxo.
Há alternativas modernas para transporte misto de carga e passageiros em modernos ferries, durante todo o ano, como já exemplifiquei aqui, mas isso também não interessa, até porque mexe com outro setor absolutamente mafioso, o do transporte de mercadorias nas ilhas por via marítima. POPEYE9700@YAHOO.COM