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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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BAGA TELENOVELA QATAR 2022 (BB141)

Dezembro 20, 2022

Tarcísio Pacheco

 

OIP (4) (1).jpg 

imagem em: FIFA World Cup 2022 Qatar Wallpapers - Wallpaper Cave

BAGAS DE BELADONA (141)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA TELENOVELA QATAR 2022 – E pronto, chegou ao fim esta telenovela das Arábias, que prendeu aos écrans durante várias semanas todos aqueles que apreciam futebol.

Sou dos que pensam que o Mundial 2022 jamais deveria ter-se realizado no Qatar, um país que como regime e cultura me desagrada profundamente. Gosto muito de viajar, mas tenho posições éticas quanto a isso. Nunca fui, nem irei ao Qatar, Dubai ou Arábia Saudita. E não é anti-islamismo, uma vez que já estive em Marrocos e na Turquia, por exemplo. Mas os petrodólares falaram mais alto e toda esta história mostra bem o abominável mundo em que vivemos, escravizado pelo amor ao dinheiro e submerso em hipocrisia. Contudo, o momento dos protestos deveria ter sido muito antes, quando o Qatar apresentou a sua candidatura e depois, quando a FIFA anunciou a sua decisão. Depois do facto consumado, no momento do Mundial, não vi muita relevância em protestar e tomar atitudes simbólicas. Ainda assim, neste quesito, o nosso presidente da República não esteve nada bem, o que me faz pensar que, tal como Cristiano Ronaldo (CR7), está na fase de descer a montanha e fá-lo com surpreendente deselegância.

Seja como for, o Mundial despertou paixões e provocou ressentimentos, com as pessoas a extremarem posições, com uma evidente falta de tolerância e desportivismo. No meu Facebook fui publicando as minhas opiniões sobre o que foi acontecendo, nomeadamente com a nossa seleção. Um antigo colega de faculdade, que anda pelo meu Facebook, sentiu-se extremamente afetado pelas minhas posições, ao ponto de desatar a insultar-me publicamente, chegando ao cúmulo de me chamar “lampião” só porque nunca fui fã de CR7. Um pesado insulto para um sportinguista como eu e que revela a tonta facilidade com que se insulta alguém que, na verdade, se desconhece quase por completo. Uma paixão tão acrisolada por CR7 fez-me até desconfiar que as fotos de meninas descascadas com que esta criatura nos mimoseia quase diariamente na sua página são apenas fogo de vista para esconder o fascínio pelo corpo musculado e atlético de CR7. Será?

Nas últimas partidas, torci por Marrocos, a equipa revelação da prova, por achar que mereciam. Na final, torci pela Argentina e por Messi, por isso, eles e eu, estamos de parabéns. Obrigado. Foi uma final fantástica, como tudo o que deve ter uma final, emoção, bom futebol, excelentes jogadas, golos sublimes, reviravoltas e muito suspense. A este propósito, também fui criticado. Um amigo disse-me que torcia pela Croácia e pela França, por ser “europeu”. O que é que bom futebol tem a ver com critérios continentais, pensei eu… Na verdade, sou um adepto não convencional. Acima de tudo, privilegio o bom futebol. Goste que ganhe quem mais mereceu e melhor jogou.

A propósito da nossa seleção, os factos mostram que tinha razão, o que é sempre agradável, mesmo respeitando diferentes opiniões. Numa das minhas últimas bagas, referi-me ao Mundial e expressei a opinião de que este deveria ser o fim da linha para Fernando Santos, qualquer que fosse a nossa prestação. E assim foi, realmente, Santos foi-se embora, encerrou-se um ciclo e aguardamos agora um ridente porvir, com o próximo selecionador que, seja quem for, terá direito, sem dúvida, ao apoio inicial de todos os Portugueses e a um estado de graça.  Quanto a Santos, nunca o apreciei, enquanto treinador. Da seleção portuguesa dos últimos anos, o que mais se ouviu dizer? Que tínhamos um naipe fantástico de jogadores selecionáveis, mas jogávamos mal. É essa também a minha opinião. E quando o problema não é a qualidade individual porque somos um pequeno país com um enorme talento futebolístico, um viveiro de craques, mas sim atitude, estratégia e modelo de jogo, então, a culpa só pode ser do selecionador. No tempo de Santos, cometemos a incrível proeza de ganhar um Europeu, quase sempre jogando mal e num modelo claramente defensivo. Santos foi assim, para mim, um treinador cabeçudo, conservador, previsível, calculista e inimigo do futebol que mais me agrada, o futebol de ataque, de coração e de risco. Com Santos, ganhámos um Europeu e uma Taça das Nações, mas raramente jogámos bem, fomos altamente irregulares e protagonizámos, por sistema, apuramentos medíocres e sempre no fio da navalha.
Não me despeço sem me referir ao duelo Messi / CR7. Na verdade, para mim, nunca houve qualquer duelo. São jogadores bastante diferentes, então, não foi difícil escolher. Sempre preferi Messi. Vejo CR7 sobretudo como um excelente goleador, com muitos recursos, bom a fazer golos de todas as formas, de remate direto, de livre, de cabeça e de penalty e que, por via, desse talento e de muito trabalho ganhou muitos prémios individuais. Mas Messi é muito mais que isso, um jogador absolutamente completo e que também marca muitos golos, sendo menos brilhante com a cabeça. Está claramente muito mais perto de Maradona, por exemplo, talvez o melhor jogador de sempre. Se alguma dúvida existia ainda, o papel de Messi na campanha da Argentina no Qatar, desfê-la por completo. Messi é o maior e mais nada. Além do incomparável talento, naquilo que o público comum sabe dele, parece ser uma pessoa humilde e sóbria, sem toques de vedetismo, uma espécie de anti-herói.

CR7 é bem diferente em todos os aspetos. Lamentavelmente, está a terminar a sua brilhante carreira sem qualquer dignidade. Sem conhecer a personagem nem (felizmente) ninguém da família, parece-me claro o que lhe passou pela cabeça nos tempos recentes. Quando começou a perder o estatuto de estrela intocável, no Manchester United, inventou problemas que não existiam, decidiu sair com estrondo e resolveu dar aquela inoportuna entrevista. O intuito era claro: concentrar as atenções sobre si próprio (o que foi extremamente incómodo para a seleção portuguesa), fazer um belo mundial e conseguir um último supercontrato num grande europeu. E até podia ter sido assim. Infelizmente, o tiro saiu-lhe pela culatra e acertou-lhe no pé direito. Teve todas as oportunidades, mas desperdiçou-as. Foi titular nos três primeiros jogos no Qatar e teve uma prestação medíocre. No jogo com a Suíça, em que Santos teve um raro rasgo de coragem, ficou no banco, assistiu à magnífica prestação da equipa e viu o seu substituto marcar três golos e brilhar a grande altura. Foi então que se revelou o verdadeiro CR7 e o mundo inteiro assistiu às suas incríveis caretas de azia e azedume. Que atitude lastimável.

Espero e desejo o melhor para a nossa seleção, com ou sem CR7, neste novo ciclo, que se inicia em breve com a campanha de apuramento para o Europeu de 2024 e até já comprei bilhetes para um jogo no estádio da Luz. Bora lá, Portugal.

POPEYE9700@YAHOO.COM

 

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