Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA ATÉ QUANDO TERCEIRENSES? BB (90)

Dezembro 12, 2019

Tarcísio Pacheco

 

Terceira (1).jpgimagem em: https://www.publituris.pt/2019/01/08/programa-acores-recebe-bem-arranca-esta-quarta-feira/

BAGAS DE BELADONA (90)

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA ATÉ QUANDO TERCEIRENSES??? – A recente notícia sobre um voo com turistas “de luxo” que viu recusada a permissão para uma escala técnica que incluía reabastecimento com os passageiros a bordo – algo comum na atualidade – no aeroporto das Lajes e acabou reencaminhado para o aeroporto de Santa Maria, vem de encontro ao que escrevi há pouco tempo sobre a desgraça da ilha Terceira e sobre a revolta e indignação que todos os terceirenses, menos os coniventes, deviam sentir e manifestar.

Não me quero transformar num desses oposicionistas militantes para quem tudo o que vem do governo em funções está sempre mal. Também não quero vestir o colete lilás do terceirense bairrista porque amo estas ilhas e quero o melhor para todas e para cada uma delas. Menos ainda me move o interesse específico pelo “turismo de luxo”, seja lá o que isso for, porque nunca alinhei no discurso aparvalhado, ignorante e saloio do “turismo que interessa”. Todos os turistas me interessam, desde que sejam ecológicos, educados, respeitadores bem-intencionados, em quantidade limitada e não excessiva.

 O que quero é, na verdade, muito simples. Quero que cada comunidade seja soberana no seu espaço e dona do seu destino. Vou ser brutalmente claro: como cidadão e como terceirense, não quero um aeroporto militar com uma janelinha para a atividade civil; quero exatamente o contrário, exijo, aliás, o que é direito meu exigir, exequível ou não, um aeroporto civil a sério nas Lajes, eventualmente com algumas facilidades para a Força Aérea Portuguesa. Já chega de brincar aos aeroportos civis. Isto não é um jogo da Lego. A grande razão para existir um exército num país é defender os seus cidadãos em caso de guerra ou agressão externa. Em tempo de paz, os militares devem ser quase invisíveis e não prejudicar o resto da sociedade de forma nenhuma. O facto do aeroporto das Lajes ter sido originalmente construído como pista militar tornou-se uma espécie de danação eterna, parece coisa bíblica. S. Miguel vibra com isso, claro e aproveita-se. Quanto à Força Aérea Norte-Americana, vou continuar a ser monstruosamente claro: não os quero cá, já nos fizeram mal suficiente; a única vantagem da sua presença nesta ilha, atualmente, consiste na manutenção de alguns postos de trabalho, em número cada vez menor. Poluíram a nossa ilha, envenenaram os nossos aquíferos, (e ainda a procissão vai no adro neste campo), transformam-nos num alvo militar, não nos trazem benefícios importantes e comportam-se como aqueles inquilinos selvagens que deixam de pagar a renda e se recusam a sair. Mantêm-se na ilha quase à força, aproveitando-se do seu estatuto autoritário no mundo, da sua riqueza material, do seu poderio militar, da chantagem com a nossa comunidade emigrante e da miserável subserviência do governo português, dando-se ao luxo de usar pobres e claríssimas manobras de bluff para manter um pé dentro e um pé fora. Por mim, saíam e era já, haveríamos de sobreviver, como sempre.

Quanto à razão invocada para recusar a escala técnica nas Lajes, o corpo de bombeiros do aeroporto pertencer aos americanos… seria brincadeira, se não fizesse parte de um plano para subjugar e secundarizar toda uma ilha, outrora orgulhosa. Mais uma vez, isto parece uma ilha dos EUA. E não há um quartel de bombeiros na Praia da Vitória? Não têm formação para atuar em aeroportos? E porque não a recebem? Nos aeroportos das outras ilhas não são bombeiros portugueses e locais a fazer o serviço de aeroporto? Na hora de invocar razões para manter a Terceira espartilhada e amordaçada, nunca faltam argumentos.

Aproveito para esclarecer que também não quero cá os Chineses, cujo regime político me enoja. Quero cá os Terceirenses e quaisquer outros, de qualquer cor ou origem, que sejam pacíficos, que venham por bem e que sejam democratas. O que não é o caso chinês. Falo do governo chinês e dos seus militares, obviamente. A proliferação de lojas chinesas, que ameaça tornar o centro de Angra numa Chinatown é uma questão comercial e cultural, que não é para aqui chamada, de momento (mas teria muito a dizer sobre o assunto).

Não devemos ter medo de chamar os bois pelos seus nomes. Há culpados, bastantes, para a triste e cada vez pior situação da ilha Terceira: o nosso cada vez mais insuficiente Estatuto Autonómico; o Governo da República porque é centralista e subserviente, independentemente das suas cores ou líderes; o Governo Regional porque é subserviente também, com Lisboa e com os EUA e porque tem promovido um desenvolvimento centrado na ilha de S. Miguel, de uma forma absolutamente descarada e quase grotesca; o governo dos EUA porque é maléfico, maquiavélico e só se preocupa com os seus interesses; a Força Aérea Portuguesa porque só  atende os interesses militares, tem demasiado poder nas Lajes e prejudica frequentemente a Terceira; políticos terceirenses, bem identificados que, por interesse pessoal e fidelidades partidárias, são coniventes e cúmplices na situação e, finalmente, o próprio povo terceirense que, alegria e festas à parte, é uma das comunidades mais apagadas, alheadas, inertes e acomodadas de que tenho conhecimento. Se não for uma doença na família ou uma pancada no carro, nada parece mexer com esta gente que nunca tem opinião sobre coisa nenhuma. Limitam-se a respirar, dia após dia. Para ser socialmente correto, como no conhecido caso da marquesa que bateu com o peitoral na mesa, indignem-se, chiça! popeye9700@yahoo.com

BAGA PORTA-AVIÕES AO FUNDO (BB87)

Novembro 19, 2019

Tarcísio Pacheco

Terceira.jpg

imagem em: https://discoverportugal2day.com/ilha-terceira/

BAGAS DE BELADONA (87)

HELIODORO TARCÍSIO

 BAGA RETIFICATIVA – Meti uns mililitros de água na minha Baga anterior, sobre o Angra Sound Bay. Portanto, aqui fica uma retificação da informação incorreta, com um público pedido de desculpas aos afetados. O João Pedro Leonardo adotou o nome artístico de João da Ilha (e não das Ilhas) e ganhou o prémio de Melhor Original, com letra e música da sua autoria. O prémio de Melhor Letra foi entregue a Miguel Nicolau, um desconhecido para mim, a quem deixo felicitações.

BAGA PORTA AVIÕES AO FUNDO – Nestas páginas, já me assumi várias vezes como uma pessoa que ideologicamente se inscreve na área da esquerda democrática, mas que, há muitos anos, decidiu deixar de votar em partidos políticos, única opção possível, não contando com a mascarada dos “independentes” que, ainda assim, são apresentados ao eleitorado numa lista partidária. Haverá outras formas possíveis de viver em democracia, implicando um serviço público sem interesses materiais. Tenho consciência de que isto é utópico porque a esmagadora maioria das pessoas se move por interesses próprios, senão materiais, diretos ou indiretos, então por paixão pela autoridade, pelo reconhecimento social e pela fútil vaidade, entre outros fatores. São traços fortes na raça humana.
Nos Açores, só os néscios ou os muito ignorantes podem não perceber, negar ou ignorar a medonha concentração de poder, estruturas e meios de todos os tipos em S. Miguel e a clara subalternização da Terceira e, por tabela, de todas as outras ilhas. Não me movem interesses partidários, não sou inimigo de ninguém do atual governo e gosto das ilhas todas, incluindo S. Miguel, uma ilha belíssima, cheia de gente fixe, onde passo férias com frequência. Porém, em minha opinião, todos os terceirenses, exceto os que são cúmplices e coniventes com a situação atual, têm razões para se absterem maciçamente em eleições regionais. Apenas a conivência com a situação, a ignorância, o desinteresse e a apatia, podem justificar outra opção. E seria uma tontice, neste contexto, votar em qualquer outra força política pois acredito que todos os partidos, especialmente os do “arco do poder” agiriam de forma semelhante. Todos se regem pela lógica fria dos números e por critérios de base económica. É a morte do Humanismo face ao paradigma capitalista: tudo se reduz à acumulação de riqueza e à competição para conseguir… acumular mais riqueza.

Há vários assuntos de extrema importância para os terceirenses que documentam estas afirmações. À cabeça, com claras responsabilidades também para o governo da República, a tenebrosa questão da contaminação ambiental da ilha pelas Forças Armadas dos EUA, situação que está muito longe de ser resolvida. Depois, vem a questão da certificação civil do aeroporto das Lajes, propositadamente gerida de forma medíocre e incapaz, que se define quase como uma vigarice, um fingimento, um faz de conta, para enganar as poucas pessoas que se preocupam com o futuro da sua ilha. A Força Aérea Portuguesa também tem aqui pesadas responsabilidades pois privilegia sobretudo os interesses militares. Em seguida, vem a óbvia e despudorada concentração de serviços e estruturas em S. Miguel, no aeroporto de Ponta Delgada, no porto e marina, no transporte aéreo de passageiros, no transporte marítimo de passageiros e carga, no armazenamento e distribuição de correspondência postal e nos serviços alfandegários. Até o Bispo que, pessoalmente, não me faz falta nenhuma, já ensaiaram de levar para lá, tendo havido quem sugerisse num passado recente a criação de uma segunda diocese a Oriente.

As restantes oito ilhas açorianas incomodam muito o governo micaelense… reconheço que é bastante mais difícil governar por uma perspetiva equilibrada de verdadeira unidade e coesão regional. Porém, só governa quem quer. E quanto ao povo micaelense, salvo uma ou outra exceção, ninguém quer saber. Ainda em agosto passado, um micaelense que classifico como pessoa de bom caráter e que não é ignorante, exprimiu na minha frente a seguinte opinião: “Que tolice é querer ter um aeroporto e um bom porto em cada ilha, não há dinheiro para isso tudo, são só 9 ilhas, basta ter um bom aeroporto…”. Ou seja, concordância total com a atual política governamental. E a maioria deles pensa assim.

Tenham santa paciência, mas não acredito que uma realidade arquipelágica com 9 ilhas possa ser governada com base no número de habitantes da ilha maior e no resultado de eleições em que participa um número cada vez menor de eleitores. O universo “ilha” tem de ser o foco e o estatuto autonómico dos Açores já não nos serve, foi bom por ser o primeiro, mas necessita de grandes mudanças. Lisboa e Açores só não é Madrid e Catalunha porque por aqui somos demasiado pacíficos, indiferentes, ignorantes e “acaçapados”. Isto não é um apelo à independência e muito menos à violência, mas é um apelo à justiça, à autodeterminação e ao direito a uma autonomia muito mais alargada. Com demasiada frequência, os interesses de Lisboa não são os nossos. E, portas adentro, os interesses de S. Miguel não são os das restantes ilhas.

A Terceira é, objetivamente, cada vez mais, uma espécie de porta-aviões dos EUA, que esta superpotência usa à borla e ativa ou desdenha maliciosamente, de acordo com os seus interesses militares. Trump não conseguiu comprar a Gronelândia, riram-se-lhe na cara balofa, mas tem bastante sucesso no aluguer vitalício, a custo zero ou simbólico, de uma ilha portuguesa no meio do Atlântico Norte.

Mas sabem que mais? Se o povo é soberano, então só é assim porque nós permitimos. Então, que continue a passar a Banda. popeye9700@yahoo.com

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2008
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2007
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2006
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2005
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2004
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2003
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2002
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2001
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2000
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 1999
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D

Fazer olhinhos

Em destaque no SAPO Blogs
pub