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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

O NOBRE DIREITO DE CRITICAR

Fevereiro 11, 2008

Tarcísio Pacheco

 

 

 

:

 

imagem: http://portodaspipas.blogs.sapo.pt/2009/02/

 

 

 

Embora escreva para os jornais desde a minha adolescência, passo longos períodos sem escrever, por diversos motivos. No entanto, nos últimos tempos tenho feito publicar no DI alguns artigos de opinião. Por ser actualmente prática comum e por me parecer correcto, passei a adicionar ao nome, uma fotografia e um endereço electrónico. Por isso, passei a receber mails regularmente, sempre que escrevo. Até agora tinham sido sempre mails de aplauso e de encorajamento, de conhecidos e desconhecidos. Apenas um, relativo a um artigo sobre a Igreja Católica, não era propriamente de aplauso, acusava-me de falacioso mas basicamente estava de acordo comigo, achando apenas que não valia a pena criticar a Igreja Católica, porque não servia de nada, não atingia os visados nem alterava o “status quo”. Discordei e respondi a preceito, em privado, mas essa pessoa não quis continuar a polémica comigo, com muita pena minha.

Agora, finalmente, para variar, a respeito do meu recente artigo “O Moribundo Carnaval Terceirense” (DI, 7Fev2008), recebi um mail com uma crítica negativa. Quer dizer, estou a ser altamente magnânimo ao elevar tal arroto azedo á categoria de “crítica” pois não passava de uma reles carta anónima, profundamente cobarde, como todas as cartas anónimas, dois ou três parágrafos muito mal redigidos, com erros de português, consistindo basicamente em insultos gratuitos, tudo temperado com uma raiva primitiva, histriónica e totalmente gratuita.

A criatura, nitidamente do sexo masculino (porque as mulheres são, regra geral, bem mais inteligentes do que aquilo…), assinava com duas iniciais e na Internet intitula-se “The Special One”, o que nos dá uma pista sobre a fonte da sua arrogância. Só que o José Mourinho é tão insuportavelmente arrogante quanto admiravelmente inteligente…Este discípulo nunca chegará a mestre…

Na sua cartinha de amor, “The Special One” afirma que os meus artigos são “uma porcaria” (sic…) porque são só críticas e mais críticas. Na verdade, o que me traz hoje ao terreiro é fundamentalmente a defesa da liberdade de crítica. A certas criaturas básicas, faltam até as noções mais fundamentais, como a consciência da missão de um jornal diário na actualidade. Pedindo desculpa aos leitores pelo simplicidade da seguinte exposição, um jornal diário da actualidade continua a ter como missão primordial, a Informação. Sobretudo num meio pequeno como o nosso, há muitas coisas, deveras importantes, que só pelo jornal se podem saber: notícias locais que não passam nos noticiários da TV, informação sobre espectáculos diversos, resultados de competições desportivas, falecimentos, anúncios comerciais, informações de utilidade pública, entre  outras ainda. A segunda missão de um jornal diário é nitidamente servir de tribuna para intervenções críticas, nomeadamente a nível político e socio-económico. Se restar alguma dúvida, basta apenas folhear as páginas de qualquer edição do DI. A começar pelo próprio Editorial que quase sempre assume uma posição crítica sobre alguma coisa. Depois, é rara a edição que não traz artigos da Oposição, para quem nenhuma decisão do Governo é válida. Ou artigos emanados do Governo ou de simpatizantes socialistas para quem a Oposição nunca tem razão. Ou muitas outras opiniões críticas sobre os mais diversos assuntos. Imagine-se um jornal que só publicasse elogios e comentários positivos sobre a vida de um país, de uma região ou de uma comunidade. Nós tínhamos jornais desses, antes de 25 de Abril de 1974.

A crítica é sempre benigna, desde que exercida de acordo com critérios éticos quase universais de verdade, correcção, justiça, espírito democrático, boa educação e boa vontade. O espírito crítico é essencial numa sociedade saudável. A sua finalidade nunca é gratuita e destrutiva mas sim com intenção de fazer pensar, fazer reflectir e contribuir para mudar o que está mal.

“The Special One” pareceu sentir-se especialmente enraivecido por eu não ter gostado muito este ano do cortejo de estudantes, será porventura alguém com ele relacionado, de alguma forma. Isso não me interessa mas pretendo sublinhar que quem tiver lido o meu texto com inteligência, o que não foi nitidamente o caso desta criatura, terá entendido que eu pretendo fundamentalmente que no futuro, no meio daquela imensa massa de estudantes que se acotovelam e bamboleiam na Tertúlia e no Porto das Pipas, apareça em cada ano uma meia dúzia capaz de manter a tradição e organizar o SEU cortejo e a SUA tourada, no único momento das suas vidas em que vão ter 16, 17 ou 18 anos… É que alguns deles vão ser no futuro, deputados do PS, do PSD, vão ser gestores, administradores, se não forem capazes sequer de manter esta tradição… então os arautos da desgraça poderão ter razão, está tudo a entregar-se às carochas. Tal como o “animado” Carnaval terceirense, aliás. Do mesmo modo, pretendia que o “Liceu” e a futura escola nova de S. Carlos, se envolvessem, como acontecia no passado e contribuíssem para manter esta tradição, que muito aprecio, até porque sou também aficionado, embora de uma espécie particular.

Há ainda uma terceira missão acessória de um jornal que é instruir, recrear e cultivar mas não é esta a linha dominante no DI.

Ler críticas que não lhe agradam parece despertar em “The Special One” instintos ferozes e agressivos. Esta criatura, que diz achar os meus artigos “uma porcaria”, curiosamente leu-os todos, poderá até ser o meu mais fiel leitor. Ele acha que eu não devia ter criticado o Carnaval, as Sanjoaninas (de 2006) e até (nesta parte confesso que ri muito) não devia ter criticado Ramiro Carrola só “porque não concorda com as ideias dele” (sic…). Coitadinho de Ramiro Carrola, essa benevolente personagem, que nunca critica ninguem. Esqueceu-se de referir a Igreja Católica mas, provavelmente deve ter sido esquecimento mesmo, devido ao frenesim da raiva.

Bom, para arrematar, a “The Special One” ou a qualquer outra pessoa que não gostar dos meus artigos, sugiro como atitude mais correcta que se sente a escrever um artigo de opinião para o DI, acrescentando de preferência o nome, fotografia e um endereço electrónico. Afinal parece fácil, não é? Em alternativa pode sempre escrever-me um mail, directo, claro,  mas por favor, se possível inteligente e definitivamente, bem educado…

Enquanto “The Special One” não fizer isso, não está de modo nenhum ao meu nível. É como se eu estivesse no alto da Serra da Ribeirinha e ele lá em baixo no Aterro Sanitário, no meio das gaivotas. O que elas grasnam umas para as outras, ninguém entende nem tem a menor importância. Até lá, eu, humilde plebeu, cito uma bem conhecida cabeça coroada, numa recente tirada que a História já imortalizou: “Porque no te calas ???”.

Agradeço a todas as pessoas que por mail ou pessoalmente me manifestaram o seu apoio e empatia relativamente às minhas críticas sobre o Carnaval terceirense.

 

Popeye9700@yahoo.com

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