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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA DO DESCONFINAMENTO (BB 109)

Maio 21, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://www.correiodamadeira.com/2020/04/covid-19-plano-de-desconfinamento.html

BAGAS DE BELADONA (109)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA DO DESCONFINAMENTO - Respondendo a uma dúvida que tem surgido no seio do povo de Deus, o confinamento católico é obrigatório porque provém da autoridade, que nos ama a todos paternalmente, mas, do ponto de vista teológico, não é sagrado, indissolúvel e, muito menos, eterno. Por isso, ide e desconfinai. Porém, tomai cautela e procedei com os devidos cuidados ou sentireis na carne o custo da prevaricação. Bom, isto foi apenas um recado, que o senhor Bispo me pediu para passar na minha crónica porque o povo não se pode ajuntar nas igrejas nem fazer procissões. Está feito.

Tenho-me deliciado a percorrer a ilha, assistindo ao espetáculo do povo a desconfinar. Especialmente, hoje, domingo, um dia bonito, em que a pessoa acorda, olha para a janela e pensa que o que está mesmo a apetecer é sair de casa e desconfinar por aí. A Primavera é mesmo a estação ideal para atividades desconfinatórias. Pessoalmente, eu, que nunca havia sido confinado antes, sinto que estou a viver uma experiência única num período histórico. É que ficamos sem saber exatamente como desconfinar. É certo que há regras, mas não há propriamente um manual de desconfinamento e somos assaltados por muitas dúvidas. Afinal, desconfinar é um processo complexo que envolve estratégia, planeamento e uma fita métrica. Que será, muito provavelmente, chinesa. O que faz algum sentido, completa o círculo e prenuncia os próximos anos da Humanidade. Prosseguindo, em termos de desconfinamento, por vezes é preciso improvisar. E depois, cada um tem o seu jeito de desconfinar. E, como sempre, há uns que têm mais jeito que outros. Por outro lado, fazem-se descobertas sociologicamente interessantíssimas. Por exemplo, apercebi-me que os grupos de bêbados já desconfinavam antes. Eles é que não sabiam. Tenho-os vistos sentados em frente aos cafés favoritos deles, enfim reabertos, em pequenos grupos, cumprindo civicamente as normas de distanciamento social (é mais ou menos uma caixa de cerveja entre conversantes e duas entre grupos) com uma cerveja aberta a amornar na mão; vi um grupo desses em S. Mateus, todos a desconfinar ativamente, em frente ao café, sentados junto de um recipiente para lixo e a enviar garrafas vazias de cerveja para baixo, para o relvado do lindo passeio marítimo da freguesia. Ora, isso era o que eles já faziam dantes. Chamava-se ajavardar, mas agora sei que afinal já era desconfinar. A conclusão é que cada um desconfina de acordo com a sua índole. No entanto, verdade se diga, os bêbados têm bebido sempre de máscara. Podem usá-la ao pescoço, como se fosse um adereço de moda, em estado de prontidão operacional. Ou apenas sobre a boca porque o nariz faz muita falta na respiração. Mas está lá. E, espelhando a criatividade que o desconfinamento suscita, começam a aparecer máscaras de todas as cores, com bonecos Disney para os putos, cinzentas para usar com fato de político, vermelhas para adeptos do Benfica e comunistas, rosinhas para o Manel Goucha. Pequenos negócios florescem no Facebook e as costureirinhas da ilha, à míngua de encomendas para as marchas de S. João, dedicam-se por inteiro à produção de máscaras. Já apareceram também tutoriais de “faça você mesmo a sua máscara”. Muito provavelmente, neste Verão, a Coca-Cola oferecerá uma máscara com cada latinha.

No Continente, com as zonas balneares ainda fechadas oficialmente, o tempo quente a apelar ao desconfinamento e os cavalos da GNR a patrulharem as praias, os Portugueses recorreram a estratégias muito próprias do espertismo nacional. É só aparecer por lá, com ar de quem vai fazer outra coisa qualquer que não seja fazer praia. Porque, pelo que vi, aparentemente, é possível fazer imensas coisas nas praias, exceto fazer praia. Por isso, o povo vai ficando por ali, com um ar falsamente distraído e quando a bófia está a olhar para o outro lado, pimba, o povo faz praia. Por cá, vi um amigo voltar de uma caçada submarina com uma bela abrótea que, para azar dela e por andar provavelmente mal-informada, estava ainda confinada à sua toca.

Entretanto, a Oeste, contrariando Erich Maria Remarque, há sempre algo de novo, no mau sentido da ideia, claro. Agora, o sapo cor de laranja, enquanto vagueia no seu ambiente natural, o pântano da economia eleiçoeira,  para apanhar os bichinhos rastejantes de que se alimenta, salpica o mundo com a sua baba tóxica; antes era a China, como se alguém tivesse culpado a Espanha pela Gripe Espanhola, muito mais mortífera; agora, como o argumento enfraqueceu e os Chineses até já aprenderam a fazer humor, inventou o Obama Crime; segundo o sapo, o crime político mais grave da história dos EUA; inquirido publicamente sobre tão grande crime, respondeu que um crime é um crime, toda a gente sabe o que é. O meu conselho ao povo americano é que confinem Trump na penthouse da Torre Trump, com uma televisão gigante com dois canais apenas, a Fox News e o Playboy e uma provisão para vários anos de hot-dogs e Coca-cola light. Vão ver que as coisas melhoram. O desconfinamento não é adequado para toda a gente. Mais a sul, o aprendiz de ditador que não sabe sambar, embora não seja coveiro, enterra-se mais e mais, dia a dia. Para esse e para o povo brasileiro, o mais adequado seria o confinamento em estrutura especial, de forma trapezoidal, em madeira exótica, com uns 2 metros de comprimento por 80 cm de largura. Não, não é essa coisa macabra em que estão a pensar. Trata-se apenas de uma “unidade especial de confinamento não reversível”. Para casos difíceis.

Se pareço demasiado radical, saibam que não é comunismo nem nenhuma patologia psiquiátrica. É apenas esta atmosfera geral de desconfinamento, esta energia que anda no ar e nos torna mais ativos, criativos, dinâmicos e sensíveis. É uma espécie de febre dos fenos, quase como um vírus, embora, provavelmente, eu devesse usar outro termo de comparação. popeye9700@yahoo.com

 

BAGA O ESQUERDINHA, JOGADOR DO FCP (BB107)

Maio 05, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://racismoambiental.net.br/2017/12/25/parabens-baderneiro-comunista-defensor-de-bandido-e-prostituta-por-gregorio-duvivier/

BAGAS DE BELADONA (107)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA O ESQUERDINHA, JOGADOR DO FCP - Acredito que para combater o Covid-19 onde ele está a ser mais mortífero, nos EUA e no Brasil, o primeiro e decisivo passo é destituir os respetivos chefes de estado. Digo destituir porque sou uma pessoa pacífica. Se não o fosse, ocorrer-me-ia uma série prolífica de verbos transitivos práticos e apropriados. Há verbos transitivos lindíssimos e carregados de potencial, só precisam de um complemento direto apropriado para serem felizes:  empurrar, cortar, esquartejar, suspender, fritar, encolher, triturar, queimar, obliterar, atomizar, para dar apenas alguns exemplos.  Mas, fosse qual fosse o verbo, a partir daí, as coisas haviam de entrar nos eixos. Entretanto, lá no velho Oeste, o bucha cor de cenoura patina freneticamente sobre um escorregadio pavimento, malevolamente polido pelos Chineses, segundo ele. Adivinha-se um trambolhão memorável. Mais a sul, um falso Messias, julga-se um Fulgêncio Batista qualquer só porque o Brasil produz muita banana e ameaça a República Federativa, piscando o olho aos seus amigos coronéis para virem bater no Moro que é um mauzão ingrato e traiçoeiro e pôr o país na ordem.

Mas não devo ingerir-me na política interna de países soberanos, por isso, mudando de assunto, a nossa Santa Madre Igreja fica com os azeites sempre que lhe cheira a esquerdismo, venha ele de onde vier, da geringonça, do sindicalismo, do meio artístico, dos media ou de eventos simbólicos e carregados de significado como as comemorações do 1.º de maio, o Dia do Trabalhador. Para disfarçar, dizem que é ciúme, porque não podem receber a populaça crente em Fátima. Logo agora que o tempo está melhor e que a Virgem só aguarda uma procissãozinha de velas de desagravo ao Filho para abençoar uma vacina na Cova da Iria. E que se vê o fundo aos cofres católicos. A Igreja é de direita, profundamente e com pouquíssimas exceções. A Igreja gosta de discursos autoritários, de doutrinas inquestionáveis, de líderes infalíveis, de rituais que nunca mudam, de poderes paternalistas, mas firmes, de livros sagrados das coisas que se fazem assim porque sempre se fizeram. Na verdade, a razão principal para estas atitudes da Igreja é o seu ódio cego ao comunismo e, por associação primária, à esquerda. Nunca valeu a pena tentar sequer explicar à Igreja, as profundas diferenças entre comunismo como doutrina, regimes comunistas históricos e as diversas formas de socialismo democrático. Para a Igreja, sempre foi uma clara e intransigente dicotomia: a gente de bem e piedosa de um lado, o direito, o resto, do outro lado, à esquerda. Politicamente, no nosso país, a Igreja foi sempre CDS-PP e não faltará agora quem ache piada aos discursos do Ventura. Ora, isto sempre me fez espécie porque, para lá das complicações teológicas inabordáveis da Santíssima Trindade, a Igreja Católica assenta toda na figura, vida e mensagem de Jesus de Nazaré. Que sempre me pareceu um grandessíssimo comuna, com muitos dos tiques clássicos: nasceu no seio de uma família do povo; embora pouco se saiba sobre a sua vida antes dos 30 anos, crê-se que era carpinteiro como o marido da mãe ou seja, um trabalhador; tinha um lado claramente anárquico e não se dava bem com o poder instituído que neste caso era o Romano; não era propriamente tolerante e ecuménico, tentava converter toda a gente à “religião certa” que parecia ser a do Pai dele; era avesso à autoridade e discutia com os rabis à porta das sinagogas; não tinha grande respeito pela propriedade privada, era mais de entrar onde lhe apetecesse; era claramente anti capitalista, não gostava dos ricos, a menos que estivessem dispostos a tornar-se pobres e até inventou qualquer coisa a esse respeito que envolvia camelos; não apreciava o livre comércio, centrado no lucro; era um bocado vagabundo, andava de lado para lado e ia recrutando adeptos por onde passava, com especial preferência por pescadores; se tivesse nascido português, seria claramente alentejano; tinha o hábito desagradável de entrar pela casa dentro das pessoas e exigir cama, comida e lava-pés, para ele e para os amigos, arruinando assim o negócio do Alojamento Local na Galileia. Jesus de Nazaré, revoltado, rebelde, agitador de massas, crítico, amigo dos pobres, idealista. Enfim, comunista. Pedro e os da organização dele perceberam tudo ao contrário. popeye9700@yahoo.com

 

BAGA O COVEIRO E O DR. HOUSE (BB 106)

Abril 28, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://www.cartoonstock.com/newscartoons/directory/p/president_bolsonaro.asp

 

BAGAS DE BELADONA (106)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA O COVEIRO E O DR. HOUSE - A passada semana registou importantes comunicações ao mundo no contexto da crise pandémica; uma delas, no Brasil, no decurso da corriqueira demissão semanal de ministros e a propósito de número de mortos nas 24 horas anteriores, foi a informação, prestada pelo próprio, de que Jair Bolsonaro não é coveiro. Afirmação surpreendente já que, nitidamente, anda a cavar a sua própria sepultura. Todavia, poderia ser importante para ele aprender os rudimentos de uma profissão que está em alta no mercado brasileiro do trabalho, com uma elevada procura. Afinal, a economia não pode parar (Pô!). Digo isto por estar convicto de que em pouco tempo Bolsonaro irá para o desemprego. No exército, não atingiu mais que a modesta patente de capitão. Não sabendo fazer mais nada para além da intriga política, não seria de abraçar uma honesta profissão com futuro, segura e estável e chegar rapidamente a coveiro de primeira? Além de que, na prática, Bolsonaro já é o coveiro de centenas de brasileiros. Só falta mesmo formalizar a função.

A outra comunicação relevante foi a do senhor Trump, eminente cientista, guru da comunidade científica, especialista em praticamente quase tudo e com um QI tão alto que é impossível de avistar cá de baixo, que teve a generosidade de partilhar com o mundo atónito e embevecido alguns conselhos sobre técnicas de extermínio do vírus. Ficámos assim a saber que é possível matar o vírus pelo calor, submetendo-o a elevadas doses de radiação ultravioleta. Na verdade, também graças ao senhor Trump, já conhecíamos as incríveis possibilidades deste tipo de radiação que, entre muitos outros benefícios, proporciona uma lindíssima cor de cenoura às pessoas. E, bem na senda de Einstein, provando que as ideias geniais são as mais simples, Trump percebeu que se o vírus é morto nas mãos por desinfetante, é só uma questão de borrifar os pulmões. O resto são detalhes. Genial. E disse-o, segundo ele próprio, com o tipo de sarcasmo mais inteligente, aquele de que ninguém se apercebe. Admirável. A intervenção de Trump já tinha sido preciosa há algumas semanas quando publicou no Twitter uns comentários sobre a importância da hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus. Reforçando a convicção já generalizada de que os apoiantes de Trump são pessoas atentas e inteligentes, um casal do Arizona, esse grande estado onde correm rios de inteligência por canhões pedregosos, embora não estivesse doente, resolveu tomar o remédio de Trump a título preventivo, porque lhe parecia ter algo semelhante em casa e porque o senhor presidente foi muito convincente, segundo afirmaram. Ao que parece, o casal era demasiado parecido com Trump, avesso a leituras, por isso não leram as instruções de uso e tomaram fosfato de cloroquina, um produto geralmente usado na limpeza de aquários. Ou então pensaram, bem na linha intelectual do seu presidente, se não faz mal aos peixinhos pagãos, porque é que há de fazer mal a nós, que somos cristãos e tudo? A verdade é que o homem se livrou de boa, escapou de uma morte lenta e cruel, ligado a ventiladores e morreu comodamente dali a pouco, sem ter sentido muito mais que calor e umas tonturas, conforme descrito pela mulher. Já esta não teve tanta sorte e continua viva e à mercê do vírus. Mas não vale a pena entrar em desespero, basta continuar atenta aos conselhos e sugestões do seu líder. E pensar que eu, há uns anos, admirava o Dr. House. Afinal não passava de um curioso. Quem percebe disto mesmo a sério é o Dr. Trump. E quem disser o contrário, só pode ser comunista. God save the USA. popeye9700@yahoo.com

 

 

BAGA CONFINADA (BB105)

Abril 21, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://www.hospitaldaluz.pt/funchal/en/the-hospital/media/news/15067/covid-19-new-orientations-recommendations

 

BAGAS DE BELADONA (105)

HELIODORO TARCÍSIO

BAGA CONFINADA - Gostava de escrever sobre outra coisa que não fosse o estupor do vírus. Mas está difícil. Pois se o bicho virou as nossas vidas de avesso…

Bom, por estes dias, a Internet e os media pululam de especialistas em medicina, em epidemias e em gestão de crises. Vou, por isso, abster-me de grandes tiradas. Farei apenas alguns comentários avulsos. Ao jeito dos oitavos de marmelada embrulhados em papel vegetal que a minha mãe me mandava comprar, ali na mercearia da esquina e do Sr. António, na rua dos Canos Verdes. Isto não tem nada a ver, mas pareceu-me que ficava bem, está bastante na moda rebuscar no baú das nossas memórias. E eu começo a ter uma bela coleção.

Uma coisa que se tornou chocantemente óbvia nesta pandemia, foi a nossa vulnerabilidade. Quer dizer, neste nosso modelo civilizacional antropocêntrico, em que o desenvolvimento económico contínuo e o primado da tecnologia pareciam ser a resposta para todas as necessidades, anseios e limitações do ser humano, eis que um simples vírus, que nem sequer é dos piores ou mais mortíferos, paralisa a economia mundial, confina em casa mais de metade da população do globo e mata quantidades inacreditáveis de cidadãos séniores, deixando uma série de interrogações pungentes quanto ao futuro. Conclusão, temos de deixar de nos armarmos aos cucos. Valemos pouco na ordem geral do universo. Temos aspirações a criaturas superiores, mas um bando de criaturas microscópicas hostis que nem sequer conseguem fazer sexo entre elas, põe-nos em sentido.

Outra coisa que me tem parecido evidente é a fragilidade do aparente controle social. Quer dizer, tenho-nos sentido próximos da barbárie. Não tenhamos ilusões. Parece-nos que vivemos num ambiente muito organizado, mas se as coisas se descontrolarem, um exército imenso de baratas e ratazanas que aparentam pertencer à espécie humana, sairá dos esgotos onde se acoitam para semear o caos. Senti um leve vislumbre disso quando soube que camiões portugueses carregados de equipamentos sanitários para a luta contra o Covid-19, estavam a ser atacados por grupos criminosos nas autoestradas, com o intuito de roubar o material para revenda no mercado negro. E não foi no México ou na África do Sul. Foi no coração da Europa comunitária, em estradas belgas e francesas. Olha-se para a situação e consegue-se perceber que não é preciso muito para as autoridades perderem o controle: um vírus mais pernicioso, mais mortal e mais generalista, mais mortes entre os líderes e as forças de segurança, mais problemas financeiros, miséria, carências essenciais, fome, falta de medicamentos básicos, por exemplo, bastariam para trazer às ruas gente normal desvairada e encorajar as bestas que vivem entre nós.

Todas as catástrofes, quer queiramos, quer não, têm aspetos positivos. Isso, por si só, tem conteúdo para encher uma futura crónica. Por hoje, vou apenas sublinhar o evidente, que a presente crise traz protagonismo aos líderes. Pelos bons e maus motivos. Pelo lado dos maus, Trump e Bolsonaro são os mais sérios candidatos aos Óscares. Ambos são péssimos líderes, manifestamente impreparados e sem qualquer perfil para liderança de topo. Criaturas patéticas, caricaturais, quase cómicas, não fosse a perigosidade da sua gritante incompetência, guindadas ao poder por interesses privados, manobras políticas, corrupção material e pela ignorância das massas. Como já era previsível, ambos têm estado em foco. Com perfis algo diferentes, partilham, no entanto, uma profunda e perigosa ignorância. Que Trump tenta disfarçar com a habitual arrogância truculenta e o estafadíssimo número do bode expiatório. Já com Bolsonaro, a sua imbecilidade pacóvia está para além de qualquer disfarce (e de qualquer redenção). Basta atentar nas suas recentes afirmações: “Para quê fechar escolas se o perigo de morte é para pessoas acima dos 60 anos?!”. Então, uma consequência muito positiva da crise pode ser a provável perda de popularidade e fim de carreira política, para ambos. Pode ser por impeachment, perda de eleições ou morte em atentado. É-me rigorosamente indiferente. Da forma que for mais rápida e prática. Se bem que ao impeachment, que pode ser demorado, confuso e incerto, confesso que prefiro o clássico pichamento, com alcatrão e penas, tão popular precisamente no velho Oeste. popeye9700@yahoo.com

 

 

BAGA DEIXA DEUS NO COMANDO, PÔ! BB 104

Abril 14, 2020

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://www.cartoonmovement.com/cartoon/53628

BAGAS DE BELADONA (104)

HELIODORO TARCÍSIO

 BAGA DEIXA DEUS NO COMANDO, PÔ! – Na sua missão de cobertura da cena mundial, o Diário Insular enviou ao Brasil o seu repórter da Secção Internacional, para uma entrevista em exclusivo com uma das personalidades em destaque na atualidade, o presidente Jair Bolsonaro. Foi difícil escolher entre este e Donald Trump. O fator decisivo foi o uso da máscara. Segurança acima de tudo. Trump aconselha para os outros, mas não usa. Bolsonaro não aconselha para ninguém mas usa nos diretos por imposição tirânica dos media, embora revele grandes dificuldades na sua correta colocação. Queremos ainda agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa que disponibilizou de imediato o Falcon da Força Aérea quando soube que queríamos “visitar o nosso irmão do outro lado do Atlântico” (sic) e estávamos com problemas logísticos. E mandou muito afeto.

Depois de um longo voo de mais de 10 horas, chegámos a Brasília, onde fomos recebidos pelo presidente no Palácio do Planalto. Apesar da nossa longa experiência profissional, estávamos cheios de expetativa, para entrevistar aquele que Michelle Bolsonaro, ex-secretária parlamentar, classifica como “um ser humano maravilhoso”.

DI: Boa tarde Senhor Presidente

JB: Boa tarde mêrmão! Que senhor que nada, Pô, você é um irmão pra mim e me fala, como vai Marcelinho lá por Lisboa, esse cara é demais, me dá aí esse abraço que ele com certeza enviou pra mim, Pô!

DI (com uma nota de pânico na voz): Não, não, desta vez ele mandou só um “Olá”, embora muito afetuoso; então, Presidente, como devo tratá-lo?

JB: Ok, Ok, tem certeza que essa sua máscara está bem colocada? Tá estranho isso aí. Excelência, Pô, basta perfeitamente, o resto você mesmo decide.

DI: Com certeza, Excelência Pô.

JB: Excelência Pô? Tá gozando com minha cara, Pô? Quer conhecer uns milicianos amigos de Eduardinho e Flavinho?

DI (com outra nota de pânico na voz): Peço humildemente perdão Excelsa Excelência, fico nervoso na sua presença, perante o seu carisma.

JB: Ah, tá bom então, gozado, Michelle me falou o mesmo, primeira vez que me viu lá na Câmara dos Deputados, Pô. Ok, vamos lá então desenvolver essa sua entrevista. Quer perguntar sobre o quê afinal, Pô? Com certeza quer saber o que tou fazendo por esse país maravilhoso, abençoado por Deus e bonito por natureza?

DI (com uma nota de insegurança na voz): Na verdade, Magnífica Excelência, eu ia centrar a nossa conversa na pandemia que está assolando o mundo e nas sábias medidas que, com toda a certeza, o Brasil está a tomar a esse respeito…

JB: Pô, coronavírus de novo? Essa droga virou obsessão! Com a ajuda de Deus tou fazendo tanto por este país, na moralização da nação, na extinção do PêTê, na promoção da ordem, na liberalização da economia, na guerra contra o socialismo, no progresso da Amazónia e essa mídia desgraçada só fica me falando dessa gripezinha mixuruca, Pô?! Se acha que vírus doi, experimenta tomar uma facada na barriga, Pô!

DI (com uma nota de tensão na voz): Perdão, Infalível Excelência, nesse caso, apenas um breve comentário sobre esse tema tão atual.

JB: Tá certo. Olha, Manuel, brasileiro tem coiro duro, está habituado com dengue e outros vírus a sério; não vai deixar de trabalhar só porque acordou tossicando, isso é do cigarro, que é bem mais perigoso; só viado mole é que fica em casa de dia dormindo porque vive dando a bunda de noite; o cidadão tem é que sair pra trabalhar, a economia não pode parar, Pô; todo o mundo vai morrer um dia, Pô. E velho é quem morre mais, certo? Não tem nada de novo nessa história.  Vou mandar fechar o A-Ver-O-Peso em Belém ou o shopping Aricanduva em Sampa? Trancar o Maracanã e acabar com o futebol? Fechar a praia? E praia tem porta? Esse mídia socialista e ímpia quer matar o povo brasileiro de fome ou de tédio, Pô? Ouçam quem sabe, meu amigo Donaldo já está na pista certa com aquele remédinho dele, da hidro não sei das quantas. Eu tenho um lado ecológico que é injustamente esquecido, deixa a natureza seguir seu curso, deixa Deus no comando, Pô!

DI (com uma nota de frustração na voz): Está certo, Magnificente Excelência. Quer aproveitar para dar conta ao mundo de algum projeto relevante do seu governo?

JB: Mas é claro, Manuel. Tamos aí promovendo o Brasil com a ajuda de nossos amigos americanos e israelitas, de nossos camaradas a nível interno, militares, policiais, milicianos, banqueiros, empresários, madeireiros, latifundiários e pastores de Deus, tem muita coisa acontecendo, mas sei que o mundo tá dando muita atenção a nossos projetos na promoção da Amazónia. Primeira coisa, Pô, é preciso o mundo perceber que a Amazónia é nossa, eu não fico dizendo a Portugal o que fazer com o Algarve ou a Marrocos, o que fazer com o Sahara. Certo, Pô? Então, aí tem muito interesse oculto da mídia esquerdista ao serviço do socialismo internacional, do lobby gay e do movimento anti-evangélico. Essa coisa de direitos do índio, cacique pintado, xamã, tem muito folclore nisso. Meu amigo Donaldo me explicou como eles lidaram com problema de índio lá nos States. É só fechar em reserva e dar cachaça bastante pra eles. Índio é tudo burro, mas, prós mais espertos, a gente vai ensinar nosso Hino pra eles, dar fuzil e uma farda. Verde, claro. Se tiver algum surdo, mudo, minha Michelle cuida.  Depois, a Amazónia fechada não aproveita pra ninguém, Pô, é só mato e bicho. Tem que construir estrada, aeroporto e levar turista gringo pra lá. Plantar soja e açaí, criar muito boi, pra alimentar todo o mundo. E fazer shopping, restaurante e casino porque ninguém aguenta ficar olhando onça e papagaio uma semana inteira. E a Amazónia tem muito recurso natural. Pra que Deus teria colocado lá tudo isso se não fosse pra gente usar? Por exemplo, tou por dentro desse negócio de energia limpa, sei que petróleo não é mais o combustível do futuro, mas quem sabe a gente não acha por lá uma jazida de hidrogênio? Eu e Donaldo vamos mudar o mundo, a diferença é que ele precisa comprar a Gronelândia e a Amazónia já é brasileira, Pô. Sacou, Manuel? Fica ligado, mêrmão.

DI (com uma nota de impotência na voz): Está certo, Proeminente Excelência, peço desculpa, mas parece-me que está na hora de regressar. Muito obrigado por esta elucidante entrevista.

JB: Vai em paz, Deus lhe acompanhe. Aquele abraço pra Marcelinho. Se tiver problema com seu avião me fala, eu ligo pro Malafaia e ele empresta o jatinho dele, vive me oferecendo, gente boa aquele cara e com muita visão empresarial, é gente assim que meu Brasil precisa. Pô! popeye9700@yahoo.com

 

 

BAGA LAMENTO, AC ACABOU, AGORA É AC-19 E DC-19 (BB 103)

Abril 02, 2020

Tarcísio Pacheco

 

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imagem em: https://nacoesunidas.org/tema/coronavirus/

BAGAS DE BELADONA (103)

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA LAMENTO, AC ACABOU, AGORA É AC-19 E DC-19 - Como a maior parte de nós, estou mais ou menos fechado em casa. Não vou à tabacaria nem leio o jornal nos lugares onde o costumava ler. Nunca fui assinante e nunca tive acesso à edição eletrónica. Nunca sei se sou publicado no dia do amigo António Bulcão (já fizemos as pazes, há bastante tempo) ou no dia do Osvaldo Cabral. Ou no dia de outra pessoa qualquer. Ou quando há espaço disponível. Escrevo às cegas. Entretanto, as minhas sagradas rotinas desvaneceram-se. A instituição pública onde trabalho encerrou. Não sendo um trabalhador de uma área considerada essencial para a sobrevivência, faço alguma coisa em termos de trabalho, o que é possível fazer à distância. Cuido da minha família. Continuo a cumprir os meus deveres familiares de companheiro, filho e pai de quatro, um deles uma menina com apenas 9 anos. Providencio aquilo que nunca pode faltar, amor, suporte material, conforto e segurança. Mantenho-me informado, sem exagero e vou criando perspetiva e opinião sobre o que se está a passar no nosso país e no mundo.

Tenho assistido a um certo frenesim social, no sentido das pessoas que não estão a trabalhar se manterem ocupadas. Ele é jogos, adivinhas, músicas, piadas, sugestões de ocupações diversas, de leituras e brincadeiras, tudo no universo digital, bem entendido. E uma ou outra pessoa a tentar impor uma ideia que teve e que achou genial. Nota-se bem o que já antes era claro: as pessoas que vivem para trabalhar entram em stress e ficam à toa se as suas ocupações profissionais e o seu ambiente de trabalho lhes faltam. Não é o meu caso. Tenho respeito e interesse pelo trabalho que me dá o pão de cada dia e cumpro o meu dever. Mas sempre considerei que a melhor parte da minha vida é a que começa, por norma, às 17h30 e prossegue nos fins de semana. O tempo em que faço aquilo que realmente tenho vontade de fazer e em que estou com as pessoas que amo. Curiosamente, embora me preocupe, esteja bem atento ao que se passa e emocionalmente solidário com quem está a sofrer por esse mundo fora, não me sinto aborrecido nem entro em stress. Faço muito do que sempre fiz:  teletrabalho de segunda a sexta; interagir com a família que partilha a quarentena comigo; a atividade física possível, pequenas caminhadas  e as minhas próprias aulas de Zumba; um pouco de bilhar; leitura diária; escrever; cozinhar e outras tarefas domésticas; fazer puzzles; reparações e pinturas domésticas; alguma Netflix; tocar violão; formação em regime de e-learning que, por coincidência, já estava prevista antes. Tenho até, confesso, falta de tempo. Em resumo, para quem já tinha antes uma vida fora do trabalho, talvez a vida não fique assim tão pesada. Quanto aos workaholics, realmente, a vida pode ficar chata e difícil. Acho que esta crise será uma oportunidade para todos aprendermos alguma coisa.

Bom, todos não.  Há quem não tenha nascido para aprender. Líderes medíocres como Trump e Bolsonaro mostram mais do que nunca o pouco que são, como é normal em tempos de crise. Os bons mostram-se, os estúpidos também. Estes irão ser responsabilizados pelas hecatombes que podem ocorrer nos seus países e, a esse respeito, infelizmente, como qualquer asno pode ver, ainda a procissão vai no adro.

Outra coisa que tenho observado: dantes, o nosso país estava ainda atrasadíssimo no que respeita a modernices laborais. Teletrabalho ou a sua precursora, a flexibilidade de horário, não despertavam qualquer interesse na maioria dos nossos líderes, muito menos na Função Pública. Abundavam as chefias do tipo “galinha”, que adoram ter os seus funcionários sempre debaixo da asa ou à vista, dentro do galinheiro, o que diz bem da incapacidade para conceber e gerir diferentes mecanismos de prestação de trabalho e implementar uma avaliação correta, justa e eficaz. A flexibilidade de horário era e é patética e anedótica, com o sistema a permitir apenas às pessoas chegarem ou partirem 15 ou 30 minutos mais cedo ou mais tarde, aqui e ali.

Agora, forçados pela situação, vemos por todo o lado gente a mostrar-se como crentes devotos do teletrabalho. Agora já vale.  Por isso, falando em crenças, acredito piamente que a vida vai mudar bastante, quer se queira quer não. De formas que muitos de nós nem imaginam. Para os que sobreviverem.  Pelo meu lado, vou continuar atento e a cumprir a minha quarentena o melhor que posso. E a escrevinhar uma vez por semana, em princípio. A crise pode prejudicar-me bastante, como cronista. O meu público não é jovem. E eu também não. popeye9700@yahoo.com

 

 

BAGA MORTÁGUA

Maio 14, 2019

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://br.depositphotos.com/116014162/stock-illustration-cartoon-blackboard-speaking-megaphone-isolated.html

BAGAS DE BELADONA (74)

HELIODORO TARCÍSIO   

 

BAGA MORTÁGUA – As manas Mortágua e, por arrasto, todo o grupo conhecido como “as meninas do BE” vieram, nos últimos anos, agitar a cena política portuguesa, provocando ódios e paixões. Para que fique claro, sou membro do grupo das paixões. Até porque elas são todas giras e estou farto de políticos feios e vestidos da mesma maneira. Elas representam uma lufada de ar fresco, são o berço e o motor das novas ideias e atitudes que vão fazendo evoluir a mentalidade portuguesa, embora devagarinho porque a populaça não se dá com grandes e bruscas inovações. As manas Mortágua são odiadas sobretudo pelos setores mais conservadores e convencionais da sociedade, pela Igreja Católica, claro, a campeã da misoginia e pelos inúmeros homens que receiam a inteligência feminina e a ascensão social da mulher.

Recentemente, um articulista do DI escandalizou-se com a brejeirice de uma das manas Mortágua que, em recente evento comemorativo da liberdade, através do megafone, expressou o desejo de que Santo António levasse Bolsonaro para junto de Salazar. E ainda se mostrou receoso de que o caso provocasse um incidente diplomático entre Portugal e Brasil. Não deixa de ter a sua razão. Se Portugal e o Brasil entrassem em guerra, era bem capaz de ser uma coisa mais tipo batalha naval e se eles nos afundassem um submarino, era logo metade da nossa frota subaquática que ia à vida. E os danos colaterais poderiam ser significativos. Era provável que tivéssemos de deixar de apresentar escolas de samba nos nossos corsos carnavalescos devido à forte possibilidade de infiltração de espiões inimigos. Muitas casas de alterne, um próspero negócio intercultural, teriam de fechar, por míngua de “funcionárias”. E os restaurantes deixariam de servir picanha com feijão preto e arroz. Pessoalmente, eu também seria afetado:  cachaça de cana só no mercado negro e a caipirinha passaria para 50 euros o copo. Pior que isto, só se a minha filha, nascida na Bahia, se passasse para o lado inimigo e espiasse lá por casa.  Só coisas horríveis. E tudo porque a Mortágua se lembrou de agarrar num megafone. Podia perfeitamente ter agarrado noutra coisa qualquer.

Mas talvez não haja razões para tanto alarme, digo eu. Para começar, duvido que o simpático e casamenteiro Santo António se dê com tão más companhias e ainda menos que faça biscates para Caronte. Por outro lado, embora ambos se inscrevam no mesmo universo ideológico, não sei se Salazar iria gostar. Era um fascista conservador, cinzento e contido, mas nada tinha de ignorante. Não me parece que apreciasse a figura tansa e histriónica de Bolsonaro, aos pulos num palco, a metralhar os adversários com um microfone. E, como católico ortodoxo, iria olhar de soslaio para a bem ativa assessoria evangélica do presidente brasileiro.

Quanto ao hipotético incidente diplomático, estranho sobremaneira que o nosso articulista, tão cheio de pruridos, tenha ficado tão escandalizado com a brincadeira da Mortágua e não se tenha sentido, no mínimo, incomodado, com a intolerável intromissão de ministro Sérgio Moro na política e justiça portuguesas, ao tecer comentários públicos no nosso país sobre José Sócrates e a sua atual condição, apelidando-o perante os media, de “criminoso”. Este verdadeiro incidente diplomático, que nem sequer foi sancionado por qualquer santo de renome, deveria ter sido caso para protesto formal e censura imediata. Mas os mesmos brandos costumes que nos permitem a brejeirice de mandar um fascista vivo ir fazer companhia a um fascista morto, fazem com que comportamentos tão aberrantes não provoquem mais do que sorrisos amarelos e conversas de café. Somos assim, fofinhos…acrescente-se a tudo isto que, como Miguel Sousa Tavares comentou num recente telejornal, Sérgio Moro é uma figura perfeitamente controversa, para dizer o mínimo. Um juiz de Direito que representou praticamente todos os papéis disponíveis no célere processo que condenou Lula, ainda o potencial vencedor das últimas presidenciais brasileiras e o grande adversário de Bolsonaro, num arremedo de processo judicial que faz rir qualquer país civilizado, em que a acusação não foi capaz de apresentar qualquer prova material e se baseou totalmente na delação premiada e anónima. Logo em seguida, Moro, o carrasco de Lula, do grande obstáculo entre Bolsonaro e o cadeirão presidencial, após as eleições, é promovido a ministro. Recentemente, disse de Bolsonaro que este é um grande democrata e que a democracia não está em perigo no Brasil. Ri-me muito com isto. E veio a Portugal meter o nariz num processo judicial em curso, traindo o princípio basilar da presunção de inocência, o que é especialmente grave num magistrado. Porque é que Sérgio Moro é um cara legal e a Mortágua é uma atrevida de megafone em punho, é um mistério que ultrapassa o meu fraco entendimento.  POPEYE9700@YAHOO.COM

BAGA DECOTES E BAGA AMIZADE

Fevereiro 12, 2019

Tarcísio Pacheco

ana paula silva.jpg

imagem em: https://www.metrojornal.com.br/foco/2019/02/05/deputada-criticada-decote-posse.html

 

BAGAS DE BELADONA (69)

 

HELIODORO TARCÍSIO   

 

BAGA DECOTES – Na Baga n.º 69 dou comigo a falar do escandaloso decote da deputada brasileira pelo estado de Santa Catarina, Ana Paula Silva, que tem incendiado a opinião pública brasileira e as redes sociais. Coincidências do arco da velha, é como calhar a um político discursar no dia 1 de abril. Por falar em petas, só olhei para as chocantes fotos pelo período de tempo estritamente necessário para poder escrever depois com conhecimento de causa. Quanto tempo? Esse é um dado confidencial. Ana Paula, uma respeitadíssima deputada do Partido Democrático Trabalhista, para a cerimónia de tomada de posse do seu mandato, foi ao guarda-roupa e escolheu um macacão cor vermelho pecado e, estou certo, com a pressa, nem reparou que o mesmo havia encolhido muito na última lavagem; por cima, envergou um casaco leve, da mesma cor, no que esteve muito bem porque com  Bolsonaro acabou-se a descaração... Qualquer assessor evangélico pode atestar que Deus nunca disse “Despi-vos e folgai muito”…O tom geral dos Evangelhos é mais “Penai bastante mas sempre bem agasalhados”…E uns belos ombros desnudos podem ser uma coisa muito erótica…   Bom, Ana Paula, portadora de divinos atributos frontais (estranha-se que Deus queira esconder a obra Dele mas os Seus desígnios são insondáveis, Ele nunca disse que era um deus fácil...) foi publica e violentamente insultada, de uma forma que a porno deputada Ciocciolina nunca experimentou. Uma coisa mais ao nível do Afeganistão. É certo que a senhora deputada pode ter carecido de algum bom senso e discrição. Eu não vou trabalhar com t-shirt de braceletes, a realçar os meus esplêndidos abdominais e com as minhas belíssimas tatuagens à mostra. Trabalho num lugar onde entra muita turista nórdica faminta por aventuras latinas. No fundo, depois deste subtil período publicitário, o que quero realçar é o seguinte: o Brasil já tinha um gravíssimo problema de educação, origem dos seus maiores males mas agora, sob a presidência retrógada, pseudo moralista, fanática, populista, punitiva e pró-evangélica do patético Bolsonaro, vamos assistir a muito mais cenas destas.  Acabou o samba e a alegria, agora é só tiros e briga, depois do culto, claro. Pobre Brasil.

BAGA AMIZADE – Os nomes foram alterados mas a história é real. Há muitos anos que deixei de sair no Dia de Amigos, por não apreciar esta tradição sexista e menos ainda imbecilidades paralelas como alterne e strip.  Os meus amigos sabem disso e respeitam. Não há muito mais a dizer sobre o assunto. Contudo, neste dia, lembro-me frequentemente de um episódio do passado. Eu já não saía nessa época mas um amigo de infância, o Jaime, veio tirar-me o juízo, que era quase só família (os irmãos, o pai dele, o meu próprio irmão,  etc), que o espaço estaria praticamente por nossa conta e que não se ia passar nada, só copos e cavaqueira. Vindo de quem veio o convite, fiquei desconfiado mas lá fui, eram personagens relevantes no filme das minhas memórias. Fomos para um restaurante bem conhecido de Angra comer espetadas de porco preto, com cerveja e muita vinhaça. Estávamos por lá na santa paz, a beber e a dizer tolices e eu a pensar “afinal é só isto, coitado do Jaime e eu a suspeitar dele…” quando dão as 12 badaladas da meia-noite e batem à porta. Fomos ver e entraram duas cidadãs sul-americanas, cor de morena tropicana, alegres e sorridentes e em lingerie branquinha, por debaixo dos casacos de inverno.  Jaime, que foste tu fazer?? No fundo, não é tão diferente assim do que vemos na praia  mas o contexto,  as rendas e as transparências fazem a diferença. Bom, sem entrar em detalhes licenciosos, durante o resto do tempo, passou-se o que é costume passar-se nesses momentos. Elas até sambavam mas não tinham vindo para isso. Tive de alinhar naquele jogo de lubricidade masculina, excitada pelo álcool e pela visão de pele nua apalpável sem a celulite a que já estavam habituados lá por casa. Sucede que o Sr. Luís, pai do Jaime, respeitável cavalheiro nos seus 60 e picos, morava ali perto e a esposa, a D. Conceição, aguardava-o em casa enquanto via o Big Brother.  De 20 em 20 minutos ligava-lhe “Cmé Luís, ainda demoras muito? Ainda não acabou?”. Ora, numa destas vezes em que a D. Conceição moía a paciência ao marido, uma das morenaças passa junto dele e diz algo como “Com quem você está falando meu lindo, que não larga esse celular…” e, ato contínuo, arranca-lhe o telemóvel das mãos e enfia-o dentro da calcinha. Íamos todos rebentando a rir e é esta cena que levo para a eternidade, nós todos agarrados à barriga e de lágrimas nos olhos, incluindo o Sr. Luís e a D. Conceição entretida em comunicação íntima e direta com a gruta dos amores da morenaça…Calculo que produzisse muito eco… Enfim, é Carnaval e era a baga 69. Saiu assim. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

 

 

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