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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA PRAÇA VELHA (BB94)

Janeiro 21, 2020

Tarcísio Pacheco

barracas.jpg

imagem em: https://www.youtube.com/watch?v=1DxePXGZR7E

 

BAGAS DE BELADONA (94)

HELIODORO TARCÍSIO

 BAGA PRAÇA VELHA – Adoro janeiro. Gosto de frio, cinzento e humidade. Fico feliz quando me aparecem pontos pretos na roupa branca e desabrocham fungos nas virilhas. E é  tão lindo ver a Praça Velha de novo tão cheia de coisa nenhuma, devolvida aos seus utentes principais, os pombos angrenses e os velhinhos,  que se sentam nos bancos, de joelhos muito encostadinhos, ao estilo naião, a trocar memórias e a aguardar, em jubilosa esperança, a ver se escapam a mais uma gripe enquanto aguardam o regresso do Sol, esse sacaninha esperto, de férias no Brasil. Só não temos carros a passar em frente à Câmara, somos um atraso de vida mas não se pode ter tudo…A Praça Velha deixou de ser uma ilha, é certo mas, ânimo, ó progressistas liberais, ainda é uma península, rodeada de carros por todos os lados menos por um. O monóxido de carbono está garantido, os Chineses não hão de ficar com o desenvolvimento económico todo só para eles. Temos de ser inteligentes, como Trump e o nosso querido John d’América, que enfia as meias brancas nos chinelinhos para ir votar nele.

Passado o Natal, nascido o Menino Jesus, feitas as pazes entre Maria e o bom do José, que já se conformou com os enfeites na cabeça, faltando agora apenas resolver o problema de achar creche para o Neófito em Belém,  estando quase resolvido o famoso caso das claves de sol invertidas na fachada da Câmara (formalmente em segredo de justiça e todos os dias no noticiário da CMTV)  já recomeçaram a aparecer as resmas de turistas que vem cá só de propósito para fotografar, desenhar, pintar e até mesmo só contemplar, as famosas pedras de calçada na Praça Velha, ex-líbris da nossa cidade. Que antes estavam ocultas pelas inqualificáveis barraquinhas de madeira do Álamo, para sempre registado na História como o presidente barraqueiro. Os grandes homens deixam sempre a sua marca indelével, nem que seja nas cuecas. Um legou-nos as Sérginhas, o outro, as barraquinhas. As tais barracas cor de madeira feia, que tapavam a parte melhor da calçada, que desassossegavam a praça a horas pouco decentes, que tiravam as pessoas do recato dos seus lares e do legítimo usufruto dos seus Aipodes e que, em desleal concorrência, lançaram na miséria honestos comerciantes locais dedicados à produção de licores caseiros, queijadinhas variadas e filhoses da Ribeirinha. Foi uma dor de alma, uns emigraram, outros suicidaram-se e outros ainda puseram as mulheres e as filhas a fazer pela vida no Classic Bar, da rua de S. João.

Pela recuperação da centenária pasmaceira na nossa querida Praça Velha, muito temos a agradecer aos vereadores da oposição, essas almas sábias, benfazejas e desinteressadas que nem dormem a pensar na nossa felicidade. Contudo, acautelai-vos! Ganhámos a batalha do Natal essencialmente porque o Natal acabou. Mas a guerra continua. O presidente barraqueiro não vai desistir. É mais forte do que ele. Armar barraca está-lhe codificado no ADN. Um dia destes, quando uns técnicos lá de fora, muito ocupados, tiverem tempo para apanhar a Ryanair e vir a Angra trabalhar, mesmo que tenham de passar primeiro pelas Furnas e Sete Cidades, o famoso palco móvel vai honrar o seu nome e acabar, finalmente, por se mexer, pelo menos para cima e para baixo. Não faltarão pretextos para festança, as quintas de Amigos e Amigas, o Carnaval Sénior, a Feira dos Coscorões ou o Dia das Gajas. A Festa da Morcela ou o Dia do Caldo Verde. Até a Quaresma, esse tempo triste, de dor e luto, pode gerar barraquinhas, a vender terços, estampas piedosas, velas com fitas roxas, hóstias gourmet e copos de vinho benzido. Se as pessoas decentes desta cidade não se precatam, em breve teremos de novo a Praça Velha cheia de gente barulhenta, crianças irritantes nos insufláveis, barraquinhas com artesanato, petiscos e bebidas espirituosas, turistas ligeiramente ébrios, música para todos os gostos e até aulas de Zumba. Um horror. popeye9700@yahoo.com

 

 

 

 

BAGA ANGRA SOUND BAY (84)

Outubro 29, 2019

Tarcísio Pacheco

angra sound bay.png

imagem em: https://angradoheroismo.pt/event/concurso-angra-sound-bay-2019-1a-audicao/

 

BAGAS DE BELADONA (84)

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA ANGRA SOUND BAY – Por razões pessoais, mas também por ser um amante de música em geral, este ano, pela primeira vez, participei mais de perto, como espectador, no Angra Sound Bay, o concurso sucessor do velhinho Angra Rock. Por isso, estava no Havana, no Porto das Pipas, no passado dia 25 de outubro. No momento em que escrevo, ainda se ignora o desfecho do concurso. Não irei, por isso e de momento, tecer quaisquer considerações sobre os projetos concorrentes.

O Angra Sound Bay 2019, na sequência do ano anterior, anunciou inovações importantes, nomeadamente a realização de uma 1.ª audição no Continente (FNAC/Alfragide) em que se apresentaram três projetos, um deles com uma vocalista terceirense. No dia 25 realizou-se a 2.ª audição, com os restantes sete projetos.

Fui acompanhando o Angra Rock ao longo dos anos e cheguei a escrever sobre o concurso, numa fase de nítido declínio, quando se realizava no palco do Bailhão e estava às moscas. Na época, impressionava-me bastante que uma ilha que se orgulha de gostar de folia, que delira com qualquer pimba que venha por aí abaixo e que se amontoa para ver o Ivo Silva e “bailarinas”, encarasse com tanto desinteresse e desprezo, música original dos seus conterrâneos. Percebi que folia, música e boa música são coisas bem diferentes e por vezes até antagónicas. Também não ajudava muito que “música original” na Terceira significasse sobretudo rock, especificamente metal e gótico. Compreende-se que o próprio nome e ideia original fossem condicionantes.  Na verdade, as coisas não mudaram assim tanto porque mentalidades mudam devagar, é preciso esperar que as gerações sejam educadas, processo lento e complexo. Assisti às duas últimas finais, na Praça Velha e estava sempre bem fraquinho de público, talvez também por ser já depois do Verão e ao ar livre. Contudo, no Havana, no dia 25, tivemos uma noite de música ao vivo diferente e muito agradável, bem composta ao nível do público embora seja forçoso reconhecer que o espaço é pequeno e que só os músicos, acompanhantes, familiares e amigos, enchiam o recinto; mais tarde foi chegando a fauna habitual do Havana ao fim de semana e depois ainda, o rebanho de caloiros da UA, para os rituais da praxe.

Hoje vim ao terreiro sobretudo para congratular-me pela sobrevivência do concurso, para felicitar, nesse sentido, a AJITER (Associação Juvenil da Ilha Terceira) e a CMAH, entidades responsáveis pelo evento, pela capacidade e vontade de o manterem vivo e por procurarem melhoria e inovação num concurso que, sinceramente, há muito tempo precisava de estrutura e produção. Saúdo o Havana e a FNAC, pela disponibilidade e parceria. E para dizer publicamente que gostei muito daquela noite, independentemente da minha avaliação sobre cada projeto.

Nesta fase, tenho apenas uma crítica a fazer. Considerar o voto do público parece-me uma ideia justa e correta. Já não posso dizer o mesmo da forma como se recolhe este voto, que é distribuir papelinhos pelo público presente nas audições, com um código irrepetível e um link para uma página de votação. Percebe-se qual é a ideia. É, de alguma forma, fazer refletir a presença, o entusiamo e a preferência do público no desfecho final do concurso e levar mais gente às audições. Contudo, a estratégia dos papelinhos parece-me medíocre, falível, enganadora, prestando-se a manhas e manipulações. Desconheço a identidade e os critérios do júri, mas acredito que a seleção dos três projetos finalistas tenha por base critérios de qualidade, no que realmente é relevante: tema original, composição musical, letra (poema), execução, nível e desempenho de cada músico ou intérprete. Ouvi dizer que, recentemente, o Ivo Silva encheu a Praça Velha. Se ele tivesse concorrido ao Angra Sound Bay (afinal a “música” dele é…original), com a sua pseudo-música, talvez tivesse levado os seus admiradores e a freguesia do Raminho em peso à audição. Talvez tivesse recebido muitos papelinhos e muitos votos do público. Isso teria alguma coisa a ver com a qualidade musical do projeto? Quanto mais gente eu levar comigo a uma audição “melhor” é a minha música? Popularidade significa forçosamente qualidade? Se é para manter o voto do público (questão sempre discutível), devem reformular o processo. Pessoalmente, penso que é de manter o voto do público mas talvez não a 50%.

Em minha opinião, embora este concurso interesse mais aos Terceirenses, qualquer pessoa em Portugal deve poder votar independentemente de ir às audições ou não. A composição do júri deve ser claramente divulgada. E a organização deve publicar os vídeos na Internet, em página própria e delimitar um prazo para as pessoas poderem votar, de forma irrepetível, claro, usando os recursos tecnológicos disponíveis.

Quando esta crónica for publicada, a decisão do júri poderá ser já conhecida. Tenho as minhas preferências pessoais, obviamente, mas desejo boa sorte a todos e que ganhem aqueles que o mereçam, já que é um concurso. Já ficámos todos a ganhar, este ano, por termos tido dez projetos de música original a concorrer. Que venha mais música, sempre.  popeye9700@yahoo.com

 

 

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