IRINA, MEU AMOR
Fevereiro 12, 2015
Tarcísio Pacheco
imagem em: http://www.cartoonstock.com/directory/I/irina_shayk.asp
IRINA, MEU AMOR
TARCÍSIO PACHECO
Cristiano Ronaldo e Irina terminaram o relacionamento. Já há dias que eu andava desconfiado. Desde que comecei a receber no facebook mensagens privadas duma tal I. num português esquisito, dizendo-me coisas como “eu acha tu muito gira pá”. Bom, devo dizer que adotei uma atitude defensiva. Podia ser casada, podia ser feia e a minha ética não me permite aceitar piropos de mulheres casadas feias.
Bom, mais tarde tudo se tornou se revelou. Era mesmo a Irina e ela estava apenas a ser cautelosa porque o CR é muito ciumento. E tinha-lhe dito: “Irina, abre-me bem essas orejas, se um dia eu me fartar de ti (porque o contrário está fora de cogitação, mesmo não sabendo eu o que significa isso), não permito que namores nenhum português ou mesmo qualquer outro europeu; poderás escolher duma lista constituída por turcos, bolivianos, mongóis e nativos da Samoa”. Por isso, ela tinha muito medo, coitadinha, de revelar ao mundo a sua paixão por mim. Porque ela gosta de Portugueses. Não gosta é do CR, que é madeirense, tal como o Alberto João Jardim, que ela acha um sapo que nenhuma princesa no seu perfeito juízo beijaria, a menos que estivesse fechada por dez anos numa torre e mesmo assim seria de olhos fechados. Mas agora, tudo se resolveu. Negociei com o CR, ofereci-lhe o meu vistoso Daihatsu SIRION numa linda cor verde-alface para a coleção dele (ele já tinha um SIRION mas em cinza vulgar) e a bola de ouro que ganhei na década de 90 no Casa do Povo da Terra-Chã, como melhor marcador da época, ao serviço do FC Batatinhas. A bolas de ouro ele não resiste e esta, ele não se gabava de ter, não é para qualquer um. Mas enfim, pela minha Irinazinha, vale tudo.
Consequentemente, já podemos anunciar a nossa felicidade ao mundo. Já convoquei uma conferência de Imprensa mas na Terceira dei o exclusivo ao Açores Audiência. Recusei o pedido insistente do Diário Insular e mandei mesmo a minha secretária dizer ao Armando Mendes que estou em reunião todos os dias e não posso atender os telefonemas histéricos dele.
Sei que estão ansiosos por saber detalhes mas, para resguardar a nossa intimidade, não há muito que possa revelar. Ela dizia-me umas coisas em russo que eu não entendia, claro, mas que me soavam bem. Eu já tive uma namorada russa mas, para dizer a verdade, quando estávamos juntos, falávamos pouco. Consegui a tradução e era assim: “meu valente cossaco”, “meu tigre da Sibéria”, “meu magnata de gás natural” e outros mimos do género lá da terra dela. Rimos muito e agora, nos nossos curtos intervalos entre o amor, estou a ensinar-lhe a dizer estas coisas em Português. Ela enrola-se toda mas já vai conseguindo, é muito fofinha, com uma jeiteira para línguas que só experimentando…
Já tivemos também umas conversas sérias. Certas coisas terão de mudar, outras não. Ela pode continuar a fazer fotos meio descascada porque, enfim, pagam-lhe bem, moralismos não põem o pão na mesa a ninguém e ela também não aprendeu a fazer mais nada e tem de ganhar a vida. Mas essas cenas das Sheychelles acabaram-se. Já lhe disse que, para férias, prefiro a Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Pensei que ela ia barafustar mas ela só me disse “oh yes yes my sweet Tati – ela chama-me Tati na intimidade, é uma ternurinha – anything that you want my master, just name it…”. Gostei mas confesso que não estava à espera, um homem latino bonito tem um poder que às vezes a gente subestima. Uma amiga jorgense sugeriu-me que lhe desse amêijoas na boquinha. É uma ótima sugestão mas talvez eu opte por a ensinar a chupar lapas, coisa que a minha mãe diz que eu faço muito bem desde criança. Quando ela me mandava à mercearia dos Quatro Cantos e eu refilava, ela invariavelmente dizia “raspa-te imediatamente e para de chupar lapas…”.
Os homens querem sempre saber como realmente a conquistei. Claro que eu baixo os olhos e pestanejo candidamente, certos truques, a gente não revela. Mas posso adiantar que houve um momento decisivo: foi quando ela soube que o museu em que trabalho não é “o meu museu” e que não há qualquer estátua da minha pessoa aqui na cidade . Nesse dia, ela olhou-me com aqueles lindos e frios olhos eslavos e disse-me “ka fixe pá, tu és uma gajo normal”. Depois, vestimo-nos e fomos tomar chá. POPEYE9700@YAHOO.COM