BAGAS DE BELADONA (52)
Julho 10, 2018
Tarcísio Pacheco
imagem em: http://abyoga.org.br/vegetariano-por-que-ser-um/
BAGAS DE BELADONA (52)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA SANJOANINAS – Evito, desde há uns anos a esta parte, tecer críticas públicas às Sanjoaninas. Como sempre evitei trabalhar nas festas, tenho o maior respeito por quem o faz. Mas sou angrense, entusiasta das festas desde sempre e tenho participado bastante, por isso, acho-me no direito de deixar aqui duas singelas opiniões. Uma delas diz respeito à fórmula encontrada nos últimos anos para resolver o problema do excesso de inscrições no desfile de marchas de S. João. Para mim, as marchas visitantes são muito bem-vindas, sejam lá de onde forem. Adoro que venham prestigiar a nossa festa. E percebo que a solução de destinar duas noites para as marchas é inteligente e talvez seja a única que permite resolver o problema. O sorteio é também uma solução eficaz e democrática. Porém e fazendo eco de muitas opiniões avulsas que tenho ouvido por aí, defendo que todas as marchas da ilha Terceira devem desfilar na noite de S. João. Porque, muito embora recebamos os visitantes de braços abertos e eles contribuam para dar brilho às festas, é, antes de mais, a NOSSA FESTA. Não é a mesma coisa marchar na noite seguinte. Entendo que as marchas visitantes devem desfilar na noite seguinte, por sorteio, evidentemente. Gostaria de ler outras opiniões sobre este assunto. A outra opinião tem a ver com a última noite, a do domingo, que este ano foi a 1 de julho. Por favor, não coloquem concertos no Bailhão nessa noite. As pessoas não estão nessa onda. Querem deambular pela festa, beber um último copo, ver o desfile de filarmónicas, o fogo de artifício e ir para casa descansar da agitação. Como sou melómano e dispenso pirotecnia, fui ao Bailhão e foi absolutamente confrangedor ver meia dúzia de gatos pingados (literalmente) a assistir ao concerto da excelente banda da Rachel Lipsky, de Nashville, Tennessee, uma cidade com fortíssima tradição em festivais de música. Coitada da Rachel que, ainda por cima, é fofa.
BAGA ELES ODEIAM ARENAS MAS ADORAM MATADOUROS – O deputado do PAN na Assembleia da República acabou de apresentar um projeto de lei destinado a abolir definitivamente qualquer forma de tourada no nosso país. Já escrevi muito sobre touradas e tenho perspetivas diferentes sobre a tourada à portuguesa, à espanhola e a tourada à corda terceirense. Não admito que se coloquem todos os tipos de tourada no mesmo saco. Mas não é disso que aqui se trata hoje. Diz o PANMAN que as touradas implicam sempre sofrimento e morte dos touros. Não é bem assim mas passemos adiante também. Aquilo que não tolero é que a luta contra o sofrimento animal se centre exclusivamente nas touradas. A criação industrial de animais para abate e consumo humano implica quase sempre elevado sofrimento e um curto simulacro de vida, sem qualquer dignidade e pleno de tortura e crueldade. No entanto, a maior parte das pessoas não quer nem ouvir falar em tornar-se vegetariana, simplesmente por uma questão de gula, hábito, comodismo, egoísmo. Ah e é uma questão cultural também. Onde é que eu já ouvi isto antes? Terá sido a respeito de touradas? Uma feira de enchidos é cultura e ai de quem critique…Tourada também é cultura mas pode-se abolir à vontade…Exigir a abolição das touradas e continuar a consumir carne é uma atitude repugnantemente hipócrita. Além de que a maior parte das pessoas, hoje em dia, não ignora o sofrimento dos animais criados para abate mas prefere fazer de conta que não sabe de nada…Odeiam arenas mas adoram matadouros…Resumindo, que o espaço aqui é curto, pelo menos para alguns, estou perfeitamente disponível para aceitar a discussão de um pacote legislativo que vise acabar, exaustivamente, com TODA E QUALQUER forma de sofrimento animal. É para deixar de comer carne definitivamente? É já amanhã, pouco me custa, já quase não a consumo há largos anos e não me faz falta nenhuma. Agora, se é só para acabar com as touradas e depois ir festejar à Portugália com um belo bife de novilho à portuguesa, então, só tenho uma coisa a dizer, vão dar sangue, que faz muita falta. POPEYE9700@YAHOO.COM