BAGAS DE BELADONA (40)
Janeiro 04, 2018
Tarcísio Pacheco
imagem em: http://cblogazores.blogspot.pt/2012/05/pacos-do-concelho.html
BAGAS DE BELADONA (40)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA PRAÇA VELHA – Que confusão lavra nas cabeças do pessoal do PP que tem assento no nosso Conselho Municipal… Deve ser da minha vista, que já não é o que era, mas não consigo ver nada da caricatura que eles traçam do estado actual da nossa Praça Velha. O que eu vejo é o coração da cidade cheio de animação, luz, cor, alegria, crianças e onde os turistas vão parando, com evidente agrado. O que Álamo de Meneses e a sua equipa têm feito da praça do município é um dos legados mais importantes que deixam à cidade. O que o PP vê é apenas o bloqueamento de mais uma rotunda dedicada à circulação automóvel e que será o grande responsável pelos problemas de trânsito de Angra. Referendo municipal? Corrijam-me se estiver errado, por favor, mas não era, claramente, a supressão da circulação automóvel em torno da Praça Velha, uma das mais evidentes bandeiras eleitorais de Álamo de Meneses que, aliás, ele nunca ocultou? E não foi este folgadamente eleito em outubro passado para mais um mandato de quatro anos como edil do nosso burgo? Então, com licença, a proposta de referendo do PP é basicamente estúpida…Um dia pode ser roupa em cabides, noutro, cestos com pevides, convém é variar. O fecho da Praça Velha torna-a mais segura para as crianças, assume-a como espaço natural para o convívio e folguedos dos terceirenses e turistas, concede-lhe amplitude e propósito. O palco, bastante grande na verdade é, claramente, um palco de Inverno temporário, destinado a criar condições para os espectáculos da época invernal e, muito especialmente, do Natal e final de ano. Parece-me um palco de excelente qualidade e muito prático. É tempo de assumirmos que, quer pela instabilidade / imprevisibilidade de sempre do clima açoriano, que funciona nos dois sentidos (alternância de mau tempo / bom tempo), quer pela evolução galopante das alterações climáticas induzidas que ora vivenciamos, podemos e devemos ter animação de rua fora do Verão, fazendo apelo ao convívio social e tirando as pessoas das suas casas, protegendo-as do isolamento, do ensimesmamento, da estupidez manipuladora da televisão e da depressão.
É por demais evidente que Angra do Heroísmo e o planeta Terra têm graves problemas de circulação automóvel. Mas não me parece que a culpa seja de Álamo de Meneses e da Praça Velha. Os leitores não vão gostar do que vou dizer mas a culpa é de todos nós. Talvez não tanto minha, já que detesto automóveis. O paradigma da civilização actual é o egoísmo e comodismo do transporte individual, a qualquer custo. E isto é muito bem alimentado pelo sistema capitalista, pelo lobby do petróleo e pelo sacrossanto espírito de lucro empresarial. É tão fácil manipular as pessoas…O parque automóvel de uma pequena ilha, como a Terceira, não cessa de crescer. Nem a ilha e muito menos a cidade de Angra comportam todos os automóveis que as pessoas insistem em trazer para dentro da cidade. E podem fazer as circulares que quiserem, empilhadas até umas em cima das outras, mega parques subterrâneos, rotundas a dar com um pau. Todos os anos se mudam regras e sentidos de trânsito. Tudo isso ajuda mas nada resolve. O que resolveria não é para os que estão vivos agora. Esses, simplesmente, não evoluíram o suficiente ainda e o PP está mesmo na Idade da Pedra (lascada), em termos relativos. Quem estaria disposto a abdicar do seu rico popó fofo, de injecção electrónica, para se locomover num transporte colectivo, por giro que seja? Eu fá-lo-ia mas eu sou um idiota de esquerda. O que resolveria seria uma mudança de paradigma, de mentalidades, de rumo civilizacional. Se isto soa muito filosófico, em termos práticos seria veículos eléctricos para já, depois vedação total do centro urbano ao trânsito automóvel individual e transportes públicos de grande qualidade, gratuitos ou muito baratos (já pagamos elevadíssimos impostos). Não digam já que é impossível, impossível é ressuscitar um morto, o resto é sempre opção. Sei que jamais ganharia umas eleições mas na minha Angra, não haveria transporte individual, todo o centro urbano seria apenas para peões e teríamos uma espécie de metro de superfície desde S. Bento a S. Pedro. A Praça Velha seria a sua estação central. Chamem-me visionário ou simplesmente louco mas um longínquo futuro dar-me-á razão. Ou então, não haverá futuro algum. POPEYE9700@YAHOO.COM