BAGA NOBRE SACRIFÍCIO (BB159)
Outubro 30, 2024
Tarcísio Pacheco
imagem em: Pin page
BAGAS DE BELADONA (159)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA NOBRE SACRIFÍCIO – Ao seguir as notícias da passada semana sobre aquele corajoso agente da lei que, na Cova da Moura, com risco da própria vida e em defesa das famílias portuguesas de bem (de sangue puro lusitano e constituídas por pai, mãe e dois filhos, de preferência um casalinho) pregou três balázios certeiros num mouro altamente suspeito, dei por mim, pela primeira vez na vida, a apoiar o Ventura. Não, não me internem ainda em S. Rafael, eu já explico porquê.
Fiquei particularmente afetado pelas afirmações do próprio Ventura, de que está a ser perseguido e que querem prendê-lo, tentando assim, malevolamente, decapitar a liderança deste PRECIID (Processo Revolucionário em Curso Imparável e de Inspiração Divina), assim chamado para diferenciar do outro de má memória, o PREC dos comunas. Dei comigo a pensar, isto é intolerável, prender um homem destes, um líder das massas, um iluminado, alguém predestinado a mudar o mundo. Ná, é preciso fazer algo de extraordinário e altamente simbólico, que perdure na memória do país para sempre e daí em diante também. Algo que coloque o país nas bocas do mundo, que eclipse até o resultado das eleições norte-americanas. Quiçá, que possa inspirar o próprio Trump…então, resolvi sugerir à liderança do Chega e ao próprio André Ventura, um ato radical e simbólico, o mais nobre sacrifício que um patriota pode fazer, na defesa de um país, da sua gloriosa história, das suas instituições sagradas e dos cidadãos do bem. Trata-se de algo que proporciona até imensa visibilidade, pelo menos depois de se dissipar a fumaça. Com efeito, vou sugerir ao Ventura que se imole pelo fogo em frente à Assembleia da República, como protesto pelo que lhe querem fazer e pelo desrespeito pelos nossos anjos de azul, que não podem dar tiros à vontade e, ainda por cima, ao que dizem, contam nas fileiras com elevada percentagem de apoiantes do Chega. Não vale a pena organizar mais manifestações, isso qualquer um faz, os comunas são peritos nisso. Quer-se ver é quem é que se rega com gasolina e ateia uma bela fogueira em si mesmo, algo muito mais raro entre nós. Além de ser um ato de extrema coragem, transmite uma mensagem decisiva, do género, vejam até que ponto estamos dispostos a ir, para defender a Pátria e as pessoas de bem. Imagine-se a cena, um dia convenientemente sombrio (mas não chuvoso, o que seria contraproducente), o largo de S. Bento repleto de Cheganos (a escadaria não, isto é gente amiga da ordem e que respeita a lei), todos vestidos de branco, a cor da virgindade e da pureza racial, de semblante muito sério, muitos com lágrimas nos olhos, alguns a rezar o terço, a deputada Marta Martins da Silva a fazer uma comovente dança fúnebre, os tambores do museu da Mocidade Portuguesa a rufar e o Ventura, a chegar, muito pálido e sereno, envolto numa grande bandeira de Portugal, de olhos postos no céu, a marchar lentamente em passo de procissão para a zona sacrificial, amparado pelo seu confessor privado. E depois, o seu bom e fiel lugar-tenente, aquele senhor que infelizmente tem com cara de mouro e triplo queixo, que costuma estar sempre atrás dele nas entrevistas, a dizer que sim com a cabeça, transido de emoção e com mãos trémulas, puxaria de uma garrafa de litro de bom azeite português, cheia de gasolina de alta octanagem benzida pelo bispo de Lisboa e aspergeria abundantemente o seu líder; em seguida, Ventura faria um curto mas tocante discurso, em que ofereceria o seu sacrifício na defesa da Pátria, da Honra e do Bem, após o que ele próprio atearia o fogo e morreria num silêncio heroico, apenas quebrado pelos soluços e uivos de dor da multidão e pelo som das roupas a serem rasgadas em sinal de luto. Um pouco mais tarde, não faltariam também cinzas, para cobrir a cabeça com a mesma finalidade. E tudo isto seria transmitido pelas televisões para o resto do mundo, com destaque para uma equipa de enviados especiais da Fox News. Por uma vez, ninguém ia querer saber da Ucrânia e do Líbano. Só de imaginar a cena dá-me arrepios patrióticos pela espinha abaixo, murmúrios de angústia vesicular e uma espécie de flatulência da alma.
Com o máximo de sinceridade de que sou capaz, não tenho dúvidas de que este nobre sacrifício seria muito benéfico para o país. Iria gerar um culto nacional concorrente ao de Fátima e do Pe. Cruz, com todo o bom Chegano a montar um altarinho em casa, em que a fotografia do abnegado líder estaria permanentemente ladeada por flores frescas e velas acesas. A própria Santa Sé não poderia ficar indiferente e é certo que contaríamos com mais um beato português, que seria mais tarde promovido a santo, talvez São Ventura (uma vez que já existe um Santo André). As autoridades deste país, especialmente agora, que se conseguiu expulsar o monhé para a Europa, iriam, finalmente, perceber que é essencial para o bem e o progresso dos verdadeiros portugueses, expulsar os emigrantes todos e branquear a população. E imagine-se o merchandising, a circular por todo o mundo, graças aos turistas, as estampas com a fotografia de Ventura, as piedosas medalhinhas de trazer ao pescoço, as t-shirts, os cachecóis…
A minha única dúvida é se o auto de fé deveria ocorrer no largo de S. Bento ou no Martim Moniz. Neste local, o simbolismo e a mensagem seriam duplamente evidentes. Martim Moniz entalou os testículos na porta do castelo, no cerco à moirama, em nome da Pátria. André Ventura queimaria os testículos e tudo o resto no lugar que tem o seu nome. O duplo simbolismo adviria do facto da moirama ter mais tarde reconquistado o Martim Moniz, passando por lá os dias a vaguear, sem fazer nenhum, a gastar os subsídios em bebidas exóticas, após que vão para casa fazer ranchadas de filhos que já nascem com direito a cidadania e, quando crescem, se entretém a vender droga e a queimar caixotes de lixo e autocarros.
Atreves-te, André? Fico com alguma esperança… se for preciso alguma coisa da minha parte, não sou rico, mas uma pequena contribuição, para uns decilitros de gasolina ou assim, é só dizeres. Tenho MBWay. POPEYE9700@YAHOO.COM