BAGA MILHÕES IRANIANOS (BB93)
Janeiro 15, 2020
Tarcísio Pacheco
imagem em: https://webneel.com/daily/2-donald-trump-caricature-drawing-maeve-bokser
BAGAS DE BELADONA (93)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA MILHÕES IRANIANOS – Diz que os iranianos ofereceram 80 milhões de US dólares (um dólar por cada iraniano) pela cabeça de Trump, na sequência do recente assassinato de Soleimani, o seu general de estimação. Isto parece-me grave e deixa-me preocupado. Por um lado, sendo o Irão um país rico em petróleo e gás natural, parece-me uma oferta algo somítica, um dólar por cabeça e que poderá desagradar a Alá que, como bem sabemos, frequentemente mal assessorado por Maomé, é dado a maus humores e terríveis ataques de divina fúria, enviando então terramotos, tempestades de areia e surtos de gripe camelídea. Tanto para Alá como para o Deus bíblico, nos dias de hoje, seria bastante provável um diagnóstico de bipolaridade. Que par de divinas e irascíveis jarras! Por um lado, compreendo, a cabeça de Trump é bastante feia e eu não queria aquela pantesma pendurada na minha sala das visitas por dinheiro nenhum deste mundo. Mas há quem pendure cabeças de javali, não propriamente mais feias, mas com dentes maiores e mais amarelados, por cima das suas lareiras. Se fosse a cabeça da Ivanka ou até mesmo alguma outra parte do corpinho dela, já era outra coisa…voltando aos milhões, parece-me que, apesar de feia, a cabeça de Trump havia de valer ao menos uns 5 dólares por iraniano. Assim, já estaríamos a falar de um número na casa dos 400 milhões, bem mais tentador. Afinal, trata-se de vingar o assassinato à falsa fé de um general popular e bonitão, que causava palpitações em muita iraniana devota e que deve ter instaurado o caos lá no Paraíso com as virgens todas de serviço a fazer fila para o entreter e a desprezar os outros mártires, menos bem-apessoados, que vão chegando diariamente. Por falar nisso, noutro dia, esta questão suscitou-me reflexões teológicas profundas…eu tenho este lado também, da inquietação metafísica. Preciso de ir à essência das coisas. Terá Alá uma fábrica de virgens no Paraíso, com a procura intensiva que há hoje em dia? Ou, não querendo blasfemar, terá Ele optado por métodos capitalistas de otimização de ativos, com modernas preocupações ecológicas de reutilização, mandando recauchutar cada Virgem depois de cumprida a sua única função? Parece-me, sem ironia, um negócio das Arábias.
Seja como for, para mim, que sou pobre, 80 milhões é uma oferta interessante. Na verdade, já me contentava com um milhão, mas isso não me convém que ninguém saiba. Enfraqueceria sobremaneira a minha estratégia negocial. A questão principal é se essa gente é de confiança para pagar. É que se não são, não estou a ver ninguém a servir de fiança ao Irão. Quer dizer, eles até têm amigos, mas ou são amigos falidos, como a Venezuela ou são amigos interesseiros, como a Rússia. Só dizer que se é rico não garante nada. Vejam lá o Ricardo Salgado, que fazia de rico à nossa custa e o próprio Trump que é rico porque, segundo dizem, não paga nada a ninguém. São os piores.
Sou um funcionário público português, já a ficar madurinho, começo a pensar na pré-reforma porque me parece mais inteligente do que pensar na reforma. Mas não quero baixar para menos de metade o meu vencimento. Então, sim, confesso, fiquei tentado. Não diretamente porque sou pacífico e, acima de tudo, esquisito no que respeita a vítimas. Mas passou-me pela cabeça fazer umas sugestões aos iranianos, através das minhas duas ex-namoradas muçulmanas, moças modernaças, porreirinhas e pouco dadas a cenas de mesquita. Depois, se alguma fosse aproveitada, talvez algum dinheirinho me viesse parar à conta. Modéstia à parte, tive algumas ideias excelentes: uma bola de golfe armadilhada, quando ele lhe desse com o taco, pum! Um hotdog com uma dose letal de Ghost Pepper, a malagueta mais picante do mundo; uma putéfia loura, mamalhuda, muito apalpável e, literalmente, explosiva; uma encomenda postal contaminada (o Antrax é difícil de arranjar mas bonita terra colorida do Tank Farm da Praia da Vitória é fácil); convencê-lo a fazer voos frequentes em Boeings 737 MAX, para provar ao mundo que é um modelo seguro e tornar a Boeing great again; ou simplesmente (as melhores ideias por vezes estão mesmo à frente do nariz) deixar a natureza seguir o seu curso, afinal o estupor tem mais de 70 anos, é gordo, adora fast-food e Coca-Cola, tem uma doentia cor de cenoura, é dado a stresses e raivinhas e passa a vida sentado a ver TV, a debitar bitaites no Twitter ou a falar ao telemóvel. Estatisticamente, não pode durar muito.
Pois é, tenho sonhado com a minha pré-reforma. Mas se eles não pagam, não vale a pena… alguém aqui já fez negócio com essa gente? Rodrigo Rodrigues, que me dizes? popeye9700@yahoo.com