BAGA HÁ GAGOS E GAGOS (BB 89)
Dezembro 03, 2019
Tarcísio Pacheco
imagem em: https://partidolivre.pt/eventoslivres/30-junho-caldo-amendoim
BAGAS DE BELADONA (89)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA HÁ GAGOS E GAGOS - Anda por aí uma epidemia cujo principal sintoma é não resistir a falar e escrever sobre o “caso” Joacine Katar Moreira. Por exemplo, contaminou pessoas importantes como Gago da Câmara e Patrão Neves. Avaliando pelo meu caso, este é um micróbio democrata, que também ataca a arraia miúda.
Antes de mais quero felicitar o Gago da Câmara por ter ultrapassado a pesada herança do apelido de família e ter aprendido a expressar-se como deve ser. Eu, que nunca gaguejei nem me lembro de qualquer gago na família, nem imagino o que seja ter nascido Gago e no seio de uma família com muitos Gagos. Aparentemente, o Gago ultrapassou a Gaguez hereditária da família e tornou-se jornalista, uma classe profissional onde a gaguez não costuma ser nada bem-vinda. É no jornalismo, na política e na aviação. O Câmara que, embora Gago, é também piloto amador, conhece bem o perigo que advém do motor único duma avioneta se pôr a gaguejar.
Gaguejos à parte, até estou do lado do Gago, mesmo que não pareça. Há muito teatro e muita futilidade na Assembleia da República e até nem é por questões de gaguez ou de saias, embora o Gago tenha garantido que lá iria. E lá foi. Como foi também, certeiro, ao “pseudo academismo” de Joacine, que se atreve a fazer alarde duma pseudo licenciatura, um pseudo mestrado e uma pseudo especialização, tudo feito numa pseudo instituição, o ISCTE que, até agora, eu julgava insuspeita. Nos bons velhos tempos de Miguel Relvas, o único problema era os políticos irem às secretarias das universidades privadas comprar os diplomas aos sábados, esquecendo-se que eles só os vendiam de segunda a sexta. Isso dava nas vistas.
E como é que deixaram uma gaga licenciar-se em História Moderna e Contemporânea? A História é feita de ciclos, não de bochechos. Os títulos académicos de Joacine só podem ter sido comprados e ela não deve ter tido dinheiro para comprar um diploma melhor. Parece que é de origem humilde e teve de trabalhar para se formar. Ainda por cima, gaga, negra, emigrante e pobre. Há gagos e Gagos. Só falta mesmo ser gay, para o ramalhete ficar completo. Não será trans? E tudo isto se passa no nosso parlamento, o segundo órgão de soberania, como bem salienta o Gago, uma assembleia recheada de gente nobilíssima, duma honestidade que até irrita e que jamais gagueja. Nunca vi o André Ventura gaguejar e é fidelíssimo ao seu partido e ao seu clube. Deviam ter mais cuidado com o controle de entradas. Aqueles senhores fardados à porta, não são porteiros?
Mas vamos lá ater-nos ao essencial. Joacine e o “saiote”, como diz o jocoso Gago, atreveram-se a pedir proteção para “furar” a chusma de “jornalistas” que os aguardava junto ao seu local de trabalho, o que é um evidente despautério da parte da deputada e do coiso dela. Aqueles profissionais investiram muito do seu tempo nos Comandos e no Grupo de Operações Especiais para aprender a manusear armas letais de comunicação social e táticas de cerco e guerrilha urbana. Um contraste chocante com a fuga de Joacine e do coiso que, segundo o perito Gago, revelaram muito “amadorismo”. Vê-se que o coiso nunca foi à tropa, nem mesmo num regimento escocês. Só porque uma deputada quer entrar no seu local de trabalho e cumprir os seus deveres, não pode escusar-se a satisfazer a curiosidade dos leitores do Correio da Manhã. Era o que faltava.
Pareceu-me também bastante desadequada a expressão utilizada pelo coiso de saias no Twitter: “larguem o osso”; olhando assim de relance, Joacine é redondinha e bem fornida de carnes, não se vê muito osso. Ainda se ele tivesse dito, “larguem a alcatra” ou algo semelhante…manifestamente, o coiso tem muito que aprender com líderes mundiais que são exímios na utilização do Twitter.
Quero felicitar também o Gago da Câmara pelo diagnóstico na avaliação técnica da gaguez de Joacine, que ele classificou como “populista” e de “duvidosa autenticidade”. Quem melhor que um Gago para avaliar outro…. pessoalmente, conheço apenas um gago, sei que é uma experiência limitada, mas tenho assistido a boas imitações em contextos teatrais, embora se trate de um recurso cómico em nítido declínio, talvez por já não fazer rir ninguém. Quem sou eu para opinar, mas parece que a gaguez legítima está presente em praticamente todo o discurso oral. Ora, se Joacine fosse uma deficiente como é dado, falaria assim. E não fala. Ela parece expressar-se muito bem, começa com elegância, apesar de pseudo formada, articula a sua ideia e depois, repentinamente, fica para ali pendurada numa consoante qualquer, num pestanejo de glote que geralmente dá tempo para o interlocutor ir ao WC ou tomar um café. É uma gaguez estranha e, realmente, muito suspeita. É uma gaguez seletiva e provocatória. Meio chinesa. Não é gaguez que se apresente. É o equivalente de Trump ir à televisão dizer que, lá no fundo, é um tipo carente e que teve falta de amor na infância. Não cola.
Para terminar e continuando de total acordo com o Gago, o coiso não tem nada que ir trabalhar de saias. É ofensivo para o macho lusitano e muito perigoso, se continuarmos por esse caminho, ainda nos arriscamos a ver deputadas de calças e acabamos com o Zé Castelo Branco como presidente da Assembleia da República, com uma estola de lince ibérico ao pescoço, a atirar beijinhos aos deputados mais charmosos. popeye9700@yahoo.com