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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA (A DO COSTUME)

Junho 04, 2019

Tarcísio Pacheco

vao à merda.jpg

imagem em: http://blogviniciusdesantana.com/abstencao-no-brasil/

BAGAS DE BELADONA (76)

 

HELIODORO TARCÍSIO   

 

BAGA (A DO COSTUME) -  Nas últimas eleições, para o parlamento europeu, foi pior do que nunca, em termos de abstenção. A reação dos políticos dos partidos foi a saída hipócrita do costume: ficam muito preocupados com a abstenção eleitoral, consideram urgente fazer alguma coisa, prometem tirar ilações e entregar-se a profundas reflexões e meditações sobre o assunto. Se eu juntasse as vezes em que os políticos dos partidos ficam muito preocupados com a abstenção e prometem meditar sobre o assunto e tirar ilações, já dava para abrir um grande mosteiro meditativo no Tibete e a raça da ilação estaria em risco de extinguir-se. Suma hipocrisia dos políticos, eles estão a borrifar-se para a abstenção, o sistema continua a permitir-lhes o acesso ao poder e é isso que eles querem, acima de tudo. Eleitos por 10% ou por 100%, é-lhes igual, são eleitos na mesma.

Vejo várias razões para o desinteresse dos cidadãos pelo seu futuro. Mas a verdade é que os partidos políticos, sobretudos os tradicionais, do “centrão” ou “arco do poder” (uma expressão bestialmente estúpida, muito querida de Cavaco Silva), não têm, há muito tempo, nada de novo para oferecer aos eleitores. Propõe mais do mesmo, um mundo em que, sob o engodo vago e fácil do “progresso” , do “desenvolvimento económico” e da “liberdade”, se manipula as pessoas de forma abjeta; cria-se um rebanho alienado e apático, viciado em novelas, concursos, carros, futebol, moda, shoppings, fast-food, e jogos de vídeo que, na sua maioria, sai para trabalhar todos os dias, para sustentar a riqueza dos donos do mundo, um punhado de vermes capitalistas, agora já não gordos porque frequentam o Holmes e têm saunas finlandesas em casa. Os ricos agora são magros. Outros partidos, mais pequenos, vão aparecendo com mensagens diferentes, mas não é, frequentemente, nada que preste.

Acredito que os Açorianos não foram votar por vários motivos: desinteresse e desilusão com o sistema político-partidário; sentimento de impotência para alterar alguma coisa, uma vez que o sistema só admite que se vote em partidos e está firmemente blindado contra qualquer alteração; desconfiança das instituições europeias; ignorância simples, alienação, apatia, falta de educação e de cultura; falta de noções de cidadania e de participação cívica. O caso dos simpáticos e festivos Terceirenses, dos quais faço alegremente parte, é especialmente paradigmático. Tudo parece passar-nos ao lado e está tudo bem desde que seja ao som de foguetes. Quatro exemplos interessantes: a) soubemos há algum tempo que Força Aérea dos EUA andou, desde os anos 50,  a envenenar o nosso ambiente de forma nojenta e totalmente amoral, com total desprezo pela ilha que os acolheu  e que há hipóteses disso ter relação com incidências anormais de cancro; b) dependemos totalmente dos aviões para sair daqui e para receber visitantes e foi preciso andar anos a rastejar,  a ver o aeroporto de Ponta Delgada a crescer para todos os lados menos o do mar, para que os políticos se dignassem a iniciar o processo de certificação civil das Lajes, processo sempre conduzido, até agora, devagar, com incompetência e com má vontade; c) o Governo da República prepara-se para fazer o que quiser do mar dos Açores, precioso para nós, ilhéus,  aqui isolados no meio do Atlântico Norte,  sem dar qualquer cavaco à Autonomia; d) assistimos há 20 anos ao estabelecimento de um projeto político regional centralizador, com epicentro na ilha de S. Miguel, em que o mantra do “desenvolvimento harmónico” não passa de uma paródia para enganar tansos. Pois bem, tirando os políticos oposicionistas, meia dúzia de opiniosos e o Diário Insular, os Terceirenses nunca pareceram especialmente incomodados com nada disto. Não que eu não goste de festas, atenção, sou muito festeiro. Mas iria apoiar, de certeza, qualquer projeto que propusesse mandar os EUA pastar para casa, tornar as Lajes um aeroporto CIVIL, sermos nós a mandar no nosso mar e mudar a Constituição Portuguesa e o nosso Estatuto Autonómico, de forma a que passássemos a ser uma federação de ilhas com uma forma de gestão completamente diferente e uma autonomia muito mais alargada.

Desempenhando o papel de advogado do Diabo, se eu estivesse do lado do sistema, pensaria seriamente em tornar o voto obrigatório, como já acontece em outros lugares. Isso significa ameaçar com represálias severas os abstencionistas, só funciona assim. Funcionaria com a maioria das pessoas. Até comigo funcionaria. Sendo eu um abstencionista muito antigo, absolutamente convicto e ideologicamente sustentado, que jamais voltará a votar num partido político, se ameaçado, votaria. Nulo, mas votaria. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA AUTONOMIA 1

Janeiro 29, 2019

Tarcísio Pacheco

partido político.jpg

imagem em: http://diniz5.rssing.com/chan-13145324/all_p43.html

 

BAGAS DE BELADONA (67)

 

HELIODORO TARCÍSIO

                  

BAGA AUTONOMIA 1 – Este é um tema forte em debate no momento presente. Duma forma geral concordo com o que tem sido publicado por outras pessoas, nomeadamente os que são críticos acérrimos da atual situação, conhecendo alguns o sistema por dentro. A mais que provável irrelevância do meu discurso tem sobretudo a ver com a sua base utópica. Há muito tempo que defendo um sistema diferente da democracia partidária. Ou seja, diferente de um sistema de governo em que as estruturas de poder assentam totalmente nos partidos políticos. Eles controlam tudo, desde a presidência da República ao parlamento, desde a Procuradoria-Geral da República até à junta de freguesia e ainda metem a colher no Tribunal Constitucional.  Sobretudo, abomino as ideias de que “sem partidos políticos não há democracia” e “não há alternativas democráticas”. Hoje em dia, pelo mundo fora, o cidadão comum é intoxicado com a ideia de que ou é partidos políticos ou é ditadura. A dupla Passos Coelho/Paulo Portas só me ensinou duas coisas: que aquilo é gente a evitar a todo o custo e que há sempre alternativas. Raramente cito outras pessoas, mas desta vez vou citar um pensador e crítico do sistema que admiro, Paulo Morais, ex-candidato à Presidência da República que haveria de ser ganha, inevitavelmente, pelo omnipresente Avô Beijinhos, irmão de Jair Bolsonaro (foi o Vovô quem o disse...)  É para não se pensar que isto é só fruto de uma mente fantasista. Com sua licença, escreveu Paulo Morais, a 17 de janeiro: Criados para representar as diferentes visões da sociedade, ao serviço do eleitorado, os partidos políticos estão em fase acelerada de degenerescência. São habitados por elites políticas que esqueceram os cidadãos e tudo fazem agora para manter os privilégios de que se foram apropriando. São os principais responsáveis pela abstenção, pelo desinteresse crónico pela política e pela crise da democracia. O principal objetivo dos maiores partidos portugueses é, na verdade, manterem-se na esfera do poder, partilhar negócios de Estado com os grupos económicos de que são instrumento e garantir emprego aos muitos milhares de apaniguados, os militantes partidários e seus familiares.”

Depois do 25 de Abril, a criação do estatuto autonómico açoriano era justa, inevitável e foi extremamente benéfica para nós. A legalização dos partidos políticos, proibidos por todos os ditadores, também tinha de acontecer. Agora, quase 45 anos depois, a estagnação e a podridão são perfeitamente evidentes. O sistema está em estado de decomposição cadavérica e a sua fundamentação teórica foi completamente subvertida. O sistema é parlamentar na teoria, mas está absolutamente governamentalizado. Os deputados só representam os interesses dos seus partidos, ao invés de representarem os interesses dos seus eleitores e das suas regiões. Não vale a pena repetir o que outros têm dito, melhor do que eu alguma vez diria. Na verdade, sem meias palavras, o sistema atual é uma intrujice. A questão é que a maioria dos comentadores continua a sonhar com um futuro diferente, mas com os mesmos protagonistas, só mudariam, talvez, as cores do poder. Rio-me todos os dias da kafkiana oposição açoriana (eu já li Kafka, isto não é os comentadores de futebol e os seus aforismos latinos…), porque, além da falta de liderança carismática, até agora, fariam exatamente o mesmo uma vez no poder, como já fizeram antes, só as caras mudariam e nalguns casos nem isso porque existem muitos camaleões políticos, criaturas que permanecem secas por muito que chova, todos nós conhecemos alguns. Ora, esperar que a mesma experiência, repetida mil vezes, com as mesmas condições e pressupostos dê um dia um resultado diferente, é muito pouco científico e bastante irracional. E depois, como diria Filipão, o utópico sou eu… (continua) POPEYE9700@YAHOO.COM

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