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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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BAGAS DE BELADONA 2

Novembro 22, 2012

Tarcísio Pacheco

 

imagem: http://www.pimenta.blog.br/tag/greve/

 

Baga Recursos – Todos os países tem recursos, de ordem diversa, de que se servem, para criar riqueza e equilibrar as suas balanças comerciais. Adriano Moreira afirmou que países ricos exportam capitais e países pobres exportam gente. O que nem sempre é verdade porque a China, gigante asiático rico, produz imensos chinesinhos, sobretudo do sexo masculino e exporta-os para todo o mundo. São fabricados em série por trabalhadores infantis semi-escravizados e são exportados em kits prontos para montar. É só juntar água, agitar e POP, temos um par de chinesinhos e uma loja chinesa. Há quem exporte ferro, aço, ouro, flores, conserva de peixe, canções, filmes, armas, preservativos…E Portugal, qual é a nossa maior riqueza? Sei o que vão dizer…vão referir a cortiça, claro, atum, o fado, música pimba para emigrantes, sapatos, sal, Sol, etc…Mas estais todos errados. A nossa maior riqueza, um recurso inesgotável que, mesmo sobre-explorado, é constantemente renovado, através de soluções criativas, é os ordenados da nossa população ativa, com especial relevância para os dos funcionários públicos. A maior parte dos países, para explorar um recurso interno, tem de criar incentivos, construir estruturas, abrir sistemas especiais de crédito, proporcionar formação e aguardar pacientemente os resultados do processo. Em Portugal, basta reunir o Ali Babá e os… ops, perdão, o Conselho de Ministros, numa sexta-feira, por exemplo, e na segunda, já temos um novo imposto, uma taxa especial, uma sobretaxa, um ajuste de categorias tributárias, enfim, as possibilidades são imensas, desde que se seja criativo e se pague muito bem a alguém para imaginar estas coisas.

Baga Greves Inócuas – As pessoas de direita que agora estão no poder e na moda em Portugal, desde o Presidente da República, passando pelo Governo e uma série de comentadores políticos nos media, defendem todas o direito à greve. A expressão “os trabalhadores têm direito à greve” tem sido repetida até à náusea. O problema é que esta gente pretende uma greve que não incomode ninguém. Uma greve inócua, uma greve porreira, enfim, uma grevezinha. Não satisfeitos com as grandes limitações impostas pelas atuais leis que regem a greve, nomeadamente no que respeita aos serviços mínimos e à possibilidade de requisição civil, estas criaturas queixam-se de que a greve “incomoda” muito e “prejudica o país”. Pois bem, tenho uma novidade para elas. Corrijam-me se estiver errado mas quem faz greve fá-lo porque se sente extraordinariamente “incomodado” e muito “prejudicado”. Fá-lo porque é último recurso para enfrentar a brutalidade da força. Não têm faltado nos últimos tempos, declarações públicas de políticos e outras figuras, de direita, insinuando que, se calhar, a greve já não resulta, que as pessoas deviam limitar-se a fazer umas manifestações. Pois, daquelas em que meia dúzia de arruaceiros, misturados com polícias à paisana, são recrutados para praticar actos violentos e “legalizar” cargas policiais brutais que, no dia seguinte, são aplaudidas pelas figuras do regime...

Temos assistido à condenação dos trabalhadores portuários em greve há uma data de tempo porque “prejudicam as exportações”, estupidamente consideradas a única solução para o país, enquanto verdadeiros criminosos irresponsáveis chacinam a classe média e  arrasam o consumo interno, o verdadeiro e principal motor de qualquer país. Mas ninguém explica os motivos de tal greve nem refere a indisponibilidade do Governo para dialogar no sentido da sua resolução...Isso tem um nome, contra-informação.

Sou a favor de greves gerais, totais, brutas, chatas, tão incómodas como uma micose nas partes, por muito que me possam prejudicar pessoalmente. Para além das greves gerais, que deveriam interessar toda a gente, chama-se solidariedade à atitude de apoiarmos as greves dos outros. Normalmente, só se envereda por essa forma de luta quando todo o diálogo foi infrutífero e as portas estão fechadas. Quando é assim, e frequentemente é assim, só resta aos trabalhadores a união coletiva e a greve, porque todo o poder está nas mãos dos chefes e patrões e qualquer atitude individual pode levar ao despedimento, cada vez mais facilitado.

O povo está cada vez mais acomodado, imbecilizado, anestesiado e amnésico, esquecido da sua força. Os arquitetos e agentes do sistema que nos pretende escravizar sabem disso e têm aproveitado para virar à direita, atropelando direitos, ignorando Constituições. Não precisamos de violência embora, pessoalmente, acredite que seja inevitável. Mas precisamos de greves à antiga, à brasileira (já lá apanhei os bancos fechados por meses, embora as caixas automáticas continuassem a funcionar), que realmente incomodem e paralisem. Porque essa é a única linguagem que o Governo respeita, mesmo que disfarce e assobie para o lado. É que, se nem essa entenderem, só restará realmente a das pedras. Popeye9700@yahoo.com

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