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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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BAGA DA GUERRA, DO SANGUE E DA DOR (BB130)

Março 15, 2022

Tarcísio Pacheco

 

 

 

 

UK.jpg

 

 

BAGAS DE BELADONA (130)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA DA GUERRA, DO SANGUE E DA DOR…

 

E pronto. Já há muitos anos que temos vivido à beira do precipício. E agora, há sérias possibilidades de darmos um passo em frente. Uma civilização que vive desde a II  Guerra Mundial num equilíbrio de terror em que a ganância, o imperialismo, o fanatismo, a sede de poder, a propensão para a dominância, para a conquista, o apelo da violência e a libertação da pura maldade são contidos sobretudo pela posse de armas de destruição maciça não é uma civilização saudável. É um equilíbrio instável e doentio. O risco de desmoronamento desse frágil equilíbrio sempre foi enorme. Temo-nos todos iludido com a evolução da democracia, com o desenvolvimento económico, com as sondas que vão a Marte, com o aparente “progresso”. E temo-nos esquecido que no essencial não mudámos assim tanto e que não faltam bestas à solta a campear por este pobre mundo.

Há muitos anos que, nas minhas reflexões privadas e insones, tenho sentido que, se não morresse jovem, iria assistir a alguma grande desgraça. Ainda pensei que era o Covid-19, mas não, é muito pior. Contra este vírus não há vacina que valha.

Longe de mim querer competir com a panóplia de reputados especialistas que parecem saber tudo sobre a guerra na Ucrânia, sobre o seu desfecho e sobre as intenções de Putin. Sou apenas menos ignorante em alguns assuntos do que noutros. Trata-se apenas de pôr as minhas preocupações em comum com a minha comunidade. Todos temos uma opinião ou deveríamos tê-la.  Pelo menos todos os que não se limitam a nascer, viver e morrer.

Vivo resguardado do mundo hostil, mas atento ao que me rodeia. Tinha a certeza de que algo muito mau provocado pela Humanidade iria acontecer mais tarde ou, mas cedo, provavelmente ainda no meu tempo de vida e, lamentavelmente, no tempo dos meus filhos, esses para quem eu desejo uma vida longa, saudável e repleta de momentos felizes. Temi a eclosão de movimentos nacionalistas, o crescimento das direitas radicais, o surgimento de líderes execráveis como Putin, Bolsonaro ou Trump, o aquecimento global e a destruição progressiva e constante da natureza, temi vírus e pestes terríveis, temi o Estado Islâmico, o crescimento desmesurado do monstro chinês, temi a louca e inacreditável distopia da Coreia do Norte. Temi muito, sobretudo pelo futuro dos meus filhos. Acredito pouco na raça humana e sabia que de algum lado viria a bomba, mais tarde ou mais cedo. Pois veio da Rússia e a tomada da Crimeia já deveria ter alertado o mundo para o que aí vinha. Se tanto fosse preciso pois há anos que víamos, na Rússia, todos os adversários políticos de Putin, jornalistas incómodos ou meros contestatários do regime serem assassinados ou encarcerados. E o exército russo a espalhar a morte e o sofrimento pelo mundo, como na Síria.

Do meu ponto de vista distante e apenas minimamente informado, os grandes trunfos de Putin são poucos, mas são fortes. Baseiam-se sobretudo no temor do holocausto nuclear e na aliança com a China. O ditatorial e repressivo regime chinês, não assim tão diferente do russo, não se tem cansado de declarar a sua amizade pela Rússia. É um aviso claro. E estão na expetativa pois sabem que se não conseguirmos travar a Rússia, não os travaremos a eles quando tomarem Taiwan. Acredito que num cenário de guerra convencional, por muito tempo que fosse preciso e por muita destruição que houvesse, a Rússia acabaria por perder contra meio mundo. Contra a China e a Rússia aliadas, o caso seria bem diferente e teríamos o caos à solta no mundo. Mas o perigo chinês não é nada perante a ameaça nuclear. É claro que, racionalmente, nem Putin nem ninguém têm qualquer interesse em despoletar um conflito nuclear. Num cenário desses, uma grande parte da população mundial morreria de imediato e uma grande parte dos sobreviventes morreria nos meses seguintes. O planeta tornar-se-ia, provavelmente, inabitável. Quanto à Rússia, seria vaporizada, com a maior parte dos russos deste mundo. Contudo, quem sabe o que se passa na cabeça de um psicopata agressivo…Hitler levou a Alemanha à total destruição e ordenou que ninguém se rendesse jamais. Alguém duvida que a besta nazi teria usado armas nucleares, se as tivesse? Os EUA não encontraram argumentos para as usar?

Pessoalmente, acho a situação perigosíssima e tenho dormido mal, a pensar nisto. Nunca estivemos tão perto do fim. Conflito nuclear, nem pensar. Como alternativa à guerra generalizada, só vejo o caminho que está a ser seguido: sanções de todos os tipos, as mais duras possíveis e todo o tipo de ajuda à Ucrânia, excetuando o envolvimento militar direto. É preciso isolar completamente a Rússia. E nisso discordo de afirmações recentes de Francisco Louçã, uma pessoa por quem tenho muito respeito. Ele pensa que algumas sanções não fazem sentido. Discordo. Todas fazem sentido, em todos os domínios. É preciso levar o povo russo ao desespero, para ver se eles percebem que Putin não lhes convém. Posso estar a ser ingénuo ou lírico, mas acredito que a solução pode estar no povo russo ou pelo menos num grupo de militares russos diferentes, não hão de ser todos bestas assassinas cheias de vodka.

Também não apreciei que Ricardo Araújo Pereira, cujo sentido de humor e inteligência crítica admiro muito, tenha feito humor com a guerra na Ucrânia. Por muita graça que tenha achado ao cocktail molotov com uma garrafa de tinto português (sorri nessa parte) e saiba que RAP vive de ridicularizar a atualidade, penso que não há qualquer graça a fazer com a morte e sofrimento de tanta gente.

Para terminar esta breve reflexão, estou disposto a fazer a minha parte, que é contribuir para ajudar a Ucrânia como puder e reclamar o menos possível da gravíssima crise económica que se aproxima. Passo a andar de bicicleta, tomo duche de água fria e cozinho com lenha. Falo a sério, sem problemas, não quero nada da Rússia, custe o que custar.

Mas, falando sinceramente, o que quero mesmo é ver a cabeça de Putin espetada numa estaca. Agora pode-se dizer isto publicamente, não? O Facebook e o Instagram dizem que sim…POPEYE9700@YAHOO.COM

 

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