CONSIDERAÇÕES INTEMPESTIVAS 5
Setembro 15, 2010
Tarcísio Pacheco
imagem: http://www.flickr.com/photos/valter/443868283/
TAP – TAMBÉM TE AMO. Recentemente, tivemos uma prova do amor da TAP pelos seus passageiros. Uma moça reserva e paga, com imensa antecedência, um dispendioso voo internacional. Pouco depois, descobre que está grávida. Por diversos motivos, não pode cancelar nem alterar essa viagem. Percebe que na data prevista para o regresso, estará já com 7 meses de gestação e o seu médico desaconselha um voo transatlântico nessas condições. É preciso alterar a data de regresso e o médico passa-lhe então o competente atestado. Com esse documento, a moça dirige-se à agência da TAP em Angra do Heroísmo. Posição da TAP: desaconselha um voo transatlântico de 7 horas com 7 meses de gravidez (aconselhando, implicitamente, a alteração da reserva) e diz: a gente altera mas “é uma decisão do passageiro” e passa para cá 100 euros. Está certo TAP, we love you too. Ias ver o manguito que te fazíamos da próxima, se não tivesses o monopólio do transporte aéreo daqui para fora. É o que te vai valendo…
MÉDICOS OBSTETRAS. Como residentes de um arquipélago atlântico, longe de tudo e pertencente a um país cada vez mais pobre, temos médicos do nível que é de esperar. Evidentemente que temos alguns bons médicos, devido à lei do acaso mas o nível geral é baixo e nalguns setores é bem pior que noutros. Um dos casos mais evidentes é na área da obstetrícia, em que, se conseguimos escapar à frigideira, é para cair no lume. Recentemente, numa consulta de uma moça grávida, acompanhada pelo marido, no Hospital de Angra, com uma bem conhecida médica obstetra, enquanto o casal tentava discutir com a médica questões delicadas, relacionadas com o motivo que os levava ali e com as decisões que teriam de ser tomadas de imediato, ouviu da boca desta “médica”o seguinte: “Vocês vão fazer futurologia para casa, que eu tenho mais que fazer”. Assim mesmo, curta e grossa. Esta “médica” revelou-se grosseira e pouco competente. Não no sentido técnico, pelo menos neste caso, mas no sentido de que um médico a sério deve ter total disponibilidade para conversar com os seus pacientes sobre os seus problemas de saúde. Caso contrário, é preferível consultar a Internet. A propósito, desta médica já tínhamos uma impressão francamente negativa, porquanto, pouco tempo antes, tinha sido também responsável pela 1.ª ecografia deste caso e não prestou na altura os esclarecimentos mínimos a um casal preocupado, para além de ter exibido sempre uma atitude fria, arrogante e pouco educada. O mínimo que se pede a um médico, mesmo incompetente, é que seja bem educado e, de preferência, caloroso, perante pessoas com problemas de saúde, tantas vezes graves. Neste caso, toda a extensa informação que obtivemos foi recolhida… precisamente na Internet, em artigos escritos por médicos e em fóruns de pais e mães que passaram por problemas semelhantes. Provavelmente, para poder entrar numa faculdade de Medicina, esta médica teve classificações elevadas. Mas ela é a prova evidente que as boas notas não fazem um bom médico. Sou da opinião de que, na selecção dos futuros médicos, devia haver um equilíbrio, que presentemente é inexistente, entre classificações, avaliação psicológica e elaboradíssimos testes psicotécnicos. Na verdade, há pessoas que nunca deveriam ser médicas, por melhores notas que fossem capazes de obter e naquele dia estive perante uma delas. Pessoas assim, quando muito, poderiam ser técnicas de laboratório e lidar com ratos e coelhos. Esta “médica” é uma daquelas que, se eu lhe perguntar se sabe quem é Hipócrates, é capaz de me perguntar em que clube é que ele joga.
FAJÃS DE S. JORGE. Há 2 meses que um artigo meu, sobre vandalismo numa fajã de S..Jorge, aguarda publicação. Acusado (com toda a razão) de ser demasiado longo, foi já reduzido em cerca de 50%. Mesmo assim, não sai. Esta é a minha melhor tentativa para ir de encontro aos critérios de dimensão da Redação do DI. Em Agosto fomos acampar para S.Jorge. Para a Fajã das Pontas, no Norte Pequeno. Íamos fazer caça submarina. Tínhamos as nossas licenças. Nunca infringimos a lei. Nunca capturámos espécies proibidas. Nunca ultrapassámos o limite de 6 presas/dia/caçador. Deparámos com uma espécie de gang local. Opera nas fajãs do Norte. Não quer lá ninguém “de fora” a caçar ou a pescar. Querem as fajãs só para eles. Intimidam as pessoas, verbal e fisicamente. Praticam actos de roubo e vandalismo. Não cumprem eles próprios as leis sobre pesca e caça submarina. Vandalizaram-nos a viatura. Esvaziaram os 4 pneus e roubaram-nos as 4 válvulas completas. Acho mal. Apelo a quem de direito. Caso contrário, da próxima vez, praticaremos autodefesa. Temos pena mas as fajãs também são nossas e insistimos numa próxima vez. Fim.