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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA MARCHAS DE S. JOÃO (BB146)

Abril 18, 2023

Tarcísio Pacheco

marchas.jpg

 

BAGAS DE BELADONA (146)

HELIODORO TARCÍSIO          

 

BAGA MARCHAS DE S. JOÃO – O texto que se segue é importante, mas apenas no contexto da cultura e da vida local, nomeadamente na ilha Terceira.

Vai sendo tempo da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (câmara) se organizar e tomar decisões de fundo no que respeita à organização das marchas de S. João das Sanjoaninas.

As marchas de S. João foram uma novidade do pós-sismo de 80 e tiveram tal aceitação e crescimento nos anos seguintes que, hoje em dia, ninguém imagina as nossas festas sem a noite de S. João e as suas marchas. Tornou-se uma das atrações fundamentais das festas, a par da música, dos cortejos, das tascas ou das touradas. No entanto, no que respeita às marchas, há anos que se vinha registando problemas, devido ao elevado número de marchas inscritas, com tendência crescente, ano após ano. No interregno da pandemia, o problema não se colocou. No ano passado, o regresso das marchas foi algo tímido. Mas, em 2023, as marchas voltaram em força, com um total de 42 marchas inscritas, sendo que 13 delas são “de fora”.

É óbvio que um tão grande número de marchas coloca sérios problemas de organização, especialmente à câmara, “mãe” das nossas maiores festas concelhias. São problemas de difícil solução. Levantam questões complicadas como fazer desfilar 42 marchas num período de tempo minimamente aceitável, para os marchantes e para o público e, por exemplo, como conciliar o término do desfile com a usual festa popular de sardinhada, fogueiras e folia na rua de S. João.

Como há, naturalmente, muita dissonância nas opiniões, que vão desde a mais tolerante e topa tudo (vamos marchar e há de ser o que Deus quiser) até às mais radicais, como não aceitar marchas “de fora” ou remetê-las todas para uma noite de S. João B no dia seguinte, este ano,  instalou-se uma grande balbúrdia, com muita discussão, críticas e queixas. Dizem-me também que até há um regulamento das marchas mas que a câmara não o está a aplicar.

Ora bem, reconheço as dificuldades para resolver os problemas e não tenho nenhuma solução milagrosa, que me dera, mas, não a tenho. Sinto até mesmo dificuldade em emitir uma opinião firme porque há diversas soluções, umas mais inteligentes e criativas do que outras, sendo que algumas me desagradam e até mesmo me repugnam, especialmente as que estão eivadas de radicalismo regionalista, como excluir as  marchas “de fora” ou tratá-las de forma discriminatória.

Aquilo que venho dizer, sobretudo, é que é preciso que a câmara tome decisões a este respeito. Em minha opinião, é necessário criar um Regulamento das Marchas de S. João, definitivo e impositivo. Para que não seja uma coisa à russa ou chinesa, convém que seja minimamente consensual. Como não é possível que todo o concelho o discuta, acho mais correto que a discussão ocorra no âmbito da Assembleia Municipal, onde todas as freguesias do concelho estão representadas. Até porque, depois de haver uma proposta de regulamento, as juntas de freguesia podem auscultar a opinião dos seus fregueses sobre este assunto. Embora possa parecer lógico e desejável que representantes das marchas participem da discussão, não considero isso viável, uma vez que, embora haja marchas que participam regularmente e há muito tempos, outras há que são efémeras e transitórias. Quem vem “de fora” é bem-vindo (na minha ótica) mas quem tem de decidir as regras é a câmara e o povo do concelho.

Duma coisa estou certo, um regulamento cem por cento consensual será impossível. Haverá sempre muita discordância e crítica. Mas, depois de redigido, fechado e aprovado, com o tempo, as pessoas habituar-se-ão às normas instituídas. Aqui temos mesmo de ser rigorosos. Quem não concordar com o regulamento, pois tem a opção de não participar das marchas.

Esse regulamento terá, forçosamente de escolher entre diversas opções, sendo possível até optar por soluções mistas. Segue-se uma lista de opções possíveis, tal como as vejo. Não defendo nenhuma em particular, no momento, limito-me a elencá-las: manter tudo como está, como sempre foi, o percurso de sempre, uma única noite de S. João, a 23 de junho, um único desfile de marchas, independentemente do número de marchas e da hora de término do desfile; fazer dois dias de desfile, um a 23, outro a 24, depois das marchas infantis, que poderiam começar mais cedo; fazer um segundo desfile de marchas noutra noite que não a de 24; mudar o percurso, reduzindo-o, excluindo a rua de S. João e a dos Minhas Terras (o ponto fraco e mais polémico do percurso); iniciar o desfile muito mais cedo, ao final da tarde, em vez de ser ao início da noite; reservar o desfile de 23 para as marchas da ilha; estabelecer um número máximo de  marchas; excluir as marchas de fora da ilha.

Fazer este regulamento não será uma tarefa fácil. Mas é algo que tem mesmo de ocorrer. Para se acabar definitivamente com a confusão e regabofe atuais, com provável reedição todos os anos.POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGAS DE BELADONA (BB145)

Abril 12, 2023

Tarcísio Pacheco

 

beladona.jpg

 

imagem em: Beladona é tóxica, mas muito útil para a farmacologia (coisasdaroca.com)

BAGAS DE BELADONA (145)

HELIODORO TARCÍSIO          

 

BAGA CANSADA – As pessoas têm-me perguntado porque não tenho escrito. Não há uma resposta simples para isso. Quando não tenho nada de inteligente, interessante, crítico ou humorístico para falar, prefiro ficar calado. Mas, fazendo uma reflexão autocrítica sobre o assunto, no fundo, creio que sei a resposta. Aqui, no nosso cantinho açoriano, sentimo-nos protegidos dos males maiores do mundo. Compreendo isso e até partilho desse sentimento ou não tivesse escolhido permanecer nestas ilhas pela maior parte da minha vida. Mas a verdade é que, olhando à nossa volta, o mundo está tão feio, porco, mau, selvagem, cruel e decadente, que o meu impulso mais forte é para me concentrar naquilo que aprendi que é realmente importante na vida: as pessoas que amamos, acima de tudo e, depois,   as coisas que dão prazer e sentido à nossa vida, no meu caso, o mar, o meu veleiro, a natureza, as viagens, a música, a leitura, o cinema e o desporto, o saudável, não competitivo e que não dá dinheiro, as aulas de Zumba que ministro, os passeios de bicicleta, os trilhos e as caminhadas A verdade é que estou cansado. Mais do que nunca, sinto que é urgente que vivamos o melhor possível o tempo que restar a cada um de nós, sem tomar nada como garantido. Nem sequer a luz e o calor do sol ou um simples amanhã. Nem sequer isso.

BAGA TRÂNSITO EM ANGRA – Há algum tempo, esteve entre nós um senhor, cujo nome não retive, que veio apresentar um estudo sobre algumas cidades europeias com problemas de trânsito e sobre as diferentes soluções adotadas. Inevitavelmente, colocaram-lhe a questão do trânsito automóvel em Angra. O cerne da sua resposta foi que Angra não foi feita para os carros e que as pessoas e os comerciantes em particular, precisam de entender que os carros não compram, as pessoas é que o fazem. Os carros só ocupam espaço, fazem barulho, atropelam e poluem, pelo menos os que ainda têm motores de combustão, que é ainda a maioria. Creio que este senhor deve ter sido ouvido com respeito, mas também ceticismo e alguma displicência. É preciso vir alguém de fora dizer aquilo que, mesmo sem ter mestrado em urbanismo e ambiente, ando a dizer há anos. Percebemos que tem sido feito um esforço em Angra, nomeadamente pela Câmara Municipal, para melhorar, ordenar e disciplinar o trânsito automóvel e o estacionamento na cidade. Creio que todos entendem e louvam isso, menos a oposição, claro, que jamais estará satisfeita. Mas isso é o ADN de que qualquer oposição. Contudo, estamos ainda muito longe da solução ideal, que sei já não ser para o meu tempo. E isso, seria fechar por completo o centro histórico de Angra ao trânsito particular e apostar numa rede de transportes públicos não poluentes, de preferência gratuitos, já que pagamos elevadíssimos impostos ou, no mínimo, muito baratos. Já não estarei aqui para ver, mas, o futuro dar-me-á razão. Se houver, um futuro, evidentemente (remeto para a primeira baga).

BAGA TRANSPORTE MARÍTIMO DE PASSAGEIROS – Este é outro assunto que já referi diversas vezes. Jamais perdoarei ao atual governo regional ter acabado com o transporte marítimo de passageiros entre todas as ilhas dos Açores e obrigar-nos a viajar todos nos aviõezinhos da SATA. Por isso (mas também pela coligação com a extrema-direita, entre outras coisas), jamais terão o meu precioso voto. Como se não fossemos ilhas no meio do mar e como se não tivéssemos gastado milhões nos últimos anos a construir e melhorar os portos das ilhas. Que afinal, não são ilhas, são aeroportos rodeados por água. Mais uma vez, sem ter mestrado em transportes, ou em qualquer outra área, sou apenas mestre do meu veleiro, sugeri por diversas vezes nestas páginas que o governo se informasse sobre as soluções de transporte misto de carga e passageiros que adotaram outros países, regiões e ilhas onde há gente mais inteligente. Isso caiu em saco roto, como é evidente. Mas, há algum tempo, foi publicado algo no DI sobre o assunto, no âmbito de um programa de intenções do governo regional. Pela primeira vez, desde há muito, falou-se em “estudos” sobre o transporte misto de carga e passageiros, que é perfeitamente viável, como é óbvio e tem muitas vantagens.  Tratando-se de “estudos” é provável que o assunto se arraste durante uns quantos anos, de “estudos”. A menos que o governo mude…as notícias muito recentes sobre a aquisição pela Atlânticoline de dois ferries elétricos não mudam em nada o panorama, embora envolvam dois fatores positivos: a aposta em embarcações menos poluentes e mais modernas e a abertura de uma rota entre S. Miguel e Santa Maria, que já deveria existir há muito.

BAGA TRAMPALHICES – O início do processo de acusação de Donald Trump nos EUA decorreu exatamente como se esperava. A criatura declarou-se inocente dos 32 crimes de que é acusada. Trump fez extensas declarações, na comunicação social, na sua rede social própria e perante os seus apoiantes. Uma das que retive foi “nunca pensei que isto acontecesse na América”. Estava a referir-se à criminosa invasão do Capitólio, que ele próprio orquestrou e apoiou? Era bom, era, mas, claro que não. Referia-se às acusações que sobre ele pendem. Como se esperava, a defesa de Trump assenta quase exclusivamente na politização do caso, tentando fazer-se passar por vítima e mártir. Um Martin Luther King da extrema-direita. Inteligentemente, Biden e o partido democrata em geral não caem nessa esparrela e mantêm silêncio sobre o assunto. Deixam o poder judicial cumprir a sua obrigação e fazer o seu trabalho. Veremos o que acontece. Mas tremo só de pensar que esta criatura possa voltar a ganhar as eleições do próximo ano nos EUA. A Humanidade está à beira do abismo (e não é só com a guerra da Ucrânia) e ter um tosco, bronco, ignorante, de extrema-direita à frente dos EUA numa altura destas é arrepiante e pode muito bem ser o passo que nos vai precipitar. Declarações recentes da criatura (“se for eleito, no dia seguinte acabo com a guerra na Ucrânia; dava-me bem com Putin; comigo no poder, jamais teria acontecido a invasão da Ucrânia e acredito que a Rússia vai tomar toda a Ucrânia”), levam-me a crer que a receita da criatura para acabar com a guerra é simplesmente deixar de apoiar a Ucrânia. O que, evidentemente, acabaria com a guerra, mas também com a Ucrânia e entregaria a vitória a Putin e à sua sangrenta ditadura neoimperialista.

Sou bastante pessimista quanto ao futuro próximo. Mas, no mínimo, o mundo precisa de inteligência, ética, coragem e bom-senso. Tudo o que Trump não tem. Trump é só dinheiro, mentiras, incompetência, ignorância, fanfarronice e bazófia.

Se acreditam nalgum deus, então rezem, rezem muito. Ou então, gozem férias, viagem, vão à praia. Aproveitem ao máximo. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

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