BAGAS ISABEL DOS DEMÓNIOS E DJ'S DITATORIAIS (95)
Janeiro 28, 2020
Tarcísio Pacheco
imagem em: https://www.businesslive.co.za/bd/opinion/2020-01-27-cartoon-downfall-of-isabel-dos-santos/
BAGAS DE BELADONA (95)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA ISABEL DOS DEMÓNIOS – Não sei se Isabel dos Santos é culpada ou inocente dos diversos crimes que começam a ser-lhe imputados, ainda não formalmente em termos jurídicos, por enquanto, mas na voz do povo e nas parangonas dos media. Que a coisa está feia é inegável. Algo que parece evidente é que a princesa angolana e o seu príncipe consorte se deixaram tentar pelos demónios da cobiça, da gula e da acumulação material. E a história começa a ter contornos mafiosos, com uma morte suspeita a acontecer. Bom, a pressão dos media tem influência, a voz do povo já nem tanto, mas incomoda. Não me parece que a Isabelinha possa andar pela rua sossegada, nem regressar a Luanda tão cedo, embora o menos que lhe falta seja cantinhos confortáveis para se autoexilar, até ver o que vem por aí abaixo. Para já, tem-se desdobrado em entrevistas, em que protesta inocência. Se calhar, devemos deixar a Justiça seguir o seu curso e aguardar pelos próximos capítulos da novela angolana. Invocaria até o princípio básico da presunção da inocência, se isso não fosse uma dupla anedota no presente e neste caso em particular. Contudo, há coisas de que tenho a certeza. Isabel, o papá e a família Dos Santos em geral constituem um clã familiar bem representativo de um certo tipo de oligarquia, corrupta e nepotista, que existe em todo o lado, mas que é bem comum em países emergentes. Que, frequentemente, contam com grandes recursos económicos, mas deixam largas faixas de população na miséria. É uma dicotomia bem conhecida. O caso de Angola, comunista e depois socialista “moderna” prova que a caca tem o mesmo perfume onde quer que seja. Os políticos são todos parecidos, de direita ou de esquerda, todos procuram o mesmo, poder, influência, popularidade e acumulação. O clã Dos Santos e a oligarquia angolana em geral têm grandes amizades, parcerias e negócios em Portugal e, quanto a isso, só espero que a investigação seja bem eficaz e vá até às últimas consequências. Tenho vindo a acreditar mais na justiça portuguesa a partir de casos como o de Isaltino Morais, José Sócrates ou Armando Vara. Mas só um bocadinho, ainda é tudo muito lento, com tendência a prescrever, com montanhas a parir ratos e com a vaga sensação de que grandes tubarões se escaparam e que escapam sempre. Do que tenho mesmo a certeza absoluta é que o Paulo Kalitoco, de 12 anos, da aldeia de Kapila, centro de Angola, meu afilhado no âmbito do um projeto de apadrinhamento de crianças angolanas (pagamento dos estudos até ao 9.º ano), precisa mesmo da minha ajuda para ter o que por aqui temos como garantido (embora não exatamente de forma gratuita, como os políticos maliciosamente apregoam…). Com 10 euros/ ano, ajudo a pagar a sua educação. Já recebi uma foto da carinha dele, compensação mais que suficiente. E sei também que um saco de cimento para ajudar a construir escolas no interior de Angola custa 9 euros. Sei porque já paguei um. Faço isto com prazer e carinho, não faltam causas no mundo, é só olhar à nossa volta e querer ajudar, por pouco que seja. Mas faço-o porque gente como a família Dos Santos abandonou as suas crianças. Eu costumava gostar das covinhas nas faces da Isabel quando ela sorria. Achava-a fofa. Agora já não acho tanto.
BAGA DJ’s DITATORIAIS – Atualmente, muita gente usa áudio colunas portáteis, com excelente som, ergonómicas e com baterias duradouras. O meu nada secreto amor pela música e dança levou-me a comprar a primeira bastante cedo e a levá-las para todo o lado, sempre com educação, bom senso e respeito pelas outras pessoas. Nestas lides, percebi que existem umas pessoas sui generis que apelidei de DJ’s ditatoriais. Uns trazem a sua coluna de casa e não dão hipóteses a ninguém. É a música deles ou nenhuma. Quando não têm coluna, têm sempre arquivos de música “muito melhor” que a nossa. Com o maior descaramento pedem-nos para desligarmos o nosso bluetooth para eles porem música “só um bocadinho”. Aí acabou. Nunca mais desamparam a loja. Lembro-me de uma festa no Verão passado, em que eu estava a passar música há uns 10 minutos; a tipa chegou, atrasadíssima, a primeira coisa que disse, depois de tirar o casaco foi “posso pôr música um bocadinho?”. Foi o resto da noite. E como ela era muito mais amiga da dona da casa do que eu, ficou assim mesmo. Mais recentemente ainda, numa festa em que me haviam pedido expressamente para me encarregar da música, levei a minha coluna gigante e carreguei no meu Spotify música de dança para todos os gostos. Bom, apesar da coluna ser minha, uma artista que estava por lá não demorou muito a pedir para pôr música “só um bocadinho”. Nunca mais largou o osso, até se lhe acabar a bateria do telemóvel. Como pessoa bem-educada, sou presa fácil destes ditadores. Há-os um pouco por todo o lado.popeye9700@yahoo.com