Baga JOANINA e baga PIROTÉCNICOS MARÍTIMOS
Julho 04, 2019
Tarcísio Pacheco
BAGAS DE BELADONA (79)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA JOANINA – A silly season inaugura-se com
as Sanjoaninas. Essa é uma das razões por que, nesta época, me
afasto do computador e antes se me fenecia a pena. A vida pode ser
muito dura durante estas festas. Só quem passa é que sabe. Tenho
tendência a divertir-me enquanto ando por este mundo, enquanto
não volto à fase das fraldas e ainda me lembro do nome da minha
primeira namorada. Por isso, por estes dias, ando derreado e com
dores nas cruzes. Não estar de férias, ter que acordar cedo toda a
semana para trabalhar e cumprir outras obrigações, andar sempre a
toque de cafeína e mesmo assim num eterno bocejo, marcar
presença em variados concertos, visitar regularmente a banca de
caipirinhas do meu amigo João Araújo, herdada do seu ex-cunhado, o
meu caro amigo Mílton Gregory, brasileiro do Rio Grande do Sul, hoje
retornado à sua terra depois de muitos anos nos Açores, cumprindo o
seu sonho de se tornar um próspero e barrigudo fazendeiro. Voltando
às Sanjoaninas, ainda há os ensaios da marcha, a participação num
ou noutro desfile, na regata Angra Cup, os sucessivos jantares em
tascas, os encontros e as longas conversas na rua com os amigos, de
copo na mão, a loucura da fantástica rua de S. João, os múltiplos
aniversários de quem decidiu nascer em junho, o que me parece
corresponder a uma intensa e compreensiva atividade sexual no
calorzinho do Verão. É um período maravilhoso, uma forma de entrar
no Verão com o pé direito, apesar das birras desse velho choné, o S.
Pedro. Mas é muito cansativo. Já tive que tomar café esta manhã,
para enfrentar a rotina do trabalho e a depressão pós-Sanjoaninas. O
que me anima é que, na nossa ilha, a festa nunca acaba…emendam
umas nas outras. Como comecei por dizer, é uma vida dura que uma
pessoa leva, nesta ilha Terceira.
BAGA PIROTÉCNICOS – Por falar em coisas cansativas, para quem
anda no mar nos Açores, os pirotécnicos marítimos são um problema.
Consoante a classe de registo da nossa embarcação somos obrigados
a ter a bordo, em quantidades variáveis, fachos de mão, fumígenos e
foguetes de paraquedas. Tudo bem, é material de segurança
importante, que pode fazer a diferença, caso aconteça o pior. Mas os
pirotécnicos marítimos são caros e têm uma curta validade,
demasiado curta, em meu entender, geralmente à volta dos 3 anos. É
algo que a Polícia Marítima vai querer ver de certeza, em caso de
abordagem. E serão aplicadas coimas pouco meigas se não tivermos
os pirotécnicos ou se a data de validade tiver sido ultrapassada.
Acrescente-se ainda que é ilegal guardar pirotécnicos expirados e há
sanções previstas só por isso. Mesmo assim, até aqui tudo bem. Faz
parte da vida do marinheiro (que às vezes está a dar cabo da gente,
como cantava o saudoso vocalista da banda Sitiados). Os problemas
começam quando tentamos comprar pirotécnicos. Geralmente, não
se vendem nos Açores e ninguém faz estoque, devido à curta
validade. Os pirotécnicos não podem viajar em aviões, têm de vir por
via marítima. No estrangeiro, onde adquiro a maior parte dos
produtos e equipamentos para o meu veleiro, ninguém nos quer
vender. E mesmo em Portugal, das poucas empresas que
comercializam pirotécnicos marítimos, a maioria torce o nariz a
envios para os Açores e acabamos frequentemente a pedir quase por
favor para nos fazerem uma venda. Os últimos pirotécnicos que
comprei vieram de Espanha, adquiridos por um familiar e trazidos em
mão própria por um skipper que fazia uma entrega de um veleiro
para a Terceira. E, agora, aguardo, desde 18 de junho, que uma
empresa continental, a Contrafogo, nas suas próprias palavras
“arranje um transitário que aceite transportar os pirotécnicos para a
Terceira”.
Na hora das vistorias e inspeções, a autoridade marítima está,
usualmente, borrifando-se para os problemas das pessoas. Escudam-
se nas “ordens” que têm e no cumprimento da lei. São militares e são
geralmente cegos, surdos e mudos. E, como sempre que há borrasca,
quem se lixa é o mexilhão. Vai sendo tempo de o Governo intervir e
tornar obrigatória a venda e transporte de equipamentos que somos
obrigados a adquirir. Sob pena de isto parecer uma cena burlesca, a
puxar para o estúpido, mais típica da Coreia do Norte. E, às vezes, de
Portugal. POPEYE9700@YAHOO.COM