BAGAS DE BELADONA (72)
Março 20, 2019
Tarcísio Pacheco
imagem em: https://www.youtube.com/watch?v=hyLShzhQLZo
BAGAS DE BELADONA (72)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA DAS CINZAS – É interessante, mas o meu Carnaval atual deixa-me mais cansado do que o meu antigo Carnaval. O meu Carnaval atual, desde há quatro anos, é passado nos salões da ilha, acompanhando, como músico amador, o Bailinho das Mulheres do Porto Judeu, o único que me permite integrar um bailinho e ficar no relativo anonimato de um cantinho do palco, sem precisar de enfrentar diretamente o público. O meu Carnaval antigo era passado na rua, fantasiado, geralmente de pirata, a minha vocação profunda, de bar em bar, de copo na mão, a “atravessar o deserto do Sahara”, a desejar que a minha “cidade maravilhosa” estivesse mais quentinha porque aí a Chiquita Bacana estaria mesmo vestida com uma casca de banana nanica, a curar resfriados, e, frequentemente, a tentar descobrir onde pararia o que teimavam em designar por “animado Carnaval terceirense”; que, entretanto, se fixou na rua de S. João, cada vez mais o centro da movida angrense e que já merecia ser fechada ao trânsito, para alternar com a Praça Velha. Acho que evoluí. Mas fico cansado, ligeiramente deprimido, com saudades daquela agitação e dos improváveis compagnons de route com quem pouco me cruzo no resto do ano. Preciso de uns dias para recuperar. Já recuperei.
BAGA CONAN QUEM? - Não me interessa se a música é sobre telemóveis ou esquentadores, se tem mensagem dentro ou não, se Conan é um tipo fixe ou imbecil (o outro Conan que conheci, o Bárbaro, era tosco, personagem e ator, o que me deixa desconfiado). Também não me interessa se a música combina três ou dez ritmos e se isso é profundamente revelador do caráter português. Não quero saber se Conan veio de uma parvónia qualquer onde era o Estrumpf da aldeia, para Lisboa, à procura do resto da sua tribo. Não quero saber se ele usa desodorizante ou se gosta de comida chinesa. Isto tem a ver é com música. E, para mim só há dois tipos de música: a que me agrada e a que não me agrada. E esta não me agrada. Nunca a escolheria para toque de telemóvel, função em que já tive, por exemplo, a famosa “Marcha dos Marinheiros” e o “Brasileirinho”, o chorinho mais rápido da musicografia brasileira. Desejo-lhe boa sorte, ao Sr. Osíris (deve ser da parte do pai, o que explicaria algumas bizarrias, uma vez que Osíris era um deus, egípcio e dava-se com mortos…) embora já tenha deixado de assistir a cenas eurovisivas há muitos anos.
BAGA PULSEIRAS SÓ DOS FESTIVAIS DE VERÃO– O meu amigo Bulcão zangou-se com o Nuno Melo Alves (NMA) por causa da questão das pulseiras eletrónicas para os funcionários públicos e aplicou-lhe um valente puxão de orelhas. Confesso que gostei disso, mas, pessoalmente, não me amofinei, acredito que NMA na verdade é um grande brincalhão, um gaiteiro. Aquilo era tudo na brejeirice. Aliás, os textos dos políticos de direita causam-me sempre boas gaitadas. O que eu me rio com os tweets de Trump… se NMA tivesse escrito a sério, sugerindo que se deve partir do princípio que todo o funcionário público é um potencial ser perverso e desonesto, não se teria zangado com a gente por não termos sugerido “alternativas” (sim, porque alguma coisa tem de se fazer para se controlar esse corja de médicos, enfermeiros, professores, bombeiros e outros potenciais criminosos), uma vez que ele também só se lembrou das pulseiras…E, sendo ele um político e, como todos os políticos de direita, eminentemente honesto, justo e correto, se estivesse a sério, teria sugerido também pulseiras para todos os políticos, já que, sabemo-lo bem, paradoxalmente, é nesta classe que encontramos os maiores velhacos e mentirosos, especialmente entre políticos de esquerda, evidentemente. Se os políticos usassem pulseira, teríamos informação muito mais completa sobre as andanças e trafulhices de Sócrates, Duarte Lima, Isaltino Morais e Armando Vara, por exemplo. Por outro lado, com pulseiras, talvez conseguíssemos saber o que diziam e congeminavam os membros daquele alegre grupo que há anos corria o país em mangas de camisa, formado, entre outros, por Cavaco Silva, Dias Loureiro, Miguel Relvas, Passos Coelho e o avô Afetos. E só a brincar é que NMA podia relacionar falta de liberdade exclusivamente com regimes de esquerda quando até à revolução bolchevique de 1917, o mundo era todo de direita e só conhecia tiranos e ditadores. Ou seja, até há um dia atrás, em termos do devir histórico. Só a brincar é que NMA podia relacionar o atual governo português com fake news sabendo que profissionais de fake news e bloggers corsários fabricaram, sob encomenda e com o devido pagamento posterior, por exemplo, mediocridades políticas de direita como Passos Coelho e Trump. Ná, o Nuninho não me engana, ele é um maroto, um pândego. O melhor é não lhe darmos importância, como eu faço, aliás, a mim próprio e olhem que gosto imenso de mim. POPEYE9700@YAHOO.COM