BAGA O ASCO DE BOLSONARO
Outubro 23, 2018
Tarcísio Pacheco
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BAGAS DE BELADONA (57)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA O ASCO CHAMADO BOLSONARO: À data em que escrevo estas linhas, iniciámos a semana em que Jair Bolsonaro, político profissional de extrema-direita há 28 anos, ao que tudo indica, será eleito presidente da república do Brasil, um dos maiores países do mundo, independente desde o 1.º quartel do séc. XIX, sem necessidade de grande derramamento de sangue porque o colonizador português, sem deixar de ter sido cúpido, ávido, ganancioso, maquiavélico, calculista, hipócrita e cruel como todos os outros, por motivos de índole, carácter nacional e limitações próprias, foi, quiçá, o menos monstruoso e o mais “mole” de todos os colonizadores europeus.
O mundo culto, intelectualmente evoluído, crítico e tão livre quanto possível, não acreditou, em 2016, que Trump conseguisse ser eleito. Apesar dos sinais nesse sentido, sobrestimámos a inteligência e maturidade do eleitorado norte-americano. Ousámos ter esperança porque a ninguém, minimamente informado, pode ser indiferente o nome do dono do mais poderoso país do mundo (embora com forte concorrência na atualidade) que, no caso dos Açores, tem feito rigorosamente o que lhe interessa na ilha Terceira, sem qualquer esforço de oposição do Governo Regional e com a patética e total submissão do Governo da República, a que sempre se somou a tradicional apatia e desinteresse dos próprios Terceirenses. Nem a descoberta e prova de que os Americanos poluíram e envenenaram o ambiente durante décadas veio modificar muito a história. Foi assim que Donald Trump, um tanso com algum jeito (relativo, dado as várias falências) para negócios, foi eleito presidente dos EUA, tendo começado de imediato a cometer todo o tipo de disparates e a pôr em prática medidas cegas e potencialmente nefastas para a civilização humana no longo prazo.
Agora, no Brasil, temos Bolsonaro, um político da mesma família de Trump (a família o mais à direita possível no espectro democrático, conservadora, capitalista, hipócrita e com um toque quanto baste de devoção religiosa). Aliás, em boa verdade, esta gente não tem nada de democrata. Faz o jogo democrático porque, fora de África, já não há generais disponíveis para golpes de estado e porque a cada vez mais forte interdependência entre as nações não permite manobras destas, nem mesmo aos poderosos.
Bolsonaro tem um forte apoio na tribo dos Evangélicos, cada vez mais numerosa no Brasil. Os pastores evangélicos encontram aqui terreno fértil para semear o seu pérfido engano, no seio de um povo tradicionalmente crente, mas bastamente inculto e ignorante, prometendo a salvação para todos a preços de saldo. O candidato conta com bastante menos apoio no sector católico. É por isso que, na passada semana, vimos Bolsonaro no Rio, a piscar o olho aos católicos, em clima de cumplicidade com o arcebispo titular, a defender o radicalismo de direita em temas sempre caros para a retrógrada Igreja, como o aborto, a legalização das drogas leves e a educação sexual nas escolas. Como pano de fundo, funcionárias do arcebispado a festejara visita, com t-shirts do candidato 17, simulando empunhar metralhadoras, perante a imagem do impávido e sereno Cristo.
Sejamos claros e diretos. Bolsonaro é um verdadeiro asco como político. Brutal, pouco inteligente, antidemocrático, conservador, fanático, hipócrita, violento, agressivo, racista, homofóbico e misógino. Do meu ponto de vista, um bom representante da escória humana e um claro fascista, em termos de mentalidade. Para assim o classificar, baseio-me em declarações, imagens, atitudes e textos do próprio. É um fascista que nem tem a inteligência de tentar disfarçar a sua condição. É um fascista assumido e, imagine-se, é admirado pela turba por “ser sincero”, ou seja, por exibir a sua brutal estupidez sem qualquer filtro. Os seus apoiantes, entre os quais se contam amigos brasileiros que conheço pessoalmente (uns há 14, outro há 10 anos), refletem o temperamento do seu herói: agressividade, irrazoabilidade, completa intolerância e ausência total de espírito crítico. Um deles, que se diz inteligente, nunca esteve na Europa, viaja frequentemente para os EUA, diz que a culpa do estado do Brasil é toda dos Portugueses colonizadores e que apoia Bolsonaro porque quer ser capitalista e adora fazer compras. Palavras para quê? E este é formado, teve educação…
Tudo indica que, domingo, Bolsonaro vai ser eleito. Não poderá impor um modelo de governação fascista, o sistema brasileiro, apesar de tudo, tem mecanismos de autoproteção. Mas ele vai cavalgar a crista da onda de populismo de direita que varre o mundo (e que entre nós teve Passos Coelho e Paulo Portas como tímidos representantes). Poderá ser o princípio do fim. Ou apenas o princípio do processo de catarse pelo qual o mundo terá de passar. A História ensina-nos que o mundo não muda sem convulsão. Preparemo-nos, pois. POPEYE9700@YAHOO.COM