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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGAS DE BELADONA (39)

Novembro 23, 2017

Tarcísio Pacheco

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imagem em: https://librarianprincess.wordpress.com/

 

BAGAS DE BELADONA (39)

 

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA MUSEUS E BIBLIOTECAS – Com o devido respeito mas total discordância, achei o editorial do DI do passado dia 14 de novembro poeirento e atávico, fazendo-me lembrar duas coisas: aquilo que muitos pais dizem aos seus filhos “porque sim e porque eu estou a dizer” quando não sabem justificar de forma racional os seus actos e decisões; e a sinistra personagem do Irmão Jorge, no brilhante thriller baseado na obra de Umberto Eco, O Nome da Rosa, que nunca ria porque “o riso ofende a Deus”. Para quem possa não ter entendido as analogias, refiro-me a ideias que não têm uma base inteligente ou racional, antes assentando na tradição e “porque foi sempre assim” e as ideias que assentam em interpretações muito pessoais e também na cristalização da vida e na ausência de mudança e evolução.

Partindo da recente polémica sobre jantaradas no Panteão Nacional, o editorial do DI tece considerações críticas sobre o papel de museus, bibliotecas e arquivos na sociedade actual, tomando, inequivocamente, como alvos, o museu e a biblioteca pública sedeados em Angra do Heroísmo. Defende uma perspectiva antiquada, muito conservadora e muito própria do que deve ser a missão de tais instituições. Confunde sossego com pasmaceira. E insiste, em pleno séc. XXI, no museu-armazém e na biblioteca-depósito. Um cenário de clichés, com funcionários fardados, megeras de permanente e técnicos carecas, de bata, com óculos encavalitados na ponta do nariz. A mandar calar, furiosos, quem se atrever a perturbar a sua sagrada missão e o seu ensurdecedor silêncio. Tudo muito arrumadinho, sem pó e encerado. Bibliotecas de atmosfera conventual, toda penumbra e sussurros e museus de cera, onde é desaconselhada qualquer actividade porque energia gera calor e calor pode derreter o espólio.

Relativamente aos nossos três panteões nacionais, não me aquece nem me arrefece que por lá se realizem eventos de natureza diversa. Isso é próprio dos vivos e estou em crer que os mortos não se incomodam. Os restos mortais humanos nada me dizem, ossos são ossos mas, tratando-se de defuntos cuja memória o país entendeu honrar, julgo que essa memória deve ser respeitada. Não me parece que uma jantarada, só por si, seja uma forma de desrespeito. Afinal, em princípio, todos comemos, todos os dias. Mas, sendo, todos os nossos monumentos públicos, administrados por representantes que elegemos a cada 4 anos, entendo que compete a cada um deles, em cada momento, tomar decisões a respeito da sua gestão e assumir quaisquer consequências daí resultantes. Os precedentes devem ser levados em conta, antes de dizer asneiras. De resto, haja bom senso e ponto final.

Quanto aos museus e bibliotecas, tenho ideias mais concretas, que nem sequer são originais nos dias de hoje nem restritas ao nosso país. Basta fazer uma curta pesquisa pela Internet, cujo relatório não cabe aqui, para encontrar uma agenda cultural riquíssima e muito variada em museus e bibliotecas por esse mundo fora, apresentando exposições, mostras, concertos, teatro, conferências, apresentações, espectáculos, bailados e oficinas. Não é nosso nem é novidade.

A missão principal de instituições como museus e bibliotecas é objecto de normativos legais e está perfeitamente definida. Tanto num caso como noutro, como objectivos principais, compete-lhes guardar, proteger, conservar, estudar, expor e divulgar os bens comuns a seu cargo. Tenho a certeza que é isso que tem acontecido por cá, dentro dos limites dos meios humanos, materiais e financeiros disponibilizados. Desde que esses deveres básicos sejam cumpridos, não entendo que alguém se possa sentir incomodado pela inteligência, boa vontade, iniciativa, energia e criatividade de outrem.

A nova biblioteca pública de Angra, feia por fora mas lindíssima por dentro e superiormente dirigida, tem apresentado uma programação riquíssima e deveras interessante. Deveria limitar-se a ser um armazém de livros? Porquê? O museu de Angra, bem dirigido, tem um excelente serviço educativo, premiado, que também gere todos os eventos públicos do museu; organiza eventos muito diversos, para públicos diferentes, geralmente bem concorridos que, de uma forma geral, estão ligados ao espólio do museu. Um exemplo, entre muitos? Isso é fácil, são tantos… Que melhor maneira existe de preservar e mostrar um órgão de tubos do séc. XVIII de que organizar e divulgar concertos regulares com ele? Aparentemente, para o editor do DI deveríamos apenas limpar o pó ao órgão e mostrá-lo para a fotografia… Que melhor maneira de ligar o museu à sua comunidade de que levar lá as pessoas, regularmente, para eventos diversos, de qualidade? Pessoas que, dantes, iam lá 2 vezes na vida, se tanto, enquanto estudantes, numa visita de estudo e, muitos anos mais tarde, para mostrar o museu da terra a uma “visita de fora”. Que melhor maneira há de justificar e garantir a própria sobrevivência da instituição do que levar lá regularmente as crianças da ilha, para visitas, jogos  e oficinas? O tempo dos ratos de biblioteca já passou. E o único tempo real é o do presente. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

BAGAS DE BELADONA (38)

Novembro 16, 2017

Tarcísio Pacheco

base das lajes.jpg

 imagem em http://radiopico.com/?n=noticias&menu=noticias&id_noticia=11026

 

 

BAGAS DE BELADONA (38)

 

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA BASE DAS LAJES – Este é um tema a que raramente me refiro, por me causar nojo e mal-estar (pode também, perfeitamente, ser efeito da contaminação norte-americana). Mas a verdadeira náusea que sinto é por haver tanta porcaria nesta história,  mesquinhez,  falta de coragem, manha,  ignorância,  jogo partidário e tanta estreiteza de vistas. O Governo da República trocou a tranquilidade, a segurança, o sossego e a saúde dos terceirenses, primeiro, por uns milhões de dólares, mais tarde apenas por sucata militar, “cooperação” que nunca existiu e uma ignóbil e inútil (para os Açores) Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Agiu sempre com o mais reles servilismo e subserviência. Assinou um acordo que nem sequer foi ratificado pelos EUA, que pouco ou nada prevê como retribuição / reparação e que é altamente desvantajoso para os Açores. As negociações e “revisões” do acordo das Lajes têm sido idiotas e devem ser tema de anedotas no Pentágono. Os EUA agiram sempre neste assunto com a maior arrogância e sobranceria, do alto da sua superioridade, como donos do mundo, mentindo e manipulando, como sempre fizeram ao longo da sua história. E agora, que se retiraram quase por completo das Lajes, porque isso era o que lhes convinha no momento, têm o descaramento de agir como donos da base das Lajes e da ilha Terceira, não fazendo mas não permitindo que ninguém faça, com a conivência do Governo da República, enquanto vão ganhando tempo, poupando dólares e atirando uns amendoins aos nativos, para se entreterem nos intervalos entre as sessões de quimioterapia. Não é de esperar qualquer mudança positiva sob a miserável Administração Trump, se não a houve durante a Administração Obama, incomparavelmente melhor. Os EUA representam, no mundo, um poder absolutamente maquiavélico, que só age de acordo com os seus interesses, quantas vezes, inconfessáveis, profundamente ideológicos e, em tantos casos, absolutamente antidemocráticos. E que, tanta vezes são apenas interesses que resultam da promiscuidade nojenta entre política, dinheiro, negócios e favorecimento de minorias e de elites.

 Enquanto isso, nos Açores, todas as semanas saem notícias novas sobre possíveis investimentos na base das Lajes ou na Terceira, quase todos relacionados com o nosso “valor estratégico” e o nosso potencial como peões nos jogos de guerra dos poderosos do mundo. Estou mais que farto do nosso “valor estratégico”. Pessoalmente, isso jamais me interessou, no plano militar, bem-entendido. É algo que devia ter começado e acabado com a II Guerra Mundial. Defendo cada vez mais um arquipélago com estruturas, aeroportos e portos de uso predominantemente civil, apenas uma pequena força militar que faça sentido, do tipo Guarda-Costeira (há países que não têm exército e seguem fazendo a sua vida) e o reconhecimento do nosso valor pelo que realmente interessa, PESSOAS boas e pacíficas, paisagem, oceano, natureza, ecologia, turismo, História, tradições, cultura, serviços, produção e comércio. Não quero continuar a ser peão, ainda para mais descartável, nos joguinhos de generais, almirantes, serviços secretos criminosos e políticos reles, medíocres, manhosos, ambiciosos, oportunistas e populistas.  Já chega. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

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