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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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BAGAS DE BELADONA (19)

Setembro 27, 2016

Tarcísio Pacheco

 

 

democracia direta.jpg

 

 

BAGAS DE BELADONA (19)

 

HELIODORO TARCÍSIO

 

BAGA NÃO VOTO - Agora que se aproximam as eleições regionais, convém dizer qualquer coisinha sobre o escaldante tema.

O que tenho para dizer é simples. Não vou votar, como de costume. E não vale a pena ninguém se ouriçar por isso, porque as minhas decisões são sempre fundamentadas.

Tenho desprezo pelos partidos políticos em geral, não necessariamente pelas pessoas que os constituem. Algumas são criaturas que me repugnam, como Passos Coelho e Paulo Portas. Mas a maior parte são pessoas comuns, como todos nós, geralmente iludidas ou então a fazer pela vidinha deles. Mas, acima de tudo, não vejo qualquer saída, dentro do actual sistema político para as profundas assimetrias dos Açores. E acho patético que o PSD faça disso bandeira, já que, tenho a certeza absoluta que, mal se apanhassem no poleiro, fariam exactamente o mesmo que o PS e de forma semelhante. E as pessoas, tolamente, correm a dar-lhes o seu voto, quase sempre aos mesmos, desde o 25 de Abril. Como se costuma dizer, estupidez não é cometer erros. Todos os cometemos. É cometer sempre os mesmos erros, da mesma maneira.

Basta viajar por S. Miguel e pelas outras ilhas, como tenho feito nos últimos anos, para perceber as nossas profundas assimetrias de desenvolvimento. Elas são claras e evidentes, a “funchalização” de Ponta Delgada, a onda de asfalto em S. Miguel, a megalomania do Governo micaelense, a gigantesca marina, entregue, em grande parte, às gaivotas. Nem é preciso falar na miserável história da base das Lajes, da eterna promessa do porto da Praia da Vitória e das mil e uma histórias de promessas não cumpridas e obras atrasadas na Terceira e outras ilhas. Deixo isso para as gralhas do costume.

O problema é que, segundo creio, o Estatuto Autonómico actual não serve os interesses dos Açorianos não micaelenses. O poder está totalmente nas mãos dos partidos políticos e completamente blindado por eles. Obviamente, só os partidos políticos podem mudar o Estatuto e nunca o farão porque não lhes convém. E ainda há que contar com a disposição centralista e neocolonialista do governo da República.

Os partidos políticos têm uma agenda e interesses próprios que só acidentalmente coincidem com os das populações. E regem-se segundo lógicas perversas. Todos pretendem atingir o poder e manter-se lá a qualquer custo. Existem para isso, é a sua essência. Para isso, é absolutamente imprescindível criar, alimentar e manter felizes as suas clientelas. O que, em boa parte, no caso dos Açores, significa manter feliz o eleitorado micaelense que se está, podem acreditar, a borrifar-se para o desenvolvimento harmónico das ilhas todas.

Acredito que, num arquipélago isolado como o nosso, a realidade ilha é a que se tem de impor. Uma ilha é um pequeno mundo, um país. Uma ilha precisa de portos, aeroporto, escolas, hospitais. Uma ilha precisa de tudo. Uma ilha precisa de autonomia. Uma ilha tem de ter as suas próprias autoridades, os seus próprios meios e de pugnar pelos seus interesses. Uma ilha não precisa de partidos políticos para nada, exceto para a livre associação no sentido da formação e debate políticos. Os partidos podem existir à vontade. Não podem é ser donos disto tudo porque o resultado está á vista e só não vê quem é cego ou não lhe convém ver.

Acredito que devíamos ter nos Açores, uma espécie de sistema federalista, em que cada ilha teria poderes muito alargados e seria governada por uma espécie de conselho de ilha, livre e democraticamente eleito em cada ilha. Representantes desses conselhos formariam um conselho regional, que discutiria os assuntos de interesse regional e geral e tomaria as devidas decisões.

As pessoas evoluem e as coisas mudam. Já vou vendo pessoas a defender publicamente este tipo de ideias, de uma forma ou doutra. Como seria de esperar, sugestões que se enquadram neste perfil têm aparecido a partir de franjas marginais do poder político, nomeadamente, do PPM e do PCTP/MRPP (que parceria!). Porque do lado negro da Força, do “arco de governação”, nunca virá nada de semelhante. Não lhes convém. Toda a gente que leu banda desenhada sabe que o sonho do grão-vizir é tornar-se califa no lugar do califa. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

 

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