BAGAS DE BELADONA (17)
Julho 15, 2016
Tarcísio Pacheco
BAGAS DE BELADONA (17)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA ESTAÇÃO CALMOSA – Populares, essa imensa massa anónima e universal que, no fundo, está no centro de tudo o que acontece e que é muito bem representada pelo famoso “emplastro” lá do “Oporto”, têm reportado um fenómeno assaz curioso e dificilmente explicável. Aqui e ali, nos últimos dias, embora raramente, têm sido avistado nos céus, por entre a penumbra cinzenta normal do nosso mundo, um disco alaranjado que aparece apenas por poucos minutos e parece flutuar no espaço e mudar de posição, ao longo do dia. Também parece emitir alguma luz e calor, embora não muito. À noite, não aparece ou não se vê, ainda não se sabe ao certo. Os cientistas estão a estudar o caso e o Dr. Maduro-Dias já tem uma opinião preparada.
Também há quem afiance que existe uma grande ilha aqui perto, para Oeste. É capaz mas eu sou meio céptico e só acredito no Monte Brasil porque o vejo da minha casa, no Bailhão, embora nem sempre com clareza.
Muito se tem falado na coesão entre as ilhas. Isto porque raramente estamos de acordo em alguma coisa. No entanto, desta vez, é oficial e claramente demonstrativo de uma forte coesão. O parlamento açoriano decidiu que o símbolo que melhor representa as nossas ilhas não é um bicho que nem sequer sabemos se existiu. Isso é tão realista como pintar “Champions d’Europe 2016” num autocarro azul. Foram considerados o milhafre, a hortênsia, a cagarra, o priôlo, o peixe-porco, a folha da beterraba e a água-viva. Mas acabaram por ser todos unânimes em aceitar que o símbolo que melhor representa os Açores é uma nuvem cinzenta, que passará a figurar na nossa bandeira, em vez do açor. A única questão que gerou dúvidas é se será uma nuvem gigantesca, envolvendo todas as ilhas, ou uma nuvenzinha para cada ilha, com diferentes dimensões e gradações de cor, quase preta nas Flores, branquinha em Santa Maria, cinzento-agressivo e expansiva sobre S. Miguel, com raios e a encolher, sobre a Terceira.
Também andei deserto para escrever sobre o Euro 2016 e malhar no Fernando Santos. Que futebol miserável e irritante. É que eu sou daqueles que gostam que a sua equipa jogue bem E ganhe. Parece que, afinal, hoje em dia, isso é incompatível. Mas, como não tenho os privilégios do meu amigo Bulcão, o mais certo era publicarem-me o artigo depois do Euro e no fim a besta era eu. E teria sido mesmo. Nunca fiquei tão contente por quase ter chegado a besta. No fim, o saldo é positivo. Aprendi que afinal há mesmo milagres e se os Franceses, essa boa gente, tão inteligente e humilde, já o tinham afirmado, quem sou eu para o negar, um provinciano criado em cima destes calhaus… E há sapos que são príncipes (embora haja muito mais príncipes que são sapos) porque há patinhos feios que se transformam em cisnes. POPEYE9700@YAHOO.COM