BAGAS DE BELADONA (10)
Janeiro 28, 2016
Tarcísio Pacheco
IMAGEM em : http://guiadossolteiros.com/2015/11/25/como-fazer-amigos-depois-dos-30-anos/
BAGAS DE BELADONA (10)
HELIODORO TARCÍSIO
BAGA DIA DE AMIGOAS - Como o português vernáculo é bastante machista, referenciando tudo pelo género masculino e vivemos uma era de mudanças ortográficas, dei para inventar um neologismo, amigoas. São aquelas pessoas que quase todos temos nas nossas vidas, até os tipos do Estado Islâmico antes de cumprirem a sua sagrada missão de entrar no paraíso em mil pedaços para montar. São os compinchas, as pessoas que amamos, com quem gostamos de partilhar a vida, aqueles que, não sendo do nosso sangue, elegemos como companheiros de estrada. Embora exista o feminino do vocábulo, o dicionário diz-nos que estas pessoas são os nossos amigos. Como uma das minhas principais crenças é que o amor é o mais importante na vida, logo a seguir à paparoca porque ninguém consegue suster-se só de amor, atribuo um elevado valor à amizade. E adoro os meus amigos. Mas não faço a mínima distinção entre géneros. E até gosto de tradições em geral. Mas nunca consegui entender qual é a graça de haver almoços e jantares que um mês antes do Carnaval são só para pessoas com pénis e uma semana depois são só para pessoas com vagina. Talvez seja uma mania como outra qualquer, chamem-me esquisito mas acho que pénis e vaginas ficam bem é misturados. Nunca saio de casa no dia de Amigos. Quero-os todos os dias menos nesse. E no Dia de Amigas, elas é que não me querem. Nos restantes dias estou sempre disponível para festejar um Dia de Amigoas.
BAGA RATARIA – Queria pedia encarecidamente ao Diário Insular que parasse de colocar fotografias coloridas de grande plano de cadáveres de ratos e ratazanas, na primeira página do jornal. Costumo ler o jornal na minha hora de almoço e isso estraga-me o apetite. As minhas desculpas a quem gosta de ratos. Eu entendo, sempre gostei do Mickey. Obrigado.
BAGA AUTONOMIA – É um tema em cima da mesa na actualidade. De vez em quando é varrido para o chão, quando dá jeito. Na minha singela opinião, o modelo autonómico que temos não serve. É completamente sustentado pelos partidos políticos como, aliás, toda a vida pública. E os partidos políticos, só um cego é que não vê, têm uma agenda própria que só acidentalmente coincide com os interesses das populações. E quando não coincide, colide. Os partidos vivem dos votos, fazem planos a 4 anos e o seu principal objectivo é chegar ao poder e manter-se lá eternamente, Para isso, farão tudo o que for preciso, especialmente agradar aos seus votantes e às suas clientelas. Não é que eu advogue qualquer tipo de desenvolvimento, especialmente o de betão ou concentrado unicamente em critérios económicos, como faz o neoliberalismo. Mas a vida é progresso, aprendizagem, melhoria, evolução, o que tem muito que se lhe diga, em termos filosóficos. Deixando, por agora, a filosofia de parte, é óbvio que qualquer partido político vai privilegiar a sua massa essencial de votantes. O que, no nosso caso, significa beneficiar a ilha de S. Miguel. Nem sonhem que alguma vez será diferente. Por isso é que penso que cada ilha tem de zelar pelos seus interesses. Cada ilha tem de ser um pequeno mundo. Aliás, já é. Cada um de nós vive em cima do seu calhau. Defendo, para os Açores, um género de democracia directa, sem partidos políticos em que cada ilha usufrui de uma determinada autonomia e as preocupações comuns e colectivas são discutidas ao nível de federação. Sim, eu sei, sou utópico. Vou continuar a ser.
BAGA VÍTIMAS QUE ESTÃO NO LUGAR ERRADO À HORA ERRADA – Coitados. Entendo. Também já me aconteceu. Ainda domingo passado, quando me calhou, logo por azar, estar em cima da minha bicicleta quando lhe rebentou um pneu, descendo o Alto das Covas. Ainda estou a coçar as feridas. Parece que foi o que aconteceu com o infeliz que levou com um cabeço de amarração no porto da Madalena. Nunca mais coçou nada. O Governo Regional acaba de sacudir a água do capote. Não é possível assacar responsabilidades políticas. Claro que não. A culpa é do cabeço. Já foi interrogado mas remeteu-se ao silêncio. Estou tão enojado como se tivesse comido atum estragado. Ou sido agredido por um cabeço psicopata.