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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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QUENTES E BOAS (1) Rabos Grandes

Dezembro 30, 2014

Tarcísio Pacheco

bunda grande.jpg

imagem em:  http://www.luizberto.com/2013/06/04

 

QUENTES E BOAS (1)

 

 TARCÍSIO PACHECO

 

Rabos grandes – Pesquisas recentes levadas a cabo por cientistas da Universidade de Oxford mostraram que as mulheres com traseiros avantajados são mais inteligentes e mais saudáveis. Agora entendo porque basta sairmos à rua no Brasil para nos apercebermos da muita inteligência em circulação . Atenção, isto aplica-se apenas às que apresentam também cintura fina. Por isso, às detentoras de barrigas patrocinadas por uma marca de cerveja, esta descoberta não se aplica. Estejam atentas a outras pesquisas científicas, por exemplo, a utilidade prática da gordura abdominal como fatbag em caso de colisão frontal.

Bom, eu sou um apaixonado por este tema e há já muito tempo que me entrego a extensas pesquisas na área. Tenho-lhe mesmo dedicado muitos dos meus tempos livres. Por isso, se alguém me vir na rua a olhar para um traseiro feminino, lembrem-se que é pura curiosidade científica. Estou apenas a extrair toda a informação e a catalogar mentalmente os dados.

Bom, tudo começou quando eu era criança e partilhava a cama com a empregada domést…,  perdão, com a colaboradora permanente da minha mãe,  uma moça que à primeira vista se via logo que era muito inteligente e saudável. Como em tantas descobertas interessantes, as coisas aconteceram-me por acaso. A Newton caiu-lhe uma maçã na testa; a mim,  aterrou-me um traseiro na cama. A Mozart,  deu-lhe para brincar com pianos; já eu, nunca tive piano em casa. O contacto diário e íntimo com o objeto de estudo despertou em mim uma vocação precoce e um interesse bastante evidente;  datam desse tempo as minhas primeiras observações científicas: dimensões, forma, peso, temperatura, textura, geografia, movimentação, efeitos sonoros,  emissões gasosas, particularidades olfativas e reações ao toque. Também foi nessa altura que cheguei às minhas primeiras conclusões: um traseiro não fica muito tempo no mesmo lugar, não se mantém inalterável ao longo do tempo e é muito sensível aos efeitos da gravidade terrestre.

Eu já suspeitava destas relações há muito e foi com satisfação que vi agora os factos comprovados pelo meus colegas de Oxford, com quem já estou em contato, basicamente para trocarmos imagens dos melhores espécimes. E para saber se há lá mestrados  nesta área. Licenciatura já eu tenho mas acalento este sonho de ser mestre em qualquer coisa como Projecções Carnais Posteriores da Mulher ou Ligações Diretas entre Chakras (até à data só encontrei uma pós-graduação em Exegese da Bunda numa faculdade evangélica brasileira). Queria poder defender uma tese em que apresentasse os registos dos inúmeros casos que me passaram pelas mãos.

Para qualquer neófito que se queira iniciar nestes estudos, deixo alguns conselhos: evitar espécimes com reserva de propriedade, devido à possibilidade de conflito; registar todos os espécimes com potencial, mesmo os imaturos, para observação posterior; investir nos espécimes com expetativas de crescimento, sendo possível acelerar-se o processo mediante o recurso ao mecenato privado (MacDonald’s, Carte D’Ór, Pringles,etc) ou ao apoio público (cantina da Assembleia da República, por exemplo); manter sempre limpo de infestantes qualquer plano de trabalho, sendo que a solução mais eficaz é recorrer a uma clínica Elisabeth Ministro ou similar; usar sempre do maior cuidado com exemplares de grande porte, em certas circunstâncias já se deram casos de sufocação; finalmente, manter elevados critérios de seleção e desprezar espécimes magros ou achatados que são inertes para este tipo de estudo.

Se alguém quiser contribuir para um trabalho científico, sob anonimato e confidencialidade, pode enviar-me um mail. Com foto do traseiro, por favor. Não, não, basta do traseiro. Do ponto de vista estritamente científico, o resto não interessa. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

Memento Mori - Lembra-te que vais morrer, pá!

Dezembro 19, 2014

Tarcísio Pacheco

amor.jpg

 imagem em: http://www.versodeamor.com.br/espalhe-amor

 

 

MEMENTO MORI

“LEMBRA-TE QUE MORRES, PÁ!”

 

TARCÍSIO PACHECO

 

Não há nenhum problema tão complexo que não possa ser simplificado, reduzido às suas estruturas essenciais, o que facilita um processo de compreensão.

A questão central da vida humana é o mistério da morte e por decorrência, o significado da vida. Desde que o Homem teve condições para deixar de se ocupar exclusivamente da sua sobrevivência material, começou a refletir sobre o assunto. A terrível evidência da morte a isso o obrigou.

A via mais usada e a mais fácil foi sempre alguma forma de misticismo. Não sabemos, não compreendemos, então reduzimo-nos à nossa inferioridade e aplicamos um rótulo de sobrenatural, de insondável. Isso não nos traz respostas mas deixa-nos descansados.

No entanto, desde que o Homem foi capaz de desenvolver processos mentais que resultam em alterações físicas, aquilo que designamos por “ciência”, começou também a procurar respostas por esta via. Esta linha de ação foi mais explorada no séc. XIX mas nunca foi abandonada. Nos dias de hoje, o experimentalismo científico, com toda a sua moderna parafernália tecnológica, continua a debruçar-se sobre o assunto. Através de “ghost busters” ou de reflexões filosóficas. Tem-se tentado provar a existência de entidades invisíveis através de equipamentos sofisticados e tem-se ligado delicados sensores a moribundos, para detetar a existência da alma e registar o momento em que esta abandona o corpo. Foi assim que alguém concluiu um dia que a alma pesa 20 gramas. Mais grama menos grama.

Grande parte da Humanidade considera que as religiões são a única via de acesso a este conhecimento. Porém, trata-se apenas de uma questão de fé, de querer acreditar. Até agora, nenhuma religião foi capaz de produzir a mais ínfima prova da existência de Deus e de uma vida pós-morte. Todas as religiões, sem exceção, bem ou mal-intencionadas, representam uma espécie de farsa. Porque todas foram criadas por seres humanos e se baseiam em textos ditos de “inspiração divina” e em declarações de “profetas” ou “deuses incarnados”.   Trata-se de uma questão de fé e esta é tanto uma escolha pessoal como uma questão de estupidez, dependendo dos protagonistas.

Portanto, o maior mistério da vida é a morte e a sua inevitabilidade torna ridículos todos os jogos de poder, inútil toda a violência e patéticos todos os esforços para retardar a morte de forma artificial.

Na verdade, este é o verdadeiro problema da espécie humana. A morte é democrática e socialista. Chega a todos, mais tarde ou mais cedo e ignora todas as leis e normas sociais. As grandes questões, as únicas que verdadeiramente interessam são as seguintes: porque estamos aqui neste planeta, se estamos sozinhos no Universo, se vamos para algum lado quando morremos e se sim, para onde e fazer o quê. Ou seremos apenas meras máquinas bioquímicas com um formidável computador sobre o pescoço, uma quantidade de pó organizada de forma inteligente que regressa ao pó através da decomposição?

Questões difíceis, contudo, como afirmei antes, não há nenhum problema, por complexo que seja, que não possa ser simplificado. Na verdade, não sabemos, não temos como saber e não estamos mais perto de saber do que estávamos há 2000 anos. Se existe algo depois da morte, esse conhecimento está para lá do nosso alcance por não haver nada ou por não convir sabermos, o que faz sentido em ambos os casos. O nosso precioso livre arbítrio pode levar-nos a escolher acreditar em algo. A fé é reconfortante e ajuda-nos a viver. Existem muitos indícios de que possa haver alguma coisa. Mas não há prova alguma.

Só há uma maneira de saber o que acontece quando morremos. Infelizmente, para isso, temos que morrer, o que não dá jeito nenhum, uma vez que, quase sempre, implica dor, medo, sofrimento e dá-nos cabo de quaisquer planos. Lá está, lixa-nos a vida. Por conseguinte, só há duas hipóteses, o que simplifica extraordinariamente a questão: somos meros seres materiais cuja consciência se perde para sempre no momento da morte ou somos seres de energia que habitam temporariamente máquinas bioquímicas complexas, como avatares e que, quando as abandonam vão para qualquer lado, fazer qualquer coisa que ignoro, embora reflita muito sobre o assunto e adore cartinhas do Céu.

Valho pouco, como a maioria de nós. Não passo, muito provavelmente, de um asno de duas patas. Por isso, as minhas conclusões valem o que valem: não faz sentido a gente aborrecer-se muito com o que tem de ser, independentemente da nossa vontade. Temos que tentar ser felizes e fazer felizes as pessoas à nossa volta. Não me acusem já. Não falo apenas de “curtir muito”, tomar banhos de mar, comer e beber bem, viajar para a Tailândia. Bom, tudo isso também, com a devida moderação, sem esquecer o protetor solar e preservativos qb. Mas falo sobretudo de levar vidas dignas, buscar o equilíbrio, o conhecimento desinteressado e cultivar virtudes nobres como a compaixão, a bondade, a generosidade, a tolerância, o respeito por tudo e todos e a solidariedade.

E agora perguntam-me, já acabaste estúpido? É que está na hora do jantar e tenho mais que fazer. Bom, já estou mesmo no fim. Concluí que a chave da vida é o Amor. Lamento que seja assim tão miseravelmente simples. Concordo que devia ter pensado em algo mais genial. Mas eu avisei-vos sobre as minhas limitações.

A chave da vida é o Amor. Acredito que seja a energia vital do Universo e, nesse aspeto, Einstein foi apenas vulgar. É a energia mais forte que existe e mesmo que não propulsione aeronaves, é a única que sobrevive à própria morte. Qualquer forma de amor. O amor dos pais pelos seus filhos é o mais puro e desinteressado que existe. Mas todas as formas de amor são válidas, desde que benevolentes e generosas. Entre homens e mulheres, entre homens e homens, entre mulheres e mulheres, entre pessoas e animais, entre sacerdotes e fieis, entre médicos e doentes, entre vizinhos, entre amigos, o amor pelas crianças, pelos idosos, pela natureza, pelos livros,  pelo mar. O que é feito por amor, puro e desinteressado, é sempre bom e vale a pena. Amem muito, pois, sem barreiras nem moderação, com duas pedrinhas de gelo no Verão. Muito amor nunca intoxica nem faz mal. É mentira que “too much love will kill you”. Quem escreveu isso confundiu-se ou andava a fumar umas coisas. Amem muito, o resto é apenas passar o tempo por cá.

Um dia conto porque escrevi isto. Hoje não. Agora vão lá à vossa vida. Vão amar. Sejam felizes e, se Deus existe ( eu cá não sei de nada), que vos abençoe. Mas não contem demasiado com isso. Suspeito que, na Terra, estamos por nossa conta. Isso não é o fim do mundo. Mas o vosso mundo tem um fim. Aproveitem muito enquanto andam por cá. Comecem já hoje, agora. Porque amanhã, sabe-se lá… POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

 

 

QUENTES E BOAS (1)

Dezembro 19, 2014

Tarcísio Pacheco

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imagem em: http://www.flowgo.com/tag/Rear

 

QUENTES E BOAS (1)

 

 TARCÍSIO PACHECO

 

Rabos grandes – Pesquisas recentes levadas a cabo por cientistas da Universidade de Oxford mostraram que as mulheres com traseiros avantajados são mais inteligentes e mais saudáveis. Agora entendo porque basta sairmos à rua no Brasil para nos apercebermos que há muita inteligência em circulação . Atenção, isto aplica-se apenas às que apresentam também cintura fina. Por isso, às detentoras de barrigas patrocinadas por uma marca de cerveja, esta descoberta não se aplica. Estejam atentas a outras pesquisas científicas, por exemplo, a utilidade prática da gordura abdominal como fatbag em caso de colisão frontal.

Bom, eu sou um apaixonado por este tema e há já muito tempo que me entrego a extensas pesquisas na área. Tenho-lhe mesmo dedicado muitos dos meus tempos livres. Por isso, se alguém me vir na rua a olhar para um traseiro feminino, lembrem-se que é pura curiosidade científica. Estou apenas a extrair toda a informação e a catalogar mentalmente os dados.

Bom, tudo começou quando eu era criança e partilhava a cama com a empregada domést…,  perdão, com a colaboradora permanente da minha mãe,  uma moça que à primeira vista se via logo que era muito inteligente e saudável. Como em tantas descobertas interessantes, as coisas aconteceram-me por acaso. A Newton caiu-lhe uma maçã na testa; a mim,  aterrou-me um traseiro na cama. A Mozart,  deu-lhe para brincar com pianos; já eu, nunca tive piano em casa. O contacto diário e íntimo com o objeto de estudo despertou em mim uma vocação precoce e um interesse bastante evidente;  datam desse tempo as minhas primeiras observações científicas: dimensões, forma, peso, temperatura, textura, geografia, movimentação, efeitos sonoros,  emissões gasosas, particularidades olfativas e reações ao toque. Também foi nessa altura que cheguei às minhas primeiras conclusões: um traseiro não fica muito tempo no mesmo lugar, não se mantém inalterável ao longo do tempo e é muito sensível aos efeitos da gravidade terrestre.

Eu já suspeitava destas relações há muito e foi com satisfação que vi agora os factos comprovados pelo meus colegas de Oxford, com quem já estou em contato, basicamente para trocarmos imagens dos melhores espécimes. E para saber se há lá mestrados  nesta área. Licenciatura já eu tenho mas acalento este sonho de ser mestre em qualquer coisa como Projecções Carnais Posteriores da Mulher ou Ligações Diretas entre Chakras (até à data só encontrei uma pós-graduação em Exegese da Bunda numa faculdade evangélica brasileira). Queria poder defender uma tese em que apresentasse os registos dos inúmeros casos que me passaram pelas mãos.

Para qualquer neófito que se queira iniciar nestes estudos, deixo alguns conselhos: evitar espécimes com reserva de propriedade, devido à possibilidade de conflito; registar todos os espécimes com potencial, mesmo os imaturos, para observação posterior; investir nos espécimes com expetativas de crescimento, sendo possível acelerar-se o processo mediante o recurso ao mecenato privado (MacDonald’s, Carte D’Ór, Pringles,etc) ou ao apoio público (cantina da Assembleia da República, por exemplo); manter sempre limpo de infestantes qualquer plano de trabalho, sendo que a solução mais eficaz é recorrer a uma clínica do tipo “não mais pelo”; usar sempre do maior cuidado com exemplares de grande porte, em certas circunstâncias já se deram casos de sufocação; finalmente, manter elevados critérios de seleção e desprezar espécimes magros ou achatados que são inertes para este tipo de estudo.

Se alguém quiser contribuir para um trabalho científico, sob anonimato e confidencialidade, pode enviar-me um mail. Com foto do traseiro, por favor. Não, não, basta do traseiro. Do ponto de vista estritamente científico, o resto não interessa. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

MEDO DA GROTA

Dezembro 12, 2014

Tarcísio Pacheco

GRUTA.jpg

 (cartoon de Manuel Meneses Martins - Manny)

 

 

 

O MEDO DA GROTA

 

TARCÍSIO PACHECO

 

Há coisas que eu tenho e outras que não tenho. Por exemplo, não tenho dinheiro. Um dos motivos, entre uma miríade deles, é que não tive uma tia rica que me tenha nomeado como seu herdeiro. Quer dizer, até tenho tios mas eles foram muito egoístas e encheram-me de primos. Eles vivem no Canadá e quando vêm cá, digo-lhes sempre: gosto muito de vocês mas nunca se esqueçam que são os únicos obstáculos entre mim e a herança de uma tia. Assim, eles já percebem porque é que eu às vezes lhes sirvo chá em chávenas lascadas.

Pode não parecer mas esta crónica é sobre pedras e buracos. Na Grota do Medo, localidade da ilha Terceira, têm vindo a ganhar notoriedade vestígios arqueológicos que podem ter  sido obra de navegadores pré Portugueses, segundo pesquisas recentes.

Uma coisa que eu tenho é medo. Muito medo. Não medo da grota propriamente. Conheci até um excesso de grotas na vida. É medo da Grota do Medo. Parece-me uma questão fraturante e esta, para variar, não envolve a Igreja Católica. O tema dividiu a nossa sociedade em três grupos: os que acham que os vestígios são obra fortuita da Mãe Natureza nos seus tempos livres , os que acham que são obra dos Fenícios e os que nunca têm opinião sobre coisa nenhuma porque ter opiniões provoca dores de cabeça, sobretudo em jejum. Também tenho pena do grupo de intelectuais da nossa praça que arriscaram tudo na hipótese natural e do grupo de treze peritos nomeados pelo Governo Regional que, basicamente, depois de esgotantes pesquisas desenvolvidas numa semana, concluíram  que nada havia a concluir. Talvez o azar tenha vindo de serem treze. Para a próxima convoquem catorze. Tenho até uma sugestão, Cavaco Silva, uma vez que em breve estará desempregado, em dificuldades financeiras e os peritos foram unânimes e não tiveram dúvidas. Tudo coisas em que Cavaco é especialista e,  se houver uma ovelha negra, ele pode ser de grande utilidade para estabelecer compromissos e trazer estabilidade à comissão e à Arqueologia em geral. Estou mesmo a ouvir Cavaco: considero a Arqueologia uma ciência muito importante e respeitável e até disse isso mesmo à Maria no outro dia mas, quando a Arqueologia vem pôr em causa tudo o que sabemos, é muito perigoso porque gera muita instabilidade, há que criar compromissos e acabar com as dúvidas, que só trazem problemas.

Mas o meu medo é mais sério. Na Síria e no Iraque cresce o Estado Islâmico, gente muito mal-humorada e com claros propósitos expansionistas. Há até portugueses envolvidos, a Ângela e o Fábio, entre outros. A propósito, a Ângela tem uns olhos lindos. Do resto, só o Fábio sabe. Espero que ele não leia jornais senão já me tramei. Mas talvez não lhe sobre tempo, entre as leituras do Corão, os cortes de cabeças e a assistência às suas diversas mulheres. Se assistir a uma já dá o trabalho que a gente sabe…

Voltando à grota, a questão é que os Fenícios eram daqueles lados. Podem ter deixado herdeiros. Estes podem fazer reivindicações, procurar os seus direitos. Ele há advogados capazes de qualquer coisa. Do género dos mesmos que têm evitado, por exemplo, que se conheçam os subornados dos subornadores condenados no caso dos submarinos de Portas. E mesmo que não seja por aí e se eles tomam o ferry Atlântida e vêm por aí abaixo, a uns estonteantes 19 nós de velocidade,  a ulular,  clamando que a Grota do Medo é a Terra Prometida deles? De vocês não sei mas eu cá tenho imenso medo que me cortem o pescoço com aquelas navalhas mal amoladas. É capaz de doer e sujar o chão todo. Só vejo uma vantagem se eles vierem para cá. Vou deixar de ver algumas caras feias na rua. E se arranjar alguma mulher bonita só eu é que a vejo. E na hipótese altamente improvável de arranjar uma feia nem eu tenho que vê-la. Por outro lado, o cheiro a sovaco debaixo de uma burka preta deixa-me inquieto. E ter de rezar a Alá naquelas posições parece-me desconfortável e suscetível de provocar bicos de papagaio e artrites reumatoides. Enfim, nada a que não nos possamos habituar com tempo, paciência, tapetes ergonómicos e muito desodorizante. Não há-de ser pior que o neo-liberalismo. Que só nos deixa ter uma mulher e ainda nos obriga a emigrar para a sustentar.

Contudo, o assunto é sério.  Não se riam. Tenho muito medo daquela grota. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

Olha que te ponho as vistas da cor do meu coração...

Dezembro 05, 2014

Tarcísio Pacheco

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O senso comum e até o próprio sistema medem frequentemente o grau de evolução duma sociedade pelos indicadores de desenvolvimento material: quilómetros de asfalto, circulação automóvel, poder de compra, quantidade de shoppings, número de novas urbanizações, cidadãos com telemóvel, etc. Se avaliarmos por esse prisma, Portugal até é um país desenvolvido, excetuando o poder de compra, bem entendido. Contudo, pela minha própria perspetiva, estamos na cauda da Europa comunitária e os Açores ainda pior. Eu avalio o nível de evolução de uma sociedade principalmente por critérios como espiritualidade, literacia, educação, cultura, respeito, tratamento dispensado aos animais, consciência ambiental e violência doméstica, que é o tema que me traz hoje à colação. Antes estivéssemos muito à frente em tudo isto e ainda andássemos de carroça por canadas e atravessássemos oceanos em grandes veleiros, sem pressa para chegar ao destino.

Segundo estatísticas de 2013 da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), os crimes no âmbito da violência doméstica constituíram mais de 80% do total de crimes praticados em todo o país. A violência doméstica não é só quando o Zé chega a casa com mais um grão na asa e resolve vestir de negro os belos olhos da Filomena. É também quando a Filomena lhe arranha a cara com as unhas afiadas; quando ambos se insultam, geralmente à frente das crianças; quando descarregam nos filhos e quando estes, depois de ganhar corpo, resolvem vingar-se. Em suma, qualquer tipo de violência no seio de uma família, muito mais do que aqui se refere, incluindo abuso e coação sexual.

Esta percentagem do total da criminalidade de 2013 é incrivelmente elevada. E estamos apenas perante os casos que de alguma forma foram denunciados e chegaram ao sistema. É legítimo supor que sejam apenas a ponta do icebergue. Quantos casos mais terão ocorrido que não chegaram a constituir-se como crimes e de que não houve notícia? Quantos casos não conhecemo nós, pessoalmente, de vizinhos, de amigos, de familiares, por vezes velhos de anos e anos? E quantos de violência psicológica, da que deixa hematomas na alma? É de salientar ainda que os números, embora sofrendo pequenas flutuações, têm-se mantido estáveis nos últimos anos, sempre acima dos 80%.

As causas são diversas e variadas. Talvez tenhamos de rever estereótipos. Estamos habituados a que o Zé seja servente de pedreiro, a Filomena doméstica e pais de dois putos ranhosos e mal-educados. Mas o Zé tem cada vez mais estudos, a Filomena também e até já trabalha. Chamam-se cada vez mais Fábio e Márcia e não querem ter filhos. E quando o coração é negro, não é muito relevante o estatuto sócio económico. É um problema de origem. Contudo, é forçoso reconhecer que as más condições materiais favorecem e alimentam os fenómenos de violência doméstica. Por isso, não é de estranhar que os Portugueses continuem a esgadanhar-se lá por casa nos próximos tempos. Nesse aspeto e em muitos outros o atual Governo é inimigo das famílias. Excetuando as famílias de políticos, empresários, banqueiros e exportadores. Dessas são grandes amigos.

Soluções? Não há soluções fáceis e sobretudo rápidas. Falamos de civilização, da evolução de toda uma sociedade.  Os recentes programas de combate à violência doméstica anunciados pelo GRA são bem-vindos. Todos os esforços são positivos. A prevenção é tão importante quanto a punição. Mas medida alguma, por si só, vai operar mudanças relevantes em pouco tempo. Precisamos de educar, em casa e na escola, para o amor, a liberdade, a consciência, a tolerância e o respeito. Precisamos de níveis superiores de espiritualidade que substituam com vantagem o convencionalismo ritual e vazio de uma Igreja Católica dogmática que sempre contribuiu fortemente para a violência doméstica opondo-se ao divórcio. Precisamos de líderes políticos motivados para o serviço público, honestos e desligados de partidos. Precisamos de deixar de usar drogas, a começar pelas legais, como o álcool, bastante relacionado com a violência doméstica, ao contrário, por exemplo, do haxixe ou marijuana. Somos uma civilização decadente e em crise, por mais computadores que fabriquemos.

Culpas? Sei lá, de  Deus, que nos fez assim, tão imperfeitos? Precisávamos de ser sábios, pacíficos, tolerantes, bondosos, compassivos, solidários, empáticos, de pele azul, orelhas em bico, com guelras ou asas. Precisávamos de ser de outro planeta. Precisávamos de ser outros. Como somos estes, assim, mal amanhados, que cada um faça o melhor possível na sua vida, lembrando sempre que fomos criados para amar e ser amados. Todos nós. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

 

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