SERÁ QUE A MINHA LUA BATE COM A SUA?
Novembro 21, 2014
Tarcísio Pacheco
(Cartoon de Manny (Manuel Meneses Martins,ilustrador profissional, Praia da Vitória, Terceira, Açores )
SERÁ QUE A MINHA LUA BATE COM A SUA?
Kepler: Vinte anos de estudos práticos convenceram o meu espírito rebelde da realidade da Astrologia
TARCÍSIO PACHECO
Você acredita em Astrologia?
Duas amigas brasileiras encontram-se e uma delas está a chorar baba e ranho. Eis o diálogo:
- Meu bem, o que se passa, porque está assim?
- É que meu horóscopo para hoje dizia que um gato lindo, de olhos verdes, ia se atravessar no meu caminho…Buáaaaaaaaa
- Então e isso é mau? Afinal, encontrou esse gatinho?
- Encontrei sim!
- E então, que se passou? Rolou uma química? Me contaaaa!
- Bem, alguma coisa rolou. Era mesmo um gatinho, lindo, cinzento, de olhos verdes, atravessou a avenida bem na frente do meu carro e eu rolei por cima do desgraçado!
A historieta foi inventada agora. Qualquer semelhança com factos reais é pura coincidência. Passa-se no Brasil apenas por óbvias necessidades de léxico.
Pois, é isso. Nunca ligue a horóscopos de revista. Não é que não possam ter um fundo de verdade. Mas são tão generalistas que não trazem informação útil para ninguém e até podem ser perigosos. Pelo menos para gatos em hora de ponta. E ainda têm de ser interpretados.
Você é daqueles céticos militantes que só acreditam em dados científicos? Ou um ateu de coração duro? Ou um religioso que só acredita se vier na Bíblia?
Pare um pouco para pensar. É, eu sei que custa. Mas faça um esforço. Se é religioso, lembre-se que qualquer religião só acredita no que vem nos seus textos sagrados. Se a Astrologia não vem lá, então ela não existe. Mas com certeza que você acredita que, pelo menos um astro do nosso sistema solar tem uma enorme influência sobre a vida na Terra. Falamos da Lua, claro. São os efeitos sobre a água (70% do nosso organismo), as marés, é o equilíbrio gravitacional da própria Terra, são as crises da Lua Cheia e um monte de outras coisas que vamos conhecendo aos poucos. O Sol, para além de fornecer a luz e calor indispensáveis à vida, também interage com a vida na Terra de múltiplas formas. Então, se assim é, não é difícil aceitar que as energias próprias destes astros desempenham um papel nas nossas vidas. Se pensarmos nesses termos, porque não aceitar que os outros astros do nosso sistema solar também têm energias próprias e desempenham um papel, de acordo com o seu posicionamento, dimensão e distâncias relativas? E que essas energias e efeitos se podem combinar de muitas maneiras, conforme o seu posicionamento em cada momento? É que a configuração dos astros do nossos sistema solar muda a cada quatro minutos. Esse é um dado científico. Isso faz com que a configuração do nosso sistema seja quase única no momento do nascimento de uma criança. A objeção mais comum é que nada disto pode ser provado por métodos científicos. Depende dos métodos. A ciência não é só provetas, aparelhos eletrónicos e aceleradores de partículas. Aliás, praticamente toda a ciência começa pela observação empírica. E continua com a análise estatística. É precisamente disso que estamos a falar aqui. A Astrologia é praticada há milhares de anos, é tão antiga quanto a história da própria Humanidade na Terra. A Astrologia é assim o repositório de um saber adquirido e consolidado ao longo de muito tempo pelos seres humanos. Por isso, não devemos ser tão arrogantes ao ponto de olharmos a Astrologia como uma espécie de secção lúdica da Astronomia, só porque a Astrologia não usa máquinas nem instrumentos. Nem toda a sabedoria da vida depende de máquinas. Se calhar a parte mais importante do conhecimento não se mede nem se pesa.
Então o que usa a Astrologia? Usa ferramentas tão importantes como a observação empírica, a análise estatística, a seriação de dados, a comprovação pela experiência, a inteligência e a intuição. Poderíamos falar de Astrologia séria, se não fosse uma expressão redundante. Um curso completo de Astrologia dura sete anos, em instituições especializadas. Não é um saber fácil nem está ao alcance de todos.
Outra objeção comum é que se os astros influenciam tanto assim os seres humanos no momento do nascimento então as pessoas nascidas no mesmo dia, no mesmo local, deveriam ser extremamente parecidas. É claro que não! Elas irão, sem dúvida, partilhar alguns traços semelhantes. Mas cada ser humano é um caso único. Para a formação da sua personalidade vão contribuir as energias cósmicas em ação no momento do seu nascimento em combinação com a sua herança genética, a sua história familiar, o seu meio cultural e a sua educação e experiência de vida. Duas pessoas com as mesmas tendências astrológicas, perante as mesmas dificuldades e limitações originais, poderão tomar atitudes bastante diferentes. E o acaso também desempenha um papel, naturalmente imprevisível. Uma pessoa pode ter tendência para acidentes por ser imprudente ou temerário, por exemplo e isso estará, sem dúvida, inscrito no seu mapa astral. Mas, para que um acidente grave se produza na sua vida, irão concorrer diversos fatores, alguns deles totalmente aleatórios e fortuitos, impossíveis de prever e de manipular.
Portanto, porque a Astrologia se baseia num conhecimento acumulado ao longo de milhares de anos por pessoas inteligentes e observadoras, ela tem uma base racional. Para além disso, é também inteligência emocional, sensibilidade, intuição e espírito bem aberto. Ser capaz de ver bem mais longe, para além do óbvio. Tudo coisas finas, não é? Vai querer ficar fora disso tudo? E agora, será que a minha lua bate com a sua? Não sei mas, se lhe interessar, passe cá para conferir.
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