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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

SE NÃO ME DER JEITO EMIGRAR, POSSO SER "ADAPTADO"?

Novembro 24, 2012

Tarcísio Pacheco

 

 

imagem: http://educar.wordpress.com/category/ferias/

 

 

“As pessoas”, esse insuportável grupo de gente que não presta, passam a vida a falar mal do nosso Primeiro-Ministro. Mas eu não concordo e acho que ele está a fazer um excelente trabalho e a resolver muitos dos problemas crónicos do nosso país…

Por exemplo, toda a gente sabe que um dos maiores problemas de Portugal, é os Portugueses…Isto é um país encantador, à beira-mar plantado, mas como não há bela sem senão e Deus não coloca as nozes todas no mesmo saco, pôs cá umas gentes simpáticas mas muito indolentes, apáticas e desorganizadas. Tivesse Ele deixado os lusitanos em paz, a pastorear cabras pelas suas serras e tivesse povoado isto com uns alemães, uns franceses ou uns ingleses e a gente agora tinha bancos com dinheiro lá dentro, bairros sociais com chauffage e comíamos peixe com batatas fritas e cerveja preta, em vez de couratos com vinho a martelo…E ainda íamos de férias…

Então, o nosso  Primeiro-Ministro, consciente desta realidade, percebeu perfeitamente que isto só vai lá quando em Portugal se acabarem os Portugueses. Tenho a certeza que, inteligente como ele é, lhe passou pela cabeça esterilizar o pessoal com transgénicos. O que aliás, teria outra vantagem, porque assim, os Americanos, depois de terem, finalmente, erradicado toda a praga de  trabalhadores portugueses da Base das Lajes, poderiam pagar a hospedagem com sementes de milho modificado. Ou, pelo menos,  passar a pagar a hospedagem, ponto. Descontando, claro, o que já nos deram em radiação nuclear, escaravelho japonês e gasolina d’avião que amavelmente armazenaram nos nossos aquíferos. Mas, como nada é perfeito, o problema é que, nos hamsters, a esterilização só funcionou à 3.ª geração. É um método um pouquinho lento. Então, o PM teve de arranjar outras técnicas para acabar com os Portuguesesem Portugal. Desconfioaté que é isto que ele discute nos encontros regulares com o Presidente da República. O Cavaco também dá umas ideias, a muito custo, que aquela cabeça não nasceu para isso e depois despedem-se, falam de uma jantarada lá em casa, feita pela Maria (com produtos do cabaz Continente porque a vida não está fácil para presidentes da república e arrumadores de carros)  e combinam que, para disfarçar, o PR vai atirar umas bojardas para o ar sobre a austeridade em cima da austeridade, entre outras banalidades e o PM fingirá que se crispa (ah, o politico é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é mentira quando deveras mente…).

Um dos métodos que o PM congeminou foi matar os velhos. A terceira idade é um problema à parte em Portugal, porque já não produzem e só consomem recursos. É incrível como parece que se reproduzem, apesar da menopausa das fêmeas. Claro que eles protestam, dizem que continuam a fazer parte do sistema, que recebem as reformas mas que dão lucro a muita gente, que as gastam todas em comida, em transportes, em remédios,  em lazer… só o lucro que esta gente dá em portagens…como não tem nada que fazer, andam sempre de um lado para o outro…Mas o PM não vai em cantigas…ele é ótimo em contas…Continuando o excelente trabalho de Sócrates (secretamente aplaudido) de fechar urgências e centros de saúde por todo o país, especialmente no interior (o tal que todos os políticos, esses magníficos embusteiros, dizem que é preciso povoar e desenvolver), e beneficiando de uma conjuntura climática excepcional, o PM deve ter arranjado maneira de disseminar uns vírus da gripe desenvolvidos em laboratório alemão e tem conseguido resolver “o problema dos reformados em excesso” à razão de uns milhares por semana.  Parece que a Alemanha aprova. Afinal, eles têm muita prática destas coisas de limpezas em massa…

Mas acontece que todo o velho foi criança. O que significa que toda a criança é um potencial reformado, sugador de recursos. Então, se calhar, o melhor é matar o mal na origem. Deve haver qualquer coisa sobre isso na Bíblia e o PM tem cara de bom cristão. Claro que ele não vai matar crianças, que ideia tonta, o nosso PM é boa pessoa e gosta de animais e do pôr do sol. Inteligentemente, ele quer impedir que nasçam Portugueses. Mais, uma vez, continuando o bom trabalho dos seus colegas anteriores, de Cavaco a Sócrates, que já se tinham dedicado com afã ao desiderato de baixar, pelo menos ao zero, a nossa taxa de natalidade. Já era difícil criar filhos em Portugal, mas o nosso PM tornou tal missão impossível. Para isso, bastou cortar nos já ridículos abonos de família, baixar ainda mais os baixos salários, decapitar remunerações complementares, subir ainda mais os já elevados impostos, diretos e indiretos e acabar com as deduções do IRS. E ainda mais uns detalhes, como não ligar a mínima aos absurdos custos dos manuais escolares, num sistema de ensino que se auto-proclama de universal e “gratuito” e fechar escolas por todo o lado (de novo, sobretudo no interior a desenvolver…). Sem dúvida, o PM está de parabéns porque os Portugueses já não querem ter filhos. E de caminho, os casais começaram a divorciar-se menos, o que deve levar o Cardeal Policarpo a esfregar as mãos de contente e a achar que Deus escreve mesmo direito por linhas tortas…Melhor do que isso, só mesmo criar uma taxa especial sobre o divórcio… lá chegaremos um dia…

Mas o PM foi mais longe. Além de velhos e crianças, há Portugueses doutras idades, que têm a detestável mania de andar por aí a dizer que estão desempregados, que não há trabalho, a fazer manifsem S. Bento, a incomodar os senhores deputados quando eles estão a almoçar as suas refeições subsidiadas pela malta toda e a empatar o trânsito com desfiles idiotas na Avenida da Liberdade, abrilhantados pelos Homens da Luta. Era preciso resolver este problema, que impressiona muito mal os turistas alemães e franceses, que vêm a Portugal comer bifanas e caracoletas a um preço que só os baixíssimos salários dos cozinheiros e empregados de mesa permitem. Então, prestável, solícito, afável, o PM abre as portas da emigração a esta malta toda. E aponta mesmo caminhos, sugere destinos, África, Brasil…E toma outras medidas de grande alcance, “adaptando” as medidas de austeridade à TAP, por exemplo, fazendo com que toda a gente seja feliz nesta empresa e ninguém se queira transferir para a Lufthansa ou para a Qatar Airways, tornando assim mais fácil a emigração em português.

Falar mal do nosso PM ? Ele está no caminho certo, aliás é esse o lema do atual Governo,  “Portugal está no rumo certo”. Embora tenha havido, ao longo da nossa história trágico-marítima, quem tenha vindo com essa conversa e se tenha espatifado em escolhos submersos. Mas não será, com certeza, o caso aqui. Falta apenas assumir completamente a empresa em curso. É que, os Portugueses são apenas o problema n.º 2 de Portugal. Em 1.º lugar, vêm os Políticos Portugueses, quase todos péssimos, com algumas notáveis excepções. Então, a meritória missão do Governo só estará completa quando este se demitirem peso. Ou, quando todos os seus membros cometerem “harakiri”em simultâneo. Pessoalmente, preferia a segunda hipótese. O cenário ideal seria Barrancos. A RTP até podia transmitir em direto e quero ver se, desta vez, a tal empresa das sondagens malucas de audiências, diz  que ninguém está a ver. O país até parava. E depois era a Festa.

POPEYE9700@YAHOO.COM

BAGAS DE BELADONA 2

Novembro 22, 2012

Tarcísio Pacheco

 

imagem: http://www.pimenta.blog.br/tag/greve/

 

Baga Recursos – Todos os países tem recursos, de ordem diversa, de que se servem, para criar riqueza e equilibrar as suas balanças comerciais. Adriano Moreira afirmou que países ricos exportam capitais e países pobres exportam gente. O que nem sempre é verdade porque a China, gigante asiático rico, produz imensos chinesinhos, sobretudo do sexo masculino e exporta-os para todo o mundo. São fabricados em série por trabalhadores infantis semi-escravizados e são exportados em kits prontos para montar. É só juntar água, agitar e POP, temos um par de chinesinhos e uma loja chinesa. Há quem exporte ferro, aço, ouro, flores, conserva de peixe, canções, filmes, armas, preservativos…E Portugal, qual é a nossa maior riqueza? Sei o que vão dizer…vão referir a cortiça, claro, atum, o fado, música pimba para emigrantes, sapatos, sal, Sol, etc…Mas estais todos errados. A nossa maior riqueza, um recurso inesgotável que, mesmo sobre-explorado, é constantemente renovado, através de soluções criativas, é os ordenados da nossa população ativa, com especial relevância para os dos funcionários públicos. A maior parte dos países, para explorar um recurso interno, tem de criar incentivos, construir estruturas, abrir sistemas especiais de crédito, proporcionar formação e aguardar pacientemente os resultados do processo. Em Portugal, basta reunir o Ali Babá e os… ops, perdão, o Conselho de Ministros, numa sexta-feira, por exemplo, e na segunda, já temos um novo imposto, uma taxa especial, uma sobretaxa, um ajuste de categorias tributárias, enfim, as possibilidades são imensas, desde que se seja criativo e se pague muito bem a alguém para imaginar estas coisas.

Baga Greves Inócuas – As pessoas de direita que agora estão no poder e na moda em Portugal, desde o Presidente da República, passando pelo Governo e uma série de comentadores políticos nos media, defendem todas o direito à greve. A expressão “os trabalhadores têm direito à greve” tem sido repetida até à náusea. O problema é que esta gente pretende uma greve que não incomode ninguém. Uma greve inócua, uma greve porreira, enfim, uma grevezinha. Não satisfeitos com as grandes limitações impostas pelas atuais leis que regem a greve, nomeadamente no que respeita aos serviços mínimos e à possibilidade de requisição civil, estas criaturas queixam-se de que a greve “incomoda” muito e “prejudica o país”. Pois bem, tenho uma novidade para elas. Corrijam-me se estiver errado mas quem faz greve fá-lo porque se sente extraordinariamente “incomodado” e muito “prejudicado”. Fá-lo porque é último recurso para enfrentar a brutalidade da força. Não têm faltado nos últimos tempos, declarações públicas de políticos e outras figuras, de direita, insinuando que, se calhar, a greve já não resulta, que as pessoas deviam limitar-se a fazer umas manifestações. Pois, daquelas em que meia dúzia de arruaceiros, misturados com polícias à paisana, são recrutados para praticar actos violentos e “legalizar” cargas policiais brutais que, no dia seguinte, são aplaudidas pelas figuras do regime...

Temos assistido à condenação dos trabalhadores portuários em greve há uma data de tempo porque “prejudicam as exportações”, estupidamente consideradas a única solução para o país, enquanto verdadeiros criminosos irresponsáveis chacinam a classe média e  arrasam o consumo interno, o verdadeiro e principal motor de qualquer país. Mas ninguém explica os motivos de tal greve nem refere a indisponibilidade do Governo para dialogar no sentido da sua resolução...Isso tem um nome, contra-informação.

Sou a favor de greves gerais, totais, brutas, chatas, tão incómodas como uma micose nas partes, por muito que me possam prejudicar pessoalmente. Para além das greves gerais, que deveriam interessar toda a gente, chama-se solidariedade à atitude de apoiarmos as greves dos outros. Normalmente, só se envereda por essa forma de luta quando todo o diálogo foi infrutífero e as portas estão fechadas. Quando é assim, e frequentemente é assim, só resta aos trabalhadores a união coletiva e a greve, porque todo o poder está nas mãos dos chefes e patrões e qualquer atitude individual pode levar ao despedimento, cada vez mais facilitado.

O povo está cada vez mais acomodado, imbecilizado, anestesiado e amnésico, esquecido da sua força. Os arquitetos e agentes do sistema que nos pretende escravizar sabem disso e têm aproveitado para virar à direita, atropelando direitos, ignorando Constituições. Não precisamos de violência embora, pessoalmente, acredite que seja inevitável. Mas precisamos de greves à antiga, à brasileira (já lá apanhei os bancos fechados por meses, embora as caixas automáticas continuassem a funcionar), que realmente incomodem e paralisem. Porque essa é a única linguagem que o Governo respeita, mesmo que disfarce e assobie para o lado. É que, se nem essa entenderem, só restará realmente a das pedras. Popeye9700@yahoo.com

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