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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

ANGRA DO HEROÍSMO - CIDADE NASCIDA DO MAR

Janeiro 28, 2009

Tarcísio Pacheco

 

 

 

 

 

IMAGEM: http://angra-do-heroismo.portais.ws/

 

Raul Brandão, um famoso escritor português que as visitou por volta de 1927, chamou-lhes Ilhas Encantadas e sobre elas escreveu um livro com o mesmo título. São as ilhas dos Açores, território português no meio do Atlântico Norte, na actualidade promovido a extremo ocidental da União Europeia. Brandão delas se encantou e com efeito há certas dias em que o azul profundo do mar atlântico e o verde húmido que a natureza pincelou por toda a parte se juntam à paz e ao silêncio de uma calma tarde de Verão para criar uma curiosa sensação de intemporalidade e deslocamento que têm tanto de mágico como de comovente…

Há lendas e relatos antigos que referem incursões e visitas de outros povos, piratas berberes, aventureiros vikings e até exploradores fenícios e cartagineses… Mas a verdade é que a História concede o crédito da descoberta oficial destas ilhas a um navegador português, Diogo de Silves, do qual pouco se sabe mas que se integrava na emergente epopeia da expansão portuguesa do séc. XV; assim, no decurso de uma viagem exploratória para o desconhecido mar de Oeste, este piloto luso terá avistado a ilha de Santa Maria, a mais oriental. Seguiram-se depois as restantes oito ilhas, S. Miguel, Terceira, S. Jorge, Graciosa, Pico, Faial, Flores e Corvo, ao longo de todo o século XV. Depois da descoberta e sob a orientação e patrocínio do famoso príncipe Infante D. Henrique, seguiu-se um longo e árduo período de desbravamento e colonização; as ilhas eram de terreno fértil e águas abundantes mas de natureza agreste, com uma densa mata atlântica que ia quase até à borda de água e com o solo coberto de rochas basálticas.

A ilha Terceira rapidamente ganhou projecção entre as ilhas açorianas, devido à sua localização geográfica central no arquipélago, à sua dimensão média, ao seu relevo particular e sobretudo pelo facto de possuir um excelente porto natural, abrigado dos ventos predominantes de Oeste pela massa impressionante do Monte Brasil. Por isso, já no final do séc. XV, havia uma florescente povoação na costa sul da ilha, designada por Angra, erguendo-se à beira-mar, sobre rochas, leitos de ribeiras e antigos pântanos insalubres. Estrategicamente situada no centro do Atlântico Norte e no centro do arquipélago, a cidade de Angra foi crescendo, acompanhando os ritmos da Expansão Portuguesa pelo mundo. Em 1534, D. João III elevou-a à categoria de cidade, a primeira dos Açores. É também nesse ano que o Papa Paulo III a faz sede da nova diocese. Torna-se então o principal porto de escala no Atlântico Norte, fundamental face ás necessidades técnicas da navegação da época, com navios veleiros que, por razões de clima e meteorologia, relacionadas com os ventos e correntes predominantes, tinham obrigatoriamente, de fazer a chamada “volta do largo” quando rumavam à Europa; encontravam-se então na zona dos Açores, onde paravam para descanso das tripulações, tratamento e recuperação de doentes e aprovisionamento de água e víveres. É por isso que data de bem cedo o primeiro hospital de Angra, que ficava onde hoje se situa o quartel da Brigada Fiscal da GNR, muito perto da baía e comunicando com a Igreja da Misericórdia por uma passagem aérea em madeira.

A cidade de Angra foi-se desenvolvendo em íntima relação com o comércio marítimo e com as preciosidades transportadas nos porões dos navios, nomeadamente metais nobres  e especiarias da “Rota das Índias”. A sua localização estratégica e a sua riqueza chamavam  a atenção das grandes potências marítimas, Inglaterra, França, Espanha e Holanda, cujos navios demandavam o porto de Angra com frequência. As necessidades de defesa da cidade e da costa acessível levam à construção, no século XVI, das grandes fortalezas citadinas de S. João Baptista e de S. Sebastião, para além de uma cintura de pequenos fortes costeiros, por toda a ilha Terceira. Para reabastecer de mantimentos as naus da carreira das Índias. D. João III criou a instituição da Provedoria das Armadas, de que foi primeiro titular o fidalgo Pero Anes do Canto e que primeiro se instalou no bairro marítimo do Corpo Santo, no alto da falésia, dominando a baía.

Angra seria então, entre os séculos XVI e XVIII,  uma rica e  buliçosa  cidade marítima, com a sua larga baía frequentemente repleta dos grandes navios de outrora, de naus e galeões, ancorados juntos ás encostas do Monte Brasil, para se protegerem dos ventos alísios de Oeste e uma florescente actividade de reparações navais, em estaleiros nascidos à sombra da  falésia, na zona da actual Prainha e antigo Jardim dos Corte-Reais. As mudanças bruscas no tempo, tão características do clima açoriano eram, tal como agora, muito temidas pelos marinheiros, especialmente quando surgia o chamado “vento carpinteiro”, dos quadrantes sul a leste, que, face ás reduzidas capacidades de manobra dos veleiros de então, deixava como último recurso o corte da amarra, para poder ganhar o largo tão rapidamente quanto possível; quando isso não era possível ou tudo se desencadeava muito depressa, estes ventos provocavam inúmeros naufrágios, fazendo “garrar” o ferro pelos fundos e precipitando os navios contra as rochas da baía. É por isso que a baía de Angra e as suas imediações constituem um extenso cemitério marítimo, com muitos naufrágios referenciados, identificados ou localizados. Actualmente, encontra-se organizado um parque arqueológico subaquático, em que se pode visitar vários naufrágios de diferentes épocas e o chamado “cemitério das âncoras” ao longo dos socalcos submersos do Monte Brasil, onde, entre as cotas de 22 e 32 metros de profundidade, se podem encontrar cerca de 30 âncoras de diversas proveniências e tipologias, datadas dos sécs. XVI a XX. Um dos naufrágios visitáveis mais conhecido é o do navio de propulsão mista (vela e vapor), “Lidador”, de 78,67 metros de comprimento, construído em 1873 em Londres; este navio naufragou na baía de Angra em 1878, quando se preparava para iniciar uma viagem com emigrantes açorianos para o Brasil.

Os primeiros trabalhos de arqueologia subaquática na baía de Angra ocorreram com a expedição do britânico Sidney Wignal em 1972 e resultaram na recuperação de algumas âncoras e alguns canhões de ferro e bronze. A etapa seguinte seria apenas na década de 90, quando o Museu de Angra do Heroísmo assumiu todo o protagonismo nesta área e foi responsável por uma série de prospecções, em colaboração com instituições portuguesas e com os americanos do Institute of Nautical Archaeology. A peça mais emblemática então recuperada é um canhão de bronze, francês, da época de Francisco I, que se encontra permanentemente exposto neste museu. Na actualidade, prossegue o levantamento do património arqueológico subaquático dos Açores, a cargo da Direcção Regional da Cultura.

A partir do séc. XVIII, devido às vicissitudes da História, a cidade de Angra do Heroísmo, foi perdendo importância política, administrativa e económica, a favor da cidade de Ponta Delgada,  cada vez mais a maior e mais importante cidade do arquipélago.

O golpe final aconteceu num passado recente, quando o Porto das Pipas perdeu o seu movimento comercial, através da deslocalização para o novo porto da Praia da Vitória. A cidade encontrou-se  então numa encruzilhada da História, com uma baía que fora fulcro e testemunho de um passado riquíssimo mas que agora estava vazia de vida e animação.

Foi preciso então passar por um período de reflexão e debate, para encontrar novos caminhos. Após essa fase, algumas importantes decisões foram tomadas. Toda a orla marítima da cidade foi intervencionada, com reabilitação e consolidação das falésias, com a construção de uma marina, de um hotel de cinco estrelas e a reconversão do Porto das Pipas num espaço de recreio, lazer e serviços ligados à área náutica, assumindo-se também como escala de um pequeno tráfego de transporte marítimo de passageiros inter-ilhas.

Acompanhando esta corrente  de renovação, um novo clube náutico surgiu entretanto, com sede no Porto das Pipas,  o Angra Iate Clube, que veio enriquecer e diversificar a oferta de actividades náuticas na baía da cidade. Um grupo de  onze pessoas, cujo vínculo comum era o amor pelo mar, fundou esta instituição em 27 de Outubro de 1995. O clube dedicou-se

à promoção dos desportos náuticos, tendo aberto escolas de vela ligeira e canoagem e uma escola de formação de navegadores de recreio. Correspondendo ao aumento de veleiros de cruzeiro na marina de Angra, o clube iniciou também um campeonato de vela de cruzeiro, com um extenso programa de regatas, na ilha Terceira e entre as diversas ilhas do Grupo Central. Continua vivo e activo, agora com uma nova direcção e instalado em nova sede no Porto das Pipas.

No momento actual, parece que a cidade de Angra do Heroísmo renasceu e encontrou a sua vocação no mundo de hoje. Cidade que nasceu do mar, de vocação marítima por excelência, cenário de naufrágios e batalhas navais, presa de piratas e corsários, cobiçada pelas grandes do mundo, cofre de tesouros, pisada por Vasco da Gama e seus pares, Angra do Heroísmo define-se agora como uma cidade museu, monumental, provedora de serviços, montra da História, palco da cultura e que, através da sua marina, se abre aos herdeiros das caravelas, os novos marinheiros, que percorrem os mares apenas por paixão e prazer. 

O SOMBRIO SOL CATÓLICO

Janeiro 22, 2009

Tarcísio Pacheco

 

IMAGEM: http://www.examiner.com/article/catholic-church-controversy-sparks-no-violence-worldwide-cartoon

 

 

Há um articulista regular do jornal “A União”, designado aqui por N., que sigo com interesse, pelo facto de o considerar uma pessoa inteligente, com conhecimentos, leituras e bagagem cultural, que escreve sobre temas interessantes. Não costuma referir-se a política, esse parente pobre da sociedade humana, o que para mim já é uma grande virtude. Contudo, não é por acaso que ele é colunista deste jornal e não de outro qualquer. Ele é também um óptimo exemplo de como mentes esclarecidas podem ser limitadas e condicionadas por convicções religiosas.

Num recente artigo, N. refere-se à obra de Hilaire Belloc e deixou-me  a impressão que este autor é, provavelmente, uma sua influência de estimação. E na realidade, encontro paralelismos entre as convicções de um e outro.

Hilaire Belloc (1870-1953), foi um prolífico escritor, nascido em França mas educado em Inglaterra. Escreveu sobre temas muito diversos. Parece ter sido uma mente sagaz e abrangente mas lamentavelmente condicionada por uma, porventura, excessiva dedicação às controvérsias do Catolicismo (frequentava a missa diariamente). Até do ponto de vista socioeconómico, ele advogou o distributismo, defendendo que consistia num regresso ao sistema económico praticado na antiga Europa católica. Em resumo, Belloc parece ter-se caracterizado como um ardente promotor da ortodoxia católica e crítico de muitos elementos do mundo moderno. Uma das mais famosas frases de Belloc é “Wherever the Catholic sun does shine, there’s love and laugher and red red wine”.

Belloc reconhecia a partilha de muitas crenças e princípios teológicos entre o Islamismo e o Cristianismo mas isso servia-lhe precisamente de base para a sua perspectiva do Islamismo como uma heresia, sobretudo por não reconhecer a divindade de Jesus.

A mente de Belloc era absolutamente condicionada… Veja-se como ele criticou uma obra escrita por Webster, uma escritora contemporânea dele, que rejeitou o Cristianismo, estudou religiões orientais, aceitou o conceito hindú da paridade de todas as religiões e era fascinada pela teoria da reencarnação; embora o tenha feito, diga-se em abono da verdade, como crítica a um alegado anti-semistismo da autora,  Belloc apelidou a obra de Webster de “livro lunático”.

Em suma, Belloc era uma pessoa inteligente e culta mas limitada na sua visão da vida, devido à sua atracção pela ortodoxia católica e por essa via, avesso à evolução do mundo e adepto até de um regresso ao passado, que via o Islamismo como uma mera heresia e outras perspectivas filosóficas e religiosas como lunáticas e nos deixou frases célebres, no mínimo, discutíveis.

Na realidade, o que basicamente me provocou no texto de N. foi a mais que estafada invocação da Igreja Católica perseguida, desprezada, odiada. É incontestavelmente verdade que isso aconteceu nalguns lugares e períodos da História, a começar pela própria génese do Cristianismo, no Império Romano, quando muitos dos primeiros cristãos foram, efectivamente, martirizados, o que é condenável, a todos os títulos. Mas depois do imperador Constantino ter tornado o Cristianismo a religião oficial do Estado, no início do séc. IV, esta espalhou-se rapidamente pelo mundo, como uma espécie de praga. Aos guerreiros de espada na mão, semeando a morte e a desolação, seguiam-se hordas de burel, para “consolar” as vítimas. Outras vezes eram os ratos da Igreja que numa missão “civilizadora”, abriam caminho à soldadesca, à cupidez , ambição e cobiça de exploradores, aventureiros e comerciantes. Na História da Humanidade, a Igreja foi muito mais  perseguidora do que  perseguida, culminando na “Santa” Inquisição que, convém relembrar, é um fenómeno recente da História. É conhecida a herança positiva do Cristianismo para o mundo. Mas não sei se alguma vez será totalmente contabilizado o estrago irremediável, provocado na civilização humana por uma religião que planeou activamente destruir tudo o que havia antes dela e que nada mais existisse senão ela dali para a frente.  Culturas fascinantes,  tradições milenares,  sabedoria intemporal, tudo isso foi crucificado na cruz, afogado no sangue rubro do cálice. Até há bem pouco tempo, a Igreja dominava o mundo, em estreita aliança com os poderes temporais porque se proclamava  fonte única e  fortaleza inexpugnável da verdade, da moral e dos costumes. No nosso tempo, finalmente começámos a sacudir o jugo, as palavras de ordem são liberdade, tolerância e abertura de espírito. Até há pouco tempo, a Igreja dominava a sociedade porque a educava na estreita, limitada e rígida moral judaico-cristã e possuía muitos meios de castigar e ostracizar os prevaricadores.

O problema profundo da Igreja não é nem nunca foi ser perseguida. Alguns dos exemplos de “inimigos da Igreja”, arrolados por Belloc, pedem um comentário. O nacional-socialismo hitleriano, para além de ter sido um monstruoso mas breve episódio da História, perseguiu sobretudo o Judaísmo, não tanto a Igreja Católica em particular. E o nosso fascismo caseiro não assentava exactamente na tríade Deus, Pátria, Família ? Quanto aos regimes comunistas, realmente a dialéctica marxista-leninista pode ser encarada como inimiga da Igreja Católica, não tanto individualmente mas por preconizar o ateísmo como filosofia oficial do estado. Mas convém lembrar que a revolução bolchevique de 1917, origem do comunismo no mundo, surgiu precisamente na Rússia dos Czares, reis por direito divino e que tinham a hierarquia da Igreja (neste caso a Ortodoxa), totalmente do seu lado no domínio de um povo miserável, oprimido, faminto e quase escravizado.

O problema é que a Igreja, no mundo de hoje, já não pode catequisar à força, como sempre fez no passado. Já não consegue ir “evangelizar” os pobres nativos por esse mundo fora. E quando o faz, já não tem o exclusivo, sofre a concorrência de outras igrejas e crenças, num clima de liberdade e tolerância que detesta e a que não está habituada. E já não consegue recrutar os seus acólitos pelos meios de que antes dispunha: filhos varões de famílias numerosas que não tinham dinheiro nem onde cair mortos e que viam a carreira eclesiástica ou a das armas, como únicas saídas; filhos da nobreza que não o primogénito, sem direito a nada; filhas que não conseguiam casar, filhas a cujos pais dava mais jeito, por um ou outro motivo, enviar para um convento; mulheres escravizadas, quase sem existência legal, que serviam como moeda de troca para os mais variados fins; gente ambiciosa, que encontrava  na Igreja o caminho para chegar ao poder e a uma vida rica e confortável; enfim, muita gente, sem a menor vocação mas que encontrava na Igreja um refúgio seguro, com tecto e comida, num mundo cruel para os fracos, os pobres e os desprotegidos. No mundo de hoje, a Igreja tem de SEDUZIR e aí tem falhado, cada vez mais miseravelmente. Nem é por ser velha e anquilosada, porque a Igreja Católica é jovem, convém relembrar isso, tem 2.000 anos, uma gota de água na História da Humanidade e uma caganita de pulga na história do planeta, para não ir mais longe. É porque é uma instituição fechada sobre si própria, teimosa, autoritária, intolerante, incapaz de evoluir

Uma estratégia usual da Igreja é fazer crer que o Cristianismo é BOM e o Neopaganismo é MAU. Assim mesmo, ou é preto ou é branco, sem mais nada. Eu acredito que não há religiões boas e más, que são todas formas de nós, pobres e ignorantes mortais, interpretarmos os mistérios da vida e da morte e estabelecermos, cada um ao seu jeito, mecanismos de comunicação com o divino, com o desconhecido, com o superior. Normalmente, cada religião tem associado  um código de referência de  valores morais e essa é uma área mais sensível porque é essencial que esse código contenha  valores universais que impliquem o respeito por todas as formas de vida e pela natureza. Se a religião constituir um domínio privado, das “coisas do espírito”, uma forma pessoal e íntima  de purificação e evolução espiritual, por vezes voluntariamente praticada em comunidade, então está tudo bem. Essa é uma conquista fundamental do nosso tempo, a remissão da religião para a esfera íntima de cada um. Mas isso é intolerável para a Igreja que, ainda não se recompôs do choque de já não ditar a moral colectiva. Eles que, até há tão pouco tempo, eram os intérpretes sagrados de Deus, a quem se beijava a mão, agora são simples agentes de uma corporação em decadência acelerada, muitos deles pedófilos, ainda por cima.

O Cristianismo assenta fundamentalmente nos acontecimentos de há 2.000 anos no Próximo-Oriente, na figura de Jesus e nos Dez Mandamentos. Os dogmas da fé católica, ligados à vida de Jesus, só podem ser aceites através de um exercício de fé. Sabemos que Jesus existiu mas quanto ao resto, pouco está historicamente provado e racionalmente, só podemos duvidar de tudo o que nos dizem e nesse sentido, todas as hipóteses são plausíveis. Os Dez Mandamentos constituem um código moral básico, como outros, na História das Religiões. Sobre a sua origem também não há qualquer prova histórica. Isto é uma mera constatação de facto e não um argumento irredutível de negação científica.

Quanto ao Neopaganismo, é um termo recente, que designa um conjunto heterogéneo de religiões ditas “pagãs”, como maior expressão no mundo civilizado a partir de 1970.

“A maior parte das religiões neopagãs são tentativas de reconstrução ou ressurgimento das religiões pagãs, principalmente as da antigüidade pré-cristã europeia (…) O neopaganismo é um termo referente às diversas formas de religiosidade que têm como lugar comum o encontro com o divino através da natureza . Com base no ensinamento que remonta ao Egipto Antigo, que diz que "o que está acima é como o que está abaixo e o que está abaixo é como o que está acima", os seus praticantes acreditam que a natureza dos criadores seja a mesma das suas criaturas. Os neopagãos buscam, desta feita, compreender "o que está acima" – os seus deuses - conhecendo "o que está abaixo" - a natureza e os seus semelhantes.As suas práticas envolvem a magia natural e a magia cerimonial, como também a busca da evolução através das terapias holísticas actuais” (in Neopaganismo, Wikipédia, Internet).

Os cultos pagãos estão, em muitos casos, associados ao conhecimento, tributo e respeito pelas forças da natureza. Os neopagãos estão, na verdade, borrifando-se para a moral judaico-cristã mas não têm nada de intrinsecamente MAU, tipo sacrifícios humanos. Trata-se apenas de uma forma diferente de procurar a verdade e a felicidade individual. E não pretendem acabar com o Cristianismo. Não se consideram inimigos de ninguém. Pretendem que os deixem em paz, num clima de liberdade, diversidade, ecletismo e tolerância. Tudo coisas que a Igreja Católica aprecia pouco…

Finalmente o grande problema da Igreja Católica é pensar que veio para mudar o mundo e  ficar para sempre. Ora, eu acredito que, em muitas perspectivas, a Igreja não mudou o mundo para melhor. Deu o seu importante contibuto. E que nada é para sempre. Acredito que o Cristianismo é mais uma etapa no percurso da Humanidade. Mas não é a única e muito menos deve ser obrigatória e acabar com todos as outras, E creio nos valores da paz, do amor incondicional pelas pessoas e por toda a Natureza, no relativismo da verdade, na inteligência, na emoção, na abertura de espírito e na disponibilidade para evoluir e aprender. Se alguma coisa for para sempre, que seja o amor. Popeye9700@yahoo.com

 

 

CONSIDERAÇÕES INTEMPESTIVAS 2

Janeiro 19, 2009

Tarcísio Pacheco

 

 

imagem: http://wehavekaosinthegarden.wordpress.com/tag/djose-policarpo/

 

 

O NOVO CRUZADO PORTUGUÊS -  Quando ouvi as recentes declarações de D. José Policarpo sobre casamentos de portuguesas com muçulmanos, a minha primeira reacção foi pegar na pena e desancá-lo sem dó nem  piedade, que eu não tenho religião e não sou obrigado a seguir a caridade cristã. Numa primeira análise, fiquei chocado com tamanha insensatez num príncipe da Igreja… Pensei, “então são  essas as  instruções secretas que eles recebem quando vão beijar o anel do Chefe, em Roma ?!”… É que o discurso oficial do Vaticano é bem diferente disto, indo no sentido do ecumenismo e da conciliação universal das diferentes confissões religiosas…

Mas hoje em dia, felizmente, já aprendi a controlar a minha natural impetuosidade… Entretanto, tive tempo para reflectir e também inteirar-me de outras reacções e opiniões. Acho que D. José Policarpo esteve mal. Revelou insensatez, intolerância e  falta de bom senso e de tacto diplomático,  tudo coisas estranháveis  num cardeal, no líder  da Igreja Católica Portuguesa. Recordemos aqui que ele desaconselhou fortemente as jovens portuguesas de casarem com muçulmanos, em termos pretensamente jocosos e ligeiramente histriónicos até. Por um pouco mais que isso, já outros europeus ficaram com a cabeça a prémio…Ainda vamos todos ficar famosos por termos uma personalidade nacional marcada por uma “fatwa”…  Mas o principal erro do purpúreo religioso foi de ter falado apenas de “muçulmanos”  e não de “muçulmanos radicais”. Porque o que é perigoso não é um muçulmano vulgar. Esse é uma pessoa como o resto das outras. Vive numa cidade qualquer, estuda, trabalha e de vez em quando ajoelha-se e reza ou vai à mesquita. No resto do tempo, o tapete da orações fica arrumado no guarda-roupa.

Há alguns anos atrás, tive uma namorada indonésia, residente em Jakarta, de confissão muçulmana. Era uma pessoa normal, mais para o “não praticante”, como tantos católicos de hoje. Era aberta, tolerante, pacífica…Esteve na ilha Terceira, apreciou muito a ilha… Nunca senti que eu e a minha alma imortal estivéssemos em perigo…

Agora, se estivermos a falar de um muçulmano radical… aí até estou de acordo com D. Policarpo. Mas o que é perigoso é um fanático, de qualquer rótulo. E nesse aspecto, a Igreja Católica produziu e continua a produzir muitos.

Todas as  repúblicas islâmicas são condenáveis, como forma de regime político. Nelas, a lei aplicada é o código islâmico da “Sharia”. Esta baseia-se em interpretações muito forçadas,  extremamente rígidas, obscuras e radicais do Alcorão, o livro sagrado islamita. Na verdade, trata-se, no fundo, de um estádio filosófico e cultural muito atrasado. Com Maomé e os seus seguidores, os árabes, que desenvolveram no passado culturas intelectualmente ricas e tolerantes, retrocederam séculos e as actuais repúblicas islâmicas padecem de um medievalismo atroz.  Na verdade, os cristão fizeram o mesmo durante séculos, a partir da Bíblia mas entretanto, a maioria deles evoluiu…Perante a “Sharia”, as mulheres muçulmanas são abertamente consideradas seres humanos menores, de segunda categoria, pouco mais do que máquinas reprodutoras, com poucos direitos civis, absolutamente descriminadas, quase escravizadas, dominadas em todos os sentidos por um mundo masculino, ferozmente repressivo. A verdade, incontornável, é que o islamismo é uma sistema de gestão da vida, de raiz masculina, pensado, teorizado, desenvolvido e aplicado por homens, a maioria deles, fanatizados desde a mais tenra infância, intelectualmente limitados e que tem como importante pressuposto, a subalternização absoluta da mulher em todos os domínios. O mundo evoluído, por motivos filosóficos e humanitários, deve usar todos os meios possíveis, menos os violentos e agressivos, para ajudar o mundo muçulmanos a evoluir culturalmente, no sentido da separação fundamental entre Igreja e Estado e para acabar com as execráveis escolas islâmicas. Estas, em muitos casos, substituem quase por completo, qualquer outra forma de ensino e  são a base do fanatismo religioso e do terrorismo.

Perante estas evidências, eu próprio desaconselharia fortemente qualquer uma das minhas filhas a casar com um muçulmano radical ou a viver numa república islâmica. Mais do que isso, acho que até a amarraria ao pé da cama, até lhe passar a ideia. Com isso, estaria, muito possivelmente, a salvar-lhe a vida ou, pelo menos, a dignidade.

Se tivesse falado destas coisas, talvez D. Policarpo tivesse razão. Mas não o fez e perdeu uma excelente oportunidade para ficar calado. Há tanta coisa urgente para dizer sobre este assunto. Mas se não se é capaz de dizer algo coerente e inteligente, mais vale rezar o terço ou ir a Fátima em vez de dar entrevistas…

De resto, estou em crer que o muçulmano português, essa subespécie exótica, é um tipo porreiro como a maioria de nós, é sócio do Sporting, joga no Totoloto à sexta-feira, de vez em quando até aprecia umas bifanas com cerveja e prefere que a mulher trabalhe, porque não é tolo nenhum e aprecia dois ordenados em casa.

Se eu estivesse no lugar de D. Policarpo, aconselharia as jovens portuguesas a ter muito cuidado na hora de escolher o parceiro… É que se elas se casam com um macho latino de carimbo português, daqueles de bigode, com o 6.º ano de escolaridade mal tirado,  que não ajudam em casa apesar da mulher trabalhar, que gostam de sair com os amigos para beber, que pensam que o ponto G é uma paragem de autocarro e que batem na mulher quando o Benfica perde, meus amigos, essas moças  podem meter-se numa carga de sarilhos que a tríade completa de Cristo, Alá e Buda não imagina  e D. Policarpo nem sonha.

RECOLHA SELECTIVA  DE LIXO  -  Que me perdoem os responsáveis, mas a recolha selectiva  de lixo , para reciclagem, não está a ser o êxito publicamente apregoado, sobretudo por falha da entidade pública gestora no momento da recolha.

Sou um acérrimo defensor da triagem do lixo e da reciclagem,  preocupo-me com essa questão e passo essa atitude aos meus filhos. Fiquei contente com  o anúncio da recolha selectiva de lixo, comprei os recipientes próprios e dou-me ao trabalho de separar o lixo em casa. Esperei algum tempo, antes de vir a público protestar, porque queria ter a certeza. Mas, por várias vezes já, coloquei o lixo seleccionado na rua, em recipiente adequado, de manhã cedo, com a fitinha da cor correcta, no dia calendarizado e o meu lixo não foi recolhido, apesar de residir no centro da cidade de Angra.

Se querem mudar as coisas e educar as pessoas, então, pelo menos, não falhem de forma tão ostensiva, sistemática e grosseira, sob pena das pessoas não vos levarem a sério. POPEYE9700@YAHOO.COM

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