CALDEIRADA DE BUGALHOS
Maio 29, 2012
Tarcísio Pacheco
IMAGEM: www.correiodeuberlandia.com.br
Este fim de semana andei somenos, um bocadinho aborrecido. Devem ter sabido que a Juliana Paes (sim, a minha Jujuzinha), se descascou toda nos primeiros episódios de “Gabriela”… Que teimosa, ela tinha-me prometido que não fazia, é mesmo a mãe escarrada...Brigámos, claro e foi feio. Mas já fizemos as pazes e ela disse-me que o dinheiro extra é para irmos de férias às Maldivas, enquanto aquilo não é só para mergulhadores e o avião tem onde aterrar. A propósito, isto das alterações climáticas anda terrível…há países insulares que podem desaparecer, não consigo ir à praia, há touradas que têm sido canceladas e a roupa não me seca…
Mas não é isto que me trouxe aqui hoje, foi só um desabafo. Abri o postigo por vários motivos. Recentemente, li em “A União”, um artigo pobrezinho, sobre o divórcio, da autoria de um professor e investigador de História, que necessita, urgentemente, de diversificar as suas fontes. Ele ficou-se pelo jornal Le Monde que é, como todos sabem, a autoridade mundial ao nível das relações sociais…Nesse artigo, este “investigador” pretende, claramente, insinuar e deixar no ar uma série de “verdades” dogmáticas, que não escondem o desejo de regressar a uma sociedade aprisionada por normas e regras fabricadas e impostas à força…Por exemplo, que o casamento monogâmico é indissolúvel por natureza (?) , que o amor não deve ser livre, que o divórcio significa solidão, que a procura da felicidade e do amor é perversa, que os filhos servem para cuidar dos pais na velhice, que é melhor ser uma doméstica no meio rural, que as mulheres urbanas com uma carreira activa estão lixadas porque são sempre abandonadas e que a “família tradicional unida” é a única que verdadeiramente satisfaz o espírito humano… Bom, só se for o espírito dele…Já escrevi muito sobre este assunto, por isso, agora direi apenas que o casamento monogâmico e indissolúvel não tem nada de natural, pelo contrário, é uma criação humana, que tem variado bastante, no tempo e no espaço geográfico e cultural. O amor deve ser livre, como tudo na vida, limitado apenas pelo sentido de responsabilidade e pela protecção legal da integridade física, psicológica e emocional das pessoas e dos direitos dos menores. A solidão é um problema das sociedades desenvolvidas da atualidade, que extravasa por completo a questão do divórcio, estando pelo lado negativo ligado ao egoísmo individual e à falta de solidariedade social e pelo lado positivo ou, pelo menos, neutro, à mudança espontânea dos parâmetros sociais, no que respeita a critérios de conforto e felicidade. Os filhos não “servem” para cuidar dos pais, não são um investimento; um filho bem formado, de bom caráter, fá-lo-á com naturalidade, se for preciso; de resto, que tem isso a ver com divórcio? Pais e filhos são-no para sempre, suceda o que suceder. Há menos divórcios nas comunidades rurais porque, nestes lugares, se seguem ainda, muitas vezes, modelos sociais arcaicos e as pessoas têm menos educação, cultura, informação e autonomia, especialmente as mulheres; é só por isso que elas se divorciam menos. É impensável que, nas sociedades desenvolvidas de hoje, a mulher não seja colocada exatamente ao nível do homem, em todos os aspetos, salvaguardando apenas as particularidades da sua diferença natural, no que diz respeito aos períodos de gravidez, pós-parto e amamentação. São, por isso, de evitar, quaisquer insinuações sub-reptícias no sentido de relegar as mulheres para a sua condição atávica de fêmeas e reprodutoras sob a alegação que correm o risco de “ser abandonadas”…
Este senhor investigador talvez se desse bem em países como o Afeganistão, onde as relações sociais se estabelecem pela tradição e pela lei do mais forte. Mas, mesmo aí, a lei islâmica prevê o divórcio, embora seja infinitamente mais fácil para o homem, claro.
Mudando de assunto, corre por aí no facebook, a notícia de que a senhora diretora do FMI não paga impostos sobre o seu chorudo vencimento anual e teve o descaramento de mandar os gregos pagar os seus impostos…Não sei se é isto é exatamente assim quanto à primeira parte da acusação, corre muito boato pelo facebook mas… diria que não me custa nada a acreditar…há muito tempo que percebi que esse gente que nos impõe austeridades, diminuição de salários, aumentos de impostos e taxas, que aprova coimas no âmbito do Código da Estrada que COMEÇAM em valores superiores ao ordenado mínimo nacional, é tudo gente muito bem servida na vida, que ganha muito bem, que quase não dá por crise alguma abaixo de uma guerra mundial e que, por isso, não hesita em aprovar medidas “difíceis”…Recentes notícias tem-nos revelado que os políticos praticamente nada sofreram com a crise e que até aumentaram de rendimentos nalguns casos, graças a manobras maliciosas. O que me deixa verdadeiramente atónito é a apatia masoquista das populações… o que é preciso fazer-lhes para acordarem? Safa, que o povo é bem ignorante…
Fui surpreendido na semana passada com a cruel notícia de que o senhor Padre Caetano Tomás já não ia ser condecorado, graças a uma intervenção do Bloco de Esquerda. Embora totalmente alheio ao facto, tenho opinião sobre este assunto. A razão para atribuir uma condecoração ao Padre Tomás tinha a ver com a forma como se destacou na comunidade, em diversos níveis. Ou seja, o Padre Tomás tornou-se uma figura pública e, durante muitos anos, sempre que era necessária uma opinião na área da psicologia, era ele o requisitado. Isto durou anos a fio, até aparecerem os verdadeiros psicólogos. Além disso, ele teve sempre e continua a ter, o seu púlpito permanente em “A União”. Ora, ser figura pública implica que tudo o que se diz é lido ou escutado com atenção. As figuras públicas tem público. O que eles pensam e dizem tem impacto. Esta é parte boa. Por outro lado, se dizem disparates, têm que arcar com os custos. Essa é a parte má de ser mediático. Ministros importantes têm sido sumariamente demitidos por gracinhas tontas e impensadasem direto. Opadre Tomás deve ser responsabilizado por aquilo que escreveu. E ele desculpabilizou (não defendeu, claro) publicamente a pedofilia em geral e a pedofilia no seio da igreja católica em particular, com argumentos como “o acesso difícil a mulheres” e “ haver crianças que provocam”…Não é preciso mais que isto, só por aqui ele já teria perdido o direito a condecorações. Palavras idiotas fazem cair ministros, estragam carreiras políticas (nunca me engano, o desemprego é uma oportunidade, etc) e… lixam condecorações. Com isto, terá estragado o reconhecimento de uma vida inteira de doação aos outros? Talvez e temos pena mas a vida é assim. E esse artigo dele era mesmo um vómito, não devemos ter medo das palavras. POPEYE9700@YAHOO.COM