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popeye9700

Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

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Crónicas e artigos de opinião, a maior parte publicada no Diário Insular, de Angra do Heroísmo.

BAGA Pe.JÚLIO ROCHA E A SUA IGREJA (BB144)

Março 14, 2023

Tarcísio Pacheco

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imagem em: The Editorial Cartoons

BAGAS DE BELADONA (144)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA Pe. JÚLIO ROCHA E A SUA IGREJA – Esta baga andava pelo meu computador, não esquecida, mas em repouso, à espera de tempo e disponibilidade.  Agradeço ao Sr. Padre Júlio Rocha, a gentileza de me ter citado, no seu artigo no DI do já distante dia 20 de janeiro. É sempre gratificante ser citado, ainda para mais com uma adjetivação de assertividade. Porém, manda a mais elementar cortesia que, quando se cita alguém, identifica-se a fonte. Não foi “alguém” que escreveu e também não foi ninguém importante, mas, por acaso, fui eu. Se o senhor padre leu o artigo e retirou a parte que lhe interessava, soube também quem o escreveu, não era anónimo.

Dito isto, quero deixar claro que costumo ler os artigos do Pe. Júlio Rocha publicados no Diário Insular. Não só porque escreve bastante bem e sobre temas interessantes, mas também porque o tenho em boa conta, parece-me ser um homem de boa vontade e um sacerdote católico que não se coíbe de tecer duras e pertinentes críticas à sua organização, o que é raro e admirável.

Quanto ao meu citado texto, que não é recente, embora, provavelmente, estivesse de telha corrida quando o escrevi, poderia escrevê-lo de novo e não o mudaria muito. O que não me repugna na igreja católica, provoca-me enfado e bocejos. Ele é tantas que me é até difícil escolher o que criticar. Entre tantas outras coisas, não suporto aquela tristeza toda, o peso da cruz sobre os nossos ombros, a pompa e circunstância, a patética solenidade, o omnipresente brilho do ouro, a resignação cristã, o eterno estigma do pecado, a expiação constante da culpa, a tendência para a vitimização e para o sacrifício estéril, a brutal hipocrisia e a cega obediência ao dogma.

Saí da “catedral”, como o senhor padre diz, por volta dos 14, 15 anos, quando comecei a adquirir alguma autonomia de pensamento e nunca mais voltei, a não ser para um casamento, batizado ou para tocar violão com uma das minhas filhas, Inês, hoje com 22 anos, em festas da catequese dela. Pelos nossos filhos, fazemos quase tudo e respeitamos as escolhas deles.

Não gostar da igreja católica não tem nada a ver, forçosamente, com ateísmo ou amoralidade. Não me considero uma pessoa religiosa, no sentido mais estrito do termo, na medida em que não pratico qualquer religião, mas também não me considero ateu. Vejo-me sobretudo como um agnóstico espiritualista que, dentro da sua fraqueza puramente humana, com imensas falhas, tenta seguir um código universal de comportamento que assenta em valores e atitudes como a paz, o amor, a amizade, o respeito pelo outro, a tolerância e a solidariedade. E leio, escrevo, medito e reflito regularmente sobre o significado e explicação do universo, sobre os mistérios da vida e da morte, enquanto vou passando o tempo e sobrevivendo a cada dia, como todos nós.

A prática do bem (e não apenas da caridade fácil), de forma desinteressada e anónima, a fé pacífica e a esperança de cada pessoa num mundo melhor são sempre coisas positivas, venham de onde vierem.

Quanto à Igreja Católica (IC), não advogo o seu fim. Olhando para a medonha realidade da espécie humana e para o pavoroso mundo que temos vindo a construir, parece-me fundamental a existência de algum nível de espiritualidade que seja um fator de equilíbrio perante o puro materialismo, a ganância, a acumulação, o espírito competitivo, a agressividade, a violência e a prática do mal, nas suas múltiplas vertentes. E, na comunidade açoriana, ainda é, por enquanto, a IC quem está em melhor posição para desempenhar esse papel, nem que seja por tradição. Porque, se não cuidarmos de uma dimensão espiritual, a vida da maior parte de nós vai andar à volta de trabalho, dinheiro, contas, comida, política e futebol (toiros também, na Terceira). Ou seja, uma vida bem pobre, que as artes, a música e a Natureza vão enriquecendo.

Contudo, infelizmente, parece-me que a IC vai continuar no processo acelerado dos 3 dês (declínio, decrepitude e degradação). Que poderá levá-la, daqui a umas largas dezenas de anos (mas não centenas…) a tornar-se residual. Pura e simplesmente, a IC, agarrada aos seus velhos dogmas e ao seu moralismo serôdio, estéril, bronco e hipócrita, não responde às necessidades da sociedade de hoje, muito menos no que toca aos jovens. Até podemos estar em último lugar nas estatísticas do sucesso escolar,  mas, como sociedade, é absolutamente inegável que evoluímos muito, em termos de educação, cultura e mentalidade. É aqui o ponto sensível porque fé e razão são antagónicos por natureza. É sinal inconfundível de inteligência e nível de educação, a atitude de questionar, duvidar, querer saber, entender e esclarecer. Ora, isto é antítese da IC, uma instituição que cria agentes em série formatados por um duvidoso livro “sagrado” e por uma doutrina com 2000 anos, cheia de prováveis falsidades, dúvidas, efabulações, erros, impossibilidades científicas e inexatidões. E o intuito principal é sempre moldar a sociedade à luz das suas crenças. Em muitas circunstâncias e diversos lugares, a IC foi aliada do poder político. Para ser justo, noutras ocasiões, também foi oposição. Mas sejamos honestos, a IC é uma organização de poder muito antiga, presente em quase todo o mundo, dirigida por um grupo restrito de homens velhos, a quem a sociedade tende (tendia?) a confiar as suas crianças. A IC sempre prosperou na pobreza, na estupidez e sobretudo na ignorância. Na Irlanda do passado, na América profunda de Trump, na Espanha revanchista, no tosco Brasil de Bolsonaro, na América Latina, nas Filipinas. E nuns Açores que também foram mudando e já quase não existem.

Tomemos como exemplo a questão da pedofilia no seio da IC, que tem estado nas bocas do mundo. É óbvio que aplaudo as iniciativas da própria IC no sentido correto e justo. E aproveito para felicitar a Diocese dos Açores e o seu Bispo por ter tomado a iniciativa de suspender os seus sacerdotes que constam da lista apresentada pela comissão independente. Pelo menos, nisto, vamos à frente. Mas a verdade é que acredito que pouco vai mudar. Quando muitos, os eventuais pedófilos da IC vão tomar mais cuidado e pensar duas vezes porque sabem que estão sob os holofotes da sociedade. Mas, e quanto às raízes do problema? O que está na base da pedofilia na IC? Creio que isso se prende com os dogmas, as leis, as práticas e as doutrinas da IC. E não vejo qualquer sinal de mudança, para além de um Papa um pouco mais aberto e bem-intencionado, em luta aberta contra uma corte hostil de velhos cardeais hipócritas, fanáticos, misóginos e homofóbicos. Creio que o que cria a pedofilia específica da IC é a castidade forçada, a hipocrisia de clamar que recruta entre “os castos”, a demonização do impulso sexual, a homofobia mal disfarçada, a interdição do sacerdócio feminino, a discriminação das mulheres, a indissolubilidade do matrimónio e a atitude face ao divórcio, entre outros fatores. Em nada disto se prevê mudanças. E tudo isto cria um fosso cada vez mais acentuado entre a IC e as sociedades em que está inserida.

Como todos nós, humanos, não faço a mais pálida ideia se existe alguma espécie de Deus ou se há algum tipo de vida para além da morte. Mas tenho a certeza absoluta de que o tipo de criatura divina que a IC nos tenta impingir desde a infância e de quem não há qualquer evidência, na vida na Terra, na História ou no Universo conhecido, é um embuste mal-intencionado. Quem não gostaria de ter um anjo da guarda? Mas a verdade é que, se nalguns casos eles parecem existir (salvou-se por milagre…), noutros, o estupor do anjo estava a dormir ou estava bêbado. Ninguém entende nada. Mas os desígnios de Deus são insondáveis, claro, eufemismo clássico para dizer “também não percebo nada disto e não sei o que te diga, não faças perguntas difíceis…”.

POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA MISTER SIMPATIA 2022 E POR AÍ FORA (BB143)

Janeiro 24, 2023

Tarcísio Pacheco

 

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imagem em: Royalty-Free (RF) Clipart Illustration of a Grumpy Toon Guy Walking With An Umbrella by gnurf #227149 (clipartof.com)

 

BAGAS DE BELADONA (143)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA MISTER SIMPATIA 2022 E POR AÍ FORA – Não costumo alinhar nas habituais nomeações brejeiras de final de ano para quem se distinguiu nas diversas áreas. Sobretudo porque isso se tornou banal e quantas vezes, politiquento e sem graça alguma. Mas, relativamente a 2022, não consigo resistir e vou abrir uma exceção. A coisa é tão óbvia, tão merecida e tão indiscutível que a distinção podia ser qualquer uma, acerca de Gentileza, Boa Educação, Delicadeza, Sedução, Bonomia ou Fino Trato. Mas como tenho de escolher uma faixa para mandar imprimir, então, aqui vai, para Mister Simpatia 2022… (pausa para o rufo dos tambores), escolho o tesoureiro da repartição de Finanças de Angra, o incrível Sr.Ribeiro, aquele senhor fofinho, gentil e brutalmente simpático, que nos aguarda dentro da sua pequena jaula de cobrador de impostos.

O Sr.Ribeiro é do meu tempo de Liceu e, tanto quanto me lembro, a simpatia dele é um caso genético, já nasceu mais feliz e contente do que o Breyner e o Herman, só não nasceu de dentes arreganhados porque nasceu sem eles, como os frangos. Sempre o conheci assim. Quer dizer, na verdade, já o conheci com dentes,  mas tenho a certeza que há de ter sido um bebé adorável, que deixava a mamã dormir toda a noite. E, com a idade, obviamente, só melhorou, como o vinho do Porto. Assumiu-se e amadureceu em casco de carvalho, por assim dizer. Ficou quietinho e deixou assentar no fundo quaisquer borras alternativas com diferente composição química. Todos temos livre-arbítrio e o Sr.Ribeiro escolheu o Bem, a Bondade a Luz. Louvado seja Alá.

Aproveitando o Alá, só temos de ser agradecidos e bendizer Jeová, Alá, Buda, Brahma, enfim, toda a troupe celestial, assessorada pelos nossos anjos da guarda. Temos sido muito beneficiados. Nós, que já adoramos pagar impostos porque temos consciência que é para o bem de todos e que temos de compensar os crimin…, peço desculpa, os políticos que usam contas offshore e manter guarnecido o saco azul para pagar indemnizações a gestores públicos meio desempregados, não precisamos para nada de simpatia e gentileza na repartição de finanças. Seria como uma camada de chantilly industrial sobre um belo bolo caseiro de chocolate. Fica bem e é agradável à vista, mas não é realmente necessário e pode até ser prejudicial à saúde.

Então, é isso. Que sorte a nossa! Já entramos felizes e contentes na repartição de Finanças, a saltitar de alegria como a Heidi num prado alpino, já com o dinheiro ou o cartão na mão, doidos para pagar, cheios de entusiasmo e a pensar, que se lixe, isto é tão agradável, que até, se quiserem, podem pôr uma aventesma malcriada e mal-encarada a atender-nos, nada vai estragar esta alegria imensa de contribuir para o bem comum. Mas é então, ó bem-aventurança, que percebemos quantas graças a vida pode ter ainda para nos oferecer, como somos por vezes injustos com expetativas injustificadamente pessimistas e percebemos que vamos ser atendidos por um ser angelical, uma inefável criatura, com uma aura de simpatia inexcedível e um halo de luz (luz led, que estamos em tempos de crise). Percebemos que vamos passar momentos inolvidáveis, que vamos conversar sobre tudo e sobre nada enquanto pagamos, desde o futebol até à saúde dos nossos respetivos parentes, que uma hora vai parecer um instantinho, que vamos sair dali com um amigo para vida e já a querer combinar um jogo de marralhinha ou um piquenique no Monte Brasil, quando o tempo aquecer um bocadinho. Como a História pode ser injusta, como a realidade pode estar nos antípodas do cobrador de impostos clássico, de cara feia, montado numa mula velha, com o chicote na mão e acompanhado por alguns soldados armados até aos dentes…

Saímos dali ligeiramente ébrios (deve ser o toque do vinho do Porto) e mais leves (até porque deixámos atrás um bocado de dinheiro, que também tem o seu peso e, como todos sabemos, em nada contribui para a felicidade). Na verdade, vou partilhar isto com os leitores, mal podemos esperar para pagar mais impostos e tornar a interagir (expressão paupérrima para aplicar a circunstâncias tão enriquecedoras, embora não literalmente) com o querido Sr.Ribeiro. Na verdade, basta passar na rua da Sé, junto às Finanças e a nossa disposição melhora logo. Lembrando o título de um antigo filme chinês, dedicado a Mao Tse Tung, “O Ribeiro é como um sol vermelho, que aquece os nossos corações”.

Sr. Ribeiro, Mister Simpatia 2022, a sua faixa ser-lhe-á entregue em breve. E use-a com orgulho, meu excelso e inestimável amigo, pois se alguém a merece, é o senhor. E, sinceramente, se a impressora me fizer um desconto, talvez mande imprimir já a sua faixa de 2023, pois não estou a ver ninguém com qualidade para lhe disputar o trono. O senhor é único. É como um grande asteroide chocar com a Terra. Não é impossível, já aconteceu, mas é altamente improvável. Nota de rodapé: é de esperar mais prémios, a paciência é a primeira coisa que se esgota com a idade e isto está pelas pontas… POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGAS DE BELADONA (142)

Dezembro 30, 2022

Tarcísio Pacheco

 

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imagem em: New and Improved Taliban | claytoonz

 

BAGAS DE BELADONA (142)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA FERNÃO DE MAGALHÃES – Ao ler o editorial do DI de 29 de dezembro, que se refere a uma publicação recente de um autor espanhol sobre a famosa viagem de circum-navegação do nosso compatriota, Fernão de Magalhães, ao serviço de Espanha, na época, entre 1519 e 1522 e ao seu lamento sobre não haver uma “história ibérica” deste grande feito, lembrei-me que uma das minhas recentes leituras foi precisamente sobre este tema. Na edição deste ano do Outono Vivo, em boa hora adquiri o livro Fernão de Magalhães – A Primeira Viagem de Circum-Navegação, de David Salomoni, um investigador, creio que de nacionalidade italiana, ao serviço da Universidade de Lisboa. Trata-se de um relato fascinante, de leitura obrigatória para quem se interessa por História, mar e aventura, o que é decerto o meu caso. Tudo se baseia na crónica detalhada, minuciosa e, sobretudo e aparentemente, equidistante e não alinhada de Antonio Pigafetta, um marinheiro, geógrafo e escritor de Vicenza (Itália), um dos 18 sobreviventes da expedição (que partiu com 260 homens) que lograram regressar a Sevilha em 1522, a bordo da nau Victoria. A fidelidade de Pigafetta parece ter estado com Magalhães (de quem era incondicional admirador) e, tanto quanto sabemos, com a verdade. Embora o original do seu texto se tenha perdido, a sua crónica permanece como o relato mais fiel desta apaixonante aventura trágico-marítima. Consistindo num trabalho de investigação histórica, o texto de Salomoni apoia-se em factos documentados e onde há lugar a conjeturas, especulações ou deduções, isso é assumido. Além disso, Salomoni faculta-nos todo o enquadramento do contexto histórico. Como já sabíamos, D. Manuel I de Portugal recusou qualquer apoio ao projeto de Magalhães, daí ele ter ido bater à porta da concorrência. Espanha era a grande rival de Portugal, na época e o seu grande interesse era chegar às ilhas das especiarias por Oeste e, sobretudo, provar que estas se encontravam na área de domínio espanhol definida pelo tratado de Tordesilhas. Percebe-se o desinteresse português, nós já estávamos lá em força, o Índico e os mares do Extremo-Oriente eram dominados pelos portugueses, chegar lá por outra via, incerta, demorada e tortuosa, não parecia trazer nada de relevante para os interesses portugueses. Concluímos que uma “história ibérica” desta odisseia seria muito difícil. Os interesses eram e são completamente divergentes. Até porque, na época, o poder espanhol tudo fez para apagar o papel de Magalhães e glorificar o capitão espanhol que logrou regressar a Sevilha, Juan Sebastián Elcano. Não nos deixemos enganar. O estreito que dá passagem para o Pacífico, no extremo meridional da América do Sul chama-se “de Magalhães” e não “de Elcano”. Era bom para Espanha, mas as ambições espanholas foram… pelo cano.

BAGA GUERRA NA UCRÂNIA – Vou seguindo as notícias sobre a guerra sobretudo na Internet (onde podemos escolher as fontes) mas também um pouco nos canais televisivos portugueses. Não sou gaulês, mas confesso que tenho algum medo de que o céu me caia sobre a cabeça embora costume ter mais medo ainda de cair do céu, sempre que viajo de avião. O certo é que nunca como agora, foram tão abundantes os especialistas em guerra, coisas militares e estratégia. E nunca estivemos tão perto do precipício, convindo, perceber, pelo menos, como e quando vamos morrer todos e não sermos apanhados no duche ou com coisas combinadas. Entre os inúmeros comentadores tenho as minhas simpatias e antipatias. Dou mais valor aos comentadores mais inteligentes, menos especializados e que emolduram os seus comentários com considerações de ordem filosófica e ética. Mas há um que suporto mal, o major-general Agostinho Costa, um homem com uma perspetiva absolutamente condicionada pelo que ele designa como “realidade militar”. Ainda ontem, pude assistir à sua verborreia militarista em confronto com a comentadora Helena Ferro Gouveia, na CNN Portugal. Para Costa, que não deixa de confessar a sua “simpatia” pela resiliência do povo ucraniano, o que conta são “as realidades militares no terreno”. Ou seja, nada disto vale a pena porque a Rússia é muito forte, o exército ucraniano é muito menor e está cansado e a Ucrânia só sobrevive devido ao apoio dos EUA. Ficamos sem perceber onde é que Costa quer chegar. Isto é, deveríamos deixar Putin e a sua ditadura nojenta em paz, para prosseguirem, sem oposição, a cruzada brutal que iniciaram em 2014, com a anexação da Crimeia? Talvez uns votos de protesto na ONU, se o Conselho de Segurança permitir? E mais uma meia-dúzia de sanções à Rússia? Quer gostemos, quer não (eu odeio isso), a realidade do nosso mundo é que existe um regime brutal, ditatorial, hostil, imperialista, homicida e agressivo, como a atual Rússia, com o apoio cada vez menos dúbio da besta chinesa, do regime paranoico e delirante da Coreia do Norte e do regime violento e fanático do Irão. Bolsonaro também era simpatizante, mas já não conta, felizmente. Os EUA já explicaram por diversas vezes que estão a prestar todo o apoio possível em cada momento e que este é dinâmico, ou seja, depende, da evolução da situação e das iniciativas da Rússia. Esta é, a meu ver, a única posição inteligente a seguir. Infelizmente, se não queremos uma guerra generalizada ou um conflito nuclear (que seria, muito provavelmente, o fim da Humanidade), só nos resta ir apoiando a Ucrânia da melhor forma possível, a ver se a Rússia se cansa ou se chega o fim do mundo, o que acontecer primeiro. No meio disto tudo, tenho dificuldades em perceber o que pretende o senhor major-general Agostinho Costa.

BAGA AFEGANISTÃO – Fala-se muito em ajudar o povo afegão, sobretudo o seu elemento feminino, mas creio que quem precisamos mesmo de ajudar são os talibans. Entre as inúmeras rezas diárias, o estudo do Corão e um mínimo de higiene com aquelas barbaças piolhosas, não lhes deve restar muito tempo para pensar na vida. Definitivamente, pensar não é o modo de ser taliban. Então devíamos ajudá-los com algumas sugestões. Segundo creio, o grande problema deles é evitar o convívio das mulheres com quaisquer homens que não sejam do seu estrito círculo familiar. E terá sido sobretudo por isso que resolveram impedir o acesso das afegãs à educação. Creio que o problema se podia resolver com alguma facilidade. Basta proibir o acesso dos homens às escolas e universidades. E já agora, ao governo também. Assim só haveria mulheres no governo e nos centros de educação e não haveria socialização indesejada. E se os homens ficassem fechados em casa e só pudessem sair com uma esposa, mãe, irmã ou mesmo prima afastada, tudo seria bastante mais harmonioso e teriam muito tempo livre para estudar o Corão. Além disso, parece que outro problema central é os homens verem as mulheres dos outros, por isso as mulheres têm de andar cobertas dos pés à cabeça. Isso resolvia-se facilmente se vendassem todos os homens. Só poderiam andar sem venda dentro de casa. Como os talibans já não veem praticamente nada, não se perderia grande coisa. Podia-se resolver as coisas assim com simplicidade, digo eu, nada como experimentar.POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA TELENOVELA QATAR 2022 (BB141)

Dezembro 20, 2022

Tarcísio Pacheco

 

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imagem em: FIFA World Cup 2022 Qatar Wallpapers - Wallpaper Cave

BAGAS DE BELADONA (141)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA TELENOVELA QATAR 2022 – E pronto, chegou ao fim esta telenovela das Arábias, que prendeu aos écrans durante várias semanas todos aqueles que apreciam futebol.

Sou dos que pensam que o Mundial 2022 jamais deveria ter-se realizado no Qatar, um país que como regime e cultura me desagrada profundamente. Gosto muito de viajar, mas tenho posições éticas quanto a isso. Nunca fui, nem irei ao Qatar, Dubai ou Arábia Saudita. E não é anti-islamismo, uma vez que já estive em Marrocos e na Turquia, por exemplo. Mas os petrodólares falaram mais alto e toda esta história mostra bem o abominável mundo em que vivemos, escravizado pelo amor ao dinheiro e submerso em hipocrisia. Contudo, o momento dos protestos deveria ter sido muito antes, quando o Qatar apresentou a sua candidatura e depois, quando a FIFA anunciou a sua decisão. Depois do facto consumado, no momento do Mundial, não vi muita relevância em protestar e tomar atitudes simbólicas. Ainda assim, neste quesito, o nosso presidente da República não esteve nada bem, o que me faz pensar que, tal como Cristiano Ronaldo (CR7), está na fase de descer a montanha e fá-lo com surpreendente deselegância.

Seja como for, o Mundial despertou paixões e provocou ressentimentos, com as pessoas a extremarem posições, com uma evidente falta de tolerância e desportivismo. No meu Facebook fui publicando as minhas opiniões sobre o que foi acontecendo, nomeadamente com a nossa seleção. Um antigo colega de faculdade, que anda pelo meu Facebook, sentiu-se extremamente afetado pelas minhas posições, ao ponto de desatar a insultar-me publicamente, chegando ao cúmulo de me chamar “lampião” só porque nunca fui fã de CR7. Um pesado insulto para um sportinguista como eu e que revela a tonta facilidade com que se insulta alguém que, na verdade, se desconhece quase por completo. Uma paixão tão acrisolada por CR7 fez-me até desconfiar que as fotos de meninas descascadas com que esta criatura nos mimoseia quase diariamente na sua página são apenas fogo de vista para esconder o fascínio pelo corpo musculado e atlético de CR7. Será?

Nas últimas partidas, torci por Marrocos, a equipa revelação da prova, por achar que mereciam. Na final, torci pela Argentina e por Messi, por isso, eles e eu, estamos de parabéns. Obrigado. Foi uma final fantástica, como tudo o que deve ter uma final, emoção, bom futebol, excelentes jogadas, golos sublimes, reviravoltas e muito suspense. A este propósito, também fui criticado. Um amigo disse-me que torcia pela Croácia e pela França, por ser “europeu”. O que é que bom futebol tem a ver com critérios continentais, pensei eu… Na verdade, sou um adepto não convencional. Acima de tudo, privilegio o bom futebol. Goste que ganhe quem mais mereceu e melhor jogou.

A propósito da nossa seleção, os factos mostram que tinha razão, o que é sempre agradável, mesmo respeitando diferentes opiniões. Numa das minhas últimas bagas, referi-me ao Mundial e expressei a opinião de que este deveria ser o fim da linha para Fernando Santos, qualquer que fosse a nossa prestação. E assim foi, realmente, Santos foi-se embora, encerrou-se um ciclo e aguardamos agora um ridente porvir, com o próximo selecionador que, seja quem for, terá direito, sem dúvida, ao apoio inicial de todos os Portugueses e a um estado de graça.  Quanto a Santos, nunca o apreciei, enquanto treinador. Da seleção portuguesa dos últimos anos, o que mais se ouviu dizer? Que tínhamos um naipe fantástico de jogadores selecionáveis, mas jogávamos mal. É essa também a minha opinião. E quando o problema não é a qualidade individual porque somos um pequeno país com um enorme talento futebolístico, um viveiro de craques, mas sim atitude, estratégia e modelo de jogo, então, a culpa só pode ser do selecionador. No tempo de Santos, cometemos a incrível proeza de ganhar um Europeu, quase sempre jogando mal e num modelo claramente defensivo. Santos foi assim, para mim, um treinador cabeçudo, conservador, previsível, calculista e inimigo do futebol que mais me agrada, o futebol de ataque, de coração e de risco. Com Santos, ganhámos um Europeu e uma Taça das Nações, mas raramente jogámos bem, fomos altamente irregulares e protagonizámos, por sistema, apuramentos medíocres e sempre no fio da navalha.
Não me despeço sem me referir ao duelo Messi / CR7. Na verdade, para mim, nunca houve qualquer duelo. São jogadores bastante diferentes, então, não foi difícil escolher. Sempre preferi Messi. Vejo CR7 sobretudo como um excelente goleador, com muitos recursos, bom a fazer golos de todas as formas, de remate direto, de livre, de cabeça e de penalty e que, por via, desse talento e de muito trabalho ganhou muitos prémios individuais. Mas Messi é muito mais que isso, um jogador absolutamente completo e que também marca muitos golos, sendo menos brilhante com a cabeça. Está claramente muito mais perto de Maradona, por exemplo, talvez o melhor jogador de sempre. Se alguma dúvida existia ainda, o papel de Messi na campanha da Argentina no Qatar, desfê-la por completo. Messi é o maior e mais nada. Além do incomparável talento, naquilo que o público comum sabe dele, parece ser uma pessoa humilde e sóbria, sem toques de vedetismo, uma espécie de anti-herói.

CR7 é bem diferente em todos os aspetos. Lamentavelmente, está a terminar a sua brilhante carreira sem qualquer dignidade. Sem conhecer a personagem nem (felizmente) ninguém da família, parece-me claro o que lhe passou pela cabeça nos tempos recentes. Quando começou a perder o estatuto de estrela intocável, no Manchester United, inventou problemas que não existiam, decidiu sair com estrondo e resolveu dar aquela inoportuna entrevista. O intuito era claro: concentrar as atenções sobre si próprio (o que foi extremamente incómodo para a seleção portuguesa), fazer um belo mundial e conseguir um último supercontrato num grande europeu. E até podia ter sido assim. Infelizmente, o tiro saiu-lhe pela culatra e acertou-lhe no pé direito. Teve todas as oportunidades, mas desperdiçou-as. Foi titular nos três primeiros jogos no Qatar e teve uma prestação medíocre. No jogo com a Suíça, em que Santos teve um raro rasgo de coragem, ficou no banco, assistiu à magnífica prestação da equipa e viu o seu substituto marcar três golos e brilhar a grande altura. Foi então que se revelou o verdadeiro CR7 e o mundo inteiro assistiu às suas incríveis caretas de azia e azedume. Que atitude lastimável.

Espero e desejo o melhor para a nossa seleção, com ou sem CR7, neste novo ciclo, que se inicia em breve com a campanha de apuramento para o Europeu de 2024 e até já comprei bilhetes para um jogo no estádio da Luz. Bora lá, Portugal.

POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA MEU NOME É GAL (BB140)

Novembro 14, 2022

Tarcísio Pacheco

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imagem em: Gal Costa, a moça que sabia guardar segredos | Farol | OPOVO+

 

BAGAS DE BELADONA (140)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA MEU NOME É GAL - Passei o dia de hoje a ouvir música da Gal Costa, enquanto trabalhava. Como melómano e apreciador da música brasileira em particular, fiquei triste ontem, ao inteirar-me do falecimento inesperado de Gal, nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos, a 26 de setembro de 1945, na maravilhosa cidade de Salvador, onde vivi algum tempo e fui tão feliz quanto pude. Há muita gente que canta bem neste mundo torturado e nos ajuda a esquecer momentaneamente a realidade brutal da nossa terrível espécie. Mas Gal era especial, dona de uma voz maravilhosa, com um timbre angélico, que só podia ter origem divina. Voz de eterna menina num corpo de mulherão. Dela, disse recentemente Caetano Veloso, seu grande amigo: “(…) a emissão da voz em Gal era já música, independentemente do domínio consciente das notas. E isso fazia com que o espírito dela expressasse sutilezas, pensamentos, sentimentos, asperezas, doçuras, de modo espontâneo  (…)”.

A voz de Gal era daquelas que nos transportam para outra dimensão. Felizmente, podemos continuar a ouvi-la enquanto vivermos. Enquanto uns nascem para brutalizar o mundo, outros, como ela, existiram para nos fazer felizes, de vez em quando. Vozes como a de Gal ligam-nos muito mais à centelha do divino que há em todos nós, do que igrejas, missas, sacramentos e rituais. Se Deus cantasse, soaria assim, se bem que, provavelmente, um tudo nada mais desafinado. Já com 77 anos, Gal ainda estava plenamente no ativo, inclusivamente, com concertos marcados em Portugal, que ela tinha adiado, entretanto, para 2023, devido ao problema de saúde que a apoquentava. A sua morte inesperada faz-nos pensar na fragilidade e brevidade da vida humana. E ficamos revoltados por partirem estas criaturas fantásticas e ficar por cá tanta porcaria sem préstimo algum. Relembro a sua passagem pela nossa ilha, num concerto ali no palco do Bailão, numas Sanjoaninas, já há uns bons anos. Evidentemente, eu estava lá.

É bem provável que a alma de Gal, ao ascender, após ser recebida por um coro angélico com quem há de ter feito uma agradável jam session, tenha procurado o parceiro e amigo, Tim Maia, para “sentar e conversar e depois andar de encontro ao vento” porque há de haver gente conhecida no Céu e algum vento, nem que seja uma gentil brisa, daquelas que não despenteiam.

Pensar na Gal, que não conheci pessoalmente, trouxe-me à memória um episódio da vida, com Joana, cantora brasileira que, essa sim, conheci. Joana é o nome artístico de Maria de Fátima Gomes Nogueira, nascida em 1957. Não tem o estatuto da Gal, mas, ainda assim, é uma cantora, compositora e multi-instrumentista de créditos firmados e bem popular. No meu “período brasileiro” (2004-2013), estava eu pelo Brasil, na cidade de Campina Grande, estado da Paraíba, em maio de 2008, de visita à namorada da época, Ladjane. Ela tinha um vizinho que era grande amigo, o Felipe, rapaz muito simpático e uma alma romântica. Felipe era o fã n.º 1 da Joana, tinha formado um fã clube, conhecia pessoalmente a cantora e colecionava tudo sobre ela. Aconteceu que, por aqueles dias, Joana ia dar um concerto em João Pessoa, capital do estado e uma das cidades mais bonitas e calmas do nordeste brasileiro. Claro que o Felipe nos tirou o juízo para irmos ao concerto e nesse fim de semana abalámos para João Pessoa. Estivemos no concerto, numa espécie de centro comercial. Após o final, Felipe levou-nos para a fila dos autógrafos, no camarim. Quando entrámos, ele apresentou-me à Joana, que estava acompanhada pela sua manager (e companheira) e sem qualquer prévio aviso, saiu-se com esta: Joana, este é o Tarcísio, um português dos Açores, já te ouviu por lá (esta parte era verdade), é teu fã (nem por isso) e quando soube do teu concerto de hoje, adiou o seu regresso a Portugal, só para te ouvir (grossa mentira). Claro, a Joana ficou agradada, foi muito simpática e fizemos umas fotografias juntos. Obrigado, Joana e até sempre, Gal. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGAS DE BELADONA (139)

Outubro 07, 2022

Tarcísio Pacheco

 

 

 

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imagem em: https://www.i24news.tv/en/news/international/europe/1664811804-russians-escaping-mobilization-look-to-georgia

 

BAGAS DE BELADONA (139)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA PORTUGAL/ESPANHA – Assisti ontem, com pesar, ao jogo de eliminação da seleção portuguesa da Liga das Nações, depois de uma prometedora vitória em casa da Chéquia. Já não é de agora, confesso que nunca apreciei Fernando Santos, enquanto treinador e selecionador. Respeito-o e reverencio o seu palmarés e as alegrias que já nos deu. Merece o nosso reconhecimento. Porém, o seu perfil, ultraconservador, ultra- prudente e mais que teimoso, casmurro mesmo, sempre me desagradou. Ontem, foi mais do mesmo. Claro que era um jogo difícil, contra uma seleção bastante inferior à fantástica Espanha de anos recentes, mas ainda assim, uma seleção forte. Os tiques costumeiros de Santos estiveram bem patentes. A sua relutância em substituir Cristiano Ronaldo, em nítido declínio e cada vez mais um jogador a menos dentro do campo; a dificuldade de fazer substituições a tempo e horas; ontem, milhões de pessoas viram que as substituições deviam ter acontecido logo após o intervalo, quando a equipa começou a claudicar e não a 15 minutos do final e os grandes planos do treinador, no banco, mostraram bem as suas caretas de indecisão; e, finalmente, escolhas discutíveis e embirrações inexplicáveis com jogadores em grande forma, como o melhor marcador do campeonato nacional de 2020/21, Pedro Gonçalves.

Penso que Santos merece ir ao mundial do Qatar, mas vejo esse evento como o final da sua carreira, como selecionador nacional. Após o Qatar, deve reformar-se, ir embora ou ser despedido. Qualquer que seja o nosso desempenho.

BAGA O ÊXODO – Temos assistido nos últimos dias a um verdadeiro êxodo de russos que fogem da mobilização parcial decretada por Putin. Só não veem isso o papagaio do Kremlin e o Paulo Santos, aqui na Terceira. Um país ex-colonialista e ex-fascista, como Portugal, que enviava carne fresca de canhão para África até abril de 1974, tem obrigação de compreender e até apoiar os russos. Afinal, antes do 25 de Abril, muitos jovens portugueses fugiam da mobilização para a guerra. Até eu, que já sou um filho de democracia, após a faculdade, perante a perspetiva de ser forçado a cumprir o serviço militar obrigatório, tentei escapar-me para o Canadá, onde tinha família e para os PALOP’s, como cooperante, em ambos os casos sem sucesso, historieta que já contei nestas páginas.

Tenho-me inteirado das opiniões dos comentadores. As opiniões dividem-se entre acolher os russos em debandada (EUA) ou forçá-los a ficar na Rússia, para fazerem oposição a Putin (Finlândia). Ora, Putin é um psicopata e um assassino. E um psicopata acossado, uma espécie particularmente perigosa. As alternativas, para os mobilizáveis que ficarem na Rússia é ir para a guerra ou para a prisão ou pior ainda. Por motivos humanitários, penso que o mundo livre os deve acolher. Constituirão sempre um grupo anti-Putin e entre eles há intelectuais e quadros que farão falta na Rússia ditatorial e distópica. Nomeadamente a EU devia estabelecer uma política comum a esse nível. Mesmo sabendo que acolher refugiados na EU será cada vez mais difícil, agora que o Chega italiano, de extrema-direita, neo-fascista e amigo de Putin, chegou ao poder.

BAGA “LUXOS DE VERÃO” – Jamais me conformarei com a decisão do Governo Regional de acabar com os ferries entre todas as ilhas dos Açores, com a justificação de que não precisamos deles, porque temos aviões. Depois da palhaçada do ferry Atlântida, da responsabilidade do anterior governo socialista, o atual governo coligado não quis ficar atrás e chamou aos ferries que fretávamos todos os anos, um “luxo de Verão”.
As motivações são claras. Como sempre, trata-se de proteger a SATA e de caminho dar o jeito aos amigos das empresas de rent-A-car, nomeadamente as poderosas, como a Ilha Verde. Mas a argumentação do governo não podia ser mais falaciosa. O custo real da tarifa de residente é muito mais elevado que 60 euros. Quem paga a diferença? Pagamo-la nós todos, com os nossos impostos. Isso é que é um verdadeiro luxo, sustentar uma companhia aérea regional que dá prejuízos de luxo há um ror de anos e continua a dar. E coitado de quem anda atrás de um carro para alugar em S. Miguel, por exemplo ou noutra ilha qualquer, em época alta. Alugar carros do grupo A por 100 e 200 euros ao dia, quando os há, isso é que é um verdadeiro luxo. Este ano, em Santa Maria, em agosto, paguei 300 euros por um aluguer de 3 dias, viatura do grupo A. E, mesmo assim, foi porque tínhamos um conhecido na Ilha Verde, porque, com os Açores na moda e o retorno em massa do fluxo turístico, simplesmente não há viaturas suficientes e o mercado está completamente desregulado. Uma consequência óbvia é um enorme aumento do aluguer privado, ilegal, por debaixo da mesa.

Sustentar a SATA e os donos das rent-A-car, isso é que é um grande luxo.

Há alternativas modernas para transporte misto de carga e passageiros em modernos ferries, durante todo o ano, como já exemplifiquei aqui, mas isso também não interessa, até porque mexe com outro setor absolutamente mafioso, o do transporte de mercadorias nas ilhas por via marítima. POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA EPISÓDIO DE HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMA (BB138)

Setembro 07, 2022

Tarcísio Pacheco

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BAGAS DE BELADONA (138)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA EPISÓDIO DE HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMA – Na madrugada do dia 31 de agosto do corrente, pouco antes do nascer do sol, a minha embarcação de recreio atual, o Alexandra, um veleiro de cruzeiro de 39 pés, em viagem de S. Miguel para a Terceira, chocou contra os ilhéus dos Fradinhos, navegando a motor, com a vela grande içada, em piloto automático, a cerca de 4 nós de velocidade. Podia, facilmente, ter sido o fim do barco, mas não foi. Podia, facilmente, ter havido vítimas, mas não houve. Fatores negativos e causadores do acidente: por manifesto azar, o rumo real (não o planeado) levava direitinho às malditas rochas, estas são do mais rijo que há na natureza, não passando, no entanto, de um pontinho no imenso mar, a noite estava muito escura (lua em quarto-crescente inicial e já abaixo do horizonte), o barco estava em piloto automático, o skipper não tomou os devidos cuidados,  pensava estar acordado mas adormeceu na hora errada, sem se dar conta, sentado no cockpit e o outro tripulante, a minha companheira, estava a dormir no interior.  Fatores positivos, que evitaram o pior: ia a motor e a baixa velocidade, o mar estava muito calmo e o primeiro embate foi de lado e acima da linha de água. Claro que os primeiros segundos foram de horror e incredulidade, mas, felizmente, depois do pânico inicial, foi possível reagir, meter marcha à ré e tirar o barco das pedras. Uma rápida avaliação aos estragos revelou um rombo no casco, acima da linha de água, na vante de estibordo e diversas escoriações menores dos dois lados. O motor continuou a funcionar bem, o leme e a hélice não foram afetados, aparentemente não havia entrada de água, por isso, foi acalmar os nervos, rumar rapidamente para a marina de Angra e colocar o barco em seco. Segue-se agora um longo período de inatividade e uma despesa considerável. Mas safámo-nos do pior. Muito azar e depois muita sorte, no fim das contas.

Porque é que eu publico isto? Porque não quero fazer segredo, devemos assumir os nossos erros, aprender com eles e aprender também com os erros dos outros. Sou um navegador experiente, habitualmente cauteloso e instrutor de navegação, com várias passagens oceânicas no currículo como skipper, navego frequentemente entre a Terceira e S. Miguel, fiz aquela rota muitas vezes, a maior parte delas em solitário e uma vez apenas com a minha filha Júlia, na época com 5 anos. Tinha ao meu dispor diversos meios, instrumentos e técnicas para evitar aquele tipo de acidente, incluindo radar. Não podia ter acontecido. Mas aconteceu. Como é frequente em acidentes com barcos e aviões, este foi provocado por uma mistura de algum azar com descuido e erros cometidos e envolveu uma pessoa experiente. No mar, a culpa é sempre do capitão ou skipper e eu assumo-a por completo e com toda a humildade.

Posto isto, aquelas malditas rochas, duras como o demónio, estão ali há milhares de anos e constituem um evidente perigo para a navegação marítima. Na verdade, já causaram muitos acidentes e diversos naufrágios. São constituídas por basalto muito escuro, são baixas (4 metros de altitude máxima) e estão longe da costa. É verdade que estão nas cartas náuticas e roteiros e são abrangidas pelo setor vermelho do farol das Contendas, mas isso não é, nem de longe, suficiente. O grande perigo que representam exige um equipamento local. Um farolim, uma boia de sinalização marítima ou, no mínimo, placas refletoras incrustadas na rocha, uma técnica moderna e resistente.

O nosso país orgulha-se da sua geografia atlântica e da sua história marítima. Mas a verdade é que, relativamente ao mar, como a tantas outras coisas, abundam a incompetência, o desleixo, a incúria, a corrupção, a falta de organização e o mau planeamento, muitas vezes desculpados com a eterna falta de fundos e meios. Basta ver como deixámos morrer a nossa marinha mercante, como não fiscalizamos as nossas áreas marítimas exclusivas, como andámos a construir fragatas e submarinos para brincar às guerras em vez de construir patrulheiros, que tão necessários eram, como aceitamos um governo nos Açores que diz não precisarmos de ferries porque temos aviões. E a Marinha Portuguesa, sempre tão pronta para fazer exigências absurdas (naturalmente, com fundamento legal), que nos levam a procurar outras bandeiras e a passar coimas de 250 euros por falta de revisão num extintor, não tem nada a dizer sobre a falta de sinalização adequada num perigo tão evidente para a navegação marítima, tão antigo e tão conhecido? POPEYE9700@YAHOO.COM

 

BAGA IGREJA PEDÓFILA SIM SENHOR (BB137)

Setembro 01, 2022

Tarcísio Pacheco

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BAGAS DE BELADONA (137)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA IGREJA PEDÓFILA SIM SENHOR – O editorial do DI do passado dia 9 de agosto era bastante infeliz. Pretendendo fazer justiça, analisava a questão da pedofilia na Igreja (entenda-se Igreja Católica, de Roma) de forma conservadora, parcial e acrítica. Na verdade, fazia eco das posições da própria Igreja que, pretendendo fugir às suas culpas e responsabilidades, costuma fazer-se de vítima e clamar, exatamente, que os pedófilos não existem apenas na Igreja, que “há outros” e que os padres pedófilos o são por inclinação pecaminosa e doentia individual, nada tendo isso a ver com as doutrinas e práticas da Igreja.

A igreja católica portuguesa andava descansadinha da Silva e ufanava-se da pedofilia luso-católica ser residual. Mas não era difícil perceber que era uma questão de tempo. As moscas estavam lá todas, apenas não se tinha ainda mexido na caca com um pauzinho. Portugal, neste contexto, não é diferente de outros países. Por cá, como por todo o lado, as vítimas não falavam por medo, por vergonha e por acharem que, sendo a Igreja tão poderosa e, desde sempre, conluiada com o poder, de pouco ou nada serviria exporem-se ao escárnio, maldizer ou simples compaixão da sociedade. Mas basta alguns começarem a falar e gera-se uma avalanche incontrolável, que revela a terrível verdade, oculta por anos e anos de criminoso silêncio, orquestrado por bispos cúmplices e papas medrosos, quando não prevaricadores eles próprios.

É evidente que tenho de concordar com o editorial do DI quando se diz que a pedofilia não é exclusiva da Igreja. Infelizmente, abusar dos mais fracos e indefesos é um dos mais vis e cobardes traços da Humanidade. A pedofilia e a violência doméstica e contra as mulheres são dos abusos mais comuns. Mas fica por aqui a minha concordância. A ligação entre Igreja e pedofilia é fortíssima e óbvia. Nos primórdios da religião cristã, nenhum dogma ou mandamento divino interditava o casamento aos ministros da Igreja. Desde muito cedo houve padres, bispos e até papas, casados e com filhos. S. Pedro tinha uma sogra. A instituição do celibato forçado foi sendo feita progressivamente, de forma conturbada e pouco clara, com avanços e recuos até se chegar ao cúmulo da hipocrisia atual de se dizer que “a Igreja não obriga ao celibato, antes escolhe os seus ministros entre os celibatários convictos”.

O que é certo é que, muito mais por preconceito e dogma do que por qualquer questão doutrinal, a Igreja força o celibato dos padres e demoniza tanto o sexo como o género feminino, reservando para as mulheres papeis menores de freiras, governantas, criadas para todo o serviço, amásias e irmãs solteironas de padres (entenda-se, amas perpétuas dos irmãos). A Igreja cria assim no seu seio ambientes patriarcais fechados, doentios, carentes e antinaturais, que são terrenos férteis para comportamentos homossexuais (que não são doença nem crime, claro, mas não deviam ser apenas um recurso) e para comportamentos pedófilos, esses sim, doentios e criminosos. Simplesmente, não é possível separar a Igreja da pedofilia e qualquer tentativa nesse sentido significa tentativa de desculpabilização e branqueamento. Quem quer arranja sempre desculpa. O Pe. Caetano Tomás desculpabilizava a pedofilia frequente na sua ilha natal das Flores, porque “havia muita falta de mulheres”. Ora essa e não havia cabras e ovelhas adultas? Isso também é crime, mas, pelo menos, essas não se queixariam mais tarde.

Acresce a isto tudo que a pedofilia, existindo por todo o lado, inclusivamente nos ambientes familiares, é especialmente grave no seio de instituições educativas e outras como a Igreja, que lidam ativamente com crianças (ele é colégios e creches católicos, meninos de coro, seminaristas, escuteiros católicos, grupos de jovens, catequeses, etc). Não é só um crime hediondo, é uma traição nojenta e imperdoável.

A Igreja que poderia um dia livrar-se da ignomínia da pedofilia seria um Igreja bastante mudada e renovada, que não forçasse o celibato, que admitisse mulheres como padres e bispos, que não demonizasse o sexo, que não fosse contra a homossexualidade e o divórcio. Pelo que tenho visto, não será para os filhos dos meus filhos…

O editorial do DI foi lamentável, ainda, ao tentar estabelecer comparações com as situações, muito comuns no passado, das amantes “teúdas e manteúdas” de respeitáveis “chefes de família” porque algumas seriam menores e a situação seria tacitamente aceite pelas suas famílias carenciadas. Sinceramente? Que é que isso tem a ver? Que números credíveis, já estudados, revelam quantidades de menores nessa situação? É que os números da pedofilia não mentem e estão cada vez mais bem estudados. E ter uma amante, sendo casado, até pode ser crime de adultério perante a lei civil, mas é comparável à pedofilia, ao crime hediondo da profanação da inocência infantil? E “entre nós, a pedofilia nem era considerada crime”??? O que é isto, um elogio ao atraso cultural do povo açoriano?

Tenham “santa” paciência, este discurso de vitimização e perseguição à Igreja não cola e já enjoa. É, muito simplesmente, uma instituição puramente humana e que só agora começou a pagar pelos seus muitos crimes ao longo da História. O que aprendi na vida até agora, é que fé é lá com cada um, ética sim, cada vez mais, religião, dogmas, doutrinas e rituais, não,  obrigado. POPEYE9700@YAHOO.COM

ZUMBA / ENTREVISTA AO DIÁRIO INSULAR

Agosto 08, 2022

Tarcísio Pacheco

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ENTREVISTA AO DIÁRIO INSULAR EM 18 DE JULHO.
Saúde e bem-estar em
modalidade para todas as idades
TARCÍSIO PACHECO Instrutor explica as raízes da modalidade de Zumba
Em entrevista a DI, Tarcísio Pacheco sublinha os benefícios da prática da Zumba, modalidade da área do Fitness, e dá a conhecer o projeto Zumba Street.
A MODALIDADE DE ZUMBA, DISCIPLINA DA ÁREA DO FITNESS, ESTÁ EM FASE DE AFIRMAÇÃO UM POUCO POR TODA A ILHA. O QUE É, NA VERDADE, A ZUMBA E, JÁ AGORA, QUAL É O SEGREDO DE TAMANHO SUCESSO?
A Zumba é uma modalidade da área do Fitness, que combina música, ginástica e dança cardio, usando ritmos variados mas sobretudo de raiz latina, com base em quatro ritmos, os principais (embora com muitas variantes e combinações), a salsa, o merengue, a cúmbia e o reggaeton. Em 2015, existiam 14 milhões de praticantes de Zumba em 186 países do mundo (incluindo a Ucrânia e a Rússia, por exemplo, constituindo-se assim como um fator de união entre povos) e em 2019 existiam cerca de 100.000 instrutores.
Na verdade, na ilha Terceira, já passou há muito a fase de afirmação, praticando-se em alguns ginásios mas sobretudo em aulas privadas, um pouco por todo o lado, em Angra mas também em Santa Bárbara, na Serreta, nos Altares, no Posto Santo, no Porto Judeu, etc.. Como aluno, comecei a praticar Zumba em 2008 e a atividade já existia antes.
A Zumba nasceu na Colômbia, nos anos 90, com o seu criador, Beto Perez, um colombiano que era instrutor profissional e coreógrafo e que um dia, quase por acaso, teve a inspiração de criar coreografias para músicas latinas, a fim de serem reproduzidas em ambiente de aula.
A ideia teve imediato sucesso, mercê do talento e criatividade do Beto e, posteriormente, quando este emigrou para os Estados Unidos da América, estabelecendo-se em Miami, juntou-se a outros parceiros estratégicos, tendo criado juntos a empresa e marca comercial "Zumba" e tendo-se expandido para todo o mundo.
O segredo do sucesso da Zumba é responder de forma ativa a interesses que são comuns a muitas pessoas hoje em dia, como o interesse pela música, pela dança, pela atividade física em geral e estar aberta a todos os tipos de pessoas e a todas as faixas etárias, sem apresentar grandes exigências, quer em termos de desempenho pessoal, quer em termos de meios, sendo necessário apenas um espaço adequado (mas faz-se frequentemente ao ar livre...) e um meio de reprodução de som.
Representa também uma oportunidade para dançar, uma atividade que é tão agradável e que quase desapareceu, com o fim das discotecas e danceterias tradicionais, excetuando-se as festas com DJ's, quase exclusivamente frequentadas por jovens e o universo das danças de salão, uma área belíssima mas com regras de execução bastante rígidas.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA REGULAR DA MODALIDADE?
A Zumba é uma disciplina de Fitness com um impacto cardiovascular notório que melhora os índices biométricos do nosso corpo e contribui para a manutenção de uma boa saúde, para além de queimar muitas calorias. Para além de atender a objetivos básicos como o controle de peso, acima de tudo, é uma atividade muito descontraída e relaxante, que gera prazer e bem-estar.
A aula de Zumba é sempre um momento de evasão, em que a pessoa aproveita o poder da música e da dança para descontrair e se esquecer dos seus problemas. Apela também à capacidade de coordenação motora e, nesse capítulo, vemos com frequência grandes progressos nas nossas alunas. Há ainda o lado social, o convívio, fazer novas amizades, conviver com aquelas colegas todas as semanas. Alegria e boa disposição são notas predominantes na Zumba.
Transparência
é fundamental
MARCARAM PRESENÇA, COM INEGÁVEL SUCESSO, NAS SANJOANINAS E NO ENCERRAMENTO DA BIO FEIRA 2022. VÃO ESTAR NAS FESTAS DA PRAIA DA VITÓRIA E ACABAM DE REALIZAR UMA MASTERCLASS DE ZUMBA, QUE CONTOU COM A COLABORAÇÃO DAS INSTRUTORAS MARISA FERNANDES E CATARINA AZEVEDO. ISTO SIGNIFICA QUE O VOSSO TRABALHO COMEÇA A SER DEVIDAMENTE RECONHECIDO?
Temos estado um pouco por todo o lado. Como temos tido uma presença ativa na ilha, acabamos por ter alguma visibilidade. Por vezes somos nós a pedir para participar, mas também nos acontece sermos convidados, como no caso recente do convite da Bio Azorica, para fazemos a festa no encerramento da Bio Feira 2022, no parque de exposições da Vinha Brava, no passado dia três de julho.
Excetuando a Marisa Ávila, todos somos instrutores em part-time, por exemplo, eu sou funcionário público e conservador no Museu de Angra do Heroísmo. Somos instrutores de Zumba por paixão mas, evidentemente, somos pagos pelas aulas que damos e isso implica trabalho e responsabilidade. Temos de praticar em casa, regularmente, a fim de que, nas aulas e eventos, nos apresentemos com qualidade e, para motivar as nossas alunas, temos de fazer uma renovação constante e regular das nossas play-lists. Mais do que o dinheiro, o nosso grande prazer é partilhar com as pessoas a nossa paixão pela Zumba e ver o entusiasmo delas.
Tentamos também que as coisas decorram dentro da legalidade e da correção. Por isso, nós os três somos instrutores certificados, formados pela empresa Zumba e membros ativos da ZIN (Zumba Instructor Network), o que implica o pagamento de uma mensalidade, que, atualmente, anda à volta de 40 euros.
Só assim podemos, legalmente, intitular-nos instrutores de Zumba e promover aulas da modalidade, usando o nome das suas marcas comerciais. Usualmente, só trabalhamos com instrutores ZIN, pelos motivos apontados e por uma questão de justiça e correção. Fica aqui a nota e o apelo. Qualquer pessoa que queira ser instrutor de Zumba deve fazer a formação formal, de preferência presencial (eu fiz em junho de 2018, em Lisboa) e pertencer à rede ZIN, sem o que estará a incorrer em ilegalidade.
ESTAMOS A FALAR DE UMA ATIVIDADE PARA TODAS AS IDADES?
Sim, sem dúvida. É para toda a gente, desde que não haja nenhuma contraindicação médica. Tanto é assim que a Zumba, para além do que se chama Zumba Basic, tem outras modalidades, que também requerem formação específica dos instrutores, entre as quais, por exemplo, Zumba Kids, para crianças e adolescentes, Zumbini, para bebés e crianças até três anos, e Zumba Gold, para pessoas menos jovens e/ou com limitações físicas diversas. Há até coreografias criadas especificamente para pessoas em cadeira de rodas.
Depois, há o Aqua Zumba (em piscina), o Zumba Step, o Zumba Toning e várias outras ainda. Como instrutor, por exemplo, fiz formação em Zumba Basic e em Zumba Gold. Obviamente que o que fazemos com mais frequência é o Zumba Basic.
JUNTAMENTE COM AS INSTRUTORAS MARISA ÁVILA E MARTA CAROÇO FORMOU O ZUMBA STREET. QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DESTE PROJETO?
A Marta Caroço é uma moça do Continente que vive na Terceira e trabalha na base americana. Conhecemo-nos no âmbito do primeiro evento coletivo de Zumba que organizei, precisamente na Bio Feira de 2019, na Praia da Vitória, que teve grande sucesso, com cinco instrutores e mais de cem participantes a dançar.
A partir daí, estabelecemos uma parceria e organizámos vários eventos. Precisamente num desses eventos, uma Zumba Halloween, nas Lajes, conhecemos a Marisa Ávila, uma terceirense de Santa Bárbara que é, atualmente, instrutora profissional de Zumba, uma vez que se dedica apenas à modalidade. É a nossa profissional.
Todos damos aulas privadas de Zumba, a Marta no ginásio Fit Plus, do hotel Terceira Mar, a Marisa em Santa Bárbara, Altares e Serreta e eu no ginásio da ACM, na canada dos Folhadais. Unidos pela paixão da música, da dança e da Zumba, demo-nos bem os três e decidimos criar o projeto Zumba Street.
Dedicamo-nos à promoção da Zumba em geral, à sua divulgação e à organização de eventos coletivos de Zumba, pela ilha fora, para os quais convidamos frequentemente outros instrutores, como a Sandra Coelho, a Catarina Azevedo ou a Marina Fernandes, por exemplo.
Tentamos contribuir também para a evolução social, no sentido de acabar com alguns preconceitos, como o da Zumba (ou dança em geral) ser uma coisa "mais de mulheres" ou "não ser para gente mais velha" ou ainda "ser só para quem tem jeito". Queremos pôr toda a gente a dançar connosco e a deixar-se contagiar pelo formidável poder da música e da dança. Tento ser um bom exemplo, até porque já tenho 61 anos.

BAGA PAN PAN PAN (BB136)

Julho 11, 2022

Tarcísio Pacheco

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imagem em: Touradas à corda representam 2,47% do PIB dos Açores - NATURALES (naturales-tauromaquia.blogspot.com)

BAGAS DE BELADONA (136)

HELIODORO TARCÍSIO          

BAGA PAN PAN PAN – O título da baga de hoje é uma onomatopeia, mas não tem nada a ver com o nome do partido, é o som de um toiro do Humberto Filipe (esse é único partido a que pertenço), daqueles bem grandes, às marradas no deputado do PAN que o quer condenar à não existência. Arreia-lhe pra baixo, meu bicho lindo, não te acanhes.

Creio ter-me cruzado recentemente, nestas páginas com uma notícia sobre uma proposta legislativa do PAN no sentido de acabar com as touradas em todas as ilhas onde elas ocorrem. Dei-lhe a pouca atenção que me merece. No entanto, é uma oportunidade para, mais uma vez, me referir a este assunto.

Para que não haja dúvidas, sou um acérrimo defensor da tourada á corda da Terceira, deixando de lado, por enquanto, a tourada de praça, por sempre ter achado que são bastantes diferentes, nos seus pressupostos e implicações.

Defendo a tourada à corda com paixão, mas não a invoco no meu argumentário porque as paixões de uns são os ódios de outros, o que é perfeitamente compreensível e aceitável. Tento defender a tourada à corda com argumentos racionais e que fazem sentido, pelo menos para mim. Por isso, sinto-me à vontade para dizer que defender de forma isolada o fim das touradas à corda nos Açores, é uma patetice sem nexo. Tivesse o PAN incluído esta questão num rol imenso de problemas que afetam o bem-estar animal e já seriam coerentes. O PAN exige que se acabem todas as touradas nos Açores. Se, por exemplo, ao mesmo tempo, exigisse que se acabasse definitivamente com a criação de animais para abate e consumo humano, se almejassem acabar com o bife à portuguesa, a costeleta de novilho, a alcatra, a morcela, as linguiças e a bifana, essa instituição regional e quisessem pôr toda a gente a comer couves e cenouras com arroz, eu rir-me-ia de tal candura, mas aplaudiria a coerência. Assim, resta a singela patetice.

O meu primeiro argumento, não o é, na verdade, é apenas um facto que, como tal, não é escamoteável. O toiro de lide terceirense, só existe porque, com o tempo e muito trabalho, se apurou a raça e as suas características de bravura, através do cruzamento, da melhoria genética, do maneio no mato e da própria lide regular que mantém o animal num estado de apuro e vigília, que permanece nos seus genes e é transmitido à descendência. É por isso que o fim das touradas seria o fim do touro, mesmo que se conservassem alguns exemplares, para as fotos turísticas. É isso que o PAN na verdade propõe, o fim do touro bravo terceirense. Não me parece que os principais interessados, os animais, podendo, votassem pelo fim da sua própria existência. Adiante, que isto não pode ser apresentado como argumento, numa dinâmica de dialética inteligente.

Por outro lado, não me faltam argumentos. Deixando de lado a não existência, que é simplesmente estúpida e mata a discussão à nascença, ao toiro terceirense, restaria apenas a opção de servir para bifes, o que já acontece, aliás, nalguma medida, uma vez que a carne de toiro tem mercado. E se um toiro só tiver estas duas opções, o matadouro ou a corda, se o animal pudesse escolher, não tenho dúvidas sobre essa escolha. O bovino de carne tem uma vida curta e inglória, apenas um cruel simulacro do que poderia ser a sua vida de ruminante livre num mundo sem predadores. Mais tarde ou mais cedo é arrancado aos pastos verdes ou à prisão do estábulo para ser trucidado por métodos “humanos” nos matadouros. Quanto ao toiro terceirense, tem uma rica vida, a que eu queria para mim, se tivesse nascido com um par de chifres. Passa a maior parte da sua vida feliz e despreocupado no mato, no seu ambiente natural, não lhe falta erva tenra, ração quando é preciso e muita água fresca. Para outras necessidades, abundam as vacas lindas, pestanudas e submissas. Por outro lado, como os neoliberais adoram lembrar, “não há almoços grátis”. Em contrapartida da bela vida, aos toiros é exigido que, de maio a outubro, de dez em dez dias, na pior hipótese, corram pelos arraiais da ilha, sofrendo umas arrelias da populaça, uns puxões da corda e umas quedas no asfalto, contribuindo com a sua parte para a vida em sociedade. É isto um destino cruel? Não me parece…se revelarem qualidade, terão uma longa e protegida vida, uma vez que serão ativos valiosos para o ganadeiro. Se tiverem um comportamento medíocre, poderão realmente acabar no matadouro, mas ainda assim, terão tido uma vida mais longa e infinitamente melhor do que um bovino de carne. Estão, como todos nós, sujeitos à pressão da competitividade, o que até costuma ser encarado como um fator positivo. Há aqui o que Rousseau teria chamado de “contrato social”, com direitos e deveres.

Quanto ao PAN, prefere que os toiros não existam ou que passem a ser projetos de alcatra. Por isso, o que é que os do PAN merecem? Marradas, muitas marradas.

E agora, foguetes pró ar que hoje há tourada rija na Casa da Ribeira, com quatro puros e eu estarei lá com certeza, com a minha Maria, de calções e ténis, a correr na rua e a prestigiar esses belíssimos animais, que muito admiro e prezo. Viva o toiro bravo terceirense! POPEYE9700@YAHOO.COM

 

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